Jemma abre os olhos em um quarto diferente do seu. Ela observa um quadro do espaço preso na parede. Confusa no começo, demora alguns segundos para conseguir lembrar como parara ali.

Ela estava no quarto de Leopold Fitz, o engenheiro fofo e sexy que ela encontrara no bar na noite anterior.

Jemma saira do trabalho estressada pela quinta vez na semana. Pessoas tinham contaminado suas amostras, atrapalhando o trabalho de meses. Ela o notara assim que ele entrou e pediu uma dose dupla de whisky, algo bem mais forte que seu drink rosa que ela não lembrava o nome. Pela velocidade que ele tomou a bebida e pediu a próxima dose, devia ter tido um dia difícil também. Jemma observou seus olhos azuis e sua barba a fazer, achando que o reconhecia de algum lugar e a curiosidade a fez tomar coragem para dizer as primeiras palavras.

—Hey - ela disse, chamando-lhe atenção. - Parece que não teve exatamente um dia bom - ele deu meio sorriso e se aproximou, trazendo seu copo de whisky.

—Olá - ele respondeu, por alguns minutos avaliando a garota. -Posso saber qual o nome da bela curiosa sentada no bar? - perguntou, com um sorriso charmoso.

—Jemma Simmons - ela estendeu a mão e ele a sacudiu gentilmente. - Qual o seu? Tenho a impressão que te conheço de algum lugar.

—Leopold Fitz, mas pode me chamar só de Leo ou Fitz.- ele se sentou de frente a ela e bebeu um pouco do conteúdo do copo. - Bem, eu sou engenheiro na IMA aqui perto e basicamente passo minha vida por lá. Então não vejo como deve me conhecer.

—Creio que já nos esbarramos pelos corredores então. Trabalho como bioquímica no terceiro andar. – ela piscou, surpresa com a coincidência.

—Sorte sua que está longe do quinto andar, aquele lugar é uma merda. - ele solicitou a terceira dose dupla ao barman.- Ainda não sei o que eu continuo fazendo trabalhando naquilo.

Leo começou uma narrativa dos eventos do dia. Pessoas prejudicando suas pesquisas, defeitos em peças que ninguém tinha justificado. Ele tinha terminado ali, procurando uma forma de esfriar a cabeça. Jemma também compartilhou alguns problemas que acontecera no laboratório, o que também a fizera parar no bar.

—E você ainda vai voltar para lá? - Jemma perguntou, seus pensamentos meio turvos pelo álcool ingerido, mesmo que em menor quantidade que seu acompanhante.

—Não vejo porque. Tenho uma companhia muito melhor por aqui. -Fitz a encarou por alguns segundos, aproximando seus lábios dos de Jemma.

Ela apenas fechou os olhos e deu fim com a pequena distância entre os dois. Os lábios dele tinham um gosto forte de whisky, mas seu beijo era de certa forma ainda doce. Ele a puxou para mais perto quando mordeu-lhe o lábio inferior e quando beijos não foram mais suficientes,acabaram no apartamento dele, – o mais perto - ambos tirando a roupa em menor tempo possível.

Assim, ela acordou usando apenas a lingerie que lembrou de vestir antes de dormir na noite passada. Leo ainda dormia ao seu lado, descansando um braço sobre sua cintura e compartilhando o calor das cobertas que ela não lembrava de ter se aconchegado.

Jemma afastou seu braço com carinho e levantou da cama,tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acorda-lo. Juntou todas as suas peças, ainda jogadas no chão, algumas misturadas com as dele. Passou no banheiro para jogar uma água no rosto e dar um jeito no cabelo, que totalmente entregava a noite de sexo e abriu a porta com todo cuidado para que não denunciasse sua saída.

Claro que a noite tinha sido ótima, mas relacionamento não era algo em questão no momento, não depois de ela ter terminado há menos de um mês com Will, seu namorado desde o colegial. Sem contar o agravante de trabalharem no mesmo prédio, o que deixava a saída silenciosa mais adequada. Jemma sorriu consigo ao ver que tinha dado certo, e ela tinha conseguido pelo menos uma noite de diversão promiscua antes de voltar a sua vida monótona de cientista certinha.

Sua alegria durou até abrir o portão da entrada principal do prédio. Pelo menos meio metro de neve acumulada na entrada. Toda rua estava tomada pelo branco, inclusive seu carro. Sem chances dela conseguir sair do prédio.

—Droga!! - ela resmungou antes de subir novamente as escadas, torcendo para que Leo ainda estivesse dormindo.

Empurrou a porta com cuidado e tirou o casaco, pendurando atrás da porta. Fitz saiu do banheiro ainda usando apenas uma boxer enquanto escovava os dentes, o que a deixou distraída por alguns minutos.

—Tentando sair em silêncio? - ele perguntou sorrindo.

—Infelizmente mal sucedida. - ela respondeu, tirando seu cachecol -Parece que estávamos presos aqui, pelo menos pela manhã.

