Hamartia escrita por helo


Capítulo 4
Don't forget where you belong


Notas iniciais do capítulo

Mais uma att dupla!
Espero que gostem :)
Não esqueçam de comentar no final sobre o que acharam ♥



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Eu queria poder lhe dizer o que ando fazendo e como tudo está uma maravilha. Da maneira que o sol nasce e do jeito que se põe, e da vista que meu novo quarto em uma das Torres Oeste tem. Poderia falar que o Lago Llugia começou a congelar esses dias atrás, e que logo vamos patinar no gelo. Poderia lhe contar de todos os desesperados pedidos para o baile que recebi, e até mesmo do quão horrível sou na aula de soluções e poções. Nada disso me parece certo. Juro que escrevi uma primeira carta, narrando tudo isso aí que acabei de listar, e eu lia e relia, e nenhuma das palavras parecia me fazer sentido algum. O que eu quero lhe dizer de verdade é que sinto sua falta em tudo e qualquer coisa que eu faça, e em como nada tem o menor SENTIDO sem você. Será que você se lembra em como ninguém falava de um sem lembrar-se do outro ou será que já faz tanto tempo assim? Não se estava falando de Jack se não citasse Emma e decididamente não era Emma se não falasse de Jack. Jack e Emma sempre me fora a maior das certezas, a frase mais cheia de sentidos e a que meus ouvidos mais se alegrava de ouvir. Pergunto-me uma ou mil vezes ao dia se você se lembra de como acordávamos cedo todo maldito sábado só para ver o sol nascer? Ou em como subíamos na torre mais alta da ala mais alta do castelo todos os dias para vê-lo se pôr? Tínhamos tantas tradições que antes não tinham cabimento algum, mas que hoje, quando me recordo, meu peito dói, e eu entendo todo o significado que cada uma de nossas babaquices nostálgicas tinha. O inverno está chegando, e sei que vou sentir mais a sua falta a cada dia que passar. Você costumava amar essa estação, não lhe via sem aquele sorriso sincero de olho a olho, tão seu. Fico esperando que você apareça de repente, a qualquer momento, e me arraste pela mão até o lago, para patinarmos no gelo até nossos tendões racharem. Eu iria reclamar sem parar temendo que a Professora Dalloway nos mandasse para a detenção, nós éramos detidos todo o tempo. Eu me pergunto se você se lembra de como nós nos divertíamos no baile de natal? Receberíamos uma centena de convites, e rejeitaríamos todos. Por fim, iríamos juntos, Jack e Emma, contrabandearíamos Whisky de fogo com Rocco e batizaríamos o ponche, faríamos coreografias de sala de estar na pista de dança, trocaríamos inúmeras risadas e a melancolia seria um pequenino viés do passado. Não deveria ser difícil falar de Jack e Emma. Mas é. Fico imaginando todo o tempo o que é que você deve estar fazendo, me pergunto se você lembra-se de mim do jeito que me lembro de você? Será que eu seria tão deplorável em poções se a tivesse como dupla ao invés de O'Callaghan? Nada disso me parece certo porque você não está aqui comigo para fazer as coisas ficarem certas. Desculpe-me se soei dramático demais, melancólico demais e nostálgico de menos. Você é meu sol. Costumávamos dizer isso um ao outro. Deveria esse ser nosso eu te amo afinal. Nunca nos foi de nossa índole dizer coisas desse tipo. O sentimentalismo é tão blasé. Mas todos meus dias são nublados desde que não a tenho neles. Para iluminar. Para aquecer. Pra ser Jack eEmma. Por favor, não se esqueça de mim velha amiga, e pode ter a certeza de que nem por um segundo me esquecerei de Jack e Emma. 

De todo o coração, 
Seu amigo e parceiro de crime, 
Jack O’Malley. 


