A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Oito - Lobo e Águia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Divirtam-se!



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  Lestrange entrou na mansão e se dirigiu imediatamente para o quarto, sem se preocupar em falar ou questionar quem se encontrava no local.
         Draco a viu seguir para a escada, mesmo sob os protestos de Narcisa, que suspirou ao ser ignorada pela menina.
—Por que ela não me ouve pelo menos uma vez? –Narcisa aparentava cansaço.
           Draco deu de ombros, não queria ser rude com sua mãe, mas a resposta que lhe corroía a mente era no mínimo áspera.
—Se a senhora quiser mandar um recado e não tiver nada a falar sobre sua irmã, eu posso falar com a Bell. –Comentou o mais sutilmente que pode, mas ainda viu a mão apertar uma mão na outra.
—Na verdade é sobre o Rabastan. –Ela suspirou e encarou o filho, que aguardava pacientemente. –Ele está no escritório de seu pai, aguardando Belinda, algo como um treinamento, não sei bem.
          Malfoy imaginou o que poderia ser e assentiu.
—Irei falar com ela. –Draco se aproximou da mãe e deu um leve beijo em sua testa, já estando consideravelmente mais alto que a mulher. –Não se preocupe, só não a pressione e nem tente pedir que ela releve a existência de Bellatrix.
            Draco a sentiu se encolher.
          Belinda soltou Rúnda assim que cruzaram a porta de seu quarto, logo arrancou o cachecol do pescoço, o jogando sobre a poltrona ao lado da cama. Não estava com bom humor para aturar ninguém e nenhuma palavra sobre Bellatrix, quase podia sentir o controle lhe escapando por entre os dedos, o que não seria nada inteligente se quisesse manter o segredo sobre ser Animago.
—Bell. –Draco chamou, entrando em seu quarto e a fazendo erguer os olhos. –Rabastan tá te esperando no escritório do papai.
         Belinda estalou a língua, vendo Rúnda pular na poltrona e se enrolar em seu cachecol da Grifinória.
—Só ele?
—Nenhum sinal de... Ninguém a mais. –Draco não estava disposto a falar o nome de Bellatrix e piorar o humor de Belinda.
—Pela primeira vez Rabastan chegou em boa hora. –Ela resmungou, puxando a mochila para os ombros e analisando o cachecol por um momento, antes de descartar a possibilidade de pegá-lo, não queria perturbar a paz de Rúnda. –Nos falamos amanhã.
         Draco a viu começar a marchar para a porta.
—Hey, Black! –Ele a chamou e ela o encarou por sob o ombro, o vendo se aproximar, retirando o cachecol verde e prata do próprio pescoço. –Toma cuidado. –Ele pediu, colocando o cachecol nos ombros dela.
—Isso é cachecol que se dê a uma Leoa? –Debochou e ele rolou os olhos. –Tomarei cuidado, pode deixar. –Prometeu com um leve sorriso, causado pelo doce gesto do amigo. –Cuida do Rúnda pra mim, okay?
—Tenho escolha? –Brincou.
—Não.
         Draco forçou um sorriso e a viu desaparecer, enrolando o cachecol no pescoço.
           Belinda passou pela sala, sem nem mesmo se dignar a olhar para Narcisa, que pareceu decepcionada.
           Lestrange sabia que não era culpa de Narcisa que Bellatrix fosse louca ou que tivesse de volta as suas vidas, contudo não conseguia encarar a mulher sem recordar Bellatrix, elas eram diferentes, porém com traços parecidos. Sem falar no amor palpável que Ciça nutria pela irmã.
—Rabastan. –Ela cumprimentou, invadindo o escritório e pegando Rabastan e Lucius de surpresa.
—Ferinha, finalmente apareceu. –Rabastan sorriu.
—Você deveria bater. –Lucius mandou, a fazendo arquear a sobrancelha e o encarar como se o visse pela primeira vez e não apreciasse.
—O que você quer comigo? –Ela voltou os olhos negros para Rabastan, ignorando Lucius.
         Rabastan sorriu e se colocou de pé.
—Vamos dar uma volta. –Ele colocou as mãos nos bolsos. –Tenho um trabalhinho pra você.
—Considerando que não é exatamente um convite, o que posso dizer? –Ela arqueou uma sobrancelha e ele sorriu.
—Gosto de como você pensa rápido, Ferinha.
          Belinda bufou e começou a caminhar para a saída da casa. Encontrando Draco entrando na sala.
—Para onde você vai levá-la? –Narcisa questionou.
—Vamos dar uma voltinha.
—Bella sabe disso?
           Belinda sentiu a raiva subir a sua cabeça como bolhas em uma garrafa de champanhe após ser sacodida. O que a fez virar quase roboticamente para encarar Narcisa, a raiva brincando nos olhos negros.
—Sua irmã tem que saber quantas vezes vou ao banheiro também, Narcisa? –A fúria transpareceu para quem quisesse ouvir e ver. –O que como em cada refeição? O que faço da porra da minha vida quando ela não tá olhando?
—Belinda... –Narcisa sussurrou, assustada.
—Sua irmã é um mero estorvo na minha vida e na de qualquer pessoa imbecil o suficiente para se preocupar com a opinião dela. –Belinda alertou. –Espero que Voldemort perceba isso logo e a mate. –Deu um sorriso cruel. –Seria o melhor para todos.
—Você pode odiá-la, mas ela é minha irmã.
           Belinda deu um risinho perigoso.
—Ela pode ter seu sangue, mas não é a sua irmã. E eu espero honestamente Narcisa, que você perceba quem ela é realmente antes que ela foda sua vida e da sua família. –Deu de ombros. –E mesmo que você permaneça com esse discurso, quero que note uma única coisa em tudo isso. –A voz da menina estava rouca. –Bellatrix pode ser a merda que for pra você, mas não é nada, absolutamente nada pra mim!
—Já chega de conversa. –Rabastan interrompeu. –Estamos atrasados, Ferinha.
—Que seja.
