Dicotomia - Undertale escrita por cecifrazier


Capítulo 2
Tranquilidade


Notas iniciais do capítulo

Waa
Boa leitura ♥



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Após a quebra da barreira, Frisk tornou-se a embaixadora dos monstros para os humanos, e era seu dever protegê-los e blá blá blá.

 

Eu sempre odiei humanos, todos sabem bem disso, e pra falar a verdade, Frisk nunca causou moral alguma e os humanos sempre a agrediam ou agrediam os monstros, e como toda boa pessoal, eu precisava defender minha família, mas... Do meu jeito. Os humanos sempre tiveram medo de mim, sabiam que eu era um demônio e eu gostava disso, eu adorava as caras apavoradas que eles faziam ao me ver, adorava ouvi-los implorar por misericórdia e o melhor de tudo, adorava sentir o gosto do sangue deles. Que sensação maravilhosa. Espere, o que eu estou pensando? Prometi que me controlaria, que não machucaria a ninguém, mas... As vezes isso é incontrolável.

 

Hoje é segunda-feira, dia de escola. Toriel é professora na escola que vamos, ela sempre quis fazer isso e percebo que é muito feliz com seu emprego, mas, ela vai ter que dar uma parada por causa da gravidez. Isso vai ser ruim, porque ela é a única que ainda consegue me acalmar quando tenho crises, mas eu vou me esforçar.

 

— Vamos pessoal, o tempo corre e corre depressa. – Asgore fala já pegando as chaves do carro e indo em direção a porta.

 

— Calma pai, olha a pressão alta. – Frisk fala pegando sua mochila com um sorriso no rosto.

 

— Pra quê esse sorriso? Nós vamos para a prisão, esqueceu? – Falo, também pegando minha mochila, mas com uma expressão indiferente.

 

— Ora, não exagerem. – Toriel entra na sala trazendo duas vasilhas. — Aqui, preparei o lanche de vocês. Agora, vamos logo.

 

Saímos de casa e entramos no carro. Por mais que Toriel não vá trabalhar, ela ainda tem alguns assuntos pendentes na escola, como entregar provas ou cadernos de alunos. Frisk senta do meu lado no banco de trás, ela parece chiclete. Dou graças a Deus por ela não estudar na mesma sala que eu. Ela tem 16 e está no segundo ano, eu tenho 19 e estou no terceiro ano, entrei na escola bem atrasado porque estava morto. E acho que mortos não podem estudar. O que posso dizer sobre Frisk? Vejamos, ela é uma chata, fala demais, é um chiclete, bondosa com todo mundo, tem amigos até na China e é super namoradeira. Caramba, só com 16 anos ela já sabe flertar como um namorador profissional, se é que isso existe. Ela já teve vários relacionamentos que não deram certo, porque os garotos só queriam saber de sexo e Frisk não queria isso. Claro, teve aqueles namorados que fui obrigado a dar uma surra, ou por serem tarados demais ou só porque eu não gostava. Heh, ninguém mexe com a minha irmã.

 

Já estávamos chegando na escola, quando me deparo com uma cena: um grupinho de marginais da minha sala estavam no pátio, como se soubessem a hora exata que iríamos chegar. Eu realmente não queria ouvir a voz deles. Ok Chara, você consegue, é só manter a calma. Saímos do carro, nos despedimos dos nossos pais e caminhamos em direção da entrada. Com um movimento involuntário, segurei a mão de Frisk e a puxei para perto de mim.

 

— Ei, você tá bem? – Frisk pergunta calmamente. Ela tem problemas ou será que é idiota mesmo?

 

— Só... Não solte minha mão. – Senti meu coração bater mais forte a medida que íamos nos aproximando daqueles delinquentes. Já estávamos praticamente entrando no prédio quando Vitor, o líder do bando barrou Frisk, fazendo-a soltar minha mão.

 

— Ei... Sabia que você é muito gostosa pra uma garotinha? – Ele começa a passar a mão na cintura dela. — Por que você não larga o idiota do seu irmão e me deixa te comer?

 

— Ora seu... – Falo puxando a gola da camisa dele. É hoje que ele morre. — Quem te dá o direito de assediar a minha Frisk desse jeito? – Dou um soco bem forte no rosto dele e isso o faz cair. — Vamos, não seja mole, eu sei que você não ficaria desse jeito se fosse comer a Frisk. – Eu o puxo pela gola da camisa e o ergo com as duas mãos. — Vamos... Repita o que disse pra ela... Você só vai experimentar um pouquinho do demônio que eu sou. 

 

— Chara! Pare com isso... – Fico arrepiado quando sinto as mãos suaves de Frisk tocando meu antebraço. — Não vale a pena gastar seu tempo com ele... – Eu olho para ela e a vejo com lágrimas nos olhos. Esse desgraçado ainda me paga.

 

— É, eu tenho coisa melhor pra fazer. – Digo jogando-o no chão com força, o mesmo dá um gemido de dor. — Se eu ver, souber, ou ao menos sonhar que você está assediando a Frisk... Eu corto seu pau fora.

Vitor se levanta desesperado e sai correndo, seus amigos já tinham saído daquele lugar antes mesmo de eu dar o primeiro soco. Aquela situação tomou muito tempo, já estamos atrasados para a aula. Frisk segura minha mão, como uma criança, e sinto meu coração bater de um jeito... Diferente... São batidas mais suaves, com um calor que eu não sei explicar. Isso deve ser o ódio que sinto por ela. Isso, é isso mesmo.