Lágrimas escorriam por seu rosto e embargava sua visão. Um enorme abismo surgira em seu coração, o peito doía, e um choro violento tomara-lhe por inteira. Pensava se Jack ficava da mesma forma quando recebia uma carta dela? Era tão injusto como tudo acontecera, nunca tiveram uma chance de se despedir, tudo o que tinham para dizer um ao outro lhes estivera preso na garganta durante todo o tempo. No começo até tentaram manter um nível nas cartas trocadas, basicamente narravam eventos cotidianos e procuravam maneiras que fizessem Emma voltar para Beauxbatons, bolaram inclusive um plano de fuga, onde Jack reuniria membros da equipe de equitação e viriam resgatar Emma de Hogwarts. Em outro, Emma aprenderia a aparatar sozinha e voltaria para Beauxbatons. Não é preciso dizer que nenhuma das tentativas jamais fora posta em prática, a expectativa de sucesso eram mínimas, mas lhes era tão mais confortador continuar pensando em jeitos e trejeitos que os trouxessem de volta.
Queriam Jack e Emma mais do que tudo nesse mundo, a saudade lhes era demais a suportar, e isso passou a ser demonstrado em suas cartas. Já não conseguiam mais esconder por piadas a falta incessante que sentiam, dividiram dois anos de suas vidas um com o outro, era uma amizade tão bela, gostavam de dizer que fora como o pôr do sol, chegara como quem não queria nada, e logo mostrou toda a imensidão de seu poder. "O pôr do sol me faz lembrar você", lembrara-se de uma passagem da última carta que escrevera a Jack. Quanta falta era possível uma pessoa fazer na vida de outra? 
Por mais clichê que possa parecer, o sol estava se pondo nesse exato momento, sentava-se na relva, próxima da clareira onde tivera alguma das aulas de trato das criaturas mágicas, do outro lado conseguia ver o grande Salgueiro lutador. Pensava em tudo, e em nada. Sabia que a dor no peito ainda perduraria por horas a fim, e não voltaria para a escola antes de se sentir confiante uma segunda vez, não iria correr o risco de deixar que os outros a vissem chorar, se tinha uma coisa que herdara dos Mccalister era o orgulho. 
Era tão solitário, chegava a ser patético, abraçava o próprio corpo buscando conforto, não tinha mais lágrimas a derramar, mas ainda conseguia sentir o buraco que atravessava seu coração pulsar dentro de si. Sentia-se tão sem vida, que essa seria a única explicação palpável por não se assustar com a criatura que surgia diante de seus olhos. Um cão negro, da cor da noite, vinha caminhando em sua direção. Ele tinha olhos claros, o que era estranho, ele fedia, estava todo sujo, e com toda a certeza, cheio de pulgas. Quando tocou o braço de Emma com o focinho a menina não se absteve em tomá-lo aos braços em um abraço que tanto lhe era necessário. 
O choro se retomou com a mesma força de antes, tremores passavam-se por todo o seu corpo, apertava-se cada vez mais ao cão negro que tinha em seus braços, e ele parecia não se importar, parecia querer fazer sua a dor que Emma sentia.
Já era noite, e Emma ainda se encontrava nos jardins da escola, parecia mais calma, mas não estava. Ao menos havia cessado o choro, que deixara vestígios por todo seu rosto. O cão negro descansava a cabeça no colo de Emma, que lhe acariciava a cabeça, como forma de gratidão, por estar ali por ela, quando ninguém mais estava, e também porque se afeiçoara àquele monte de pelo sujo e fedorento. Falava com o cão, sem esperar resposta. Melancolicamente lhe dizia quem era e quem achava ser, falava sobre os medos e injustiças da vida, descrevia situações e lhe fazia uma dúzia e meia de perguntas que não tinham respostas. 
— Eu não sei lidar. - Fora a última coisa que dissera ao cão antes desse levantar de seu colo sofregamente aos resmungos e retroceder o caminho que fizera antes de volta ao Sagueiro Lutador, que de alguma forma não avançou contra ele. Emma o observou até o cão negro sumir de vista, e foi nesse momento que um feixe de luz emergiu em sua frente. Draco segurava a varinha iluminando tudo ao seu redor com um dos braços, enquanto o outro descansava em uma tipoia presa a seu ombro.
— Espero que você tenha uma explicação muito boa para isso, Mccalister. Procurei-lhe por esse castelo inteiro, a tarde toda. - Ele dizia, conforme se aproximava, ocupando um lugar ao lado de Emma na grama molhada pelo sereno da noite. Logo mudou seu posicionamento quando avistou indícios de lágrimas circundando o rosto da amiga. 
— Por que você esta aqui sozinha? - Draco disse num fio de voz, nem parecia soar ele mesmo há um minuto. 
— Eu precisava ficar sozinha, de muitos jeitos eu prefiro minha própria companhia, é quando encontro tempo para pensar. - Não encarara Draco nos olhos por um segundo que fosse. 
— E no que exatamente estivera pensando que a fez chorar? - Ele se antecipou. Não chegou a obter uma resposta, mas Emma lhe estendeu um pedaço de pergaminho amassado e manchado com pingos d'água, onde as lágrimas deveriam ter caído. Em silêncio ele leu e releu a carta, e por mais que tivesse uma vaga ideia da amizade entre Emma e este sujeito de nome Jack, a quem ele nunca vira a vida toda, não pôde deixar de se sentir enciumado da proximidade entre os dois. Aos olhos de Draco, Emma era sangue de seu sangue, além de primos, eram melhores amigos, e se conheciam por toda existência, e isso tudo lhe era mais do que justificável para toda a intimidade que tinham um ao outro. 
Emma conhecia Jack, pensava no nome com rancor, há dois anos, ou pouco mais que isso, e já o considerava de tal importância que fazia Draco temer. "E se ela conhecesse alguém feito Jack em Hogwarts?" De um passariam para dois, e isso era algo que não o agradava nem um pouco. Seus pensamentos vagaram para Fred Weasley, e não pôde deixar de fechar os punhos, em um ato de raiva, aquele traidor do sangue vinha cortejando-a desde que pusera os olhos na garota. Era mais uma coisa que deveria cuidar. O coração de Draco pertencia a Emma, o coração de Emma era todo de Draco, e ele não saberia como dividir uma parte que fosse dela. Emma era de Draco, isso era tudo o que ele podia dizer, e que Emma não sabia ainda. 
— Vamos entrar, Emma, está frio demais aqui fora. - Draco disse se levantando, conforme guardava, com seu braço bom, a carta de Jack em um dos bolsos internos de suas vestes. Ajudou Emma a se levantar e voltaram para o castelo de braços entrelaçados, talvez pela frio, talvez não. 
— É normal animais andarem pelos jardins da escola soltos? - Emma quebrou o silêncio. 
— Que animais? Você quer dizer centauros? Eles aparecem às vezes vindos da Floresta Proibida. - Draco disse com escárnio. Odiava criaturas mestiças.
— E cães? - Emma voltou a perguntar. 
— Cães? Não, quer dizer, tem aquele cachorro babão de Hagrid. Deveriam sacrificar aquele animal. Não serve para nada. - Draco dizia sem notar que Emma desviara sua atenção. A menina pensava no cão negro, de onde ele viera? E onde deveria estar agora? O que não lhe faltava na vida eram perguntas as quais ela não tinha respostas. Olhava para Draco, diretamente a seus olhos acinzentados, arrematava-na o mar em ressaca. Ele persistia falando, mas Emma nada ouvia, sua mente estava agitada demais. Quantos segredos ele deveria guardar? Pensou. O amigo ainda desviava a conversa quando Emma lhe perguntara da carta que ele recebera dos pais, e isso havia uns bons meses, se aproximavam do natal, e a menina não obtivera feedback de nenhuma de suas indagações. 
— Quase me esqueci de o porquê de estar lhe perseguindo pelos cantos desse castelo. Você sempre me distraindo com suas maluquices, Emma Mccalister. - Draco disse de repente, sobressaltando umaEmma distraída. - Tenho uma notícia que talvez possa lhe agradar. - Ele dizia com seu sorriso de canto de boca. - Por mais peculiar que seja, seus pais estarão em nossa ceia de natal este ano. Não é incrível? - Draco mantinha-se sorrindo esperando uma reação da amiga. 
Emma estava confusa, não saberia dizer se estaria animada ou se seriam náuseas o que sentia. Estava temerosa, há quantos anos não se sentava em uma mesa com os pais? E o que é que acontecera para de repente o Sr. Van-der-Todo-Poderoso-Woodsen se lembrar que tinha uma família e amigos com quem desfrutar as festividades ao invés de trancafiar-se em um de seus escritórios na Ásia maior contando quantos galeões arrecadara naquele ano? E quanto a Helena Mccalister? Inusitadamente ela decidira que não precisaria passar o natal com seus pacientes no St. Mungus para doenças e acidentes mágicos? Será que ainda conseguiria chamá-la de mãe? Há tempos que a menina não conseguira pronunciar aquelas poucas letras. O estômago de Emma embrulhara, como poderia lidar com tanta coisa lhe acontecendo ao mesmo tempo? Todos só poderiam querer enlouquecê-la. 

 

***



Não se lembrava de sentir tanto frio no sul da França, o inverno em Beauxbatons pareceria um paraíso afrodisíaco se comparado a Hogwarts. A escola ficava na Suécia, em alguma parte da Grã-Bretanha, a qual não fazia ideia de onde exatamente. Sentia tremores por todo o corpo conforme subia de degrau em degrau as escadas que levariam para o Corujal. Fora desafiador levantar-se da cama naquela manhã, e mais ainda sair do castelo, mas não havia escolha. Sua coruja, Mardy, descansava no Corujal, e precisava enviar o presente de natal de Jack ainda aquele dia, ou jamais chegaria a tempo. 
Carregava nos braços um pacote embrulhado em papel pardo, dentro havia uma caixa de sapos de chocolate, um cachecol com as cores símbolo dos Harpias de Holyhead, time de Quadribol para o qual Jack torcia, e também havia uma carta, ou seria um certificado, não tinha certeza ainda. O importante era que concedia a Jack poder escolher a coruja que quisesse na próxima vez que visitasse o Empório das corujas no beco diagonal. Diga-se de passagem fora o melhor presente que Emma dera naquele natal. Seria tão útil para Jack, quanto para ela própria, e até mesmo a Mardy, sua coruja Bufo Real, que não teria mais de viajar de duas a três vezes no mês levando e trazendo cartas dele para ela, e vice-versa. 
Sabia estar próxima da porta de entrada para o Corujal conforme o cheiro de titica de animal aumentava consideravelmente. Com muito esforço conseguira abrir e fechar novamente a porta, uma vez que tinha os braços ocupados e o corpo congelado, o chão coberto de palha e as corujas encolhidas em seus buracos nas paredes. Procurava por Mardy, e isso nunca foi muito difícil, por ser uma Bufo Real,Mardy era maior do que maioria das outras espécies, e sua pelagem, uma mistura de amarelo ouro, caramelo, marrom e seus derivados, também a destacava quando todas as outras corujas eram de tons de branco, preto ou cinza, sendo assim, logo que avistou Mardy, a mesma voou, pousando em seu braço. 
— Eu sei que ando lhe pedindo mais do que deveria. - Emma dizia, acariciando as penas de Mardy carinhosamente. - Mas preciso desse último favor. - Dizia sem ainda dar espaço para que a coruja visse o tamanho do pacote que teria de levar. - Por favor, querida Mardy, veja, lhe trouxe uma surpresinha. - Disse conforme alcançava um saco contendo alguns ratos mortos que conseguira com o guarda-caça Hagrid. Estavam bem próximos agora, Emma andara ajudando-o às escondidas em conjunto com Hermione com a defesa de Bicuço, o hipogrifo, no caso processual aberto por seu tio Lucio Malfoy, depois que a criatura atacara Draco, e esta fora condenada a pena de morte. 

