Ecos de passo rápidos eram o único som que podia ser ouvido naquele corredor escuro esquecido pelo tempo

Após horas e horas que mais pareciam dias, finalmente estavam perto de acabar com tudo isso

A cada minuto, as paredes daquela macabra galeria pareciam diminuir a ponto engoli-los, apenas para que não houvesse mais chance alguma de que escapassem com vida

Quando finalmente chegaram onde queriam, apenas encaravam o grande quadro a sua frente, O mundo fabricado, como havia sido intitulado.Curiosamente, não tinha moldura alguma, parecendo mais uma janela que tinha como vista a imagem de uma grande galeria.

Arfavam de cansaço, depois de horas de perseguição, finalmente uma pausa de descanso. Parados de pé um ao lado do outro, se tornava bem visível a grande diferença de altura entre aquele homem e da garotinha, que apesar da idade, mostrava ser bem corajosa, até mais do que o homem já adulto que a acompanhou até agora.

Conseguimos Ib, finalmente conseguimos!!-Disse o homem alegremente enquanto se movia de um lado para o outro com um enorme sorriso estampado no rosto.

Aquele homem alto, com um grande casaco azul escuro que quase chegava ao chão, mostrou ser extremamente protetor e carinhoso com a pequena Ib. Fez seu melhor para protegê-la de todo aquele horror que a galeria mostrava ser. Seu estranho cabelo de cor roxa possuía raízes pretas e uma franja que cobria seu olho esquerdo. Seu grande casaco possuía detalhes que pareciam com rasgos para a pequena garota. Usava por debaixo do mesmo uma regata verde clara com uma calça marrom segurada por um cinto preto, sapatos também pretos calçavam seus pés.

Uma figura paternal na visão de IB, uma menina que recém completou seus nove anos, e mesmo assim já presenciou coisas que assustariam até o mais corajosos dos adultos. Porém, a criança nunca se mostrou abalada com nada daquilo, isso porque não tinha o que temer, pois ele lhe dava segurança e conforto como nunca ninguém havia feito antes.

Tinha  enrolada em seu pescoço um pequeno lenço vermelho como seus olhos, uma camisa com longas mangas chegando aos seus puloso, longas meias vermelhas que cobriam até seus joelhos, sapatos também vermelhos protegiam no frio e perigoso chão daquele mundo fabricado. No bolso de sua saia vermelha um lenço com seu nome entalhado na borda, um presente que ganhou de seus pais ao completar nove anos, e uma bala de limão que havia ganhado de Garry.

Após ver o quadro de seus pais naquela galeria, Ib desmaiou, teve um terrível pesadelo, mas seus medos desapareceram ao acordar e ver o rosto do seu mais novo amigo. Encontrava-se em uma pequena sala, não no corredor em que a mesma havia desmaiado. Ele havia carregado para longe de todas as esculturas e quadros daquela galeria para protegê-la, pensava consigo mesmo. Pode ver que estava com o casaco de Gary sobre si, que em seu pequeno corpo, mais parecia um grande cobertor. La estava ele, não precisava estar acordada para saber que ele não saiu de seu lado nem por um segundo.

Ib!- Chamou pela mesma ao ver que havia acordado- Você acordou, isso é ótimo- Dizia empolgado- Eu estava começando a ficar preocupa- Antes que pudesse concluir a frase, notou o olhar surpreso de Ib

Ei Ib- Chamou pela mesma- Você esta bem? O que aconteceu?

Eu...- gaguejava um pouco- Eu tive um pesadelo

Ah!- Dizia surpreso e um tanto aliviado- É verdade, eu me esqueci o quanto esse lugar é assustado, ainda mais para uma garota da sua idade. Mas esta tudo bem agora Ib- Dizia para reconfortá-la- Eu estou aqui, não vou deixar ninguém machucar você- Dizia por fim

Recebe como resposta um alegre sorriso de Ib- Eu sei que vai Garry, eu acredito em você

