Acenda Uma Vela escrita por CrimsonQueen


Capítulo 1
Acenda Uma Vela - Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu estou passando mal. Tipo, MUITO mal.
D.Gray-Man Hallow está marcado para lançar hoje, dia 04/07/2016.
E eu estou morrendo por causa disso. Eu sou uma fã absurda de DGM e o amo com a força de mil sóis, E EU NÃO ACHEI QUE VIVERIA PARA VER O ANIMÊ RENASCER DE UM HIATO INFINITO DESSES!!!!!! ASDFGHJKLÇ~ *espumando pela boca*

Alguém chama uma ambulância pra mim, por favor.

Enfim! Crimson Queen aqui ♥ faz eras glaciais que realmente parei de escrever para tentar viver um pouco. E também porque meu emocional estava ruindo, e isso afeta e MUITO minha criatividade e inspiração. A minha vida foi do fundo do poço para o céu e pro fundo do poço de novo, não tem sido nada fácil. O que eu mais fazia era escrever RPGs no facebook, então minhas fanfics foram para o fundo da gaveta.
Quando a Panini lançou o volume 24 de DGM eu fiquei louca. A história, o traço, MEU OTP... eu dei um mortal pra trás de tanta alegria. Mas aí veio o hiato de novo E AGORA O ANIMÊ VAI SEGUIR O ARCO DO MANGÁ, MUNIQUE EU VO PASSA MAL
Enfim², eu escrevi essa fanfic após ter relido o mangá todo. Seria um “final alternativo”, então eu inevitavelmente tive que inventar algumas coisas. Mas, como a linha do tempo da história sugere, a luta entre exorcistas e os Noah aconteceu. É focado em Yullen, mas eu não me esqueci dos outros personagens, e eles também farão sua breve aparição. ♥

Sem mais delongas, espero que gostem e boa leitura!



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Minha cabeça no travesseiro — ou o que restara dele.

Meu corpo na cama — ou o que restara dela.

Meus olhos no teto — ou o que restara dele.

Parecia apenas algo sem importância ficar ali, sem fazer nada... mas era justamente o contrário. Estávamos vivos. Estávamos respirando, sem ter parado até agora apesar de tudo. Nossa respiração, nossa visão, todas essas feridas que ardiam e nossos ossos quebrados eram provas de que estávamos vivos.

Havíamos abdicado de esperança, de amor, de coisas queridas e até mesmo de nossas vidas quando partimos para essa última batalha. Mesmo sabendo que estávamos indo de encontro à morte, tentamos não pensar nisso, e fomos atender ao chamado do dever. Nós, exorcistas, escolhidos de Deus encarregados de livrar o mundo dos males, dos akumas, dos Noah.

 Pride. Tyki Mikk. Cyril Kamelot. Wisely. Fiddler. Mercima. Skinn Bolic. Road Kamelot. Jasdero e Devitt. Lulu Bell. Mightra. Conde do Milênio.

 E por último, mas não menos perigoso, Nea — o Noah aprisionado no corpo de um exorcista. Ou seria um exorcista aprisionado no corpo do escolhido para ser a reencarnação de um Noah? Salvação e ruína, unidos em um só. As garras do Mal contra as garras do Bem. Porque, mesmo salvando, não éramos exatamente belos.

 “Uma pelos akumas, e uma pelos humanos”. Foi o que eu jurei de cada uma de minhas mãos, devotas à minha tarefa que eu pensava ser infinita... mas não foi. E estava finalmente acabada.          

  Mana. Nea. O Décimo Quarto. Apocryphos. Algumas palavras que haviam resumido os últimos eventos.

      Alma Karma. Kanda.  Johnny. Timcanpy.

      Ele, a primeira matriz.

      Ele, o Segundo Exorcista.

      Ele, o verdadeiro amigo.

      Ele, aquele que sempre soube de tudo.       

  Acabei por descobrir que Timcanpy havia sido incumbido pelo próprio Nea de catalisar o despertar do Décimo Quarto, ficando ao meu lado e sorrateiramente “dando-me dicas”. Mas Apochyphos havia destruído Timcanpy e, com isso, impedido que o Noah engolisse minha parte humana.

 General Yu Kanda. Aquele que jurou matar o Décimo Quarto, aquele que o havia despertado, e aquele que havia me salvado. Sim, ele me salvou, embora nem ele nem ninguém saiba disso. Na verdade, só eu sei.

 Kanda. Kanda. Kanda. Não importa quantas vezes eu pensasse no mesmo nome, pois a cada uma um véu de lembranças diferente era tecido dentro da minha mente. E, a cada vez, um pedaço do meu coração morria.
Kanda amava Alma. Alma amava Kanda. E Allen também amava Kanda, mas Kanda não amava Allen, então ele desistiu de seu amor e entregou as duas primeiras pessoas uma à outra, “salvando-as”.

