A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 52
Capítulo Cinquenta e Dois - Limites


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem, mas novamente não direi para se divertirem.



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                Dorian a viu se inclinar para frente e apoiar as mãos nos joelhos, ofegava audivelmente, o suor pingava por seu queixo e de pescoço, se perdendo no decote da blusa azul-celeste. Eles começaram o treinamento com Occlumency, onde houvera uma excelente evolução, sendo que ele não conseguira entrar em sua mente nenhuma única vez, mas após um tempo ela pediu que mudassem para Feitiços e o albino atendera ao pedido, a vendo cair várias vezes, contudo permanecia se erguendo e pedindo por mais, talvez, pensou Dorian, ela quisesse um corpo exausto ao ponto de esquecer o que passava em sua mente, queria sobrecarregar o corpo para sobrepor o cansaço da mente,  ele não a jugaria, não quando costumava fazer o mesmo para fugir aos problemas que tinha. Ele próprio se sentia cansado, contudo não o quanto ela aparentava. Belinda secou o rosto com a costa da mão, mas somente conseguiu se livrar do excesso.

—Você não quer parar um pouco? –Ele questionou, secando o suor do próprio rosto.

—O que? –Ela perguntou com um sorriso debochado, mas os ombros subiam e desciam visivelmente a cada inspiração e expiração. –Já cansou?

                    Dorian considerou dizer não, contudo caso o fizesse, ela continuaria a pedir mais e isso a esgotaria em excesso, a deixando veraneável e arriscando todo o progresso que vieram fazendo.

—Você não?

                  Belinda bufou, mas se jogou no chão, parecendo deixar o cansaço a consumir. Dorian a viu deitar no chão e fechar os olhos, respirando fundo.

—Ele foi parar na Ala Hospitalar, sabe? –Ela falou, após um longo momento de silêncio.

—Ele? –Dorian se sentiu perdido, enquanto sentava no chão sujo.

—Draco. –Ela admitiu. –Hoje cedo ele passou mal no Grande Salão e foi levado pra enfermaria, o dia todo os alunos falavam dele e do fato de não ter saído da Ala Hospitalar. –Bufou. –Nunca ouvi tanto o nome Malfoy pelos corredores.

                  Havia uma irritação preocupada na voz dela.

                  Dorian analisou a situação, sabia que ela estava irritada com Malfoy, contudo conseguia ver a preocupação em cada palavra da menina. Era engraçado, após tanto tempo juntos ainda não eram amigos, mas acabaram criando um vínculo e já conseguiam falar sobre suas vidas sem tanta restrição, até porque ele já estivera por um longo tempo na cabeça de Belinda, não tinha como esconder muito mais coisas dele.

—Se está tão preocupada...

—Quem disse que estou? –Ela o interrompeu, o fazendo sorrir de canto.

                  Dorian se deitou no chão e encarou o teto.

—Acho que você deveria ir vê-lo. –Admitiu por fim.

                  Lestrange ficou em completo silêncio, havia passado tanto tempo que Dorian virou o rosto para encará-la, achando que ela poderia ter dormido, mas não, Belinda mantinha os olhos em um ponto fixo no teto, sua mente parecia trabalhar a mil, provocando diversas caretas.

—Eu não consigo. –Ela assumiu como se fosse uma fraqueza.

                  Dorian suspirou e voltou a olhar pro teto. Belinda estava desmoronando internamente, ele já passara por aquilo e sabia que a tendência era piorar, sempre pra baixo, nunca pra cima. Contudo Dorian estivera sozinho, não por escolha, durante todo o processo, Belinda simplesmente havia se afastado de todos que se preocupavam com ela, não conseguia se sentir digna da amizade de nenhum deles, não sabendo o que sabia e não podendo contar a ninguém.

—Você ainda tem algum tempo pra decidir isso. –Ele informou. –Deveria pensar com calma, sua teimosia é um dos seus piores defeitos, Belinda.

                  Belinda soltou um risinho anasalado e encarou o rapaz, vendo o quanto a brancura de Dorian se destacava em meio a sujeira e isso parecia fazê-lo cintilar, era intrigante e ela assumia, bonito.

—Você não devia me conhecer bem. –Ela disse acidamente, mas de modo quase amigável. –Eu nem gosto de você.

                  Dorian sorriu e a encarou, notando que ela lhe olhava com uma sobrancelha arqueada, exatamente como ele imaginara antes de virar para encará-la.

—Eu também não gosto de você, relaxa.

                  Belinda retornou do encontro com Dorian no meio da madrugada, o ombro ainda doendo por conta de sua última queda, provavelmente ficaria roxo. O corredor do sexto andar estava completamente silencioso, o completo oposto do que fora durante o dia todo, todos falando de Draco e seu desmaio. Lestrange se perdeu em pensamento e só despertou quando parou na entrada da Ala Hospitalar, foi difícil fingir não sentir preocupação durante o dia todo e se segurar para não correr até onde o loiro estava, após receber a notícia, mas apesar de querer vê-lo, havia algo a prendendo e não permitindo que ela seguisse até ele, talvez o próprio orgulho e raiva, sendo que a teimosia, como Dorian dissera, sempre fora seu maior defeito, entre os vários que tinha. Belinda colocou a mão na maçaneta da porta e começou a girá-la, parando no meio e a largando, decidida a ir dormir.

