Quando Débora chegou em seu quarto, tentando não fazer barulho para não acordar sua irmã, descobriu que todo o seu cuidado tinha sido em vão, pois Cassandra estava acordadíssima sentada em sua cama, esperando Débora chegar para que ela lhe contasse sobre como tinha sido com Charles.

— Me conta como foi com o barman gato, por favor! Eu fiquei aqui morrendo de curiosidade esse tempo todo esperando você chegar para me contar. Olha, eu até fiquei sem unha, pois roí todas de ansiedade! – disse Cassandra mostrando as mãos com as unhas roídas, desesperada por informação.

— Não aconteceu nada demais, a gente só ficou conversando e ele me acompanhou até aqui, agora me deixa dormir, porque eu estou cansada. – Débora mentiu, porque tinha vergonha de falar sobre essas coisas com a irmã e também não queria que Cassandra se intrometesse em sua vida, já que Débora sabia muito bem que ela gostaria de ajudá-la com os assuntos amorosos e Sandra Regina era famosa por mais atrapalhar do que ajudar.

— Aham, sei que não aconteceu nada... Nem um beijinho na bochecha? – perguntou Cassandra desconfiada.

— Tá, rolou um beijo na bochecha e só Cassandra, agora me deixa. – disse Débora já estressada com a irmã.

— Nerdscleia, você vai me contar tudo com detalhes ou senão eu não vou deixar você dormir! – Cassandra ameaçou a irmã, cruzou os braços e ficou olhando a outra menina seriamente.

Débora tinha esquecido que não conseguia mentir, ainda mais para a sua irmã que sabia que algo estava acontecendo a quilômetros de distância, ela estava perdendo uma ótima oportunidade de trabalhar no FBI, era o trabalho perfeito para Cassandra, mas ela só queria saber de ficar famosa.

— Aff, tá bom, a gente ficou conversando depois que você foi embora, nos conhecemos melhor e descobrimos que temos muito em comum, então quando o turno dele acabou ele me trouxe até aqui em casa, disse que queria me ver de novo e pediu meu número, aí na hora da gente se despedir ele me beijou...

 - Ah, eu sabia!!! Eu sabia!!! Você não ia ficar com esse sorrisinho bobo aí na cara só por causa de um beijinho na bochecha! Quem não te conhece que te compre, dona Débora! Mas e aí, o que rolou depois do beijo? – Perguntou Cassandra animada.

— Ah, eu fiquei meio sem jeito, a gente se despediu e ele disse que me ligava amanhã... – Débora falou timidamente olhando para suas mãos.

— Nossa Débora, mas você é devagar quase parando mesmo, hein! Deveria ter agarrado o boy! – disse Cassandra decepcionada.

— Ai, mas eu sou tímida, você sabe, não soube o que fazer... – Débora respondeu envergonhada.

— Mas da próxima vez você se esperte, Debs! Seja mais ousada para segurar esse barman gato!

— Não sei fazer isso, eu não sou assim e além do mais eu quero que ele goste de mim do jeito que eu sou, não posso fingir ser outra pessoa e mesmo se eu quisesse não iria conseguir. – disse Débora.

— Eu sei maninha, mas é que você é muito tímida, fica envergonhada por tudo, assim não dá! Você tem que se soltar! – Cassandra aconselhou a irmã.

— Você tem razão, eu vou tentar ser mais desinibida, mas por enquanto nós só estamos nos conhecendo, nem sei se vai acontecer algo mais sério entre nós, também não vou me iludir com isso, pode ser que não dê em nada... – Débora falou desesperançosa.

— Ah, lá vem você com esse pessimismo. Eu vi como ele olhava para você lá na boate e como diria o Greg de Todo Mundo Odeia o Chris: “ele está tão na sua”! – Cassandra jogou um travesseiro na irmã e as duas ficaram rindo, conversaram por mais algum tempo e logo foram dormir.

Na manhã seguinte, Débora acordou com seu celular vibrando e quando desbloqueou a tela viu que tinha uma mensagem de Charles.

Oi Débora, bom dia! Eu estou com o dia livre hoje, o que você acha da gente fazer alguma coisa? ;)

Ele queria sair com ela de novo! Ela nem sabia como responder a mensagem, será que se ela respondesse “SIM! SIM! SIM”, soaria muito desesperador? E ele ainda tinha mandado uma carinha piscando! Ela se derreteu ao se lembrar de quando ele fez isso pessoalmente para ela.

Oi Charles, bom dia para você também! Claro que sim, o quê você quer fazer?

“Nossa”, ela pensou, “essa mensagem ficou horrível, mas agora já mandei, não tem como ‘desmandar’, espero que eu não tenha parecido muito ansiosa, não que eu não esteja, mas ele não precisa saber disso”.

Passados alguns minutos, o celular de Débora apitou novamente.

Ah, não sei, na verdade eu só queria sair para a gente conversar mais um pouco, pensei de irmos à sorveteria, tudo bem para você? :)

— E lá vai ele me mandar outra carinha. Como pode ser tão fofo? – Débora falou sozinha.

Tudo bem sim, nos encontramos lá!