“Obrigado, Allen Walker.”

Sim, é isso mesmo: eu o amo, por isso o deixei ir. Ele nunca foi meu, então...

Ah, acho que estou morrendo mais um pouco. Fechei em punho minhas mãos sujas e nuas das luvas enquanto sentia os cantos dos meus olhos umedecerem... eu nunca pude dizer a Kanda como me sinto, nem nunca poderei. Na verdade nem sei o que ele fará agora que sua “função” como Segundo Exorcista havia terminado; sem akumas ou os Noah não são necessários exorcistas. Mas é claro que Kanda não estava programado para autodestruir-se quando completasse sua missão... afinal, ele é uma pessoa. Nenhum de nós o via como um objeto, ou uma experiência, ou o que quer que fosse.

Bateram-me à porta. Levante-me dolorido e fui atender: era Lenalee, com bandagens na cabeça e curativos pelo rosto. Trazia também suas pernas enfaixadas.

— Allen! Que bom que está acordado. — ela me sorriu calidamente, e eu retribuí. Há quanto tempo não temos uma conversa “normal” como esta? Mas ela não estava ali para papear, a caixa em sua mão lembrava isso. E eu sabia o que era aquela caixa. Ambos olhávamos para o objeto, que a garota passou-me com um sorriso triste. — Estamos despachando os primeiros pertences dos exorcistas que estão voltando para casa, e... quando você quiser ir embora basta entregar... p-para o Johnny que ele vai... — ela não conseguiu concluir sua frase, as lágrimas não deixaram. Eu abaixei-me e depositei a caixa no chão, e meus braços envolveram a garota, que soluçava. Apoiei sua cabeça em meu peito, e disse:— A Ordem é o meu lar, Lenalee. E aonde quer que eu vá vou levar um pouco de todos vocês comigo. Eu exatamente não sei para onde ir, então talvez fique por mais um tempo. Não chore, está bem? Conseguimos vencer no final, por isso deveríamos estar sorrindo. — eu não era ninguém para falar aquilo pois dentro de mim eu sangrava de uma ferida que jamais cicatrizaria, mas eu não queria ver Lenalee triste daquela maneira. Seus ombros tremiam enquanto ela tentava sem muito sucesso engolir o choro; ao afastar-se de mim, enxugou o rosto com as costas das mãos.

— Então você... vai ficar?

— Sim.

E seu pranto recomeçou, e foi a vez de seus braços me agarrarem. Talvez agora seu choro tivesse um leve brilho de alegria, afinal, eu não partiria agora. Eu sabia como Lenalee havia ido parar ali e como fez deste lugar sua casa, e destas pessoas, sua família, seu mundo. Não era menos doloroso para elas ver todos partirem.

E não foi, nem nunca será, menos doloroso ter visto alguns morrerem no campo de batalha.

Senti o peso da garota aumentar sobre mim e felizmente consegui segurá-la antes que caísse: suas pernas haviam começado a sofrer espasmos musculares involuntários. Fazia um tempo que estavam assim, mas também pudera. Até eu estava sofrendo com os efeitos colaterais de uso excessivo da innocence, Crown Clown.

— Lenalee! — quase fomos os dois para o chão visto que meu braço esquerdo doía a ponto de parecer que havia vidro quebrado dentro dele, rasgando minhas veias e minha carne. — É melhor você descansar, se ficar muito tempo andando não vai conseguir se recuperar. Você pode entregar as caixas amanhã, não?

— É que a sua era a última, então eu quis trazer pessoalmente. — ela recobrou o equilíbrio, mas eu ainda tinha meus braços estendidos em assistência. — Mas já que você não usará a caixa agora... poderia passar para Kanda, por favor? Eu ia começar aquele lado ainda hoje, mas acho melhor descansar. — ela colocou uma mecha atrás da orelha, e meu coração parou de bater no peito.

Kanda também iria embora. Iria para longe, e eu não o veria nunca mais.

— É claro, pode deixar comigo. — engoli em seco e agora sentia que havia vidro quebrado também dentro do meu peito, dilacerando meu coração por todos os lados. Minha fala tranquilizou Lenalee um pouco, e ela se despediu, rumando de volta para o refeitório; eu a assisti mancar até que virasse o corredor e sumisse de vista.

Olhei para a caixa aos meus pés, e peguei-a novamente; bom, eu apenas entregaria para Kanda, sequer precisava olhá-lo nos olhos ou trocar qualquer palavra.

