Superheroes escrita por gwmezacoustic


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

>>> Esqueci de publicar a atualização aqui, então tava com um capítulo atrasado em relação ao SocialSpirit, mas segue o baile.

Dites-nous qui donne naissance aux irresponsables? Ah dites-nous qui, tient! (...) Où t'es? Papaoutai? Où t'es, où t'es? Où papaoutai?
Musicais a parte, adivinha quem voltei? Quase um mês, hein? Saudades.

Chegou até mim que certa pessoinha passou em Marketing, então eu fiz um esforcinho extra e terminei o capítulo o mais rápido possível, porque ela merece um prêmio, não é mesmo? Hahaha.
Enfim, tu é uma guria bem importante pra mim e também um orgulhinho mesmo distante. Então, aproveite esse capítulo de dor e sofrimento, Roberta.
— All the love, Be.

PS: vejo vocês nas notas finais, seus lindos.



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Lei de Murphy é um adágio ou epigrama da cultura ocidental que normalmente é citada como: "Qualquer coisa que possa correr mal, ocorrerá mal, no pior momento possível". Ela é comumente citada (ou abreviada) por: "Se algo pode dar errado, dará."

. . .

“A tendência de ir da ordem para desordem aumenta conforme o tempo passa.”

— Tumblr.

. . .

Quando os dias são frios

E as cartas todas se abaixam

E os santos que vemos

São todos feitos de ouro

. . .

Simon havia acabado de ser deixado em casa por Isabelle - que voltou para casa para conversar os pais, que aparentemente tinham um assunto importante para debater  com a filha-, tendo em vista a sua atuação situação, Simon decidiu que se trancar no quarto e fingir que não existia era a melhor opção até que Isabelle voltasse.

Durante o banho, Simon apoiou sua cabeça no vidro do box e encarou seu reflexo, de repente não se reconhecia, e sequer sabia se algum dia havia se conhecido, as olheiras fundas denunciavam a noite mal dormida, os músculos rígidos mesmo sob a água quente escancaravam o que não fora capaz de admitir: a situação o havia atingido mais do que imaginava, não conseguia desviar a sua mente daquele assunto e não sentia que conseguiria tão cedo. Por hora, a única coisa que lhe restava era ao menos tentar dormir.

Isabelle, por outro lado, acabava de bater a porta de seu quarto com uma força desnecessária. A conversa com seus pais havia trazido à tona assuntos esquecidos e que ela pensava que o tempo contornaria, mas que agora ela sabia que deveriam ser encarados.

Talvez todos tivessem demônios escondidos, afinal.

 

Quando todos os seus sonhos falham

E aqueles que saudamos

São os piores de todos

E o sangue fica seco

. . .

Janeiro de 2020, 4 anos depois.

— Nicolas! Você está atrasado! - Simon gritou e se praguejou no exato momento que as palavras saíram de sua boca.

— Ouch. - Nicolas desceu as escadas de maneira lenta e cabisbaixa, com sua pequena mão apoiada na cabeça, o garoto não gostava muito de gritos.

— Sinto muito. - se apressou em se desculpar, o garoto costumava ficar ainda mais tímido depois de gritos, não fazia bem a nenhum dos dois.

Nicolas ignorou a fala e se aproximou do pai, alçando as mãos em um pedido silencioso de colo, que Simon rapidamente atendeu, erguendo o menino do chão, que por sua vez escondeu o rosto em seu pescoço. A verdade é que o garoto estava mais manhoso do que o normal aquela manhã, demorou muito para se adaptar na antiga escola e quando finalmente conseguiu se mudaram novamente e Simon não podia se sentir pior por isso.

O fluxo de crianças era comum para uma escola, mas assustador do ponto de vista de Nicolas, que segurava forte a mão de Simon.

— Qualquer coisa é só me ligar que eu estarei aqui pra te levar embora, você sabe, não é Campeão? - Nicolas acenou positivamente e deu dois leves puxões na mão do pai, que se abaixou para encaixar melhor o corpo do pequeno em um abraço de urso.

— Eu te amo, Papai. - e mesmo sem tanta certeza caminhou em direção a escola.

