Me before and after you escrita por Aiki Shimizu


Capítulo 1
Stand by me


Notas iniciais do capítulo

Olá WonderBatlovers!!!

Voltei de viagem super animada e empreguei minha energia escrevendo essa one-shot.
Perdoem-me caso encontrem algum erro, pois quando fico empolgada não confio muito na minha revisão.

O título é baseado em dois livros que eu li há algum tempo, mas a história não é pautada no enredo dos mesmos. Os títulos só foram inspiração.

Espero que gostem tanto de ler, como eu gostei de escrever.

Kisses❣



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—-- Bruce on ---

 

“Pobre menino rico.” “Ele é só um vigilante solitário.” “Bruce Wayne é um inconsequente que adora expor a vida pessoal.” “O mundo precisa do Batman.” “O príncipe de Gotham está solteiro novamente, preparem-se garotas.” “O Batman é um herói ou um perigoso vigilante?” “Todo essa filantropia do Wayne não passa de uma máscara.” “Eu sou só um garoto com problemas, muitos problemas.”

Ainda hoje, após muitos anos, algumas vozes ecoam em minha mente, me trazendo de volta os estereótipos que tanto me rotularam e, algumas vezes, até fizeram com que eu me enquadrasse dentro dessas definições. Hoje sou capaz de definir tudo isso e me rotular de maneira clara e objetiva: Eu era um garoto com problemas.

Em uma data tão importante quanto a de hoje, posso enfim olhar para trás e examinar meu passado sem pesar, sem dor, sem angústia. O passado distante, sombrio e doloroso que sempre me afligiu e contribuiu para que eu vivesse múltiplas personalidades, encontrou seu ponto de equilíbrio a partir do dia que deixei a felicidade entrar em minha vida. Os pesadelos não acabaram, mas não me dominam mais. A culpa não encontrou mais meios de me corroer. E o senso de justiça continua, na medida certa.

Alfred sempre tivera razão quando disse que eu precisava viver a minha vida e não deixar que o Batman ocupasse tudo. Ele também tinha razão quando a viu e disse que era ela, a mulher que transformaria minha vida. Ainda sinto falta dele, mas me conforta saber que dei a ele o descanso e o prazer em me ver encontrar a felicidade e de participar dela junto com a nossa família.

Me dirijo ao espelho para ajeitar um pouco a gravata e os cabelos agora grisalhos. O passar dos anos não têm sido tão gentis comigo como são com ela, mas, ainda assim, continuo com o charme e elegância de sempre. Sorrio para o meu reflexo, ante o meu pensamento convencido, já imaginando o que ela diria se estivesse ao meu lado. Algumas coisas nunca mudam.

Ouço leve batidas na porta me trazendo à realidade. Quando me viro, vejo o belos olhos azuis e o sorriso encantador que me enche de orgulho e faz o meu coração transbordar de um amor que nem sequer supus ser capaz de experimentar um dia. Tão linda quanto a mãe, penso enquanto lhe sorrio de volta. Reparo em seu vestido que, ao meu ver, é um pouco curto e decotado demais, e no primeiro lampejo de olhar de reprovação, ela já se defende.

― Não pense em recriminações, senhor Wayne. Tudo aqui está sob medida. – Ela diz, enquanto se aproxima mais para ajeitar milimetricamente meu paletó. – A propósito, você está lindo, pai. – Ela sorri. Em seguida, deposita um beijo carinhoso em minha bochecha e eu retribuo beijando o topo de sua cabeça.

― Obrigada, querida. Você também está lindíssima como sempre, apesar de... – ela estreita os olhos e eu desisto de terminar a frase. Hoje era um dia festivo e minha opinião jamais conseguiu persuadi-la a trocar de roupa. ― Onde está o seu irmão? Espero que ele tenha chegado a tempo, sabe como sua mãe ficará chateada caso ele se atrase.