FLASHBACK 

Emma achara uma injustiça tremenda, olhava atônita para Draco sentado a sua frente do outro lado da mesa da Sonserina no grande salão, e só o que conseguia pensar era no quanto queria acertar-lhe um soco bem dado no meio de sua cara. Em toda a vida, foram raras as vezes que se desentendera com Draco, deveriam ter brigado por duas vezes ao menos, e em uma delas fora devido uma disputa por uma varinha de brinquedo, quando tinham quatro anos. O amigo se gabava mostrando o braço que descansava na tipoia feito um troféu. Draco deixara a ala hospitalar não havia completado duas horas e agia como se fosse herói de guerra. 
— ...Estava bem feio, e por Merlim, meus pais mandaram o curador da família para me tratar, sabe, nunca foram de confiar muito nessa gente de Hogwarts, ainda mais depois que colocaram aquela besta para dar aulas... - Ele dizia com desdém na voz. - De qualquer forma, Dr. Wayde disse que eu poderia ter perdido o braço...
Draco continuou falando e contando sua história acrescentando alguma coisa e muitas outras conforme narrava, e Emma, que não aguentava mais um segundo daquilo, levantou-se do lugar que ocupava na mesa, pensando que o amigo nem ao menos notaria sua saída. Ele já não precisaria mais de sua ajuda e cuidados, quando tinha uma legião de Sonserinos a rodeá-lo. Dera os primeiros passos para longe da mesa da Sonserina e para fora do Grande Salão, tinha pretensões de passar na biblioteca antes de voltar ao dormitório e se esconder atrás das cortinas de sua cama de dossel. 
— Meu pai disse que não foi surpresa a ele o que me aconteceu, quer dizer, colocar um mestiço para dar aulas? - Draco ainda resmungava, e parecia agradar sua plateia, porque todos os alunos da mesa da Sonserina passaram a soltar risadinhas. 
As mãos de Emma mantinham-se fechadas em punhos, e seus passos eram lentos em direção às portas de carvalho, sua mente pulsava instigando-a a retroceder e terminar de quebrar por vez alguns dos dentes de Malfoy, talvez isso o mantivesse de boca fechada. Mas se faria isso ou não, jamais chegara a descobrir. Em um piscar de olhos, sentiu um braço surgir em seus ombros abraçando-a de lado, um perfume conhecido penetrou seus pulmões, e não foi preciso olhar para saber que era Fred quem estava ao seu lado, conduzindo-a. Já haviam ultrapassado as pesadas portas do grande salão quando ele veio a dizer. 
— Você parecia lançar maldiçoes imperdoáveis contra Malfoy com o poder da mente. - Ele ria conforme seguia ao lado de Emma. 
— Aonde estamos indo, meu bem? - Fred perguntou após virarem mais um corredor e a menina continuar andando decidida. 
— Preciso ir para a biblioteca, tenho que escrever algumas cartas. - Sua voz tremeu antes de terminar. - E também porque é o único lugar em que podemos ficar juntos sem que nos perturbem. - Sorriu para Fred. 
— Sempre me surpreendendo, Mccalister. - Fred beijou-lhe carinhosamente uma das bochechas antes de ultrapassarem o acesso à biblioteca. 
Cumprimentaram Madame Pince, que se retesou e apenas balançou a cabeça como sempre fazia quando via os dois entrarem de mãos dadas em sua biblioteca. Até mesmo ela achava estranho um aluno da Grifinória e outro da Sonserina andarem juntos por aí.
Sentaram-se bastante afastados da entrada como naturalmente faziam, Emma tinha um pedaço de pergaminho e uma pena nos bolsos das vestes, Fred a assistia encher a folha de palavras. Nenhum dos dois falava nada, o único som que se era possível ouvir era o da pena em contato com o pergaminho e dos decorrentes suspiros de Fred Weasley. Por mais que tudo o que Fred quisesse fosse repetir o episódio do beijo que dera em Emma no corredor da sala de Feitiços, contentava-se em tê-la perigosamente perto, como estavam naquele momento. Ele tinha o queixo apoiado no ombro da menina e embargava-se com o cheiro doce que emanava dela, sentia-se confortável para demonstrações de carinho e ocasiões como essa. Há tempos vinha acompanhando Emma por todo o canto daquele castelo, quando ela não estava com o Babaca Malfoy é claro. Deviam passar 70% de suas horas juntos daquela maneira, com Emma quieta, fazendo seus deveres, ou ficando em dia com sua leitura, e Fred, bem, aconchegando-se a ela e apreciando cada segundo passado com aquele incrível ser humano que há pouco conhecera, mas que já não poderia mais viver sem. Só se perguntava se com Emma era a mesma coisa. 
Ela aparentava ter terminado de escrever, ao menos não puxara mais nenhum pergaminho do bolso, e agora lia o conteúdo de uma e de outra. Fred aprendera a contemplar as expressões faciais deEmma, de quando ela estava concentrada. Ela dobrara as duas cartas e escrevera o nome dos destinatários, antes de finalmente voltar-se para ele. 
— Me perdoe pela demora. - Lhe sorriu. - Mas preciso chamar Mardy para que ele possa levar minhas cartas. - Ela fez biquinho, e Fred não resistiria a um desses. 
— Sorte a sua que gosto de quando chamamos a coruja. - Ele disse tomando-a pela mão e seguindo para uma janela próxima, mas ainda distante de Madame Pince. 
Fred abriu a janela de arquitetura gótica e pôs a cabeça para fora, sentiu a brisa noturna chocar-se contra seu rosto, os jardins estavam escuros, não parecia haver uma pessoa sequer se aventurando pelo breu que assolava o castelo. 
— Acho que esta numa boa. - Fred disse. 
Emma assentiu com um movimento de cabeça, e logo se juntou a ele no parapeito da janela, não deixou de tremer um pouco pelo frio que fazia do lado de fora. Desejando acabar logo com aquilo, colocou dois dedos na boca e assoviou. O som propagou-se pelo ar da noite, e agora rezava mentalmente para que Madame Pince não suspeitasse dos dois. Levou cerca de um minuto, ou talvez dois. Mas um bater de asas e a aproximação de uma criatura que parecia camuflar-se na escuridão fez Emma sorrir. Mardy pousou próximo ao braço de Fred, e deu-lhe algumas bicadas carinhosas nos nós dos dedos. O garoto acariciava a penugem da coruja Bufo Real, achava fascinante a forma como a coruja fora treinada, atendendo a qualquer chamado de seu dono, por mais distante que o fosse. Emma lhe contara que poderia ser qual fosse o lugar, se chamasse por Mardy, a mesma responderia e a encontraria, estivesse onde estivesse. Ele pensava se algum dia conseguiria fazer o mesmo com Errol, a coruja de sua família. 
Emma tirou um pequeno embrulho de suas vestes e o desembrulhou entregando uma bolacha de aveia para a coruja, que comia, mas a olhava desconfiada. 
— Cara, qual é o tamanho dos seus bolsos? - Fred exclamou, arrancando algumas risadas da garota. 
— Mardy. - Emma disse soando angelicalmente. - Eu preciso de um favorzinho. - Emma tinha uma expressão tão meiga no rosto que Fred não saberia dizer não, e agradecia por não ser sua coruja naquele momento. - Leve essa carta para meu Tio Lúcio. - Ela falava enquanto amarrava a primeira carta a uma das patas da coruja. - E, por favor, Mardy, leve esta outra para o velho. - Emma agora amarrava a carta que sobrou na outra pata de Mardy. - Quando você voltar eu prometo que haverá uma ratazana inteira lhe esperando. - Ela terminou piscando um dos olhos para a coruja. Mardy assentiu, e levantou voo deixando migalhas de aveia para trás. 
