Crush escrita por Stained Eyes


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ♥



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Crush

 

Tonks descia as escadas o mais silenciosamente que sua coordenação motora e que a gravidade lhe permitiam. Ela sabia que não era uma boa hora para comer e, muito menos, para acordar todos os moradores do Largo Grimmauld, número 12. Contudo, desde que perdera o jantar pois estava em uma missão para a Ordem, ela realmente estava com fome e, se não comesse nada nos próximos cinco minutos, não sobraria Tonks alguma para contar a história.

Ela chegou no andar da cozinha com um sorriso triunfante, abrindo a porta suavemente, antes que decidisse dar pulinhos de alegria e caísse, arruinando todo o milagre que Merlin lhe proporcionara a apenas alguns instantes.

A cozinha se encontrava deserta, exceto por Monstro, que saiu resmungando assim que viu a jovem bruxa, murmurando xingamentos que ela nem se deu o trabalho de ouvir.

Com um aceno de varinha, Tonks pegou um saco com o que parecia ser um sanduíche, pela segunda vez na noite, sorrindo triunfante ao não derrubar nada durante o caminho que o saco percorrera. Ela não sabia se o conteúdo do saco era realmente bom ou se sua fome estava alterando o conceito de “gostoso” do seu paladar, mas aquilo estava incrível.

Ela já estava em sua terceira mordida quando Gina e Hermione entraram na cozinha cochichando sobre algo que Tonks aparentemente não poderia ouvir, já que se calaram assim que a viram.

— Olá, garotas! – disse a metamorfomaga, uma sobrancelha erguida.

Hermione lançou um olhar para Gina, que não passou despercebido por Tonks.

— Acordadas a esta hora? – perguntou a mais velha, sutilmente.

Um sorriso maroto puxou as extremidades dos lábios de Gina.:

— Nós estávamos falando sobre a queda de Hermione por um de nossos professores – disse ela.

Tonks fechou os olhos para não virá-los – ah, os adolescentes e seus hormônios –, rindo tanto para as garotas quanto para a palavra trouxa que acabara de usar, olhou para as meninas e começou:

— Hm – disse, prolongando os m's. – E quem seria o amor platônico?

Foi a vez de Hermione virar os olhos.

— Não é um amor platônico, é mais uma quedinha. Era, aliás – disse, avoada. – Gina está falando de Gilderoy Lockhart, eu estava no segundo ano e ele era meu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Tonks fez uma careta engraçada. Soubera que o ex-professor das meninas ficara pancadão depois de um feitiço mal executado com uma varinha inapropriada; ouvira, no Ministério, boatos de que ele era tratado no St. Mungus e sua condição seria, muito provavelmente, irreversível. A metamorfomaga preferiu não explorar o assunto.

— Aposto que a Sra. Weasley poderia dizer que você tem bom gosto – comentou Tonks, agora quase no fim de seu sanduíche. – E quanto a você, Gina? Alguma paixão como a de Hermione?

Hermione bufou, sem conseguir disfarçar o sorriso divertido que sempre carregava quando estava em companhia das garotas.

— Não era uma paixão, por Merlin.

— E qual a diferença? – indagou Gina, encarando-a com o mesmo sorriso estampado na face.

— Paixão é algo mais intenso, – Tonks disse, lambendo os dedos ao terminar o último pedaço do que comia que, descobrira depois de um tempo, não estava tão bom assim e tinha gosto de areia. – Já uma quedinha é algo mais tolo, passageiro.

Olhou para cima ao perceber o silêncio, dando de cara com as duas meninas olhando-a com um olhar tonto. Ninfadora nunca falava sério e, quando finalmente falava, recebia esse tipo de reação; e ainda esperavam que ela agisse sem zombarias por mais de cinco minutos.

— Que?

— Nada – disse Hermione, rindo sozinha por dois segundos. – E não. Eu não acho que Gina tenha uma paixão por algum professor.

Tonks olhou para ela, esperando que continuasse.

— Ela está ocupada demais dando trela para O Menino que Sobreviveu.

Gina ficou tão vermelha quanto seu cabelo e, por uma fração de segundo, pareceu querer levantar-se e correr quarenta metros rasos. Mas depois, como se pensasse melhor – e percebesse que só correria tanto se estivessem a perseguindo –, apenas deu de ombros, lembrando-se das inúmeras vezes que comentara sobre o assunto com as duas outras moças.

E, aquela altura do pomo de ouro, não só elas sabiam sobre seus sentimentos por Harry.

— Ele é um idiota – contentou-se em dizer. – Assim como você, Hermione, que fica toda suspiros quando Ronald entra no mesmo cômodo que você.