                   Estava cansada demais para raciocinar corretamente naquele momento.

 

 

                  Belinda acordou com a conversa sussurrada das amigas, mas nem fez questão de se mexer, não por querer ouvi-las, mas porque não queria falar com ninguém.

—Ela não foi vê-lo ainda? –Era a voz baixa de Hermione.

—Acho que não. –Gina respondeu aos sussurros.

—Isso deve nos deixar preocupadas?

—Não sei, Mione. –Gina foi honesta. –Acho que Belinda anda cortando muitos vínculos e isso é preocupante, mas não esperava que ela fizesse isso com o Malfoy. Não da forma que tá fazendo, quer dizer, ele é um idiota, mas se preocupa de verdade com ela.

—Ninguém esperava. –Hermione concordou. –Até o Marcos andou perguntando sobre isso esses dias.

—Falei com o Ty e ele me disse que não estão conversando também. –Suspirou. –Me disse que tiveram uma conversa recentemente, mas que ela meio que... Cortou laços com ele, isso o deixou preocupado.

—A verdade é que a Bell não conversa mais com ninguém.

                  Lestrange ouviu Gina suspirar novamente, fazendo um peso estranho se abater sobre seu coração.  Queria conseguir ainda estar com eles sem preocupação, mas a cada vez que pensava em se juntar aos amigos, Bellatrix surgia as gargalhadas em sua mente.

—Eu tô preocupada com isso. –Gina confidenciou. –Ela tá se isolando de todo mundo, ela parece tão...

—Quebrada? É, eu também andei...

                  Belinda não estava mais disposta a ouvir o que tinham a falar sobre ela, então se mexeu na cama, chamando atenção das amigas, que se calaram imediatamente.

—Bom dia, Bell. –Ginny cumprimentou, quando viu a menina se sentar na cama, ganhando um aceno de cabeça em retorno.

—Vamos tomar café? –Hermione convidou. –A gente te espera se arrumar.

—Não precisa. –Belinda alegou, enquanto Rúnda ronronava e se esfregava em seu braço. –Podem ir na frente.

                   As duas se encararam, viram Belinda brincar entre as orelhas de Rúnda, antes de se erguer e ir para o banheiro, se trancando ali, ignorando-as como fazia todos os dias.

                   Belinda entrou na sala de aula sem vontade alguma, se jogando em seu lugar e começou a rabiscar o símbolo da Grifinória na ponta do pergaminho, completamente alheia sobre o que as pessoas ao redor cochichavam, já estava habituada com a situação, mesmo sem ouvi-los sabia que seu nome estava envolvido.

                   Zabini a viu rabiscando o papel desinteressadamente e suspirou, se erguendo e indo até a menina, surpreendendo a todos os presentes e fazendo os Grifinórios se mexerem incomodados em suas carteiras, como se decidindo se valia a pena deixá-lo passar ou o confrontavam para que deixasse Belinda em paz. Apesar de serem da mesma sala, não se falavam desde que a menina deixou de falar com Draco e Blás sabia que ela ainda estava irritada com ele também.

—O que foi? –Ela questionou sem muita vontade, o encarando de canto.

                   Blaise se abaixou ao seu lado e a encarou.

—Você não vai mesmo vê-lo? –Ele foi direto, a fazendo dar um sorriso perigoso.

—Estamos falando de quem exatamente?

                  Blaise notou a raiva dançando na negritude dos olhos dela, quando os orbes negros o fitaram.

—Belinda.

—Blaise. –Ela devolveu, a voz dançando com uma diversão forçada que qualquer um perceberia.

—Draco, Belinda. –Ele suspirou. –Estou falando do Draco.

—Draco? –Ela fez careta, como se estivesse tentando lembrar de algo. –Você está falando aquele traidor? Por que eu deveria ir vê-lo? –Passou a mão no cabelo tranquilamente.

—Porque...

—A professora chegou. –Ela cortou com um leve sorriso, indicando McGonagall.

                 Blaise se ergueu sem dar uma única palavra e retornou ao seu lugar, mas assim que Minerva iniciou a aula, o rapaz viu a expressão de Belinda fechar, ela mal dava atenção ao que era dito. A pena de escrever girava rapidamente entre seus dedos, ela estava inquieta, mas a expressão era indecifrável. Belinda estava perdida e além do limite que Zabini sabia poder ir e era triste constatar isso, porque ao que parecia ela havia imposto o mesmo limite para todos seus amigos.


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Notas finais do capítulo

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Beijos e até o próximo capítulo.



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