— Velho? - Fred ria de todo o afeto pelo pai de Emma. - Eu só quero ver onde é que você vai arranjar essa ratazana. 
— Cale a boca, Weasley. - Emma disse, alcançando uma das mãos do rapaz. - Agora vamos, temos que sair daqui antes que Madame Pince nos expulse de novo. 
Os dois saíram da mesma forma que entraram, de mãos dadas e sorrisos bobos presos ao rosto. Mais uma vez, Madame Pince os fuzilou com os olhos, como se aquilo fosse errado, como se não estivesse certo um Sonserino e um Grifinório não desejando matar um ao outro. 
Perambulavam pelo castelo sem destino, sabiam que deveriam estar em suas respectivas salas comunais, mas nem uma nem outra teriam um ao outro. Emma contava a Fred de sua revolta contra Draco e o tio por levarem tudo a outro nível quanto ao acidente com o hipogrifo, lhe falou de seus temores quanto as férias de natal, e do natal, propriamente dito, que passaria com os pais depois de tanto tempo em que apenas trocavam expressões monossilábicas. Confessara que também estava ansiosa, esperava encontrar respostas para todo aquele suspense que rodeava sua vida, todas as perguntas as quais se fazia todo dia, e que ninguém parecia dar uma folga. E por fim, contou a Fred sobre o cão negro que encontrava todas as vezes que vagava sozinha pelos jardins de Hogwarts, e de como ele aparentava estar afeiçoado a ela, e ela a ele, do mesmo modo, que parecia ser a única que já vira o enorme cão por Hogwarts. 
Fred não dissera nada em meio ao monólogo sem fim de Emma, ele já havia percebido há tempos que ela sentia-se confortável ao lado dele para lhe contar histórias bobas de como achava que ela havia inventado a essência para as bombas de bosta, até assuntos mais pessoais, envolvendo a família de Emma. Ele se sentia bem pensando nisso. E a todo o momento queria dizer alguma coisa que fosse ajudar a menina. Mas a maior parte do tempo ele não encontrava palavras para se expressar. Obrigando-o a permanecer em silêncio. Procurava ao menos confortar a garota, e isso ele sabia que estivera fazendo direito. 
— Eu sei como é isso... - Fred parou de andar, obrigando Emma a fazer o mesmo. Ele se sentou nos degraus de mármore das escadas para o quinto andar. - Sente-se comigo, meu bem, estamos seguros por enquanto. - Ele disse a ela, mostrando um pedaço generoso de pergaminho dobrado muitas vezes. Emma sabia o que era, Fred lhe contara como ele e Jorge haviam encontrado no primeiro ano dos dois aquele presente dos deuses na sala do Filch, ele disse que estava numa gaveta do arquivo pessoal de Argus onde estava escrito Confiscado e Muito Perigoso. Para quem não sabia parecia mesmo só um pedaço de pergaminho velho, porém Emma descobrira que sabendo manusear aquele pedaço velho de pergaminho se transformaria num mapa de toda Hogwarts e com a posição exata de onde cada aluno, professor, fantasma, enfim... Estivesse. E era dessa forma que os gêmeos desvendaram Hogwarts, conheciam todas as passagens secretas, descobriram o esconderijo das salas comunais das outras casas de Hogwarts, sabiam por onde andar sem serem pegos. Eles não precisaram ler Hogwarts, Uma história, para desenredar os mistérios do castelo. - Como eu estava dizendo, hm, a única coisa que não nos escondem lá em casa é quando tem alguma infestação de gnomos em nosso jardim. Mamãe e papai nunca nos dizem nada, até hoje não sabemos se quem nasceu primeiro foi Jorge ou eu. 
— Os seus dilemas realmente são traumáticos, meu bem. - Emma ria, vinham chamando um ao outro de "meu bem" há tempos, e não sabia quem havia começado com aquilo, só o que sabia era que rendiam-lhes boas risadas e nenhum do dois jamais dissera que mantinham um relacionamento normal, ou seja lá o que fosse aquilo. - De qualquer forma, Harry me contou de uns dias que ele passou na Toca, e que a sua família é por toda muito agradável. Tenho certeza que vocês tem muita sorte por terem os pais que tem. Sabe, eu já falei com seu pai, uma ou duas vezes no ministério, e sinceramente, o Sr. Arthur Weasley é incrível, ele me ajudou com um probleminha que tive em uma de minhas pequenas aventuras pelo mundo dos trouxas e não contou ao meu pai. Bom, ele também sabe falar sobre patinhos de borracha como ninguém. - ela terminou. 
— Sai fora, eu não sabia que você conhecia o meu pai. Daqui a pouco vai me dizer que já alimentou dragões com meu irmão Carlinhos, ou que meu irmão Gui excursionou pelas pirâmides do Egito com você. - Fred mexia os braços conforme falava. 
— Por Merlim, quantos irmãos você tem? - Emma se acabava de rir, e pode ser que tenha feito isso um pouco alto demais, porque Fred logo veio lhe tapar a boca. 
— Não tão alto, Emma. - Ele advertiu com um sorriso repuxado. - E tenho cinco irmãos, e Gina, acho que só, eu espero. 
— Eu queria ter irmãos. - Emma soou cabisbaixa.
— Bem, não é de todo ruim, mas de qualquer forma não posso dizer que é bom. - Fred ficou calado, parecia pensar. - Com toda a certeza sei que não conseguiria viver sem Jorge, e espero que você nunca diga isso a ele. 
— Eu juro solenemente. - Emma disse erguendo a mão direita. 
— Hm, engraçadinha. - Fred lhe fez uma careta. - O que me lembra... - Em movimentos rápidos, ele alcançou o mapa no bolso das vestes, bateu a varinha nele e proferiu algumas palavras baixo, mas que Emma já sabia de cor. Fred examinou o pergaminho, balançou a cabeça algumas vezes, e depois deu um tapinha com a varinha no mapa e o guardou. Já se levantava dos degraus de mármore estendendo uma mão para Emma, que aceitou prontamente. 
— Madame Nora está há alguns poucos corredores de nós nesse mesmo andar, vamos sair daqui antes que a gata apareça, e na pior das hipóteses traga o feioso do Filch com ela. – Fred dizia enquanto conduzia Emma. – Cara, eu vou sentir muita falta desse mapa. – Ele parecia ter pesar na voz. 
— Do que você esta falando? O que vai acontecer com o mapa? – Emma estava atônita. 
— Bom, Jorge e eu tivemos uma conversinha, na verdade estamos discutindo isso desde o começo do ano. – Ele coçou a nuca, escolhendo as palavras. – Pensamos em passar o mapa pra frente, para alguém que precise dele mais do que nós, que saiba reconhecer o valor dessa preciosidade, e claro, respeitar a memória dos marotos, usando-o para quebrar o sistema e espalhar o caos por essa escola. As coisas aqui podem ser muito monótonas, sabe... – Fred estava pensativo. 
— E quem foi que você e Jorge escolheram para ser o herdeiro de vocês? – Emma tinha um fio de esperança carregado na voz, talvez, quem sabe talvez eles não estivessem considerando dar o mapa a ela, quer dizer, Fred e Jorge sempre diziam o quanto ela era empenhada em quebrar regras. Só poderia ser ela. 
— A Harry. – Fred sorria. Emma não. – O cara anda passando por algumas ruins, um assassino em série está solto por aí atrás dele, e pra piorar ele não tem permissão para visitar Hogsmeade. – Ele parecia horrorizado só com a ideia de perder os finais de semana em que visitavam o vilarejo. – Eu mesmo não saberia o que fazer, a Zonko’s é tipo um santuário para mim e Jorge. Então acreditamos que seja o melhor a fazer, de qualquer forma, só o usamos potencialmente para checar se a área está limpa para gente. Há anos que sabemos de todas as passagens secretas desse castelo. – Emma podia sentir o ar de vitória escapar de Fred. - Pretendemos entregar o mapa do maroto a ele no natal, um pouco antes na verdade, na próxima visita a Hogsmeade pra ser mais exato. 