Feliz por ter conseguido acalmar Ib, Garry pode se sintar mais aliviado

Ponha sua mão no bolso do casaco, Ib- Disse ele sorrindo para ela. Fez como disse e colocou sua mão no bolso do casaco e pode sentir algo ali, ao retirar sua mão pode ver que se tratava de uma bala

É uma bala de limão Ib, você pode ficar com ela se quiser- Disse mais uma vem com um gentil sorriso em seu rosto.Um pequeno gesto, mas foi apreciado com grande carinho

Olhou para o homem ao seu lado que nunca havia visto tão feliz e o respondeu com um enorme sorriso- Sim Garry, nós conseguimos- Que mesmo não aparentado estar animada como o homem que não parava de se mover de um lado e para o outro, estava muito feliz por dentro

Só temos que passar por esse quadro e estaremos livre Ib- Disse Garry não conseguindo a alegria de saber que todos os seus esforços valeram a pena, em breve sairiam dali e comeriam Macarons como Garry tinha prometido

Porém, o tempo que tiveram de folga de todas aquelas obras para comemorar pareciam ter acabado.  Mais passos poderiam ser ouvidos por aquele longo corredor. Garry automaticamente se colocou a frente de Ib para protegê-la do que quer que estivesse vindo

Ib, se prepare para passar pelo quadro- A alertou com tom calmo para que passasse segurança, odiava admitir que tinha muito mais medo de tudo aquilo do que uma garotinha de apenas nove anos, mas tudo que lhe importava agora, era a segurança de Ib

Quando a obra de Guertena se aproximava do fim do corredor, finalmente chegando a uma área iluminada, Ib e Garry puderam ver mais uma vez aquele inocente rosto sorridente

Ib? Garry?, vocês não estavam indo embora sem mim não é mesmo?- Disse a figura, que apesar de parecer ser uma inocente garota com aproximadamente a mesma idade de Ib, era outras das criações de Guertena, num doce tom de voz infantil enquanto sorria trocando seus olhares entre Ib e Garry. Ib apenas se encolheu atrás de Garry, queria evitar a todo custo aquela situação, mas sabia como aquilo deveria acabar. Enquanto Garry tomou a dianteira e respondeu a pergunta

Aquela pintura de aparência física exata a de uma pessoa comum, com olhos azuis, tinha cabelos loiros e lisos que chegavam a seus ombros. Usava um vestido verde com colarinho, mangas dos braços e babados brancos. Em seu pescoço havia um lenço um lenço muito semelhante ao de Ib, porem, diferente do de Ib, era azul.

Mary , por favor, de meia volta e vá embora, nós apenas queremos ir para casa- Disse Garry erguendo os braços para mostrar estar disposto de qualquer coisa para proteger Ib, até enfrentar uma das criações de Guertena que se encontrava armada com uma faca

Ib? O que você esta fazendo? Você ia mesmo me deixar sozinha aqui? Mesmo após dizer que é minha  amiga, de dizer que faria de tudo possível para que saíssemos todos daqui?- Perguntou em um tom choroso, mesmo sendo incapaz de chorar, encontrava-se extremamente triste

Bom Ib, agora você sabe que é impossível para todos sairmos daqui,então você preferiu ir com Garry e me deixar completamente sozinha aqui? –Disse querendo por toda a angústia que sentia para fora de si- Você sabe IB, estou presa nessa galeria, literalmente, a minha vida inteira, desde que meu pai me criou e me esqueceu abandonada aqui até o dia de hoje. Nunca me senti feliz como no momento que te vi, finalmente eu teria a chance de ter uma amiga de verdade, como nos livros que eu costumava ler. Poderíamos brincar de todos os tipos de jogos diferentes, comer doces a vontade, poderíamos andar debaixo do sol como eu nunca havia feito isso antes

Por que Ib? Por que você prefere ir com ele ao em vez de mim? Você me odeia IB?- Disse amargamente, jurando que se não fosse apenas uma pintura, estaria se debruçando em lágrimas nesse momento

Nesse momento Ib saia de trás das costas de Garry, surpreendendo o mesmo- Não!!-Gritou o mais alto que conseguiu, surpreendendo a todos ali, até mesma a própria, nunca era de deixar transparecer suas emoções

Não Mary- Voltou ao seu tom de voz habitual, porém com uma voz carregada de emoções, sobretudo de tristeza- Eu não te odeio, e jamais te odiaria, porque você é minha amiga Mary, e percebo que hoje foi o dia em que ela primeira vez na vida, tive amigos de verdade Mary- Dizia tudo com algumas lágrimas descendo pelo rosto, aquilo surpreendia Garry e deixava Mary completamente sem reação.

