Hamartia escrita por helo


Capítulo 7
Tear you apart


Notas iniciais do capítulo

Oioi aqui estou eu novamente com mais um capítulo!
Boa leitura ♥



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Repassara aquele momento por sua mente com tamanha frequência nos dias que se seguiram, que poderia recitar todo o diálogo, ou a falta dele, de trás para frente. A confusão formada no cérebro de Fred impedindo-o de funcionar direito, pelo medo da rejeição iminente por parte de Emma, passara, e ele logo obrigara a menina a prometer que jamais diria ao irmão gêmeo, Jorge, que ele travara quando fora chamá-la para sair. O episódio causara algumas boas risadas a menina. Mais uma vez, tudo voltara ao normal. Ela se olhava no espelho, assistindo seus olhos sorrirem na mesma intensidade que o sorriso formado em seus lábios. Enrolava um cachecol ao pescoço, fazia frio naquele dia, e Emma vestia algumas de suas melhores roupas, calçava um par de botas coturno vinho, meia-calça grossa, saia plissada e um suéter quente, por cima de tudo usava um sobretudo preto. Recebera alguns elogios em excesso de suas companheiras de dormitório. 
— Ai. Meu. Merlim. de. Deus. Emma Mccalister, você está usando botas da Dolce & Bruxanna, tem modelos em praticamente todas as páginas da revista Bruxateen usando esse mesmo par de botas! - Emilia Bulstrode disparara, entusiasmada, só faltando beijar os sapatos da menina. 
Já Tracey Davis, que vira a luta da menina contra os cabelos despenteados, pegara a escova e ajudara-a a desembaraçar;
— Emma, você sinceramente não nasceu para ser uma garota. - Davis dizia divertida, enquanto Emma lhe mandava língua.
E já esperava que Pansy Parkinson dissesse alguma coisa inegavelmente idiota, do tipo
— Só espero que você não tenha más intenções com meu Draquinho hoje em Hogsmeade, todo mundo sabe que ele não aguenta mais você, Mccalister. - Parkinson questionava de três em três segundos a menina, que fazia caretas imitando a cara de bulldog de Pansy, arrancando risadas das outras companheiras de quarto. 
Não chegou a estranhar nada disso, porque deveria ser de surpreender mesmo, vê-la bem vestida, quando haviam dias que nem os cabelos penteava. Mas naquela manhã fizera tudo diferente. Passara até mesmo um batom vermelho, que contrastava com a pele clara e os cabelos louros. Estava um tanto apreensiva, imaginando como seria quando encontrasse Fred Weasley no saguão de entrada.
Ele estava em pé ao lado das portas de carvalho, estava sozinho, e vestia o suéter que Emma lhe presenteara no natal. Lembrava-se de como havia sido difícil pensar no que daria para os gêmeos de natal, tivera a ideia de comprar para cada um deles um suéter, como aqueles que recebiam de natal da própria mãe, e que diziam detestar por ela bordar as iniciais de seus nomes, como se fossem doentes mentais e não soubessem como se chamavam, pedira então para a costureira da loja bordar os dizeres Thing #1 e Thing #2, respectivamente na peça de cada gêmeo, enviando para os gêmeos, não apenas um presente, mas uma tirada cômica de natal. Também comprara um kit de equipamentos de Quadribol para batedores, posição que os gêmeos ocupavam na equipe da Grifinória, vinha com um par de luvas de couro de dragão e um taco de madeira sueca. Não é necessário dizer que eles gostaram mais do segundo presente. 
Descia os três últimos degraus da escadaria de mármore, quando seus olhos se encontraram com os azuis de Fred, ela o assistiu abrir a boca, parecia que o menino estava sem fôlego, ficaram se encarando por um momento, até Emma se aproximar o suficiente dele para dizer-lhe algo. - Bonita. - ele disse, antes se quer que Emma pudesse pensar em alguma coisa para dizer. - Muito bonita. - Ele voltou a dizer, alcançando uma das mãos da menina e depositando um delicado beijo. 