— Eu já volto, Ti... — virei-me com a mão na maçaneta para o quarto vazio, que encarou-me de volta... Timcanpy não estava mais ali. Mordi meu lábio inferior e senti meus olhos arderem... mais um amigo que eu havia perdido, e isso doía muito. Embora soubesse de sua real função, jamais conseguiria odiá-lo. Ainda consigo lembrar de quando Timcanpy foi engolido por aquele gato gordo quando eu era mais novo.

Além do pequeno golem, Miranda também havia nos deixado. E, consequentemente, um dos protegidos da Time Redord: Krory. Miranda sempre deu tudo de si para nos proteger: abria mão de seu bem-estar, conforto e até seu descanso para manter sua innocence ativada e anular a passagem do tempo sobre nós, como no caso do navio de Anita, do qual tive conhecimento graças à Lenalee.

Um ser humano consegue sobreviver até onze dias sem dormir, Johhny me disse uma vez. É claro que a sincronia de Miranda dava-lhe o luxo de ter mais algum tempo além disso, mas, além de proteger os outros, ela tinha de proteger a si mesma... mas não resistiu aos ferimentos.

Eu, Lenalee e todos os outros vimos uma companheira ser morta bem diante de nossos olhos. E, após ela, Krory também se foi. Eu achei que fosse enlouquecer até que finalmente morresse ou acabasse acidentalmente mordendo minha língua e me suicidado. Sanidade era um luxo do qual havíamos abdicado quando rumamos para a luta que seria a última — de um jeito ou de outro.       

Mas mesmo assim, eu precisava lutar. Até as últimas consequências.

Reuni uma coragem que não tinha e fui para o corredor onde ficava o quarto de Kanda; custou-me mais tempo que o normal já que eu estava em frangalhos, mas...

Mas... mas eu não sei de mais nada.

Três batidas na porta.

—... Vaza daí, Komui. Vai dormir pra ver se melhora essa sua cara de defunto. — uma voz irritada, rouca e grave resmungou de dentro do cômodo.

— Não é o Komui. É o Papai Noel. — uma resposta desesperançosa, que continua o humor que seu dono aprendera a ter. Kanda abriu a porta, seu cabelo estava totalmente desarrumado, e seu corpo igualmente enfaixado, e ferido. A tatuagem preta que carregava no peito havia alastrado-se de tal forma que pareciam raízes de árvore marcando-lhe a pele.

— Você é a pior visita que eu poderia ter. — Kanda bufou.

Sabe quando você quer chorar? Muito alto e com muita força? Mas se segura porque sabe que, se as lágrimas caírem, elas te levarão junto e você irá se desmanchar?

— E você falou da cara do Komui, mas com certeza não se olhou no espelho com essa expressão horrível. Pensei que tivesse batido na porta do quarto de um filme de terror. — não falei muito, não o olhei por muito tempo, mas talvez minha voz não expressasse toda a raiva que eu sentia por ser tratado daquele jeito. Nem toda a tristeza, nem toda a dor. Kanda usava a Mugen para obliterar meu peito e nem sabia disso. — Lenalee pediu para lhe entregar isso. Estão despachando os pertences dos exorcistas, quando quiser partir basta entregar para o pessoal da Divisão de Ciências e eles farão o resto. Para mais detalhes consulte a Lenalee. — estendi a caixa de papelão escuro e um pouco manchado e Kanda olhou para ela com um olhar de desgosto, e só então finalmente a pegou. — E eu disse perguntar, e não maltratá-la. Ninguém merece você quando levanta com o pé esquerdo.

— Eu não preciso ouvir isso de você, Moyashi. — senti que se ele estivesse com um pouco mais de disposição teria fechado a porta na minha cara, mas eu mesmo cuidei de encerrar o diálogo, e virei-lhe as costas para regressar ao meu quarto. Entretanto, não dei três passos e girei nos calcanhares para dirigir ao rabugento um último lembrete. — Você irá ao pátio amanhã? — ele sabia do que se tratava, portanto fui objetivo. Vi sua expressão mudar minimamente e seu rosto escurecer ainda mais, como se algo houvesse atingido seu peito de dentro para fora.

— Eu não me importo com essa perda de tempo. — e por fim, uma batida de porta de estourar os tímpanos. Não lutei contra, não revidei, nem esmurrei a porta do quarto como talvez faria, enquanto o chavama de tudo quanto fosse nome... Soltei o ar pela boca visto que meu nariz estava entupido com todo o choro precoce, e lágrimas aqueceram-me a bochecha em rastros.

—... Eu acenderei uma por você, então. — sequer senti minhas cordas vocais vibrarem, e tudo o que me saiu foi uma frase sussurrada... Não que me importasse mais.

Boa noite, Kanda. Durma bem.

E adeus.          


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