A última de pintura olhava IB com seus belos olhos azuis carregados de emoção, não sabia como responder aquilo. Então era verdade, havia em fim conseguido uma amiga como sempre sonhou, mas por que um estranho sentimento de tristeza a preenchia?

Ib?-Foi tudo que conseguiu dizer enquanto uma inexplicável lágrima descia pelo seu rosto, mas ainda estava aturdida de mais para dar importância aquilo

Garry olhava toda aquela cena atento sem dizer uma única palavra, também lamentava pelo estado de Mary, mas apenas dois poderiam sair, e o lugar dela era na galeria. Ele e IB deveriam voltar para a vida que tinham no mundo real, essa foi a promessa que havia feito a IB

Você e Gary foram os melhores amigos que eu jamais poderia deseja-Continuava Ib- Mas entenda Mary, desde que nos conhecemos você mentiu para nós, tentou matar tanto a mim e quanto a Gary

Mar agora entendia o motivo de estar triste: Havia finalmente feito uma amiga, mas a havia perdido no mesmo dia

 Ib , por favor me perdoe!- Mary soluçava enquanto mais lágrimas escorriam pelo seu rosto

Eu não te perdoou Mary- Disse Ib para Mary.

Então era isso, Mary não podia culpar Ib, tudo o que ela disse foi verdade. Havia sido uma péssima amiga para Ib e Garry, se é que em algum momento ele a considerou como uma

Porque não há nada para perdoar- Disse Ib finalizando sua sentença.

O que – Foi o único pensamento que passou pela de Mary. Mas como? Até o momento tudo que fez foi mentir e enganar a ambos, colocou a vide deles em risco, e mesmo assim Ib dizia que não há nada para perdoar

Visivelmente surpresa pela sua expressão, que até então estava triste, dando lugar para um rosto com olhos arregalados, que se não fosse pela situação, seria cômico

Ib!, O que você esta fazendo? Você mesma disse que ela tentou nos matar, e agora diz que não há nada para perdoar?- Exclamou Garry, finalmente voltando a conversa

Sim Garry, Mary realmente tentou nos matar, mas você não sabe pelo que ela passou, e muito menos eu. -Ib o respondia virando seu rosto para o mesmo- Mas veja a situação dela- Continuou virando seu rosto novamente para Mary- Ela esteve presa aqui desde que foi criada, perdida num lugar macabro com o sentimento de abandono em si

Mary apenas olhava nos fundos dos olhos de Ib enquanto ela dizia todas aquelas palavras. Estava prestes a chorar novamente.

Nunca teve ninguém para lhe ensinar o que era certo ou errado, tudo o que ela queria era fazer amigos, conhecer o mundo lá e encontrar o pai. – Garry via toda aquela cena atônito, tudo o que Ib dizia era verdade. Até agora nunca se mostrou ser de muitas palavras, mas parece que no fim, mostrou ter um coração mais bondoso do que ele mesmo. Acreditou sempre que deixar Mary para trás e fugir com Ib era o mais certo a se fazer, mas Ib estava perdoando Mary  e mudando a idéia de Garry com poucas palavras.

Mary, eu te disse há pouco tempo e irei te dizer de novo: Você é minha amiga Mary, e eu nunca te odiaria- Finalizou Ib enquanto soluçava debruçada em lágrimas. No mesmo estado estava Mary, mesmo sendo uma pintura, chorou como nunca achou ser possível, mas havia uma diferença  das lágrimas de antes: Agora chorava de alegria

A curta distância que existiu entre as duas amigas foi finalmente quebrada com um abraço caloroso, um longo e reconfortante abraço

Então essa é a sensação?- Perguntou Mary ainda soluçando para Ib. Afastou o seu rosto da mesma, apenas para que pudessem se olhar nos olhos.