Hermione optou por ignorá-la e voltar-se para a mulher, que sorria em direção das duas, quieta.

— Você, Tonks? – perguntou, limpando a garganta, mudando o tom de voz para algo mais parecido com o de Lino Jordan ao apresentar as partidas de quadribol em Hogwats. – Alguma queda por professores em seu invejável currículo de histórias para contar?

Tonks mostrou a língua para Hermione, que sabia que sua memória não era lá invejável, sempre que as meninas pediam para ela contar-lhes uma história, a mais velha apenas ria e balançava a cabeça. Não porque não queria lhes contar, mas porquê realmente não se lembrava de nenhuma.

A mulher fez outra careta, desta vez pensativa.

— Eu não acho que tenha tido alguma quedinha por algum dos meus professores, não – disse.

As meninas continuavam a encará-la, esperando uma resposta mais elaborada. Desta vez Tonks deixou-se revirar os olhos, mas soube que as garotas poderiam ver a sombra do sorriso que puxava o canto de seus lábios.

— Ah, vamos lá! – disse a mais velha, encarando-as com o mesmo olhar. – Eu me formei no ano anterior ao que vocês entraram em Hogwarts! Meus professores eram exatamente os mesmos que o de vocês.

Gina maneou a cabeça para o lado, fazendo bico em seguida.

— Você tem razão, acho que ninguém seria capaz de ter uma quedinha por Flitwick.

Tonks e Hermione riram.

— Nem por Binns… – disse Gina, rindo um pouco com a imagem do fantasma em sua mente.

As três se entreolharam.

— Muito menos por Snape – disseram as três em uníssono, rindo alto em seguida.

Tonks respirou um pouco, puxando a fila para a saída do festival de risadas que aconteceu. Se acordassem a sra. Weasley ou a sra. Black, muito provavelmente faria com que Gina e Hermione levassem um sermão e a moça de cabelos coloridos não queria ser a culpada, obviamente.

— Mas, se lhes serve de consolo, – disse Tonks, um pouco mais baixo dessa vez. – Eu também já tive uma paixãozinha por um Weasley.

Gina arregalou os olhos, sorrindo surpresa.

— Qual? – perguntou ela, animada. – Se for um dos gêmeos, você perderá muitos pontos comigo, Ninfadora.

— Não me chame de Ninfadora – pediu ela, em um inabitual tom calmo. – E não Gina, não tive uma queda por Fred ou Jorge, mas sim por Carlinhos.

O rosto da ruiva se iluminou, sorrindo com carinho.

— Mas é claro! – exclamou Gina. – Você era a garota para quem ele escrevia o tempo todo, não é?

Tonks sorriu, confirmando com a cabeça.

— É uma pena que ele tenha tido que sair do país para trabalhar. Sinto sua falta, – contou ela, um tanto quanto melancólica agora. – Costumava ser meu melhor amigo.

Gina e Hermione sorriram para ela, enquanto ela se levantava e despedia-se, dando um beijo na bochecha de cada uma delas. Recomendou que fossem dormir também e virou-se para a porta.

Mas, obviamente, não seria Ninfadora Tonks se não esbarrasse em algo.

Remo Lupin segurou-a, recuperando-se do baque bem a tempo de passar um dos braços pelas costas da moça, causando-lhe um súbito formigamento onde tocara.

— Desculpe – pediu ele, sempre gentiu. – Olhe para onde anda, Ninfadora.

Sua única reação foi acenar um sim com a cabeça antes que ele a soltasse e levasse consigo seu calor. Tonks seguiu-o com o olhar, enquanto ele deixava algo em uma das gavetas reservadas a documentos da ordem, passando um feitiço para lacrar o acesso a esta.

— O que fazem acordadas até tão tarde? – perguntou ele, virando-se para lançar-lhes um olhar duvidoso. – O que andam aprontando?

— Nada, só estávamos conversando – respondeu Tonks, que continuava em pé no mesmo lugar.

— É o que os alunos sempre me diziam em Hogwarts, se quer saber – respondeu Remo, sorrindo enquanto apoiava-se no balcão.

Tonks sorriu de volta.

— Nós não temos cara de Comensais infiltrados, temos? – perguntou ela.

— Não, mas assassinos nunca parecem assassinos se eles são bons no que fazem – comentou ele, erguendo as sobrancelhas antes de fazer seu caminho para a porta. – Boa noite, meninas.

Tonks suspirou assim que o lobisomem saiu da sala. Movendo-se apenas alguns instantes depois, quando Gina limpou a garganta, aparentemente tentando puxar sua atenção para si.

— Nenhuma quedinha por um professor, hm?

— Ele não foi meu professor – murmurou Tonks.


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