—Eu não queria ir trabalhar mesmo. - ele disse, entrando para o banheiro. -Sinta-se a vontade. - gritou do banheiro.

Jemma sentou-se no pequeno sofá, observando o apartamento que ela nem notara na noite anterior. Era um flat com cozinha/quarto/sala em um cômodo e banheiro em outro. Estranhamente organizado para um homem que mora sozinho. Ela ainda observou a coleção de DVD's de Doctor Who empilhadas ao lado da TV, com temporadas ordenadas por ano.

—Também assiste Doctor Who? - Fitz disse, a assustando.

—Alguma temporadas - ela não queria entregar logo que era viciada no seriado.

—Está com fome? - ele perguntou, se dirigindo a cozinha- eu tenho as incríveis opções de ... - ele abriu a geladeira e observou durante alguns segundos segundos. -Presunto e mussarela de búfalo

—Tem pesto? - Jemma questionou, saindo do sofá e caminhando para a cozinha. Fitz verificou e afirmou - Eu faço alguma coisa para nós dois.

Jemma lavou suas mãos e pegou os ingredientes na geladeira. Observou que Leo ainda estava apenas de cueca, encostado despreocupadamente na bancada e lendo o que parecia ser o jornal do dia anterior.

—Você não vai se vestir? - ela perguntou enquanto fazia um molho que aprendera com a mãe.

—Não tenho porque. Estou na minha casa e não tem nada aqui que você não tenha visto. - ele sorriu maliciosamente para ele.

—Se eu vou continuar fazendo isso, você vai precisar colocar calças primeiro - A bioquímica respondeu.

Fitz rolou os olhos e se dirigiu ao quarto, enquanto Jemma acabava de montar os sanduíches. Ele voltou a cozinha vestindo uma calça de pijama é uma blusa surrada com a estampa do C3PO. Jemma sorriu pensando em como Will jamais faria aquilo. Para ele qualquer coisa minimamente nerd era chata.

—Aqui estão- Jemma serviu os sanduíches- Presunto, mussarela é um pouco de molho de pesto. Não totalmente minha receita original, mas vai servir.

—Parece bom- disse Fitz, pegando um deles. -Nós podemos comer isso aqui assistindo alguns episódios. - ele apontou para os dvd's

Jemma pegou o seu sanduíche e se sentou novamente no sofá enquanto ele colocava a série. Era algo que seu ex também nunca faria. Ele achava que series eram perda de tempo e seu vicio em Doctor Who era uma coisa vergonhosa. Ela balançou a cabeça espantando seus pensamentos sobre Will. Ele não fazia mais parte da sua vida.

—Doctor 10, mandou bem - ela brincou, dando uma mordida no sanduíche.

—Agora vamos ver se você cozinha bem - ele disse, se sentando ao lado dela depois de dar play. Deu a primeira mordida no sanduíche que estava em sua mão- Meu deus - mordeu novamente, dessa vez de forma dramática- Esse é oficialmente meu sanduíche favorito agora. Eu vou te amarrar e te manter minha prisioneira só para você fazer esse sanduíche para mim. – ele deu-lhe um beijo na bochecha.

Jemma riu da reação do garoto, ao mesmo tempo que se sentia queimando de vergonha. Fitz percebeu que gostava do som da risada dela. Dessa forma, eles passaram o resto da manhã, , compartilhando histórias de vida e de relacionamentos, assistindo episódios de DW e ocasionalmente se beijando. A tarde eles deitaram novamente, apenas esperando o tempo passar, falando sobre o trabalho e coisas que talvez eles poderiam fazer juntos.

—Eu tenho trabalhado em uma munição não letal de dendrotoxina. Ela agiria como paralizadora, e se espalharia de forma sub-cutânea. É uma reação puramente bioquímica, mas ainda não achei a dose certa. Talvez você poderia desenvolver a pistola, já que pólvora não seria o ideal para dispara-la – Simmons sugeriu.

—Estou totalmente dentro do projeto. – Fitz respondeu, a beijando em seguida. Ela se sentiu bem conversando com alguém que a entendia e não a olhasse como se fosse doida por dizer algo cientifico. Fitz percebeu a expressão dela. – Eu disse algo errado? – ele perguntou.

— Não, não – ela disse, olhos chocolate inquietos. – Só pensando como que eu tenho nunca converso com ninguém sobre essas coisas. Pelo menos com alguém que me entende.

—Não tem problema. – ele sorriu. – Agora você sempre pode subir dois andares e me contar qualquer ideia que percorre essa cabeça linda. – ela retribuiu o sorriso.

Quando a rua foi finalmente limpa no começo da noite, Jemma não queria mais ir embora, nem Fitz queria deixá-la ir. Ambos se perguntavam como não tinham se conhecido antes, já que frequentavam os mesmo lugares e faziam as mesmas atividades.

Depois de contatos trocados, além de um novo encontro marcado,ele a levou até o carro, a beijando antes que ela fosse para casa.

E aquilo que era apenas para durar uma noite, acabou durando muitas outras.