De que?- Perguntou IB também soluçando

De abraçar uma amiga- Respondeu Mary voltando a abraçá-la- Por que se for, eu quero me sentir assim para sempre

Eu acho que é- Disse Ib- Também é novo para mim- Finalizou

Garry observava aquela cena segurando para que não chorasse também. Ambas se separaram ficando lado a lado de mãos dadas. IB olha para Garry com um o sorriso mais feliz que já viu em sua vida, enquanto Mary o olhava apreensiva.

Andando lentamente até as duas, escolhendo bem suas palavras, Garry se ajoelhou de frente para Mary e apreensivamente colocou a mão sobre o ombro da mesma num gesto de afeto

Mary, eu... – Começou a gaguejar- eu sinto muito- deixou uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto. Mary que estava apreensiva, agora mostrava um sorriso gentil para ele. - Eu devia ter pensado melhor... você nos disse no momento em que nos conhecemos que estava assustada e procurando uma saída. E eu sei que isso não é mentira, me desculpe Mary, eu realmente sinto muito. – Disse por fim abaixando seus rosto, Mary gentilmente soltou sua mão da de Ib e a colocou sobre o rosto de Gary, levantando-o para que ele a olhasse nos olhos- esta tudo bem Garry, não há nada para perdoar- Disse por fim repetindo as doces palavras que Ib havia lhe dito a pouco

Agora era de vez de Garry chorar, chorou como as duas crianças a sai frente agora pouco. Mary largou seu rosto para abraçá-lo, choraria mais se já não tivesse chorado tanto enquanto abraça Ib.Sentiu mais uma vez o que havia sentido enquanto abraçava Ib, havia feito os dois melhores amigos do mundo. Garry agora soluçando, abraçava Mary de volta ainda surpreso. Tirou um grande peso de sua consciência. Ib via emocionada, seus dois amigos haviam se         ´´ reconciliado ``.

Havia cumprindo sua primeira missão, faltava apenas uma: Retribuir o favor que ambos haviam feito para ela. Gary sempre a protegeu, pondo sua segurança acida de qualquer coisa, e Mary a havia ensinado, de maneira que ninguém mais conseguiria, a importância de um amigo

Gary, Mary- Começou Ib- Estou mais feliz do jamais achei ser possível, e tudo por causa de vocês.Vir a essa galeria macabra foi a melhor coisa que poderia me acontecer- Disse enquanto suas mais lágrimas escorriam pelo rosto.Sabia o que teria que fazer.

Mas vocês sabem que apenas dois de nós poderão sair-Disse Ib com amargura

Eu sei Ib- Começou Mary- Não precisa mais se preocupar, ficarei nessa galeria que é meu lugar, enquanto você e Garry voltarão para casa

Garry ouvia com pesar no coração aquelas palavras. Há poucos minutos Deixaria Mary naquela galeria hesitar, mas agora não aguentava ver aquela cena.

Mary –Disse Garry chamando a atenção tanto de Mary quanto de Ib- Seu lugar na é mais aqui, você vai conhecer o mundo lá fora com Ib- Após dizer tais palavras, recebeu o olhar de surpresa de Ib e principalmente de Mary, a mesma o olha incrédula.

Garry havia mesmo acabado de dizer que ficaria na galeria para que eu pudesse conhecer o mundo?- Se perguntou mentalmente. Ele havia mesmo se tornado seu amigo

Mas Garry- Começou primeiramente Mary, sem que houvesse tempo para IB demostrar sua surpresa, não era isso que ela queria- O lugar de vocês é lá fora, eu devo ficar aqui na galeria de meu pai, meus sonhos não são mais importantes que a sua vida

Garry, por que você esta fazendo isso?  Você quer que eu simplesmente aceite isso? Deixar você aqui desse jeito- Disse entre soluços enquanto chorava novamente. Chorou mais nos últimos minutos do que em toda sua vida

Ib, por favor não faça isso, Mary tem que conhecer o mundo lá fora, eu fui o que viu mais dele entre nós, é justo que eu deixe a Mary conhece-lo agora- Disse forçando um sorriso para tentar acalmar a pequena garotinha corajosa em sua frente.