Fred lhe oferecera um braço, que ela prontamente entrelaçara ao seu, enquanto se juntavam a fila de pessoas que iriam para Hogsmeade. Falavam da vitória da Grifinória sobre a Corvinal de alguns dias atrás e um Fred totalmente empolgado dizia de como estavam dando festas toda noite na sala comunal da Grifinória, considerando que a Taça de Quadribol daquele ano já estava garantida, sendo esse o assunto por todo o caminho até os portões. Era um dia agradável, como Emma pode perceber, e por mais que estivesse um tanto nervosa com seu pseudo-encontro, Fred estava deixando-a confortável e alegre, emendavam uma conversa atrás da outra, e o garoto adicionava algumas de suas piadas no meio disso tudo. E foi quando alguns alunos da Sonserina passaram por eles.
— Weasley e Mccalister? - Reconheceu a voz de Pansy Parkinson em meio de risadinhas e murmúrios. - Eu não acredito nisso. Hoje é o dia da mentira ou o quê? - Àquela altura, Pansy ria escandalosamente. - Deve ser o casal mais estranho que já vi na vida. Quanta falta de bom gosto... Dos dois lados. - Emma já tinha algo pronto na ponta da língua para responder a Parkinson. Mas se calou quando percebeu quem andava ao lado da menina. Draco olhava-a friamente, os sombrios olhos acinzentados direcionados a ela, enxergou decepção, Emma sentiu suas bochechas corarem levemente, queria fugir da vista reprovadora de Malfoy, passou a encarar suas botas afundadas na neve. 
— Cale a boca, Parkinson! - Fred exclamou, atraindo atenção de Emma. - Diz isso porque nunca conseguiu se olhar num espelho antes que ele se quebrasse. - Um coro de vaias surgiu de alunos das outras casas que atravessavam o mesmo trajeto para Hogsmeade. - Me avise quando algum cara lhe chamar para ir com ele a Hogsmeade ou a qualquer outro lugar em plena luz do dia. Serei o primeiro a cumprimentá-lo. - Fred tinha uma expressão mal intencionada no rosto. - Ter que olhar pra você deve ser pior que engolir mil bombas de bosta. - Fred passara um de seus braços pelos ombros deEmma, e apertou o passo, deixando o grupo de garotos da Sonserina para trás. Os dois ficaram num silêncio, embaraçoso, na opinião de Emma, não conseguia pensar em nada para iniciar outra conversa regada de piadas da parte de Fred, pensava se o garoto sentia-se do mesmo jeito, dera uma olhadela rápida para o rosto de Fred, e de repente, não conseguiu mais desviar seu olhar, dos cabelos ruivos cuidadosamente despenteados, das sardas em evidência, as bochechas um bocado enrubescidas, e os brilhantes globos azuis, que pareciam contrastar com todo o resto. Olhava-o com avidez, e Fred pareceu perceber. Emma o viu devolvendo-lhe o olhar, com um sorriso de canto de boca.
— Espero que Parkinson e os outros idiotas não tenham lhe aborrecido. - Ele coçou a nuca. Parecia preocupado. - Eu estava preparando um dia incrível pra gente, mas parece que esqueci de levar em conta que a galera definitivamente não está acostumada em ver um cara da Grifinória com a garota mais linda da Sonserina. 
— Você vive encontrando maneiras de me deixar envergonhada. - Emma disse em voz baixa, encolhendo os ombros. 
— Já lhe disse que não consigo me controlar quando você está por perto. - Fred mandou-lhe uma piscadela. 
Estavam entrando em Hogsmeade, podendo ver as ruas abarrotadas de estudantes de Hogwarts, muitos defronte as vitrines das lojas, outros se divertiam na neve, e ainda haviam alguns que apenas conversavam e riam particularmente alto. 
— Vamos dar uma olhada nas lojas? - Fred começou a dizer. - Ou algo assim. - Terminou indeciso. 
— Poderíamos ir até a Zonko's, você não gosta de lá? - Sugeriu. 