           

— Não precisa segurar mais minha mão, o perigo se foi. – Digo soltando sua mão e me afastando quando percebo que chegamos na sala de aula dela. — Sei que sou irresistível, mas tenho que te deixar agora. – Digo dando um sorriso e uma piscada pra ela.

 

— Você se acha muito. – Ela diz me dando um soco fraco em meu ombro. — Tchau, irmãozão. – Ela se despede, e entra na sala e aula.

 

Irmãozão... Senti uma pontada no meu coração quando ouvi isso. Nossa, qual o meu problema? Eu estou muito sensível hoje. Ok Chara, é só se controlar, não deixe que o demônio fique no controle. Vou andando apressadamente até chegar a sala de aula, e quando entro, aqueles delinquentes estão sentados no fundo da sala, me olhando com cara de filhotes abandonados, implorando por piedade. É dessa expressão que eu gosto. Vou andando lentamente e sento em meu lugar.

 

— Chara, essa já é a terceira vez que chega atrasado na aula. Qual justificativa será desta vez? – A professora, sentada em sua cadeira, me olha com descaso.

 

— Ah professora, eu só estava cuidando de um cachorro no cio. Nada demais. – Falo, dando um sorriso malicioso. Algumas pessoas dão risadas por saberem de quem eu estava falando, e outros apenas se olham assustados.

 

A aula foi chata, como sempre. Não sou um aluno que tira notas baixas, até tiro notas altas mas sinceramente, é um saco ter que ouvir a voz daqueles professores e alunos o dia inteiro. Quando finalmente a aula acaba, pego minha mochila e saio da sala. Muitas pessoas tinham medo de mim, então elas esperavam que eu saísse primeiro. Ninguém queria irritar o demônio da escola. Vou andando até  sala de Frisk e espero na porta até ela finalmente sair.

           

— Porra, demorou demais. – Falo olhando pra ela e a puxando apressadamente.

 

— Ei! Por que tá me puxando assim? E eu já disse pra não falar palavrão. – Ela diz tentando se soltar, mas falha.

 

— Asgore não vai poder nos buscar hoje porque ele tem que ajudar a mamãe a fazer o jantar, limpar a casa, etc. Então, temos que ir logo.

 

— Mas não precisa me puxar, isso dói.

 

— ...Tá. – Digo soltando lentamente seu braço e segurando sua mão, entrelaçando meus dedos com os dela. — Assim tá melhor?

 

— S-sim. – Ela fala, corando levemente e olhando para baixo.

 

— Olha, só pra você dizer que eu não sou malvado, vou te levar pra tomar um sorvete.

 

— Sério? Caraca, eu te amo! – Frisk diz me olhando como uma criança. Sinto meu rosto arder e meu coração bater forte, a mesma sensação que senti hoje mais cedo. Porra, te controla Chara.

 

— Tá tá, tanto faz. Vamos logo. – Aperto sua mão e apertamos o paço até chegar a sorveteria. Não é um lugar muito grande, apenas quatro mesas do lado de fora e sete dentro, a maioria ocupada por casais ou idosos. A sorveteria tem diversos sabores e coberturas, isso deixava Frisk louca pois ela adorava sorvete.

 

— Ei moço, vê duas casquinhas pra gente. Uma de baunilha e uma de chocolate. Ah, e pode exagerar no chocolate. – Frisk fala para o homem que estava atrás do balcão. Heh, ela me conhece bem, sabe que eu adoro chocolate.

 

— É pra já. – O homem fala e deixa o balcão para montar os pedidos. Depois de alguns segundos, ele volta com as casquinhas. — Aqui. São 5 golds.

 

— Obrigado. – Tiro o dinheiro do bolso e entrego para ele, enquanto Frisk segura as casquinhas.

 

Nós saímos da sorveteria e vamos andando para casa, que não fica muito longe. Acredito que 15 minutos de caminhada seriam suficientes. Já havia anoitecido e a rua já estava ficando deserta, as estrelas e lua brilhavam no céu enquanto Frisk olhava deslumbrada.

         

— Ei Chara. – Frisk quebra o silêncio chamando minha atenção. — Qual o seu maior desejo na vida?

 

— O meu? Olha... Só quero viver minha vida sem problemas ou confusões. – Digo terminando de tomar meu sorvete.

 

— Só isso? Não tem tem nada especial que você queria fazer?

 

— Eu não sou muito de pensar nessas coisas, você sabe disso.

 

— E não tem ninguém especial? – Ela fala olhando para o céu, despreocupada. Eu paro de andar ela me encara.

 

— As únicas pessoas especiais pra mim, são a mamãe, Asgore, provavelmente nosso futuro irmão e... Você. – Volto andar, mas dessa vez, mais rápido. — E você? Alguém especial?

 

— Sim, é um garoto da escola. – Naquele momento, meu coração gela. Ah, dane-se. Isso só vai ser mais uma das relações desastrosas dela. — Só que ele não gosta de mim, mas não tem problema. Eu supero. – Ela fala, mas começa a chorar. Que merda, por que você faz isso?

 

— Ei sua idiota, para de ser bebêzão. – Falo me aproximando e limpo as lágrimas dela. — Ele é um otário pra não gostar de você. Na verdade, ele tem sorte de não te aturar todo dia, porque porra, tu é muito chata.

 

— Você que é chato! – Ela me dá um chute de leve na perna e logo depois me abraça. Eu abraço de volta. Depois de toda essa frescura, voltamos para casa. Hoje foi um dia... tranquilo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem ♥



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