Jemma estava deitada no ombro de Fitz, ambos assistindo mais um episódio de Doctor Who. A base estava em silêncio devido ao pequeno número de pessoas que ainda permaneciam no Playground.

Depois da morte de Hive ( e de Lincoln), o diretor acabou dando férias coletivas, mas cada agente devia estar preparado para responder um chamado qualquer momento.

Assim só restavam o time de Coulson: o casal, Daisy -que dormia no bunker ao lado - e Phil e Melinda, que ambos não faziam ideia onde estavam ou o que faziam.

—Jemma??

—Sim, Fitz - a garota o olhou sorrindo.

—Bem, nós já estamos namorando há algumas semanas... - ele suspirou. - mas nós ainda não saímos como um casal...

—Hm.. Como num encontro? - ela perguntou, ele confirmou.

—Eu sei que nós saímos para jantar, mas... -Fitz lembrou do jantar desastroso, onde ela chorara por Will.

—Esqueça. Nós precisamos de um novo primeiro encontro! -Jemma sorriu por um instante, mas logo o sorriso se apagou. - Porem, acho que precisamos esperar um pouco. Não quero deixar Daisy sozinha.

Desde que a amiga perdera o namorado, Jemma tinha assumido toda a responsabilidade de cuidar de Daisy, ainda fraca pela lavagem cerebral e drenagem de Hive, sofria com o acidente de Lincoln, a bioquímica era a pessoa mais competente para lidar com a culpa e o estresse pós-traumático consequentes.

—Verdade, tem razão. - Fitz assumiu, puxando a namorada de novo para seu ombro.

No dia seguinte, Jemma estava tão aérea que Daisy percebeu a desatenção da garota.

—Simmons, tem algo errado? - ela perguntou quando a médica tirou o pulso dela pela segunda vez.

—Nada não. - Jemma foi anotar a informação, percebendo sua desatenção.

—Claro que algo Jemma.. Você está com a cabeça nas nuvens. -Daisy arrumou a blusa, colocando a manga de volta no lugar enquanto encarava a amiga.

—Okay. É o Fitz! - Jemma guardava os aparelhos e fazia as últimas anotações no tablet - Ele quer outro encontro...

—E por que não? É algo que casais fazem normalmente.- Daisy sorriu - Se bem que eu e Lincoln nunca tivemos a oportunidade... - ela baixou os olhos, tentando lutar contra as lágrimas ao lembrar do namorado morto.

—Eu não quero deixar você sozinha. - Jemma justificou, fazendo com que a Daisy a olhasse. - E nosso primeiro jantar foi um desastre. Não quero que nada dê errado entre a gente!

—Eu vou ficar muito bem. Eu posso ficar com a May e com Coulson. - Jemma a encarou, perguntando se era a melhor opção. - Ou melhor, posso chamar o Mack para jogar vídeo-game e tomar umas cervejas.

—Mas... -Jemma ia procurar mais uma desculpa, mas Daisy a cortou:

—Jemma, você precisa esquecer o que aconteceu no outro encontro. Você não pode ficar pra sempre com o fantasma do Will te assombrando.

A cientista afirmou, saindo da sala e procurando o namorado até encontra-lo na garagem. Depois do pior primeiro encontro de todos os tempos, - quando Fitz mantivera uma reserva por seis meses e ela apenas chorou por causa de outro cara durante o jantar- Jemma precisava que esse, o primeiro desde de que começaram a namorar, fosse perfeito, para apagar a amarga lembrança do anterior. Por isso estava tão nervosa e insegura.

—Fitz? - ela o chamou, o engenheiro a abraçou antes de lhe dar um selinho. - O encontro, está de pé?

—Mudou de ideia? - ele perguntou, tirando alguns fios que caiam em seu rosto.

—Mack vai vir para base. Daisy pode ficar com ele.

—Então te pego as oito? - Fitz perguntou,Jemma sorriu e saiu correndo da garagem:

—Não se atrase- ela gritou da porta.

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—Eu não sei com que roupa vou, Daisy. -Jemma olhava todas as roupas que ela tinha jogado em cima da cama, que correspondia seu guarda-roupa inteiro. -Eu nem sei exatamente qual lugar o Fitz vai me levar.

—Calma, Jemma. O que você está vestindo está ótimo. - Daisy esboçou um sorriso. Fazia algumas semanas que Lincoln se fora, salvando o resto da equipe e consequentemente o mundo. Ela ainda estava abalada, mas a distração que Fitz, Simmons e o relacionamento dos dois estavam proporcionando era algo que ela aceitava de bom grado.

Jemma usava um vestido preto até a metade da coxa, não muito justo, e com um decote em V. Os saltos da sua sandália, também preta faziam baralho no assoalho do bunker enquanto ela andava de um lado para outro.

—Assim você vai furar o chão- May disse, abrindo a porta do cômodo. -Está linda, Jemma. - completou, sem esboçar nenhuma reação a mais. -Fitz está te esperando lá em cima.

A bioquímica conferiu mais uma vez no espelho, arrumando um fio de cabelo que não estava fora do lugar e esticando um amassado que não existia. Ela suspirou e saiu do quarto sendo seguida das outras duas mulheres, que estavam especialmente curiosas sobre a reação do acompanhante.

Fitz estava em pé na porta do playground, ladeado por Coulson e Mack. Mexia nervosamente na gravata que escolhera, embora o lugar para onde estavam indo não era tão necessário o uso dela. O chefe ria de sua postura, pensando em quanto aquelas crianças tinham crescido desde que montou aquele time. E tinha um bus.