Fred parecia entusiasmado uma segunda vez, puxava Emma em direção a Zonko's, Logros e Brincadeiras, haviam muitas cabeças em frente as janelas e a porta de entrada do estabelecimento, no entanto, saíram de lado quando Emma e Fred se aproximaram, um enorme letreiro com os dizeres "Encontre aqui a maior quantidade de utensílios para serem usados contra seus queridos amigos" era a primeira coisa que se via quando entrava na loja, parecia que todos os estudantes de Hogwarts estavam aglomerados naquele lugar, era um pouco difícil de andar, e esbarravam em alguém um minuto, ou outro, mas Fred parecia não encontrar problemas em nada disso, não tirara um riso de satisfação do rosto momento algum. Ao contrário. Falava de todas as travessuras que já havia feito com produtos da loja.
— ... E teve aquela vez que Jorge e eu colocamos Pó de Arroto no chá de Percy, foi de longe a melhor ceia de Natal de toda a dinastia Weasley. - Ele dizia divertido.
— Eu não fazia ideia que vendiam tamanhas preciosidades aqui. - Emma comentou pesarosa, não aproveitara o suficiente da loja em sua primeira visita a Hogsmeade, que ocorrera há alguns meses. 
— Emma, o nome da loja é Zonko's, logros e brincadeiras. - ele falava pausadamente, como se explicasse para uma criança de 4 anos que o céu é azul. - Essas duas palavras sempre estiveram muito bem esclarecidas para mim.
— Tenho tanto a aprender com você, Fred. 
— Olha, você tem mesmo. Estou decepcionadíssimo com você por desvalorizar este antro. - Ele disse abrindo os dois braços, indicando todo o esplendor da loja. E consequentemente acertando dois garotos que estavam próximos. Emma deu de ombros, seguindo em direção a outra prateleira cheia de xícaras-de-chá, fazendo-a lembrar da sala da Profª de Adivinhação. 
— O que são esses aqui? - Perguntou a Fred. 
— São xícaras-que-morde-nariz. - Ele respondeu, alcançando um par. - Vamos levar. Já até tenho em mente onde podemos usar. - Fred olhava para um grupo de alunos próximos das Minhocas de Apito, e Pansy Parkinson estava entre eles. 
— Você não existe Fred Weasley. - Emma ria só de imaginar o que Fred iria aprontar.
— O que? - Ele fingiu-se estar indignado com as acusações de Emma. - Mexer comigo é uma coisa, mas mexer com minha garota? 
— Quem foi que disse que sou sua garota? - Perguntou, fazendo charme. 
— Se não é, vai ser. - Fred disse pegando-a pela mão e sumindo em meio à multidão. Saíram da Zonko's algum tempo mais tarde com uma sacola cheia de travessuras, e um Weasley satisfeitíssimo, que tagarelava sem parar. Emma por outro lado não deixava de sentir os olhares furtivos que lançavam aos dois, e não entendia a finalidade disso, viu uma, duas vezes o reflexo de si mesma andando de mãos dadas com Fred pelas vidraças das lojas, só o que conseguia pensar era no quão fofos ficavam os dois juntos, o que é que as outras pessoas viam? Um garoto da Grifinória e uma da Sonserina? Um Weasley e uma Mccalister? Ou seria alguma coisa pior? Sentiu gotas pesadas e frias contra seu rosto, começara a chover. Fred a apertara contra seu peito, enquanto a chuva começava a cair mais forte. 
— Hum... Vamos até Madame Puddifoo, o lugar é bem legal, e é logo ali. - Ele falou baixo, apontando com o queixo uma rua ao lado. 
Entraram na pequena casa de chá que Emma jurava já ter passada no frente algumas vezes, sem nunca entrar, o lugarzinho, como ela pode identificar era simpático e acolhedor, inteiramente decorado com babados e rendas, estava um tanto cheio, as mesas, em sua maioria ocupadas por casais. Reconheceu Percy Weasley, irmão mais velho de Fred, com a namorada, Penelope, não se lembrava do sobrenome da moça, e acreditava que Fred havia percebido a presença do irmão também, uma vez que, o viu torcer a boca em contragosto.