― Edward já chegou e está lá embaixo com os outros. Apesar dele ter herdado uns traços inconsequentes de alguém da família, ele não deixaria de estar aqui por nada. – Ela sorri, me condenando, e eu finjo que não entendi. Edward realmente tinha herdado meu senso de justiça e estava sempre pronto para agir e ajudar quem precisasse. Apesar de sentir orgulho do homem que ele se tornou, sentia também um pouco das aflições que Alfred sentia quando lidava comigo. ― Agora vamos descer. A mamãe está pronta e lindíssima, você precisa estar lá, aos pés da escada, para contemplar sua princesa. – Ela diz, com um sorriso de admiração, e eu retribuo um pouco nervoso. Parecia até que hoje era mesmo o dia do nosso casamento e não apenas uma renovação de votos.

Louisa envolve o seu braço no meu e descemos juntos para a sala de estar da mansão, onde nossos amigos nos aguardavam. A mansão estava decorada elegantemente, rosas brancas em arranjos delicados davam um toque requintado ao ambiente. Enquanto descemos as escadas, os convidados sorriem e nós retribuímos igualmente. Como é bom poder sorrir para eles realmente demonstrando felicidade e não só para manter as aparências. Felizmente, hoje a única máscara que uso é a de Batman, em raras ocasiões, já que Lou e Edward têm cuidado de tudo há algum tempo. Minha esposa e eu os acompanhamos às vezes para não perdermos a forma. Encaramos isso como um programa familiar fora dos padrões.

Aos pés da escada, Edward vem em nossa direção. Nós nos abraçamos e eu o encaro como se estivesse me vendo em um espelho, obviamente em uma versão melhorada. Talvez como eu teria sido nessa idade se não tivesse alimentado tantos fantasmas. 

― Eu te amo, pai. – Ele diz, sorrindo, fazendo com que meus olhos brilhem com a emoção das palavras.

― Eu também te amo, filho. – Retribuo a declaração e nos abraçamos mais uma vez. Louisa faz um protesto fingindo ciúmes e ambos a envolvemos com beijos. Olho para os dois, lado a lado, e sinto meu coração quase explodindo pela graça de ter tido dois filhos, gêmeos, tão maravilhosos.

― Vou subir para trazer a mamãe. Ela já deve estar impaciente lá em cima. – Ele diz e nós assentimos com a cabeça.

Caminho pela sala acompanhado de Lou, cumprimentando nossos amigos e seus filhos. Apesar de muitas dificuldades, dramas e até tragédias, a maioria de nós conseguiu, de certa forma, construir uma história e uma família além dos deveres de heróis. Clark com Lois e o filho Ben, Shayera com John e o filho Rex, Helena com Vic e sua filha Violet, Wally com Beatriz e suas duas filhas Cathy e Lisa, Oliver e Dinah e seu casal de filhos William e Amber. Alguns outros também constituíram família, mas as coisas não terminaram muito bem. J’onn, por exemplo, foi feliz por alguns anos com uma amável senhora, mas depois que ela falecera, ele se fechara novamente e parecia não estar disposto para um novo amor.

Ao me aproximar da família Queen, sinto o braço de Louisa se soltar do meu e envolver rapidamente o pescoço do primogênito de Oliver e Dinah. Tenho que admitir que o jovem Willian Queen era um bom rapaz, bem diferente do que o pai fora na juventude, caso contrário, ele jamais cruzaria as portas dessa mansão para namorar minha garotinha. Mas, ainda assim, era difícil lutar contra o ciúme e aceitar que minha princesinha crescera.

Will me cumprimenta com um sorriso e um aperto de mão e eu retribuo o aperto de mão, sem o sorriso. Mas, com o olhar ameaçador de sempre, dizendo claramente que se ele fizer minha Lou sofrer, faço ele sofrer muito mais. Louisa me repreende como sempre e eu volto minha atenção para Oliver, com a naturalidade do homem mais inocente do universo.

O Mestre de Cerimônia se posiciona atrás do altar que fora montando na sala e percebo que é a hora pela qual todos anseiam. Meu coração dispara como se fosse a primeira vez. Lou se apoia novamente em meu braço e nos dirigimos para o pé da escada, para aguardar minha amada princesa descer. Enquanto isso, nossos amigos se organizam de modo a formarem um corredor da escada até o altar.