Emma parou em frente a uma janela de corpo inteiro, observava o jardim, mas nada via, estava um pouco decepcionada por não ser herdeira de Fred e Jorge, e tinha inveja de Harry por ser, por que é que ele tinha que ter tudo? Imersa em pensamentos, sobressaltou-se com a chegada repentina de Fred abraçando-a por trás. 
— Eu estava querendo lhe dizer isso a noite toda. – Ele sussurrava. – O seu cabelo cheira tão bem. Eu comeria o seu shampoo. 
— A cada segundo que passamos juntos eu descubro o quão você pode ser galanteador, Fred Weasley. – Emma disse, apoiando a cabeça no peito de Fred. 
— Então você deveria passar mais tempo comigo. – Fred usava um fio de voz tão baixo, que se estivesse há um passo de distancia dele não ouviria, mas por bem ou por mal, estavam perigosamente perto um do outro. Emma não chegou a lhe dar resposta, talvez por não há ter de certo, ou talvez, e mais provavelmente, pela figura negra que passava pelos jardins da escola, e que ela sabia bem o que era.
— O cão negro! – Emma disse repentinamente. 
— Desculpe? – Fred tinha uma interrogação no rosto. 
— O cão negro, Fred! – Emma já havia se soltado dos braços dele e o puxava pela mão. – Eu lhe contei que o vejo pelo jardim vez ou outra, quando estou sozinha, ele está ali agora, temos que ir atrás dele. Agora! – Emma chegava a correr e Fred sem entender a acompanhava. Já haviam chegado a outro corredor que dava acesso as escadas para descer ao térreo, quando Fred a deteve. 
— Emma, espere. – Ele a segurou pelos ombros. – Não podemos sair assim. Tem de haver preparo. Estamos desprotegidos e podemos ser pegos a qualquer minuto. 
— Mas eu preciso... – Emma começou a dizer antes dele a interromper calando-a com um dedo em seus lábios. 
— Eu não estou dizendo que não vamos atrás de seu cão negro e de qualquer outra criatura mágica que você esteja obcecada. – Fred lhe sorria. – O que eu quero dizer é, precisamos de reforços. – Emma tinha as sobrancelhas erguidas, esperando que Fred lhe dissesse o que fariam. – Vamos até a sala comunal da Grifinória. Precisamos de Jorge. 
Estava ansiosa, precisava ir atrás do cão negro, e ainda por cima estava de frente a entrada secreta para a sala comunal da Grifinória, ouviu Fred proferir a senha para a figura do retrato, uma mulher enorme de gorda abriu espaço para que ambos passassem pela porta que surgiu de repente, Fred a puxava pela mão, mas Emma retesou-se no último segundo e parou, não iria entrar. 
Fred percebeu o que estava acontecendo, mas não chegou a pressioná-la a dizer nada, apenas ergueu-se na ponta dos pés varrendo o local com os olhos, até que de longe ele avistou a cabeleira ruiva de Jorge Weasley. O outro gêmeo estava em uma poltrona próxima a lareira com Harry e Ronald. Harry fizera um movimento de cabeça cumprimentando Emma, enquanto Rony apenas desviou o olhar. 
— Vocês dois não vão entrar não? Preferem ficar obstruindo a passagem. – Jorge parecia animado em ver o irmão. 
— Hey Jred. – Fred chamou o irmão que logo se voltou para ele. Trocaram um sorriso que era só deles dois, e rapidamente Jorge já estava no lado de fora da passagem atrás do retrato da mulher gorda. – Venha cá! 
— Pois me diga o que se passa, Forge. – Emma sabia que esse era mais um dos códigos usados entre os gêmeos, mas não fazia ideia do que poderia significar, só o que lhe disseram foi que na família Weasley tinham uma tradição de natal onde a mãe os presenteava com suéteres de lã feitos a mão, cada um dos filhos recebia um, e cada um tinha algum bordado diferenciado no meio. Poderia ser um caldeirão, poderia ser um gato, poderia ser uma vassoura... Mas o de Fred e Jorge era sempre com a inicial dos gêmeos, eles acreditavam que a mãe os achava burros e por isso bordava a primeira letra do nome de cada gêmeo para que eles mesmos soubessem quem eles são. Diziam “Nós não somos burros, mamãe. Sabemos que nos chamamos Jred e Forge.” Não fazia sentido algum, e para isso adotaram os apelidos de Jred e Forge entre suas gemialidades, mas fora apenas isso o que lhe contaram. A garota ainda desconhecia o significado dos códigos entre os gêmeos, eles não a confiaram seus segredos mais profundos, como também não a fizeram sua herdeira. Perguntava-se por que ainda andava com os dois.
Passaram cerca de uma hora vagando pelos jardins gelados de Hogwarts, camuflando-se na escuridão, os gêmeos estavam atentos a qualquer movimento, e davam cobertura um ao outro conforme avançavam. Emma assistia a tudo boquiaberta, ainda achava fascinante a forma como Fred e Jorge pareciam ser a mesma pessoa, conheciam um ao outro tão bem, que sabiam qual seria a próxima ação de um e outro.
Por mais que toda aquela falcatrua fosse sua própria ideia, Emma estava esgotada, só conseguia pensar no quão burra fora achando que conseguiria encontrar o cão negro. Odiava quando parava para pensar e percebia que suas atitudes desestruturadas não tinham base alguma, ainda mais quando envolvia terceiros nessas nostalgias. Fred e Jorge pareciam tão compenetrados na busca pelo cão. Decididamente não desistiriam tão cedo. Mas ela estava tão cansada, que quando sentiu suas pernas falharem, não se absteve em cair de bunda no chão. 
— Levante-se daí, a grama está úmida, você irá se sujar toda. – Jorge dizia, enquanto cada gêmeo agarrava um de seus braços ajudando-a a se levantar. 
— Eu estou morta, meninos. Não sei mais se foi uma boa ideia arrastá-los comigo até aqui... - Emma de desculpava cabisbaixa. 
— Sem essa. - Fred a interrompeu. - Fazia tempo que não dávamos uma volta pela propriedade à noite. Estamos nessa caçada por você, meu bem. E se tem uma coisa que você deve saber sobre nós dois é que a gente sempre termina o que a gente começa. - Fred trocou um olhar com o irmão. 
— Você é importante para o meu irmão, Emma, e sendo assim, se tornou para mim também. - Jorge dizia, devolvendo-lhe um sorriso sincero. - E você não está ficando louca ou coisa parecida, seu cão negro realmente passou por aqui, avistamos pegadas em muitas áreas dos jardins. 
— E se não o encontramos ainda, isso só pode querer dizer uma coisa. - Fred disse, e parecia um tanto contrariado. 
— O que é? - Emma quis saber. 
— Ele deve estar na floresta. - Foi Jorge quem lhe respondeu. E ela pôde ver os gêmeos trocarem mais um olhar. 
— Na floresta? Vocês querem dizer na Floresta Proibida? - Emma falava rápido. Estava apavorada, não poderia negar, ouvira histórias que Draco lhe contara sobre essa tal floresta, de quando ele teve de cumprir detenção acompanhando o guarda-caça, Hagrid, em um passeio noturno pela orla da floresta, e não gostara nem um pouco de como aquilo acabara. 
— Esta tudo bem, Emma. Não precisa ter medo. Você está com a gente. - Fred tentou consolá-la. 
— É, já estivemos na floresta uma pá de vezes. E estamos vivos até hoje. Com alguns traumas, sim. Mas saudáveis. - Jorge disse fazendo pouco caso. 
— Sim, e só fomos atacados o quê? - Fred olhava para Jorge, tentando lembrar o valor aproximado. - Umas duas? Três vezes? 