— Gosto daqui. - Sussurrou para Fred, arrastando-o consigo para uma mesa afastada. 
— É bonitinho. - Fred concordou.
Observando as outras mesas, pode perceber que só haviam casais por todo o lado, todos de mãos dadas e trocando olhares apaixonados, até mesmo Percy e Penelope, sentiu-se um pouco desconfortável, ainda mais quando um silêncio arrebatador surgiu entre ela e Fred.
— O que vão querer, meus queridos? - perguntou uma mulher corpulenta, carregando uma bandeja com bolinhos, espremia-se entre duas mesas. 
— Dois cafés, por favor, Madame Puddifoo. - Fred respondeu, sorrindo para a mulher, que assentiu. – Jorge e eu costumávamos vir até aqui e chamegá-la, ela nos dava muffins de graça. - Confessou, fazendo Emma rir. 
— O que comprova mais uma vez o que venho dizendo há tempos. O Sr. é um galanteador, Fred Weasley. - Emma disse pausadamente. Fred piscou um dos olhos para ela. 
— O que vai fazer nas férias, Emma? - Ele parecia mais ansioso do que se fez soar. 
— Na verdade, eu ainda não pensei sobre isso. - Fez um careta involuntária só de imaginar a possibilidade de voltar para casa naquele verão. - Talvez eu vá visitar um amigo. - Disse, pensando em Alec, e a imagem do amigo que há tanto não via fez seu coração doer. 
— E esse amigo seria... Eu? - Fred perguntou, arrancando-a de seus pensamentos. 
— Não acho que sua família ficaria contente com uma visita minha, Fred. - Disse pesarosa.
— Eu não teria tanta certeza, minha família não é como aqueles que você costuma conviver, não vão lhe julgar ou virar-lhe a cara porque você é diferente. E mesmo que o fizessem, o que isso importaria? Você estará indo me ver. Os outros que achem o que eles quiserem, só o que importa para mim é estar perto de você - Ele disse se aproximando, não desviara o olhar um segundo que fosse dos azuis deEmma. 
— Eu não posso ir para sua casa, Fred, o que seus pais diriam? - Emma disse. 
— "Prazer em conhecê-la, Emma, gostaria de ficar para o jantar?" - Fred lhe dizia sorrindo abertamente. - Sabe, você não precisa complicar tanto as coisas, Emma. - Fred a interrompeu. – Por que não dá uma chance para mim? Uma chance a você mesma? - Ele disse alcançando a mão da menina que repousava na mesa, entrelaçando seus dedos. - Suas tentativas de me repelir não estão dando certo, quanto mais você me afasta, mais eu quero entrar. - Fred se aproximava dela a cada segundo um pouco mais. - Você vai chegar a descobrir o quanto posso ser insistente. - Ele havia quebrado toda a distância que havia entre os dois. A menina podia sentir a respiração de Fred bater de encontro a seu rosto. Se a perguntassem algo naquele momento, ela não saberia muito, não saberia nem diferenciar o que é certo do que é errado. 
— Acho que tivemos nossa primeira discussão. - Emma disse, quebrando o silêncio, sentindo as borboletas de seu estomago voarem descontroladamente com a proximidade de Fred Weasley.
— Acho que está mais do que na hora de fazermos as pazes. - Estavam perigosamente perto, quando Fred selou seus lábios aos de Emma. 

* * *



De longe, não saberia dizer o que é que estava rolando entre ela e Fred Weasley, tudo o que sabia era que gostava, e gostava bastante. Desde aquele pseudo-encontro que tiveram em Hogsmeade, estavam passando muito tempo juntos com relação a antes. Emma não se surpreendia mais quando encontrava Fred lhe esperando próximo as masmorras, onde ficava a sala comunal da Sonserina, nem achava estranho quando ele carregava sua mochila e seus livros, e muito menos quando ele ficava observando-a enquanto ela estudava, como muito faziam ás tardes. E nenhum dos dois dizia nada a respeito disso tudo. E conviviam muito bem com este acordo imaginário mútuo.