Quando a pequena orquestra contratada dá início à primeira sinfonia que abrilhantará a noite, meu coração se inquieta um pouco mais. Todos os olhares se voltam imediatamente para o topo da escada e, antes do terceiro acorde, eis que surge ela, linda, deslumbrante, apoiada no braço de nosso filho, com um belíssimo vestido longo e fluido em tom claro. Os cabelos ainda negros, presos em um elegante penteado e ornados com uma tiara de pedras preciosas, digna de uma eterna princesa. O belo rosto em destaque, iluminado pelo sorriso que me desconcerta e o olhar penetrante que me faz querer parar o tempo. Apesar de ter abrido mão de sua imortalidade, em nome do nosso amor, os anos pareciam passar lentamente para Diana. Sua beleza ainda fazia qualquer queridinha de Hollywood ou a mais bela modelo em ascensão se corroer de inveja.

Quando seus olhos se encontram com os meus a emoção é inevitável, apesar do esforço para mantermos a compostura. Em instantes, em silêncio e apenas com o olhar, trocamos juras que só quem encontrou um amor verdadeiro é capaz de compreender. Trocamos rápidos olhares com nossos filhos e sorrimos por nossa felicidade ser completa. Vinte e cinco anos juntos. Bodas de prata. Tudo isso é muito mais que um dia eu sonhei ou pedi a Deus. Mas, agora, posso afirmar seguramente que todo esse tempo é pouco, perto da capacidade e da vontade que tenho de fazer Diana feliz e ela a mim.

A cada passo que ela dá, descendo as escadas, é como se comandasse a orquestra. As notas pareciam reverenciá-la, tamanha graça e harmonia que ela exalava. Cada passo também era uma lembrança em minha mente e, como bem a conheço, era uma lembrança para ela também. Quando finalmente ficamos frente a frente, dou-lhe um casto beijo na testa e, me sentindo o homem mais sortudo do mundo (de fato, eu sou), envolvo seu braço no meu e caminhamos por entre nossos amigos, sorridentes , rumo ao altar. Durante o trajeto , percebemos que não somos os únicos emocionados, nossos amigos também não ocultam o sentimento de felicidade por celebrarem essa data tão especial conosco, o casal mais improvável da face da Terra.

O Mestre de cerimônia conduz com maestria o momento e, algumas vezes, reparo Diana contendo uma ou outra lágrima. Repetimos os votos de fidelidade e comprometimento um para com o outro e, em seguida, trocamos as alianças, sob forte aplauso de todos. Antes de encerrar a cerimônia e prosseguirmos com a festa, me atrevo a romper com meu padrão habitual e a dizer algumas palavras. Não que palavras fossem suficientes para descrever o momento, mas Diana merecia uma declaração. Ela me olha desconfiada quando peço a palavra e nossos filhos sorriem pela expectativa. Esqueço que me tornei o centro das atenções e começo a falar:

― Princesa, – ela sorri graciosamente perante a menção. – esses vinte e cinco anos juntos, foram, sem sombra de dúvidas, os melhores anos da minha vida. E, apesar de saber que nada do que eu diga pode retratar minimamente o que vivemos, o quanto lutamos e tudo que sentimos, sinto-me na obrigação de externar, por mais raso que seja, um pouco do que você representa em minha vida. – As lágrimas começam a demonstrar um leve brilho em seus olhos, mas ela se mantém firme, como se quisesse me encorajar a continuar e eu continuo. – Sempre que ouvi sua mãe lhe chamando, carinhosamente, de “Solzinho com estrelas”, compreendia claramente o que ela queria dizer. Você é luz, Diana. Uma luz forte e essencial, que preenche qualquer lugar aonde você vá. Seu brilho dissipa qualquer escuridão, traz calor, traz força, traz vida. Me trouxe vida. Lembro-me como se fosse ontem, a primeira vez que te vi e lembro-me também da sensação perturbadora que você me causou. Já era amor. Só eu não sabia. – Nossos amigos sussurram, surpresos pela minha atitude e,  mesmo com a voz um pouco embargada, prossigo. ― Eu lembro da vez que te disse que não poderíamos nos envolver porque eu era um garoto com problemas. E, eu era de fato. Mas, você trouxe todas as soluções, me trouxe um fôlego novo, me fez rever a vida, trouxe sentido para tudo que eu fazia e, com um amor tão pleno e tão intenso, trouxe minha maior riqueza, os nossos filhos. Nada do que eu diga ou faça é o suficiente para retribuir tudo o que você fez e faz por mim. Mas, quero que saiba que eu viveria tudo de novo e quero viver muito mais com você. Minha vida se divide em antes e depois de você. Eu te amo, Diana Prince Wayne.