— Talvez vinte - Jorge soou vitorioso, mas logo seu sorriso se esvaiu quando viu a expressão de advertência no rosto de Fred. 
Não estavam nem há 10 minutos cruzando o esplendor da floresta proibida, quando Emma se sobressaltou pela primeira vez com algumas urtigas e plantas com espinhos. Fred e Jorge soltaram risinhos, como ela pôde ver pelo canto dos olhos. Os gêmeos lhe ofereceram um braço cada e Emma entrelaçou os seus nos deles. Sentia-se mais segura entre os dois. Deveria ser um raro momento em que o silêncio lhe chegava a ser constrangedor. O único som que seus ouvidos captavam eram os de seus passos contra a grama e folhas secas que tomavam toda a extensão do chão. Olhou de esguelha para Fred e depois para Jorge, os dois pareciam compenetrados em sua missão, observavam todo o entorno ao seu redor, desconfiados e prontos para agir. Percebeu que ambos tinham as varinhas empunhadas, e foi quando se lembrou que a sua estava no cós da saia de seu uniforme escolar. Os gêmeos pararam de andar quando chegaram a uma clareira rodeada por árvores altas e que a lua parecia estar logo acima, centralizada no meio do espaço, iluminando naturalmente o ambiente. Era a primeira vez em horas desde que deixaram o castelo que Emma podia ver a profundidade do tom de azul nos olhos de Fred, carregados com um misto de ansiedade e preocupação. 
— A gente chegou no meio da Floresta Proibida. - Jorge quebrou o silêncio que se instaurara. 
— É Emma... - Fred parecia aborrecido. - Não podemos ir além disso, pode ficar muito perigoso, sabe, já tivemos experiências ruins quando fizemos. - Ele tinha uma careta no rosto. 
— Tudo bem, caras. - Emma dizia em um fio de voz. - É melhor voltarmos, eu agradeço muito aos dois por me ajudarem nessa busca, mesmo tendo sido em vão. - Sentia-se esgotada e sem esperanças, e quando estava se virando para refazerem o caminho e voltarem ao castelo, acabou tropeçando e caindo dolorosamente no chão escuro. Não tivera tempo de sentir dor, um grito estava preso em sua garganta, havia uma aranha do tamanho do pé de um gigante ao seu lado. 
— Acromântula! - Fred e Jorge exclamaram ao mesmo tempo. 
A menina nunca fora muito religiosa, mas fazia orações mentais a todos os deuses e bruxos que conhecia, "Ó Merlim, não me deixe morrer agora, eu sou tão nova, nunca imaginei que poderia ser assim meu fim..." ela pensava. Não conseguia se lembrar de nenhum feitiço contra aranhas, jamais tivera problemas com aracnídeos daquele tamanho. A acromântula ameaçara atacá-la. Em um movimento desesperado, Emma rolou para o lado oposto ganhando mais alguns segundos de vida, antes da criatura se armar para atacar novamente. No mesmo segundo, sentiu seus braços serem erguidos e Jorge Weasley lhe puxar para trás.
— Estupefaça. - Fred estuporou a aranha. Mas o feitiço ricocheteou na armadura da casca da aranha. 
— Consegue andar? - Jorge lhe perguntou com terror e desespero na voz. 
— Sim. 
— Ótimo, então corra, caso contrário estaremos todos mortos antes dessa noite chegar ao fim. - Jorge disse, se pondo a correr para longe da clareira. 
Emma permaneceu atônita, parada no mesmo lugar por mais um segundo, antes de Fred disparar correndo atrás do irmão, e pegar uma das mãos da menina, arrastando-a consigo. Corriam como se suas vidas dependessem daquilo, e com toda a certeza naquele momento dependia. Emma não sabia dizer de onde suas pernas tiravam forças, só agradecia por elas não terem desistido ainda. Ouvia o som de suas respirações ofegantes e de seus corações bombeando. Ouvia também os passos rápidos da acromântula que persistia perseguindo-os. Jorge estava um pouco mais a frente dela e de Fred, eEmma sabia ser porque Fred praticamente a carregava. Estava fraca, não sabia quanto tempo mais aguentaria, e para seu próprio azar, Emma tropeçara nas raízes de uma árvore enquanto corria, caindo de encontro ao chão e levando Fred com ela. Não teria tempo de pedir perdão a Fred Weasley, estavam por um triz de serem devorados pela aranha gigante. Apenas fechou os olhos, sentia Fred abraçá-la, e tudo deveria ter ocorrido muito rápido, porque quando abriu um dos olhos, tudo o que viu foi uma figura, talvez um vulto, tão escuro quanto à noite, atacar a acromântula, que até tentou combater, mas derrotada, partiu em retirada para a escuridão da floresta. 
— Aah! - Fred gritou quando o enorme cão se aproximou, Emma riu acariciando os pelos sujos e coçando uma das orelhas da criatura. 
— O cão Negro. - Jorge disse, ajoelhando-se ao lado deles. 
O velho Cão Negro os acompanhou de volta aos jardins de Hogwarts em segurança. Emma não sabia como agradecer aquele animal que por mais surpreendente que seja, havia salvado a sua vida e a de Fred. Pensava em levá-lo consigo para o castelo, e sorrateiramente escondê-lo na cozinha para que ele pudesse comer alguma coisa, ao menos aos seus olhos parecia que ele não comia uma boa refeição há tempos. De qualquer forma, antes que pudesse colocar sua ideia em pauta, o cão negro se distanciava do grupo, e quando Emma passou a persegui-lo, o cão correu, e logo, mais uma vez, desaparecera em meio ao Salgueiro Lutador. Os gêmeos ficaram um pouco para trás, mas ainda assim conseguiu escutar um último comentário. 
— Essa garota é incrível. - Jorge sussurrava, ou pelo menos achava que sim. - Meu irmão, agora eu entendo porque você está tão a fim dela. 
No dia seguinte, agradecia aos céus por ser Domingo, acreditava já ter perdido o café da manhã e o almoço, mas não se importava nem um pouco. Não tinha força, nem vontade para se levantar da cama. As cortinas dos dosséis mantinham-se fechadas, nenhuma claridade ou qualquer tipo de contato com suas colegas de dormitório era bem vindo, fosse dia bom, fosse não. Memórias da noite passada invadiam sua mente sem querer, tivera bons pesadelos por toda a madrugada, onde a acromântula acabava por devorar a ela e aos gêmeos... Os gêmeos... Perguntava-se o que eles estariam fazendo agora. Talvez a única possibilidade de levantar-se da cama, seria para checar os dois. Fred e Jorge ocupavam uma parte importante em seu coração, e pareciam conquistar a cada segundo mais espaço. Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e enfrentar uma acromântula é uma dessas. 
Imersa em pensamentos, custou a perceber que uma coruja de penas douradas na janela ao lado de sua cama. Levantou-se em um pulo e deu espaço para Mardy entrar. A coruja pousou em sua mesa de cabeceira, tinha um envelope amarrado a uma das patas e um embrulho em papel pardo no bico. Emma logo pegou suas correspondências, tirando o peso de Mardy, que a encarou com seus olhos excessivamente amarelos. A dona sabia exatamente o que ela queria, abaixou-se e embaixo da cama, alcançou um saco bem fechado, com uma careta e muito nojo, depositou uma ratazana morta no parapeito de sua janela. A coruja mordiscou carinhosamente seus dedos, antes de agarrar seu rato e voar para o corujal. 
Depois de lavar as mãos três vezes ou mais, Emma voltou-se aos seus embrulhos, tendo uma vaga ideia do conteúdo de cada um. Começou pelo pacote de papel pardo, e não foi surpresa alguma encontrar uma dúzia de tortinhas de abóbora e varinhas de alcaçuz ao abrir a caixa com um bilhete: 