Simon observou o trajeto de Nicolas e se manteve parado durante tempo suficiente para encorajá-lo com o olhar, e então entrou novamente no carro e deu a partida, sumindo de vista. E por poucos segundos deixou de encontrar com a equipe da Lightwood Corporation, que fazia um estudo de campo comandado pela Diretora Geral, que mesmo ocupada e no meio de um dia estressante foi capaz de lançar um olhar encorajador e um sorriso amoroso para um pequeno garotinho que a encarava com seus olhos verdes duvidosos, e mesmo o tendo perdido de vista, tinha a impressão de que não seria a última vez que o veria.

. . .

Quero esconder a verdade

Quero abrigar você

Mas com a fera dentro

Não há onde nos escondermos

 

Simon discava o número de Isabelle pela décima vez naquela noite, batia os dedos sobre a madeira desgastada da janela e esperava ansiosamente para ouvir a voz da morena, a chamada foi novamente para a caixa postal e ele bufou irritado, jogando o celular sobre a cama. Desceu as escadas e foi em direção a cozinha, enfiando a cabeça entre as grades da geladeira enquanto pensava no que poderia comer, segundos depois ouviu o badalar da campainha e esperou que alguém abrisse, caminhou irritado até a porta enquanto resmungava palavrões, abriu a porta sem ao menos verificar o olho mágico e a fechou novamente ao constatar que quem estava do outro lado da porta era a última pessoa que queria ver no momento.

Subiu as escadas pensando no quão louco aquele dia poderia ficar e desceu as escadas novamente ao ouvir as batidas na porta, a abrindo em súbito.

— Sentiu saudade do papai? - Simon ergueu os olhos horrorizado, como se seu passado o espancasse.

 

Não importa o que criamos

Ainda somos feitos de ganância

Este é o meu fim

Este é o meu fim

. . .

O engenheiro americano aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy era o responsável por um teste de tolerância à gravidade por seres humanos. Para fazer isso, construiu um equipamento que registrava os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos, em tese, ele deveria apresentar os resultados desse experimento, contudo, o técnico responsável pelos equipamentos efetuou a instalação de maneira errada - os sensores falharam exatamente na hora -, destruindo qualquer probabilidade de estudo. Com uma enorme decepção, Murphy disse “se este homem tem algum modo de cometer um erro, ele o fará.”

E como consequência, a lei de Murphy foi estabelecida, de uma maneira mais filosófica do que física, de fato, o que se comprova pela mesma é que se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.  E ainda: se determinada tarefa se subdividir em várias aplicações possíveis, e alguma dessas aplicações resultarem em desastres, provavelmente essa será a aplicação escolhida.

A lei de Murphy não é um besteirol, é um fato comprovado no simples ato de existir, todos os dias e por todos nós. Não é muito difícil relacioná-la á base da teoria do caos, por hora, tudo que sabemos é que ações podem se dividir em inúmeras consequências, algumas opcionais, outras não, mas essa é a coisa engraçada sobre a vida: ela nos coloca em situações de dúvida e nos faz ter que abdicar de certas coisas, em beneficio de um ganho maior. Ou talvez, a vida simplesmente dite o curso e nós mesmo contrariados o seguimos, mas no fim, nada é tão potencialmente doloroso e dilacerante quanto uma decisão errada, quando só tentávamos acertar.

 

Quando as cortinas se fecharem

Vai ser pela última vez

Quando as luzes se apagarem

Todos os pecadores vão rastejar

 

Simon ergueu as sobrancelhas, como se desafiasse a autenticidade dos fatos, e então definiu um teste mental para garantir que o general realmente estava ali, ergueu a mão até o rosto de seu progenitor e a deixou ali por longos segundos, até que voltou sua mão até o próprio corpo e a encarou e então sua mão voltou a encontrar o rosto de Walter, dessa vez o toque não era delicado, mas sim carregado de uma força desnecessária, em um tapa forte, que deixou uma marca avermelhada no rosto do mais velho.

Walter o encarava com os olhos arregalados, descrente que ele realmente o havia batido, em outra época teria aplicado um corretivo no rapaz e o ensinado a respeitar as autoridades, em outra época não, talvez se estivessem em outro lugar.

 

Então eles cavaram a sua sepultura

E o baile de máscaras

Chegará anunciando

A bagunça que você fez

 

— Você enlouqueceu? - seu tom de voz era firme, quase um grito.