 E  Mary- disse se virando para ela- Você vai adorar o mundo lá fora, existem tantos tipos diferentes de doces, você e Ib tem que comerem macarons juntas. Quem sabe você não possa entrar numa escola, talvez a mesma de Ib!-Disse com empolgação- Eu sei que pode parecer chato, mas na sua idade ela ainda é legal. Vai poder fazer amigos com Ib, mas vocês duas sempre serão as melhores, entendeu?- Disse mostrando o mesmo doce sorriso que mostrava a Ib para acalmá-la

Garry... você vai mesmo ficar aqui para me deixar ir?- Mary lhe perguntou melancólica. A poucos minutos, era tudo o que queria. Garry ficaria e poderia ir embora com Ib. Mas agora era diferente, Garry também era seu amigo

Mary- Disse num tom sereno, sem deixar seu sorriso reconfontante- Somos amigos agora, e é isso que amigos fazem não é?

Ib tinha certeza absoluta de sua decisão, havia feito seu melhor, eles seriam grandes amigos- Mary- Chamou sua atenção- Antes de você conhecer seu mundo lá fora, você precisa saber de uma coisa- Disse despertando a curiosidade da mesma- seu pai, Weiss Guertena, não abandonou  você aqui

Como assim Ib?- Não entendia onde ela queria chegar, até onde sabia seu pai lhe criou a e largou ali, e agora Ib lhe dizia que nunca havia sido abandonada?-´´Será que ele foi obrigado a me deixar aqui? Talvez ele esteja procurando encontrar um jeito de me tirar daqui- Pensou Mary consigo mesma

Como você sabe o nome de meu pai? E como você sabe que ele não me abandonou?- Antes de prosseguir com a conversa, Ib olhou de para Garry apenas para confirmar se deveria seguir com aquilo. Garry olhou de volta para Ib entendo a mensagem, a respondeu com um aceno positivo com a cabeça

Mary, seu pai é um famoso artista. Ele tinha uma galeria repleta de obras somente deles, a galeria em que Garry e eu estávamos antes de vir para cá. E era uma bela galeria, você vai adorar conhecer as verdadeiras obras de seu pai- Ib procurava as exatas palavras para dizer a Mary o que aconteceu

Sério?-Disse Mary animada- Eu sabia que ele era um ótimo artista, afinal, foi ele que me fez- Disse alegremente convencida. A alegria de Mary só dificultava a tarefa de Ib, entristecia Garry  saber aonde aquela conversa iria chegar

Mas então o que aconteceu com ele? Se ele era tão bom artista por que parou com suas obras após concluir minha pintura?

Mary... seu pai... ele...-

O que foi Ib? Por que esta assim? O que aconteceu com meu pai?- Perguntava Mary visivelmente preocupada

Ele ...- Preocupa Ib ter que dizer aquilo, porém, Garry ao notar a dificuldade que Ib passava, tomou a dianteira

Mary- Ele começou andando até ela. Quando a alcançou, se ajoelho para que ficassem da mesma altura e colocou sua mão carinhosamente sobre o ombro de Mary.Olhou no fundo de seus olhos e respirou fundo, tomando coragem para dizer as próximas palavras- Sinto muito, mas seu pai morreu após concluir seu quadro.-Tomou tempo para que ela assemelhasse tudo isso-  Eu não o conhecia, mas sei que ele amou você como se fosse a própria filha dele, é por isso que você e todas as outras obras dele estão vivas

Garry... o que você esta falando? Como... como assim meu pai... meu pai morreu?- Dizia entre soluços, suas lágrimas de tristeza haviam voltado- Ele não pode ter morrido... eu encontraria ele quando saísse daqui, como... como ele morreu?- Nem mesmo ela sabia se queria saber disso, mas ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido, não sabia como reagir. Seu pai havia mesmo morrido.