           Lestrange viu o choque e tristeza em Narcisa, assim como as lágrimas acumuladas nos olhos, mas não conseguiu sentir remorso por nada que dissera. O que a fez se questionar, enquanto seguia para fora de casa, se não estava se tornando tão pouco piedosa quanto os demais Lestrange, a quem tanto dizia repudiar e a pior parte foi que não encontrou sentimento de culpa algum.
—Fiquei orgulhoso de seu discurso, Ferinha. –Rabastan zombou.
—Engula seu orgulho. –Resmungou ela, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.
—Assim você me magoa. –Ele debochou.
—Ótimo. –Ela deu de ombros. –Magoei minha tutora e de brinde um idiota, o dia está realmente promissor hoje.
         Rabastan deu um sorriso de canto e segurou seu ombro assim que passaram do portão da mansão.
          Belinda sentiu o estômago dar voltas e a perna virar gelatina ao encontrar solo firme sob seus pés, sendo apoiada por Rabastan, que riu baixinho.
—Você parece meio esverdeada.
—Não enche. –Ela se afastou dele e respirou fundo, tentando manter a postura ereta e olhando a Mansão Lestrange ali perto.
—Dorian está te esperando lá atrás. –Avisou, enquanto acenada brincalhão e seguia para dentro do portão da casa. –Bom treino.
—Que maravilha. –Ela sussurrou.
          Belinda às vezes esquecia-se da visão bonita, triste e ameaçadora que a Mansão Lestrange passava. Era um casarão elegante e imponente, cercada por um muro tão grosso de pedras que seria possível caminhar tranquilamente sobre ele. As árvores altas e densas ao redor, com ajuda de diversas magias de proteção tornavam extremamente difícil achar o local para quem não o conhecia, contudo Bell conhecia muito bem, mais do que gostaria até.
           Lestrange ultrapassou o muro com tranquilidade, enfiando as mãos nos bolsos e deu a volta na mansão, seguindo para o jardim, após alguns minutos a ida de Rabastan. Os arbustos ao redor da casa haviam sido aparados e toda a grama cortada, cada mínima vidraça lustrada e chão limpo. Era quase como nos dias de glória da mansão, os dias que Mary fazia questão que tudo estivesse impecável.
—Tá atrasada. –Reclamou o albino, assim que ela entrou em seu campo de visão.
          Belinda rolou os olhos e jogou a mochila no chão, retirando a jaqueta e a deixando junto.
—E? –Ela esfregou uma mão na outra.
           A noite estava absurdamente fria, graças à neve.
—Vejo que teu humor tá ótimo pra trabalhar hoje. –Ele debochou.
—Você não faz ideia.
        Lestrange percebeu estar sendo observada.
—Vamos tentar algo diferente hoje. –Ele decretou com simplicidade.
—Diferente? –Ela o encarou, desconfiada.
—Vamos ver os limites das suas patas, Lestrange.
—Eu, honestamente, não sei se me sinto animada ou um cachorro.
          Dorian deu um sorriso de canto, os olhos lilases brilhando com alguma coisa a mais.
—Aceite como quiser, Lestrange.
          Belinda retirou os tênis, a camisa de frio e calça jeans, ficando somente com um tope preto e um shortinho de tecido fino.
—Perdeu alguma coisa? –Ela questionou, quando notou o olhar do rapaz.
            Dorian encarava atentamente o corpo da menina, a pele era pálida demais, contudo trazia mais cicatrizes, principalmente no abdômen, do que alguém naquela idade deveria ter.
—Você entrou em uma briga e tanto. –Ele comentou, sem a usual malicia, retirando a camisa e jogando próximo as coisas da menina.
—O nome disso é Bellatrix Vadia Lestrange. –A raiva transbordava em sua frase.
—Vocês parecem ter um relacionamento e tanto. –Ele debochou e viu um sorriso cruel nos lábios dela, algo que nunca vira antes. Ameaçador e contendo uma ferocidade única.
—Ah, Dorian! –Ela praticamente suspirou. –Se você soubesse.
          Dorian não gostou do tom da frase e no instante seguinte Belinda sumira, dando lugar ao grande Lobo e pedaços de tecido negro se espalhando na alva neve.
—Me acompanha, se conseguir. –Ele alertou, antes de se tornar a bela majestosa ave e ganhar o céu.
             Belinda achava a Águia-Dourada de uma elegância extraordinária e mesmo que não se desse bem com Dorian, não podia negar a combinação perfeita entre ele e seu Animago.
         Lestrange deixou os olhos acompanharem a agilidade de Dorian e o seguiu, deixando que as patas batessem na neve fofa e correu com toda a velocidade que possuía, abandonando as proteções e muros da Mansão Lestrange e ganhando a floresta.
          Dorian deixou os olhos vagarem e notou um labirinto ali a alguns metros da casa, mas o ignorou, talvez em outro momento, não sabia dizer se era um lugar simples e seguro.
          O sol já estava quase nascendo quando Belinda pareceu deixar sua raiva, em algum ponto por entre as árvores e a neve, se sentia em domínio de suas emoções novamente, quando retornaram as barreiras de proteção da mansão.
          Lestrange sentou sobre as patas traseiras, respirando cansadamente, enquanto Dorian agarrou sua calça com as garras e desapareceu atrás de uma das árvores, sentindo seu peito subir e descer, o coração tão acelerado que ela sentia que poderia explodir, contudo era uma sensação boa.
—Você não é tão lenta quanto pensei. –Parabenizou, jogando uma manta ao redor dela.
          Belinda sentiu o gelo em suas pernas quando Dorian lhe trouxera de volta à forma humana e se ergue em um salto, quase deixando a manta cair, mas conseguindo segurar a tempo e se enrolando nela.
—Você não é tão rápido quanto imaginei. –Retrucou ela, puxando a mochila e suas roupas para o ombro, logo correndo para a entrada da casa, afim de se aquecer nos diversos cobertores de sua cama.