— ... E tem um vilarejo perto d'A Toca, mas é um vilarejo trouxa, não é nada importante. - ele dizia fazendo pouco caso. - Eu mesmo já me aventurei por aqueles lados algumas vezes com Jorge, e tem uma atendente num pub que acha incrível meus truques com cartas. - Fred piscou um dos olhos para Emma, a menina fez lhe cara feia e socou seu braço. - Calma aí, meu bem, era só uma garota trouxa. - Tentava arrumar o que havia dito. Sem sucesso. - Onde eu estava mesmo? - Optou por voltar ao assunto inicial. - Ah é, então, vivemos praticamente ilhados da civilização bruxa, o que é muito bom na verdade. - Fred dizia. Estavam há horas sentados debaixo de uma árvore, próximos do Lago Negro, falavam de suas casas e de suas famílias, do céu azul, do pudim de rim que serviram no almoço, falavam de tudo, e falavam de nada, tinha certeza que tudo o que Fred lhe contava, era com uma certa porcentagem de expectativa que ela aceitasse os inúmeros pedidos que o menino havia feito chamando-a para passar alguns dias em sua casa, nas férias. - E também tem os campos, eu poderia te ensinar a voar direito numa vassoura, o que acha? Não seria incrível? - ele continuou, com um sorriso aberto no rosto. 
— Eu sei voar direito numa vassoura, Fred Weasley. - Emma exclamou depois de tempos em silêncio ininterrupto. 
— Ah, por favor, foi Cedrico Diggory que te ensinou, não pra levar a sério um cara que passa mais tempo cuidando do cabelo do que da vassoura. - Fred falou com descaso. 
— Ele é capitão da Lufa-Lufa! - Ela respondeu, um tanto revoltado. 
— Touché! - Fred resmungou. - Eu poderia ser capitão da Grifinória se eu quisesse, por sorte sou humilde demais para isso. - Emma riu. 
— Se essa está sendo mais uma de suas tentativas frustradas para me convencer a ir para A Toca, você está falhando. - ela disse, cruzando os braços na altura do peito. Fred a observava, ficara quieto de repente, e sempre que ele parava de falar, despertava a curiosidade de Emma. E a encarava com um sorrisinho enviesado, e hora ou outra arqueava a sobrancelha, a menina correspondeu ao seu olhar. 
— Estou aqui decidindo se lhe empurro no lago de uma vez, ou se te dou uns bons beijos.
— Eu que vou te dar uns bons tapas na cara. 
— Com essas mãos de menininha? Acho que não. - Emma se jogou para cima de Fred, derrubando-o de costas na grama, ele se assustou num primeiro momento, mas logo já estava gargalhando da menina que o estapeava. 
— Ei, casal. - Jorge caminhava despreocupadamente com as mãos nos bolsos das vestes. - Vejo que estão se divertindo. - Ele sorria, maliciosamente. - Ou se matando, tanto faz. 
— Preferimos Mr. e Mrs. Fred Weasley, por favor. - Fred dizia, ainda estirado na grama. 
— Por Merlim, decididamente não existe amor em Hogwarts. O que você está vendo aqui são duas pessoas que se odeiam, e uma delas está prestes a matar a criatura ruiva. - Emma gesticulava com as mãos. 
— Cuidado com o que diz, Mccalister. Não foi isso o que eu estava vendo antes de chegar aqui. - Jorge rebateu. 
— Jorge, cara, dá pra acreditar que Emma ainda não aceitou meu humilde convite para A Toca? - Jorge virou para Emma com uma expressão de quem poderia começar um barraco. - Como você teve coragem, Emma Mccalister? - Ele começara um barraco. - Não me segura, Fred, eu vou jogar sua namorada como oferenda pros sereianos! 