— Te pergunto o mesmo. - ele não esperava por aquela resposta, sequer se lembrava da última vez que Simon o havia respondido de maneira grosseira, o garoto havia mudado demais para o gosto do General.

— Posso entrar? - perguntou, mesmo que parte do seu corpo já estivesse dentro da casa.

— Não, mas eu sei que se chamasse a policia por invasão de propriedade você não seria preso, de qualquer modo... - deixou a frase morrer no ar, dando de ombros e se dirigindo ao mini bar.

— Você pode beber? - Simon deu um gole na bebida, revirando os olhos - Legalmente falando, digo.

— Várias pessoas não podem fazer várias coisas e mesmo assim as fazem, e nada no mundo muda realmente por as fazerem. - responde enquanto se senta na poltrona de cor vinho posicionada em frente à porta da casa, de modo que quem quer que chegasse daria de cara com suas costas, deu outro gole na bebida após cruzar levemente as pernas. - Agora me diga, a que devo a honra da sua visita?

— Não vai me oferecer uma bebida, ou me convidar pra sentar? - Simon faz um movimento negativo com a cabeça, enquanto ostentava uma feição de desdém, como se aquela resposta fosse óbvia.

— Se você se senta significa que pretende ficar por um tempo relativamente longo, ou que eu sou extremamente educado, e nenhuma das opções se aplicam a situação atual. - explica.

— Você recebeu minha carta? - pergunta, indo direto ao ponto ao perceber que a tática pai do ano não havia funcionado, entre um gole e outro Simon faz um sinal de positivo com a mão livre e o incentiva a continuar. - Bom, já tem uma resposta?

Quando as palavras saíram da boca do General Simon não tentou controlar sua cara de surpresa, quer dizer, ele realmente era tão estúpido? E então ele desfez sua cara de surpresa e adquiriu uma expressão séria, para então rir, sua gargalhada alta e rouca cortou o ar da sala, quem visse a cena não pensaria duas vezes antes de dizer que o rapaz havia escutado a melhor piada do mundo, e o que havia acontecido, se não isso?

— Isso é sério? Onde esconderam as câmeras? - perguntou, finalmente deixando o copo de lado. - Isso é uma pegadinha, não é? - o General negou em um murmúrio e então a expressão de Simon voltou a ficar séria.

— Nós realmente precisamos conversar, filho. -  tentou se aproximar, mas retrocedeu tendo em vista o aperto que Simon exercia sobre o braço da poltrona.

— Você quer conversar? Então vamos conversar! - ergueu a mão impedindo que o mais velho o interrompe-se. - Lembra de quando eu fui suspenso da aula de matemática no sétimo ano? - perguntou, deixando o mais velho com uma grande interrogação em sua mente. - Não, obviamente não lembra, porque você não estava lá quando isso aconteceu. Lembra de quando eu tive que apresentar uma palestra para a turma e estava uma pilha de nervos, porque eu surpreendentemente sou uma pessoa insegura e introvertida? Claro que não, afinal existem outras prioridades a serem exploradas, certo? Mas que tal ir para acontecimentos mais recentes, hein? Eu quase fui expulso da última escola em que estudei, porque aparentemente me metia em problemas demais para alguém que tem DDA, aliás, essa é outra, acredita que eu tenho DDA? Sabe, déficit de atenção mesmo, daquele tipo que prefere olhar uma formiga do que a professora, mas você obviamente não sabe disso, porque isso é demais para lidar, não é importante, certo? Eu tenho uma vida acadêmica impecável, mas a sentimental é uma merda e nem me faça falar dos meus relacionamentos passados. Eu tenho um sério problema com tudo que é relacionado a diretrizes e regras, e uma merda de um problema com autoridades e tudo relacionado, as coisas não acontecem do jeito que eu esperava e isso me irrita pra caramba, eu não entendo a merda do mundo inteiro e você sequer me entende, porque não existe modo de entender já que simplesmente não me conhece. - a essa altura, ele não estava sentado, já havia levantado já tempos e muito menos falava, estava gritando e gritos eram ouvidos até por quem estava fora da casa - Eu poderia ter uma faca no meu bolso agora e ser a porra de um serial killer que você não se daria conta. A verdade cruel por trás disso é que você não me conhece, minha vida é a merda de um buraco negro e tudo que gira ao meu redor parece não ter capacidade suficiente para me prender, mas obviamente não sabe disso, o filho revoltado que joga coisas pela janela e explode sua sala não merece mesmo o mínimo de preocupação e bom senso, mas vamos fazer o que? Conversar com você é como conversar com uma parede, porque é alienado demais para acordar para a realidade. - em um ímpeto lançou sua mão no peito do general, o empurrando em direção a parede.