Mary, eu não sei se é bom você saber- Antes que conseguisse terminar a frase, Garry foi interrompido por Mary

Por favor Garry... eu tenho que sa-saber... ele é meu pai- Dizia sem conseguir segurar seus soluços

Mary, eu li em um livro sobre isso, o livro em que descobri que você era uma de suas pinturas- Começou Garry sendo convencido-Ele estava obcecado em completar seu quadro, ficou dias isolados para isso, deixou de comer, beber e dormir para isso- Pensou um pouco mais antes de dizer, não havia escolhido as melhore palavras- Ele fez isso porque te amava Mary, ele morreu feliz sabendo que havia concluído seu quadro, ele morreu para que você pudesse existir Mary

Mart- Dessa vez havia sido Ib que tentou a reconfortar- Eu sinto muito, eu sinto muito mesmo,eu não queria que você fica desse jeito, mas você precisava saber. Seu pai não te abandonou Mary

Garry até o momento não se afastou um centímetro de Mary. Mas vendo que não poderia ajudá-la, resolveu dar espaço a Ib. Sentiu seu ombro molhando com alguma coisa, antes que pudesse reparar, Mary o abraçava com todas as suas forças enquanto chorava. Retribui seu abraço envolvendo-a em seus braços

Eu estou aqui, vai ficar tudo bem Mary- Dizia em seu envolvido enquanto acariciava seu cabelo- Estamos aqui por você- Dessa vez, faria de tudo pelo melhor tanto de Ib quanto de Mary

Eu não sei como deveria me sentir- Dizia ainda abraçada a Garry- Meu pai sempre me amou, e eu deveria estar feliz por isso, mas me sinto triste, alguém que eu nunca conheci morreu, então por que eu estou triste?- Questionava  Garry

Sem solta-la, Garry respondeu- Por que você tem sentimentos Mary, as pessoas ficam felizes quando são amadas, mas isso v em com um preço, ficamos sem chão ao perdê-las. É por isso que a vida é tão linda

Ib olhava aquela cena emocionada, nunca havia perdido um ente querido, mas consegui sentir a dor de Mary

Quer dizer que o que estou sentindo agora irei sentir pelo resto de minha vida?- Questionou mais uma vez a Garry. Era jovem e inocente de mais para conhecer a vida, ainda mais sem nunca ter presenciado vida alguma até então

Não Mary- Disse por afim afastando-a para que a olhasse nos olhos- Você não vai se sentir assim para sempre. Ib eu ajudaremos você, você ainda vai poder realizar seus sonhos. É algo difícil de conseguir, mas estando com quem ama, uma pessoa pode passar por qualquer barreira.

Garry...Ib – Segurou as lágrimas por um momento- Obrigado, muito obrigado por tudo que vocês me fizeram, me deram um segunda chance mesmo depois de tudo.

Ib havia mesmo conseguido. Aproveitando o pequeno momento de distração, reunião toda força que tinha e empurrou Garry e Mary para a pintura, surpreendendo a ambos

Ib!!! O que você fez?!!- Gritou Garry do outro lado da pintura- Eu tenho que ficar, a Mary tinha que tomar meu lugar para que vocês duas saíssem!

Por que vocês fez isso Ib?!!-Gritou Mary ao lado de Garry, ambos tentavam atravessar ao encontro de Ib, mas não conseguiam de forma alguma. Não viam nada que pudesse bloquear o caminho, mas sentiam como se houvesse uma espessa parede os impedindo de se aproximarem de Ib

Ib apenas via aquela cena com pesar em seu coração, suas últimas lágrimas escorriam pelo rosto.

Desculpem-me vocês dois, eu queria mesmo que todos nós pudéssemos sair daqui, mas isso não é possível. Então eu fiz o que deveria fazer, eu amos vocês, amo demais para pedir que um de vocês ficasse aqui, - Dizia olhando para aqueles em que havia dado sua vida, tentavam inutilmente atravessar aquela pintura

Ib... por favor não faça isso, eu disse que ficaria aqui- Disse Garry de cabeça baixa, enquanto socava sem esperanças onde havia algo que lhe impedia de atravessar a pintura, atravessar Ib, e ficar seu lugar.