— Eu não vou lhe impedir, irmão, foi uma ofensa muito grande contra meu orgulho de macho alfa, Emma. Meu coração está fragmentado. - Fred dramatizava. - Eu não consigo nem olhar para você. Ah, mentira, eu consigo olhar sim, poderia ficar lhe admirando por horas, dias, por minha vida toda. 
— Vocês dois são doentes! Eu não posso continuar aqui. - Emma dizia, já se levantando. 
— Iiiiiiih. - Os gêmeos começaram a resmungar. Eles poderiam ser incrivelmente irritantes (e fofos) quando estavam juntos.
— É sério, Weasleys, eu preciso ir, tenho aula do Severo, e ainda tenho que pegar minhas coisas no meu quarto, não posso me atrasar se quero continuar sendo a queridinha do professor. - Falava ao mesmo tempo que terminava de limpar quaisquer vestígios de terra, folha, e sujeira por ter passado tanto tempo na grama. 
— Bajuladora! - Jorge logo disse. - Emma, acho que você já pode parar de se queixar pelo chapéu seletor ter te colocado na Sonserina, os únicos que puxam saco do Snape em Hogwarts são da própria Sonserina, você acabou de se consagrar uma, meus parabéns. - Fred fez um high-five com o irmão, Emma rolou os olhos e deixou os dois meninos gêmeos gargalhando enquanto voltava às pressas para o castelo. 
Preparariam uma solução mágica na aula de poções daquela tarde, Severo Snape terminava de pontuar algumas instruções extras daquelas que havia anotado na lousa, alguns alunos faziam uma pequena algazarra na sala, o que conflituava com a expressão raivosa do professor, por sorte, ou talvez fosse por azar, eram todos alunos da Sonserina, dividiam aquela aula com Grifinória, e nenhum estudante de outra casa, senão a que Snape fosse diretor, seria louco o suficiente para causar qualquer baderna numa classe de Poções ministrada por Severo. Com exceção, talvez, de Fred e Jorge Weasley. 
Podia ouvir algumas risadas vindas das bancadas do fim da sala, a maioria saindo da boca de Draco Malfoy e seu grupo de seguidores da Sonserina, não precisava virar-se para ter certeza disso. 
— Como disse, formem duplas. - Severo disse, sem levantar o tom de voz, mesmo olhando sombriamente para os alunos de sua casa que continuavam rindo e conversando em meio a sua aula. - Sr. Malfoy. - Ele chamou, e todos se calaram num instante. - Percebi que está um pouco inquieto hoje, porque não se junta a Srta. Mccalister para o trabalho, ao menos quando está perto dela não fica pirilampando pela minha sala. 
— Prefiro fazer dupla com a Parkinson, professor. - Draco respondeu. 
— O Sr. perceberá que sua vontade não é levada em conta nessa sala. Poderá escolher entre preparar a poção com Mccalister, ou sair das masmorras e ficar com zero nesse trabalho, e como nós dois sabemos que o Sr. optara por ficar com Mccalister, faça-me o favor e venha logo de uma vez. - Snape terminou, apontando para Emma, que a essa altura corara levemente. 
Sentiu Draco sentar com pesar ao seu lado, bufando e espalhando o material pela bancada, sabia o quão difícil era para ele, ser contrariado, era filho único de uma família bem colocada, crescera com todos a seu redor lhe dizendo o quanto ele era melhor que todo o resto, e Draco se apegara a isso veementemente. Emma se diferenciava dele neste aspecto, principalmente, porque tivera a sorte, ou talvez falta dela, de ter pais que se preocupavam com ela na mesma intensidade de que uma pessoa gordo para se empenhar numa dieta. Debatera mentalmente e decidira que o melhor naquela situação seria fazer a solução por ela mesma, sabia que Malfoy não era lá muito bom com poções, repassava as instruções de Severo, e já começara a misturar essência de Murtisco com olhos de besouro. Sentia o olhar pesado de Malfoy sobre si, e também sentia-se tentada a corresponder, queria ver Draco, queria sentir os azuis de seus olhos em contraste com os acinzentados dele, queria ver os cabelos louros, macios, e proporcionalmente bem penteados, queria o rosto pálido, e as sardas mínimas, que alguém que não olhasse para ele tão profundamente quanto Emma não conseguiria enxergar. Era o que mais queria no mundo, mas que também não poderia ter. Talvez por medo, talvez por orgulho, ou quem sabe por um pouco dos dois. 
