Draco a viu fazer um movimento leve e quase imperceptível, o fazendo parar a uns cinco metros, mas sem se intrometer.
–Você não vai me tirar de Hogwarts e nem me ameaçar, Lucius. —Falou baixo e lentamente.
–Não é ameaça, Belinda, é uma simples constatação. —Disse com simplicidade. —Você acha que Bella já não está doida para te dar uma lição da qual você nunca esquecerá e irá teme-la para sempre? —Ele deu um sorriso perigoso.
Belinda notou, pelo canto do olho, que a discussão com Lucius atraíra atenção dos amigos, que pairavam ali perto, atentos a cada movimento, os olhos de Tayner fitavam seriamente Lucius e sua mão estava no bolso do casaco da Sonserina, Bell tinha certeza que segurando a Varinha.
–Não sei se você já notou, mas a Vadiatrix não irá me fazer cagar de medo, Lucius. —Deu de ombros, espelhando o sorriso dele. —Se ela quiser me matar... —Suspirou. —Paciência, não é?
–Você a leva como uma brincadeira, torça para não conhecer a loucura dela de verdade, Belinda.
Belinda assentiu e colocou as mãos nos bolsos, mantendo o olhar do homem.
–Ao que parece quem tem medo da loucura dela é você, não eu. —Desafiou e viu o rosto dele ficar vermelho de raiva.
–Eu já avisei. —Falou. —Precisei usar algumas informações pra tirar o interesse de Umbridge, mesmo que momentaneamente, de você. —Informou, mudando de assunto e ela assentiu, numa das raras conversas, quase civilizadas dos dois. —Fique fora de foco, não se meta em confusão para que o olhar dela não volte a você, tenho certeza que não quer estar no centro da atenção de Umbridge.
–Você sempre diz que eu gosto de ser o centro das atenções.
–Não com ela. —Cortou bruscamente e Bell fez careta. —Umbridge nutre um tipo de raiva grande o suficiente para passar por cima de qualquer um, talvez mesmo de Cornélio, a quem ela diz ser tão fiel. —Alertou. —Aquela sala horrível e exageradamente rosa é só pra esconder o quanto ela despreza e gosta de manipular a todos. Você viu os gatos nos quadros, não é?
–São ridículos. —Rolou os olhos.
–Ridículos e ficam de olho em toda Hogwarts a mando dela. —Belinda ergueu uma sobrancelha. —Dolores usa muitas máscaras e truques, Belinda, lembre-se disso. —Alertou e ela assentiu, atenta a cada palavra. —Umbridge não vai medir esforços pra conseguir o que quer.
–Então ela realmente pretende mudar algumas coisas por aqui?
–Eu acho que ela pretende mudar toda Hogwarts. —Ele falou e Belinda fez careta. —Rabastan mandou você dar um jeito de treinar sem ser notada, principalmente agora que Umbridge está por aqui.
Belinda assentiu, assimilando o que lhe era dito e em seguida decidiu que seria inteligente, ou um pouco menos estúpido, contar o que estava acontecendo.
–Ela nos proibiu de usar Varinhas na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. —Informou lentamente, atraindo a atenção dele. —Ela é nossa nova professora.
–Então é pior do que Rabastan tava imaginando. —Lucius falou, mais pra si do que pra menina, enquanto passava a mão esquerda, que não segurava a bengala, no cabelo. —Dê um jeito de treinar, você e o Draco. —Mandou e ela rolou os olhos. —E fique longe dos olhos de Umbridge. Dessa vez não é um jogo Belinda, dessa vez você terá que lembrar que não está sozinha, já que Draco decidiu ficar do seu lado novamente. —Bell franziu o cenho. —Você é responsável por se manter longe de encrenca, por você e por ele.
Belinda não falou nada e permitiu que Lucius se fosse sem mais brigas. Bell sabia que pra ele lhe dar tantas informações, significava que o assunto era sério e que ela realmente precisava tomar cuidado com a Vaca do Ministério, também não imaginara que teria que ter cuidado não somente por ela, mas por Draco.
Draco atravessou os poucos metros, antes que o grupo de Tayner o fizesse. Taylor o acompanhou sem questionar.
–Bell. —Draco chamou e ela o encarou, os olhos negros dançavam de forma perigosa.
–Ao que parece terei que me comportar. —Falou e deu um sorrisinho debochado.
–Essa eu quero ver. —Draco zombou de volta.
–Belinda comportada? —Ty entrou na brincadeira, como se eles fossem, os três, amigos próximos e que viviam a fazer tiradas com o outro. —Tá mais fácil a professora Sibila deixar de ser doida e de adorar prever desgraças na vida de todos.
–Teu cu. —Por mais que Belinda tenha tentado evitar acabou acompanhando a risada dos outros dois.
–As vezes eu penso que você é obcecada pelo cu alheio.
–As vezes? —Draco o encarou, ainda sorrindo. —Eu tenho quase certeza que ela é.
–Vão a merda. —Disse ela.
Belinda não sabia porque, mas desde que voltou a Hogwarts, era a primeira vez que se sentia rir de verdade e era bom saber que ainda conseguia fazer aquilo com naturalidade. Os músculos faciais pareciam agradecer pelo movimento.
Draco notou o brilho de diversão nos olhos dela, coisa que não via a tempos, o que o fez se sentir relaxar. Taylor não era uma de suas pessoas favoritas no mundo, mas acabara de ganhar pontos com ele, somente por ele ter feito Belinda rir daquela forma. Era como se o moreno despertasse algo bom e raro em Belinda, coisa que poucos viam, mas que estava ali, no fundo do mar de negritude que eram seus olhos e era por isso que ela era tão sua amiga, porque ele via isso desde que conseguia lembrar.
–E então, o que faremos? —Bell questionou. —Porque eu não tô minimamente afim de ir assistir aula.
Taylor sabia que era um convite para ele e Draco, mas era um passo e tanto, Bell não o incluía com facilidade em sua vida, contudo ela estava parecendo relaxada e com um ar divertido interessante o suficiente para que ele aceitasse o convite. Ele dissera a verdade, Draco não lhe parecia um monstro, era arrogante sim, mas cuidava de Belinda como ninguém mais e aquilo estava impresso no modo como ele a provocava, porém sempre com um olhar cuidadoso, sabendo os limites.
–Temos uma cozinha cheia de coisas gostosas, Torres muito boas para piqueniques e uma infinidade de idiotices pra serem ditas. —Ty comentou e ela sorriu abertamente.
–Comida e conversas estúpidas? —Bell o encarou. —Ótimo, é tudo o que eu preciso agora. —Os olhos negros se voltaram para Draco. —E aí Serpente-Loira?
–Ter que aguentar vocês dois? —Fez cara de desdém e ela lhe mostrou o dedo do meio, o fazendo sorrir. —Não acho que as aulas vão ser muito mais interessantes que isso.
Bell sorriu para Draco e lhe deu uma piscadela.
–Bom garoto.
–Não sou um cachorro. —Alertou.
–A discordância.
–Nas quatro Casas de Hogwarts, até onde sei. —Ty concordou.
–Vão se foder. —Mandou o loiro e Bell riu.
Belinda sabia que o dia não começara bom e nem teria um final divertido, mas gostaria de poder rir tranquilamente nesse meio tempo, esquecendo de todo o desastre do resto. E ter a companhia de Draco e Taylor de uma única vez, em brincadeiras leves e risadas fáceis, era uma boa forma de passar o dia.