Estou morrendo de saudades, princesa. Aproveite os presentes. Amor, papai! 

A menina rolou os olhos, aquilo era típico de seu velho pai, mas o que é que estivera esperando? O Sr. Mccalister já não respondia cartas cotidianas que a filha lhe enviava de vez em nunca. Ele tinha o costume de pegar as cartas de Emma e passar para algum auxiliar, ajudante, ou qualquer coisa, para que cuidassem do que a menina precisasse, e com raiva, jogou a embalagem de lado. Foi ler a carta, era de seu Tio Lucio, tão cheia de respostas quanto a de seu pai. 

Olá minha querida sobrinha, 
Eu e sua tia estamos ansiosos para recebê-la nas férias de Natal. E dito isso, espero que tenha se integrado ao programa de Hogwarts, tenho certeza que não se deve comparar a Beauxbatons, mas continue honrando o nome da família, querida Emma. Meu Draco disse que já és a melhor da sala em Poções e Feitiços, meus parabéns, aposto que deve estar colocando mestiços e sangues-ruins em seus devidos lugares, se é que me entende. Temos uma surpresa lhe esperando na Mansão Malfoy. 
Até logo, querida. 


Emma bufou, atirando tudo o que recebera aos pés da cama. Como é que poderia viver dessa maneira? Sua família não lhe apoiava em nada do que decidisse fazer, ninguém a retornara. Pensou por um segundo em mandar uma carta à mãe, mas logo recobrou os sentidos, esse poderia ser seu maior erro, Helena Mccalister estava para a filha da mesma forma que Você-Sabe-quem estivera para os nascidos trouxas. Ninguém a retornara. A menina respirou fundo. E então, em uma última tentativa, Emma pescou pergaminho, tinta e uma pena de sua mesa de cabeceira, redigiu uma nova carta, e foi atrás de Mardy, com promessas de guloseimas e pedidos de desculpas por fazê-la partir de novo. Mas precisava enviar uma mensagem a Stefan, o auror que trabalhava para seu pai, confiava nele, esperava que a ajudasse, como ninguém mais o fizera: 

Caro Stefan, 
De todo o coração espero que você não tenha se transformado num Trasgo Montanhês por inteiro, e de qualquer forma, desejo que esteja bem. 
Acho que nunca nos falamos mais do que monossilabicamente, ou sem que você estivesse em missões de risco para proteger a minha vida, e acho que nossas mil e uma brigas em todas essas situações não contam nesse momento. 
De todo jeito, gostaria de pedir, por favor, que deixássemos nossas implicâncias um com o outro de lado por um segundinho. Porque eu tenho uma coisa muito importante para lhe pedir. E eu sei que você deve estar revirando os olhos agora, mas preciso da sua ajuda, Stefan. Tenho certeza que você conhece o guarda-caças de Hogwarts, Rúbeo Hagrid? Bem, ele é nosso professor de Trato das Criaturas Mágicas esse ano, e em uma das aulas nos apresentou aos Hipogrifos. São criaturas fascinantes, você não acha? Enfim, ele havia nos dito que eram animais extremamente orgulhosos, mas mesmo assim Draco se empertigou de mexer com um deles e acabou causando um acidente. Foi horrível. Por sorte, Draco não se machucou muito, mas você o conhece, ele gosta de dramatizar e transformar pequenas situações na Revolta dos Duendes. O pai dele não gostou nada, meu Tio Lucio convocou o Conselho Bruxo, e agora Bicuço (esse é o nome do Hipogrifo, incrível não?) está jurado de morte. Haverá uma audiência para julgarem o caso, mas você sabe como os Malfoy são influentes! Eu pedi ajuda ao meu pai, e tenho certeza que ele nada irá fazer. Por isso preciso de você, Stefan. Não sei a quem mais recorrer, eu não tenho como sair dessa escola, e mesmo que o fizesse, nenhum bruxo levaria a sério minha causa, quer dizer, me acham uma pirralha mimada. Mas você não. Sei que não. Você me conhece, Stefan, e tem contatos no Ministério, e pode matar uma pessoa de trezentas formas diferentes. Por favor. Conto com seu auxílio. Qualquer mísera ajuda basta. Só não podemos deixar Bicuço morrer. 
Fique bem. Abraços xx 
P.S.: Ah, e não sei que diferença isso possa fazer, mas caso lhe interesse, eu estou na Sonserina! 


E foi dito e feito, Stefan respondeu de imediato. Fora uma surpresa das grandes quando chegara naquela noite em seu dormitório, e uma Coruja das Torres aguardava-a empoleirada no assento da cadeira que ficava próxima a cama de dossel de Emma.
Na carta, Stefan instruíra a menina em como recorrer o caso, indicara material a servir de repertório, até mesmo citara alguns outros processos parecidos. Emma não perdeu tempo, no minuto em que finalizou a leitura da carta nem pensou nas consequências e problemas que poderia arranjar, apenas vestiu um casaco grosso e esvaiu-se da sala comunal da Sonserina. Cortou caminho pelos corredores do castelo, que aquela altura já conhecia tão bem quantos os de sua própria casa. Os créditos dessa proeza deveriam ser todos de Fred e Jorge Weasley, e os passeios noturnos que o trio costumava dar pelo castelo, mas isso é algo para se deixar para depois. E como tudo em sua vida, é claro que encontraria algum obstáculo em seu caminho. Pirraça, o Poltergeist de Hogwarts, estava quebrando algum vasos próximo às portas de entrada do castelo. Não poderia arriscar, Pirraça a meteria em uma encrenca das grandes, delatando-a ao zelador Filch. Precisava encontrar outra maneira de sair sem ser percebida. 
— Eu poderia... - Sussurrava. 
— Falando sozinha, Mccalister. - Uma voz ecoou atrás dela. 
Teve de segurar o grito que daria devido ao susto, mas qual foi sua surpresa quando se virou e encontrou os gêmeos Weasleys parados lado a lado, encarando-a com sorrisos no rosto. Pulou no pescoço dos dois, abraçando-os. 
— Também sentimos saudades, Emma! - Fred disse. 
— É, mas já pode parar por aí. - Jorge continuou. - Sentimentalismo em excesso me faz lembrar que eu ainda tenho um coração. - Ele tinha uma careta no rosto. 
— O que você esta fazendo escondida aqui, meu bem? - Fred perguntou.
— Estou esperando Pirraça se cansar de atirar giz nas figuras dos quadros para eu poder sair. - Ela disse simplesmente. 
— Vai sair de novo? - Jorge exclamou. - Veja só, Fred, parece que a Mccalister está querendo colocar nossa reputação em cheque. Se aventurando sozinha por aí e quebrando pelo menos oito regras da escola. 
— Noite passada você quase foi morta por uma acromântula, o que é que está procurando hoje, Emma? - Fred parecia intrigado. 
— Eu preciso falar com Hagrid. - Os gêmeos riram, sufocando as risadas para não atraírem a atenção de Pirraça. 
— Foi mal, mas eu esperava que você dissesse qualquer coisa menos que queria ver Hagrid. - Jorge disse ainda estava se controlando para não rir. 
— Para sua sorte, e talvez para nossa também, isso ai tá fácil. - Fred disse, alcançando uma das mãos da garota. - Vamos. 
— Como assim "vamos"? Vamos para onde? Pirraça está logo ali. - Emma sussurrava, mas parecia temerosa pelo tom de voz. 
— Jorge pode cuidar disso, não pode? - Fred perguntou ao irmão. 
— Mas é claro, irmão. - E com uma imitação perfeita da voz do Barão Sangrento, fantasma da casa Sonserina, Fred conseguiu espantar Pirraça da porta de entrada do castelo. O poltergeist morria de medo do Barão. 
Esgueiraram-se pelos jardins de Hogwarts até a cabana de Hagrid, que ficava nos arredores próximos da Floresta Proibida, e Emma não pôde deixar de sentir um tremor percorrer seu corpo quando passaram por ali. O guarda-caça os recebeu, logo os colocando para dentro, temendo que alguém os visse. Não parecia surpreso com a visita dos gêmeos, mas não poderia ser dito o mesmo da presença de Emma. Ele olhava da menina para os meninos e esperava que algum deles dissesse de uma vez o que os levava até sua casa. 
— Caham, caham. - Todos se sobressaltaram com a figura de Hermione Granger sentada à mesa com uma caneca de chocolate quente do tamanho de sua cabeça. Ela parecia querer chamar a atenção de todos com a tosse forçada que soltara. 
— O que estão fazendo aqui? - Hermione perguntou sem sutileza alguma. 
— Boa noite para você também Hermione. - Jorge disse. 
— É, como vai você, Hermione? - Fred completou. 
— Não foi o que eu quis dizer, é... - Ela parecia querer arrumar o que dissera. 
— Nós é quem deveríamos lhe perguntar o que faz aqui! - Jorge exclamou. 
— Fora da cama! - Fred disse no mesmo tom. 
— Infringindo sabe-se lá quantas normas da escola! - Jorge voltou a dizer. 
— Faz ideia de quantos pontos Grifinória pode perder com essa sua aventurazinha? - Emma olhava de um gêmeo para o outro. Deus, como eles podiam ser irritantes quando queriam. 
— Meninos, meninos. - Hagrid averiguou tentando por fim a discussão. - Aqui, peguem uma caneca, irei servi-los. 
Ele entregou canecas tão grandes quanto a de Hermione para Emma, Fred e Jorge. 
— Preferem chá ou chocolate quente? - Hagrid perguntou.
— Que pergunta, Hagrid, é óbvio que queremos chocolate quente. - Fred pediu. 
— Por favor! - Jorge completou a frase do irmão. 
— Também prefere chocolate, Emma? - Rúbeo voltou-se a ela. 
— Duh. - Fred resmungou.
— Sim, por favor, Hagrid. - Emma disse e recebeu um sorriso do gigante. 
Rúbeo Hagrid serviu as bebidas aos três e os indicou lugares vazios ao redor da mesa, enquanto ele mesmo ocupava um acento ao lado de Hermione. Ela por sua vez, permanecia quieta, bebendo seu chocolate quente, mas acompanhando todos os movimentos de Emma. 
— Hagrid. - Fred, como sempre, foi o primeiro a quebrar o silêncio que se instaurara na cabana. - Espero que esteja se perguntando o que é que viemos fazer aqui essa noite. 
— Sim. - Jorge meteu-se na conversa, completando as falas do irmão como normalmente o fazia. - É com pesar que temos de admitir que nos últimos tempos andamos um tanto relapsos quanto nossas obrigações. Quer dizer, nós somos os caos em Hogwarts. E por mais que estivéssemos em falta com você, a principal razão de estarmos aqui agora, é que nossa amiga Mccalister tem alguns assuntos para tratar com você. 
— Assuntos? - Hagrid parecia confuso. - Que assuntos? - Ele olhava diretamente para Emma agora, esperando respostas mais do que nunca. 
— Sei que não é de minha conta, Rúbeo. - Emma começou com um tom tímido na voz. - Mas eu não concordo com o que fizeram a Bicuço. Bem, Draco, assim como meu Tio Lucio, tem tendência a dramatizar muitas situações. Um amigo meu tem alguns contatos no Ministério, então eu tenho algumas informações referente ao caso... 
Sem mais nenhum resquício de timidez na voz, falou sobre tudo o que Stefan narrara na carta que a enviara, mostrou tudo o que ele mandara em anexo, dissertou sobre ideias próprias, e de como pretendia preparar a defesa do Hipogrifo se Hagrid a permitisse ajudar. 
Rubeo conhecia Stefan, de quando o auror cursara Hogwarts, o que renderam alguns pontos positivos para a causa de Emma. Ele parecia encantado com tudo o que a menina dizia, uma chama de esperanças brilhava em seus olhos, até mesmo Hermione assentia a cabeça em confirmação ao que Emma falava. 
— ... Ele disse que irá nos ceder mais material, e também vai falar com um conhecido dele no departamento de aplicação das leis mágicas. Ele só não vai poder comparecer a audiência mesmo, pois, bem, ainda trabalha para o meu pai, que é contra interferir nos assuntos dos Malfoy. 
— Mas se o seu pai é contra, por que é que você esta fazendo tudo isso? - Hermione falou pela primeira vez. 
— Oras, porque é o certo a se fazer. - Emma respondeu simplesmente. 