— Mais Murtisco, Mccalister, sua solução está laranja. Deveria estar vermelha. - Snape comentou, enquanto passava pelas bancadas observando o trabalho dos alunos. - E você, Sr. Malfoy, quando pretende começar a fazer alguma coisa? 
Draco bufou, aproximando-se de Emma, ele mexeu em alguns tubos-de-ensaio e num rabo de rato que estava na mesa, sem saber por onde começar, voltou-se a Emma. 
— O que é que eu posso fazer? - Perguntou amargamente.
— Descasque as sementes de fogo. - Emma sugeriu. Sem olhar para ele. 
A menina terminava de picotar alguns pedaços de Raízes de Gengibre para adicionar a mistura que já borbulhava em fogo baixo, dentro de seu caldeirão. Mexia no sentido anti-horário, e tinha plena certeza que o antídoto para venenos comuns que preparava, estava há poucos passos de curar mordidas e picadas de quaisquer animais, a qual era a finalidade dessa poção. Só precisava das sementes de fogo que Draco ainda remexia. Com uma espiada percebeu que ele não estava se dando bem com sua tarefa. 
— Me deixe te ajudar a terminar, Draco. - Pediu. 
— Não precisa. - Ele resmungou. Afastando-a com o cotovelo, e colocando um pouco mais de força que o necessário para cortar uma das sementes que faltavam, e consequentemente, rasgando o próprio dedo, o sangue começou a respingar na mesa e Draco gemia de dor. Emma pegou-lhe a mão machucada e apontou a varinha. 
— Episkey. - Ela disse e o corte se fechou. Os olhos acinzentados a encaravam furtivamente, e dessa vez, ela não conseguiu ser forte e desviar-lhe, ao contrário, devolvia o olhar, e até arriscou um sorriso. E fora aí que tudo de dissipara. 
— Não espere que eu diga obrigado. Não encoste em mim de novo, traidora do sangue, se nossos pais soubessem com quem anda, sentiriam tanta vergonha de você. - ele cuspiu as palavras contra ela. Emma ficou boquiaberta com o que lhe fora dito, tentava engolir algumas lágrimas que teimaram em escorrer. Ficou possessa contra o menino, empurrou Draco com um pouco de força, e este, se desequilibrou, derrubando o caldeirão com a poção que ela ficara a aula toda preparando. 
— Você não é o Draco, eu não te conheço mais. - Foram suas últimas palavras antes de sair a passos largos da sala de aula. 
Corria pelos corredores com lágrimas escorrendo pelos olhos, a visão estava turva, não sabia para onde estava indo, subia mais alguns lances de escadas, e sentia o coração apertado, fizera uma confusão de tudo, sentia-se como um acidente de trem, e agora estava perdida em suas próprias decisões ruins. Criara um labirinto de más escolhas, não conseguia encontrar a saída, e era tão solitário. Pensava em Draco e em como passara as últimas semanas bolando jeitos de se reaproximar do amigo se desculpar e começar de novo, sentira a falta dele, de seu Draco, mas agora, quando ele lhe vinha a mente, tudo o que sentia era raiva, sentia um ódio tremendo de Draco Malfoy, por estar se mostrando exatamente tudo o que ela mais desdenhara por toda a vida, um puro sangue. Seria esse o verdadeiro Draco? E aquele que ela costumava chamar de amigo era a máscara? O choro aumentou consideravelmente só de pensar na possibilidade daquilo, estaria vivendo uma mentira por toda a vida? Não tinha mais certeza de nada, e a vista embaçada pelas lágrimas não a deixava ver o caminho que seguia, poderia estar no corredor de transfiguração, como poderia estar na Torre Oeste. Soluçava com a intensidade do choro que irrompia de seu peito e talvez continuasse correndo por todo o castelo se não tivesse trombado contra alguma coisa, algo que a princípio não soube o que era, mas que logo se viu apertada contra um longo abraço e era tão confortador, sentia os braços lhe amparando, e cochichos contra seus ouvidos, a voz lhe dizia "Shh... Está tudo bem, eu estou com você". A mente confusa demorou a captar a verdadeira identidade de seu salvador, fungou por mais alguns minutos nos braços do desconhecido, e quando levantou minimamente a cabeça, lá estava ele, com olhos mais azuis que todo o oceano, um sorriso carregado de consolo, e tudo aquilo o que ela mais precisava no mundo, um amigo. 