 

Não quero decepcionar você

Mas meu destino é o inferno

Embora tudo isso seja para você

Não quero esconder a verdade

 

— Eu... - tentou responder, seus olhos brilhavam pelo que imaginava que aconteceria.

— Você nada! - gritou. - Você perdeu todo o direito de querer se envolver na minha vida há anos atrás, quando aquele garotinho esperou sua visita enquanto olhava pela janela! - fechou os olhos, tentando em vão se acalmar - Se veio atrás do ressarcimento da sala que eu explodi, entre em contato com a empresa. E se era só isso, por favor, saia da minha residência. - se afastou, ficando de costas para o general.

Cabisbaixo, e sem entender exatamente o que havia acontecido, Walter se dirigiu até a porta, parando ao ouvir a voz de Simon pronunciando seu nome.

— Quando sair por essa porta, leve em consideração a metáfora e suma da minha vida também. Bata a porta, e nunca mais volte do inferno para destruir o que eu construí com meu esforço. - Walter concordou com um aceno de cabeça, mesmo que ele não pudesse vez o gesto.

 

Não importa o que criamos

Ainda somos feitos de ganância

Este é o meu fim

Este é o meu fim

 

Ainda sem ter certeza do que havia acontecido, Simon subiu até seu quarto e pegou sua jaqueta e a chave do carro sobre a escrivaninha, se dirigindo até a porta e a batendo com força, e do andar de cima, George encarava o piso com uma única certeza: passará a admirar ainda mais seu irmão.

Do outro lado do condomínio, Isabelle acabava de cair no sono após longas horas encarando o teto, de tanto pensar e remoer aquele assunto se deixou cair em exaustão. Sem perceber que um vulto podia ser visto pela sua janela, levantando o vidro e adentrando o quarto.

Simon se aproximou em passos lentos e retirou seus sapatos antes de deitar-se na cama, havia decidido que não queria e que muito menos precisava encontrar com outras pessoas além de Isabelle, então aproximou seu corpo ao dela e a envolveu com seus braços, Isabelle mesmo que inconsciente reconheceu o perfume do moreno e se apoiou sobre seu peito. Ele visualizou o rastro das lágrimas sobre seu rosto, deixando um leve beijou próxima a seu nariz, depois sobre a bochecha e então na testa.

— Tudo vai ficar bem, eu prometo.— sussurrou, aquela parecia mais uma tentativa de convencer a si mesmo.

 

Quando você sentir o meu calor

Olhe nos meu olhos

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

Não se aproxime muito

É escuro aqui dentro

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

 

Gostaria que ao narrar esta história pudesse dizer que Isabelle dormiu de maneira calma naquela noite, mas mesmo que seu corpo estivesse em contato com o de Simon, sentia certa inquietação, o que fez seu sono agitado. Até que acordou e seu deu conta de onde estava e com quem estava, encarou o rosto de Simon que ainda de olhos ainda abertos observava o o teto, mesmo que houvessem inúmeras perguntas rondando a sua cabeça, ela preferiu ignorar a guerra iminente e esconder o rosto no seu pescoço. Ao sentir os movimentos lentos dos cílios de Isabelle, a sua chave finalmente girou, e Simon caiu finalmente no sono, dessa vez acompanhando-a.

 

Dizem que é o que você faz

Eu digo que depende da fé

Está enrolada na minha alma

Tenho que deixar você ir

Seus olhos, eles brilham tanto

Quero guardar a luz deles

Não posso fugir agora

A menos que você me mostre como

. . .


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Notas finais do capítulo

Os versos são uma versão adaptada de Demons do Imagine Dragons, adaptada porque eu modifiquei a ordem, enfim, segue o baile.
Sobre o próximo capítulo: só vem passagem de tempo, opa spoiler.
Fiquem com Deus, até o próximo e beijão.



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