/FLASHBACK 

Não saberia dizer por quanto tempo andara hiperventilando, só o que sabia era que Cedrico Diggory estava parado a sua frente fazendo sinais com a mão na frente de seu rosto, dizendo "Terra paraEmma..." e coisas parecidas. 
— Nossa. - Emma balançou a cabeça e esfregou os olhos. Parecia acordar de um longo sono. - Há quanto tempo você está aqui? 
— Tempo suficiente para dizer com toda certeza que você é estranha. - Ele tinha um sorriso no canto do rosto. - O que se passa, Emma? Você deve ser a única pessoa em toda Hogwarts que não está animada com as férias de natal. 
— Ah. - Ela deu de ombros. - Só não estou muito a fim de ir para casa. 
— Então fique. - Cedrico mantinha aquele sorriso no rosto. E era o tipo de sorriso que lhe faz sorrir junto. 
— Em Hogwarts? - Ela perguntou intrigada. 
— Mas é claro, eu, por exemplo, passarei o natal por aqui esse ano. Sabe, meu pai trabalha no Ministério, no departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, e eles andaram tendo alguns problemas envolvendo Erumpentes africanos, e papai teve que viajar com uma equipe para a África, ajudar com as explosões que essas criaturas causam na temporada de acasalamento. O negócio está tão perigoso que os trouxas estão começando a desconfiar. Então como meu pai ainda está a trabalho por lá, mamãe passará as festas com ele na África. Eu iria com ela, mas tenho que estudar para meus NOM’s. – Uma careta se formou em seu rosto involuntariamente ao se lembrar dos exames. – De qualquer forma, acho que ainda dá tempo de assinar o formulário para passar o natal na escola. Você precisa falar com seu professor-chefe. 
— O diretor de minha casa é Severo. – Emma tinha as mãos na cabeça, como se seu cérebro pudesse explodir a qualquer momento. 
— Hm, vocês da Sonserina também não dão uma dentro não é mesmo? 
— Culpa do estúpido chapéu seletor! – Ela cruzou os braços ao redor do corpo. 
— Não o culpe, Emma. Se me lembro bem da sua seleção, e olha que eu prestei bastante atenção. - Ele lhe deu uma piscadela após o comentário. - O chapéu falou de alguma coisa que você aprenderia na Sonserina. E aí? Sente que aprendeu alguma coisa? – Cedrico perguntou. 
A menina parou para pensar, e por um segundo, nada lhe veio em mente. Tentava recapitular o que o chapéu dissera, mas fazia tanto tempo, não tinha certeza se saberia dizer o que jantara na noite passada. 
— Tudo está uma tremenda bagunça, parece que nada pode dar certo simplesmente por se tratar da minha vida, tudo dá errado pra mim, sempre foi assim. – Tinha uma expressão triste nas feições de seu rosto. 
— Acho que você precisa de um abraço. - Dito isso, Cedrico passou os braços ao redor da cintura de Emma e aconchegou sua cabeça no peito dele. 
— Eu queria tanto saber como seria se eu estivesse em outra casa, em Corvinal, ou na própria Lufa-Lufa. Eu não me encaixo na Sonserina. – Confessou. 
— Acho que nunca vi nenhum aluno da Sonserina odiar tanto a própria casa quanto você, deve ser a primeira dentre toda uma geração de bruxos. – Cedrico riu, acariciando os cabelos de Emma, confortando-a em meio a seu abraço. – Normalmente os pais esperam que seus filhos sejam selecionados para as casas as quais eles próprios e o resto da família estudou. Eu me lembro do Chapéu Seletor dizer algo relacionado a seus pais, de que ele havia passado pela cabeça deles também. Então Emma, seus pais não ligam por você renegar a casa de sua família? 
— Você não faz nem ideia, Ced. – Ela dizia com aquela mesma expressão deprimente. 
— Hm. – Ele coçou o queixo, pensativo. – É estranho, não queira nem saber quem foi o último cara que caiu numa casa diferente da casa de seus pais.
— E quem foi? – Perguntou, curiosa, e com intenções de desviar aquele assunto. 
— Sirius Black. 


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo para hoje!
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