— Não chore mais, Emma. - Fred Weasley segurava o rosto da menina entre as mãos, secando as lágrimas que escorriam. - Quem lhe fez isso não merece que você derrame mais uma lágrima se quer. - Sussurrou próximo ao ouvido dela. - Eu estou com você agora, e nada de ruim irá lhe acontecer. - Ele dizia só para ela ouvir. - Você precisa me dizer o que aconteceu, eu quero ajudar. - Ela negou com a cabeça repetidas vezes. Fred não se deu por vencido, mas tão pouco sabia o que fazer para acalmar a menina em seus braços, nunca antes tivera que encarar alguém do sexo oposto aos prantos, e sabia que sua irmã mais nova não contaria nesse quesito, porque afinal todas as vezes em que vira Gina chorar fora por alguma das brincadeiras de mal gosto dele e do gêmeo. E pensando nisso, olhou para Jorge, que estava em pé, ao seu lado, observando a cena em silêncio, sabendo lidar com aquilo tanto quanto o irmão. Um lançando olhares de socorro para o outro.
— Draco. - Ela começou a dizer. Tão baixo que eles quase não a escutaram. - Draco disse ter vergonha de mim e que se minha família soubesse que sou traidora do sangue, também teriam. - Ela disse, voltando a soluçar, escondendo-se no peito de Fred. O ruivo, por sua vez, sentiu o corpo tremer e sabia que não era por ter Emma tão perto de si, até seria, mas tinha plena certeza que a adrenalina que circulava seu sistema sanguíneo vinha de outro sentimento.
— Jorge. - Ele chamou. - Fique com Emma, por favor, ela não pode ficar sozinha, eu tenho um assunto a resolver. - Fred disse friamente, com o olhar perdido. 
— Fred, eu sei o que você vai fazer, não acha melhor... - O irmão gêmeo tentou averiguar, mas foi interrompido. 
— Eu volto logo. - Fred depositou um beijo na testa de Emma e sumiu pelos corredores do castelo.
Já era fim de tarde e as aulas do dia haviam terminado, Fred caminhava a passos largos, desviando de um aluno ou outro, haviam muitos pelos corredores, chegou a ouvir chamarem por seu nome algumas vezes, mas não deu ouvidos, continuou andando e de olho em cada canto pelo qual passava, não tinha certeza de onde poderia encontrá-lo, mas Fred Weasley tinha um faro inigualável para atrair encrenca, sua atenção foi atraída para uma risada teatral, observava de longe o rosto pálido e a expressão inabalável de Malfoy. Fechou as mãos em punhos, e logo estava segurando o menino pelo colarinho das vestes, arremessou Draco de encontro ao chão, e por um momento chegou a lastimar por estarem nos jardins e o impacto da queda de Malfoy não ser maior. Não deu tempo do menino se recuperar do susto pelo ataque inesperado, antes que Draco pudesse se levantar Fred o atingiu com um soco bem dado no rosto. 
— Peça desculpas a Emma, ou volto para quebrar o resto de sua cara. 


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!
Espero que estejam gostando da história tanto quanto eu estou amando escrevê-la!
Vejo vocês na próxima atualização ♥

Gostaram? Odiaram?
Comentem suas opiniões, isso estimula muito na minha inspiração e na continuação da fanfic!
Mil beijos ♥

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