A esta altura, as lágrimas já haviam dominado seu rosto. Carinhosamente me aproximo com um lenço, secando-o. E, antes que completasse o intuito, ela me envolve com um beijo intenso, grato e repleto de sentimentos. Nossos amigos vibram com o momento, mas nós não nos importamos por estarmos sendo observados. Era o nosso momento. Terminamos o beijo e olhamos para os convidados um pouco enrubescidos. É mais fácil lidar com isso de olhos fechados.

O Mestre de Cerimônia fez menção de encerrar o momento, mas Diana não permitiu. Eu sabia o que isso significava. Era a vez dela de falar.

― Eu gostaria de agradecer imensamente a cada amigo aqui presente. É uma noite muito especial para Bruce e eu e, sem dúvidas, vocês fazem parte desta história. – Ela diz voltada para os presentes e, em seguida, volta seus olhos azuis para mim. ― Agradeço também a você Bruce, por cada palavra dita, sei o quanto tudo isso significa. Eu não lembro mais da Diana que existia antes de conhecer você, pois foi com o amor que você me despertou que eu me tornei plena, feliz e realizada. Com você descobri que minha vocação ia muito além de ser uma guerreira, uma heroína. Minha vocação era e é também fazer você feliz, e ser feliz ao seu lado. Você e os nossos filhos são minha alegria de viver. Que venham mais vinte cinco, cinquenta anos, a eternidade juntos. Eu te amo, Bruce Wayne. – Ela conclui e eu a beijo de novo.

O Mestre de Cerimônia encerra a celebração da renovação de votos sob forte comoção de todos. A festa que se seguiu foi marcada por boa música, boas conversas, brindes e muita alegria. Tudo de acordo com o mérito que a data requeria. Já estava quase amanhecendo quando ficamos só Diana e eu. Os convidados se retiraram aos pouco e, por fim, Louisa saiu com Edward para a ronda.

Sem perceber, paro diante do quadro que emoldura uma foto de meus pais na parede da sala. Diana se aproxima e me envolve pela cintura, colando nossos corpos. Ficamos assim um bom tempo. Não precisávamos dizer nada. Ambos sabíamos que Thomas e Martha Wayne estavam felizes por nós. Eu tinha certeza disso. Aos poucos me viro para ela e acaricio seu belo rosto com ternura.

― Cansada? – Pergunto gentilmente.

― Feliz demais para estar cansada. E você? – Ela responde e me devolve a pergunta.

― Eu também.

― Toca alguma coisa para mim? – Ela pede, enquanto volta os olhos cheios de expectativas para o piano.

― É claro. Algo em especial? – Pergunto, enquanto nos dirigimos para o piano e nos sentamos lado a lado.

― O que vier em seu coração. – Ela diz e eu assinto com a cabeça. Trocamos mais um beijo intenso e ela se ajeita ao meu lado, enquanto me preparo para tocar.

Dedilho as primeiras notas e ela sorri emocionada. Começo a cantar uma das nossas canções favoritas: Stand by me. A canção diz tudo o que eu quero e preciso, hoje e sempre. Que Diana fique comigo. Para minha sorte, sei que o seu olhar me diz o mesmo. Fique comigo, Bruce.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

Para mais WonderBat/BatWonder, vocês já sabem. É só acompanharem minha long fic "Sentimentos Cruzados" ♡.

;)