Acordei em seu quarto de hospital e vi-a consciente, o câncer corroendo-lhe com visível rapidez. É seu último dia.

Cada fio de cabelo do meu corpo se arrepiou conforme as palavras escapavam, atropelando-se com fútil ansiedade. A voz falha, um pouco trêmula, que mal reconheci como minha contou-lhe sobre meu marido, minha filha Lara de cinco anos, nossa felicidade ao relembrar esses momentos. Esperei que segurasse minha mão como nas distantes noites tempestuosas, mas apenas sorriu.

Mera invenção; mal completei quinze anos. O que me consolou foi o satisfeito brilho em seus olhos azuis antes que ela partisse por completo.