Quando o engenheiro viu sua namorada cruzando o corredor, não pode conter sua expressão de admiração: ela estava mais linda, mais do que ele normalmente estava acostumado.

—Se você não fechar a boca vai babar, e babar no primeiro encontro não é uma coisa legal. - Daisy disse baixinho quando se aproximou de Fitz, que encarava Jemma que estava sorrindo.

—Vocês dois, saiam logo. -Coulson ordenou. - E não voltem tarde, porque vocês ainda tem trabalho amanhã. Não vai achando que estão folga.

Fitz entrelaçou seus dedos nos de Simmons, a puxando para fora da base, onde um táxi esperava, parado no meio fio.

—NÃO ESQUEÇAM DE USAR CAMISINHA. -A voz de Daisy passou pela pequena fresta da porta que acabava de fechar. O casal se encarou e rolou os olhos .

—Você está maravilhosa hoje. - Fitz disse assim que entraram no carro. Jemma sorriu e enrubesceu, devolvendo o elogio.

O táxi partiu, sem nenhuma pré-indicação de Fitz, o que fez Jemma acreditar que ele já tinha combinado com o taxista. Eles desceram alguns bairros depois lda base, na frente do que parecia uma casinha com uma placa "pub" na frente. Jemma o olhou com curiosidade.

—Um pub? - por um momento ela se achou um pouco arrumada demais para o encontro.

—Um pub britânico! - Fitz sorriu lhe apontando a entrada.

Mesmo com uma suspeita, Jemma seguiu para onde o namorado apontara. Quando a porta se fechou atrás dela, a atmosfera mudou completamente. Era possível escutar o sotaque que ela entendia perfeitamente, o cheiro de cerveja britânica, a comemoração para algum time de futebol e até uma cabine de telefone tradicional estava encostada em um canto. Ela se sentia em casa.

—Meu Deus Fitz! - ela sorriu para ele, se sentando numa mesa do fundo. -Como eu nunca achei esse lugar antes?

—Nem eu fazia ideia. - ele se entregou. -Hunter sugeriu sobre ele há alguns meses atrás.

—Junto com aquele documentário? - Jemma sorriu lembrando em como ela e Fitz dormiram quando tentavam ver um documentário sobre a Amazônia. - Devia ter tentando essa dica primeiro.

Ela olhava fascinada para o lugar, sorrindo. Poucos minutos depois o garçom serviu cerveja, peixe e fritas, enquanto o casal trocava banalidades dos dias na base, sobre o atual estado de Daisy e sobre Jemma ter pegado May e Coulson quase se beijando na sala do diretor.

—Fitz, eu juro que não sabia o que fazer! - ela ria, lembrando da expressão no rosto de Phil. - Talvez May tenha corado, mas não tenho certeza.

—Eu pagaria para ver essa cena. Principalmente depois de como Coulson encontrou nós dois no laboratório. - Fitz se recordava do dia que o chefe encontrou os dois se beijando entre experimentos. Eles tinham certeza que iam ser despedidos, mas Coulson apenas sorriu e disse "Eu já sabia. Estava vigiando vocês dois até agora apenas para fazer uma entrada triunfal".

Os dois continuaram conversando, coisas que aconteceram desde que ela voltara de Maveth e lembranças que eles traziam da academia.

Depois de alguns copos de cerveja e acaba toda a porção de comida britânica, os dois saíram rumo a orla, de mãos dadas. A praia estava deserta, como o esperado para aquela hora da noite. Jemma tirou os saltos e ambos pisaram na areia, andando no limite da água.

—Oh, está congelando. - Jemma reclamou quando uma onda alcançou seus pés descalços.

—Nem tão frio assim -Fitz respondeu, mas ainda a puxou para longe da água.

Ele tirou o paletó e estendeu na areia em frente a uma grande pedra. Jemma se sentou entre as pernas dele, olhando na direção do horizonte, enquanto ele descansava as mãos em seu abdômen.

—Sabe, você estava errado. - ela disse, depois de um longo tempo em silêncio observando o céu.

—É muito raro eu está errado, Jemma Simmons -ele rolou os olhos -Sobre o que você está falando dessa vez?

—Isso aqui é magnífico. - ela fechou os olhos, querendo guardar o momento. - Eu, você e o céu. Eu realmente não queria ter que sair daqui e enfrentar todos os nossos problemas, salvar o mundo e ainda ter que lutar contra uma maldição do universo..

—Eu disse isso uma vez Jemma!!! - Fitz a cortou, ambos sorriram. - Eu sei, entendo como você está se sentindo. -ele a puxou para mais perto.

Mais um longo período de silêncio, enquanto Fitz beijava o seu pescoço e Jemma aproveitava o calor o corpo dele junto ao dela.

—Eu te amo. - ele sussurrou no ouvido da garota e ela paralisou por alguns segundos antes de se virar para ele. -Jemma, tem algo errado?

—É a primeira vez que você diz isso! - Jemma respondeu surpresa.

—Não é a primeira vez - ela disse, desconcertado, percebendo o que fizera. Talvez tenha sido rápido demais.

—Bem, não é a primeira vez absoluta, mas é a primeira vez que você diz desde que.. Depois que..

—Transamos? - ele completou, e ela assentiu, bochechas rosadas de constrangimento. - Bem, mesmo assim não é novidade de forma alguma.

—Eu também te amo. -Jemma disse. Fitz sorriu para aquela frase, de um modo que ela não via fazia algum tempo.

E eles se beijaram, guardando cada segundo daquela noite, onde apenas as estrelas estavam como testemunhas.