E Garry- Disse fazendo com que a olhasse novamente- Eu sinto muito, mas não vou poder cumprir nossa promessa de comermos macarons

Não... Ib- Chamava Mary enquanto que todo o vazia branco a sua volta se escurecia, havia um piscar entre preto e branco como seu houvesse uma luz falhando naquele lugar. Já era tarde demais para voltar atrás

Me desculpem... eu amo muito vocês- IB se pronunciou pela última vez

Eu também te amo IB— Disseram Mary e Garry em uníssono antes de tudo ao redor escurecer para sempre

 

Em uma galeria de arte, um jovem que aparentava ter no máximo vinte e poucos anos de idade, olhava fixamente para uma escultura de uma  grande e linda rosa vermelha. Algumas de suas pétalas estavam jogadas ao chão, como se a rosa estivesse, aos poucos, morrendo.  A sua frente, uma pequena placa dizia seu nome: A incorporação do espírito

O mesmo se perguntava o porquê desse nome, havia de fato gostado da escultura, mas não era um grande entendedor da arte

Bom, isso não importa. Ela é mesma uma bela escultura- Dizia a si mesmo- Mas por que eu me sinto tão triste olhando para ela? É apenas uma escultura  no final das contas, mas é como se me alertasse de alguém que deveria lembrar- Dizia a si mesmo confuso

De qualquer forma, a galeria vai fechar em pouco tempo. Tenho que ir- Dizia já se afastando da escultura

Enquanto se dirigia a saída, ouvia passos rápidos pelo corredor, ao seguir seu caminho virando pelo corredor pode ver que uma pequena garota loira corria desesperada. Antes que pudesse ver o homem a sua frente, a garota se chocou contra ele caindo no chão

Você esta bem? Desculpe-me, eu não queria te derrubar- Disse o jovem enquanto se abaixava para ajudar a pequena garota a sua frente-´´ Ela não me parece estranha``- Pensava consigo mesmo

Ao ver aquele que estava a sua frente, a garota se surpreendeu, enquanto começava a chorar

Me desculpe mesmo, eu não queria te machucar- Dizia o jovem preocupado enquanto tentava ajudar a garota em sua frente- ´´ Onde eu guardei aquele doce ``-  Se perguntou mentalmente enquanto procura pelo doce no bolso de seu casaco

Mas o que?- Disse enquanto tirava a mão de seu bolso sem encontrar o doce- Eu podia jurar que ainda tinha um doce guardado comigo – Dizia tentando alegrar a criança em sua frente

Garry- Dizia a pequena garota em soluços- Por que você esta fazendo isso? Como pode estar alegre depois do que aconteceu com Ib?- Dizia com visível raiva e tristeza em sua voz

Como você sabe meu nome? E quem é Ib?- Perguntou confuso- Desculpe garotinha, mas acho que esta me confundindo com outro alguém, nós não nos conhecemos

Aquilo apenas deixou a garota em sua frente mais surpresa, e também confusa- Garry- Gritava para o mesmo- Sou eu! Mary! Como você pode ter se esquecido de mim?! Se esquecido de Ib?! Ela era sua amiga!- Com a visível raiva na expressão da garota em sua frente, Garry começava a se lembrar onde havia parado seu doce

É uma bala de limão Ib, você pode ficar com ela se quiser- Disse para a garotinha em sua frente de olhos vermelhos e cabelos castanhos

Ib- Disse Garry num sussurro finalmente se lembrando- Meu deus Ib, o que você fez?-  Dizia entre soluços e lágrimas

Garry...- Era tudo que Mary dizia num tom visivelmente entristecido. Não podia acreditar que Ib havia mesmo ficado no mundo fabricado- Por que... por que ela fez isso Garry?  Ela... ela ficou para trás... ela- Antes que concluísse a frase, pode sentir o abraço reconfortante de Garry a envolvendo

Eu sei Mary, eu sei- Dizia enquanto acariciava o cabelo da mesma- Por que Ib? Dizia mais para si mesmo como uma forma de protesto e indignação