 

  Lestrange dormira o dia todo, acordando somente ao final da tarde.
            Rabastan parecia bem entretido com uma taça de vinho, enquanto Dorian apreciava uma torta de maçã, quando Belinda se juntou a eles na cozinha.
—Finalmente acordou, Ferinha. –Rabastan lhe sorriu.
—Minha presença é tão significativa na tua vida assim? –Ela colocou a mão no peito, como se estivesse surpresa.
         Belinda viu Dorian dar um sorriso de canto, disfarçando com uma garfada de torta e Rabastan rolar os olhos.
—Você ficará aqui com Dorian, eu preciso dar uma saída. –Avisou e ela assentiu, pegando uma torrada, mas sem sentar a mesa. –Voltarei às exatas 20 horas, somente para levar você de volta a Mansão Malfoy.
—Tanto faz. –Ela resmungou, concentrada em passar geleia de framboesa em sua torrada.
—Caso não consiga volta, Dorian irá te levar.
—Que? –Os dois questionaram, voltando os olhos para Rabastan.
—Não dificulta as coisas, Ferinha. –Rabastan sorriu.
—Dorian parece tão feliz com a noticia quanto eu. –Ela confrontou.
—Tenho certeza que ele fará essa... Gentileza. –Sorriu abertamente. –Mas a probabilidade de eu não conseguir voltar é bem pequena, então fiquem calmos. Contudo se nesse exato horário eu não estiver aqui, saiam da casa imediatamente.
—E por que toda essa urgência? –Ela questionou.
—Você não quer saber e eu não quero contar. –Ele sorriu.
         Belinda não se preocupou em reclamar, simplesmente puxou a xícara de chá e deu um gole.

 

  A neve estava impiedosa naquele fim de tarde, mal dava para ver as coisas à frente, Belinda só não se perdeu porque conhecia bem o caminho de volta a Mansão e porque Dorian constantemente voava baixo para que ela o visse.
—Você precisa se concentrar. –Ele disse, sentado no sofá da sala.
         Belinda rolou os olhos, sem poder revidar o comentário idiota do rapaz.
         Lestrange deixou a mente relaxar, como Dorian já lhe dissera para fazer milhares de vez, fechou os olhos e deixou a audição aguçada ultrapassar os limites das janelas de vidro e escutar o som do lado externo, expirando e inspirando profundamente, sendo embalada pelo som da tempestade de gelo fora da casa.
         Belinda sentiu os músculos esticarem e perdeu o som do vento, logo a pele estava em contato com o chão frio, sentindo somente a manta quente lhe cobrir e acariciar a pele, ela abriu os olhos e viu Dorian sorrir de canto. A sensação era diferente ao voltar sozinha para a forma humana, os músculos pareciam mais lentos ao voltar para seu tamanho normal, contudo não havia dor, mal havia incômodo, era somente distinto.
—Finalmente, Lestrange. –Ela espalmou as mãos e ela rolou os olhos.
—Cala a boca. –Bufou, segurando a manta ao seu redor firmemente e se colocou de pé.
—Vê se não demora a se arrumar, a gente tá quase atrasado e Rabastan ainda não voltou. –Ele comentou, olhando o relógio de pulso que trazia.
—Que ótimo. –Ironizou ela.
        Belinda vestiu a roupa mais quente que possuía e retornou a sala, onde Dorian a aguardava.
         Não ouve conversa enquanto saiam da casa e ultrapassavam os limites de suas barreiras mágicas, nem mesmo quando ele segurou seu braço e ela sentiu o corpo se desintegrar antes de sentir o chão a baixo de seus pés e as mãos de Dorian lhe firmando.
—Não consegue nem suportar uma aparatação? –Ele debochou.
—Vá à merda, Dorian. –Ela mandou, se soltando dele e tentando se firmar sozinha.
—Com prazer. –Ele deu um sorriso debochado.
         Belinda viu as grades da Mansão Malfoy a cinco metros dali e suspirou. No exato momento viu uma nuvem negra ganhar forma e Bellatrix aparecera junto a Rodolphus.
          Dorian trocou um olhar com o homem, que pareceu sentir a presença dos dois jovens e no segundo seguinte Belinda estava nos braços do rapaz e sentia seus lábios macios pressionando os seus.
          Lestrange ia empurra-lo pela surpresa, mas ele a apertou mais contra seu corpo e ela compreendeu o que acontecia.

  Dorian tinha sabor de mel e framboesa, Bell sentiu a mão calosa do rapaz roçar em sua nuca e depois segurar seu cabelo, ela se conteve para não estremecer. Belinda ouviu Rodolphus dizer algo e a voz irritante de Bellatrix reclamar ao fundo, mas logo o portão rangia ao ser fechado e Dorian a soltou.

—Um beijo de despedida para matar sua vontade, Lestrange. –Ele debochou e ela bufou, mas sorriu de volta.
—Quem me agarrou foi você, Dorian. –Ela passou por ele com tranquilidade. –E isso não foi um beijo de verdade, você nunca provou meu beijo, lembre-se disso.
—Se você diz. –Ele deu um risinho. –E caso ela pergunte quem era o rapaz...
—Não sei qual o seu problema com eles, Dorian. –Ela assegurou. –Mas honestamente eu não me importo e muito menos darei a satisfação de contar a Bellatrix com quem ando.
           Belinda percebeu, assim que passou pelo portão, que fora a primeira vez que escutara a risada de Dorian e não podia dizer ser algo desagradável, mas ela simplesmente o ignorou e seguiu para dentro da mansão. Ela não mentira, não fora um beijo, sim uma forma de se salvar de Bellatrix e ao que parece, não era salvar sua própria vida, sim a dele.
           Lestrange suspirou ao chegar à porta de entrada da mansão, seria uma noite e tanto e um terrível começo de natal.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?
O que acharam da nossa Lobinha com Dorian? A propósito, o que vocês acham DO Dorian?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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