Quando se afastou de Mary para poder olhá-la, pode reparar em que lugar da galeria eles se encontravam. Esteve ali antes de parar no mundo fabricado, olhava um quadro que chamava muito sua atenção, O homem pendurado. Mas agora não via mais esse quadro, em seu lugar via um quadro maior

Quando viu esse quadro, arregalou seus olhos não acreditando no que via

Uma linda pintura sem sombra de dúvidas, a mais bela obra de Guertena. Nela havia uma doce garotinha com olhos fechados, estava deitada sobre uma cama com um misto de pétalas de rosas azuis e amarelas. Tinha um lindo sorriso em seu rosto, como se fosse um belo anjo dormindo. Segurava em suas mãos, sobre seu peito, uma rosa vermelha, que tinha sobre suas pétalas, uma bala de limão. Embaixo da quadro, havia uma pequena placa com o título da pintura: Ib

Ib- Chamou mais uma vez enquanto esticava seu braço, numa vão tentativa de alcançá-la e tira-la de lá

Ao perceber o movimento de Garry, subitamente Mary acompanhou o movimento de seu braço com os olhos. Viu então a pintura de Ib, e gritou pelo seu nome enquanto chorava

Por que Ib?!!! Por que você fez isso?!!! Eu deveria ficar na galeria- Gritava entre soluços e choros

Mary!- Gritou Garry chamando sua atenção- Não faça isso- Segurou seu choro- Ela escolheu ficar para que você pudesse sair, para que você pudesse realizar seus sonhos... para que pudesse fazer amigos

Mas eu não quero fazer amigos- Respondeu Mary parando de gritar, arrastando tristeza em sua voz-  Você e Ib são meus amigos... eu quero ela de volta

Eu sei Mary, eu também quero- A respondeu a olhando nos olhos- Mas isso não vai acontecer, eu sinto muito, mas temos que ir agora- Disse se levantando segurando a mão de Mary. Olhou uma última vez para o quadro de Ib, enquanto sussurrava suas palavras para ela

O que? Do que você esta falando? Nós não podemos deixar a Ib assim- Dizia enquanto tentava soltar a sua mão da de Garry

A galeria ira fechar e nos temos que ir para casa- Dizia enquanto seguia para a saída

Casa?Como assim casa?- Perguntou Mary surpresa. Dessa vez, Garry parou seu caminho a saída e soltou a mão de Mary. Se abaixou mais uma vez e colocou a mão sobre o ombro de Mary

Isso mesmo- Disse com um doce sorriso, com seus olhos ainda vermelhos pelas recentes lágrimas- Ou você achou que eu iria te deixar sozinha? Somo amigos, não somos?

Garry...? Dizia ainda surpresa pela recente noticia

Eu vou tomar conta de você Mary- Dizia enquanto se levantava e segurava mais uma vez a mão de Mary- Como um irmão mais velho

Sim- Dizia sorridente com seus olhos também vermelhos pelas lágrimas- Como um irmão

Seguiam ambos seu caminho para a saída quando ouviram um casal preocupado

Ib!- Gritou o homem- Onde ela esta?- Perguntou a mulher que provavelmente seria sua esposa. Estavam ambos com o olhar preocupado, como quaisquer pais estariam naquela situação.

Eu não sei- Respondia a mulher muito semelhante a Ib- Eu já procurei em todo lugar e não a encontrei

Garry- Chamou Mary alarmada com a cena que presenciava- Aqueles são ...?

São Mary, aqueles dois são os pais de Ib- Respondeu voltando a saída visivelmente abalado pela cena que presenciou

Droga Ib, você não pensou nos seus pais não foi?- Perguntava Garry enquanto saia pela porta da Galeria indo para o estacionamento

Ao entrar em seu carro, notou o olhar preocupado de Mary direcionado a ele- Não se preocupe Mary- Dizia já sabendo o que se passava na cabeça da mesma enquanto dirigia seu carro para longe daquela galeria- Isso não é um adeus Ib

Sim- Concordava Mary olhando para trás, vendo a galeria que ficava cada vez mais distante- Porque nós iremos nos encontrar novamente