Coração de Lata escrita por Lady Padackles


Capítulo 5
Confusões de sentimento


Notas iniciais do capítulo

Eu sei... Eu sei... Eu sou uma péssima pessoa que abandou essa pobre fic e seus leitores por tempo demais. Em minha defesa eu estive trabalhando muito e viajando muito também. Espero que ainda se lembrem da história e curtam esse capítulo que está saindo, fresquinho!



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Sam acordou cedo, ansioso pelo dia de trabalho que lhe esperava. Olhou o marido, dormindo ao seu lado, e suspirou pesaroso. Pobrezinho… Winchester sabia que estava sendo difícil para o louro. O rapaz se fazia de forte, mas no fundo, estava carente e infeliz. Dean precisava de muito mais atenção do que ele estava podendo dar.

O que Dean não sabia é que Sam também tinha problemas. A empresa não ia bem, mas o moreno não queria preocupar seu amado sem necessidade. Afinal, o que Campbell poderia fazer para ajudá-lo? Nada… Além disso, no fundo, Winchester não queria ser visto pelo homem que amava como um incompetente. Gostava de saber que Dean admirava sua inteligência e tino para os negócios. A verdade é que ele não se achava tão bom quanto gostaria que os outros pensassem que era...

A reunião que teria dali a pouco, em pleno sábado, seria crucial para dar a empresa uma chance de reerguer-se. Ele precisaria usar toda a sua lábia para convencer os japoneses a investir. Provavelmente isso envolveria também um almoço com os caras, e uma puxação de saco desagradável porém necessária. Depois disso, daria a Dean a comemoração que merecia.

Sam deu um beijinho discreto nas costas do outro e acariciou seu bumbum por cima da cueca. Campbell se remexeu sonolento e reclamou baixinho, enquanto o moreno despedia-se.

Assim que terminar a reunião eu venho te buscar pra sair, meu amor. – o moreno sussurrou ao seu ouvido.

Dean ainda dormiu bastante depois que Sam saiu. Não queria criar expectativas. Winchester dissera que iria buscá-lo, mas o louro não dava crédito a suas palavras…

Dean, que bom que você acordou! – Castiel era entusiasmo puro. – Eu estava entediado, e até tentei dormir. Mas eu não sei dormir…

Campbell olhou para o amigo robô. Bocejou e depois sorriu. Antes que dissesse qualquer coisa, Castiel foi logo perguntando se poderiam sair de casa novamente.

— Vamos!? Eu quero ver os patinhos de novo! Ou então, se você preferir, a gente pode ir a outro lugar. Eu quero conhecer lugares diferentes.

— Não… Hoje não... – Dean ia contar ao androide sobre a promessa de Sam, mas por fim, resolveu não fazê-lo. Não queria que Castiel ficasse com pena dele de novo quando o moreno não aparecesse para buscá-lo.

Apesar de não saírem de casa, não foi difícil para Dean manter Castiel feliz e entusiasmado. Estranhamente talvez, isso parecia ser suficiente para manter o louro de bom humor também. Assim que acordou, Dean ensinou o robô a jogar ping-pong. Mais tarde convidou-o para um mergulho na piscina.

— Oba! Você vai me levar para a piscina! - comemorou o humanoide com um imenso sorriso no rosto.

— Sim! Eu não tinha prometido? - Dean sorriu de volta vendo a alegria estampada na cara de seu novo amigo. A essa hora, ele nem mais se lembrava de Sam Winchester.

— Então vamos! - respondeu o androide apressado, já se encaminhando para o lado de fora, louco para experimentar a água.

Dean contemplou-o por um momento. Castiel usava a mesma camiseta branca e calça jeans de sempre. Jamais tomara um banho na vida. Apesar de parecer nojento, não era... O androide não suava, nem se sujava. Seu cheiro lembrava de plástico novo, com um leve perfume masculino. Algo como uma melissinha de cheiro suave, caso houvesse uma versão para homens adultos. Dean achava bastante agradável.

Bem... Para tudo tinha uma primeira vez. - A gente precisa se trocar! - Anunciou em voz alta, chamando então a atenção do outro, que voltou para perto dele.

— Vem, eu vou te emprestar uma sunga. - e dizendo isso, Campbell puxou o robô para dentro de seu quarto e em seguida entregou-lhe a peça. - Agora você entra no banheiro, tira essas roupas que está usando, e coloca a sunga. Tudo bem?

Castiel olhou para o louro parecendo muito confuso. - Eu não sei fazer isso... - retrucou. - Me ajuda!

Ele era apenas um robô... Feito de metal, resina, plástico... O que tinha de mal ajudá-lo a tirar a roupa? Menina nenhuma tinha pudor em despir sua barbie. Por que ele tinha que ser tão idiota? Dean não sabia responder a pergunta que fez a si mesmo. Só sabia que suas bochechas estavam corando só de pensar em ver o androide pelado.

— Não posso... - gaguejou o louro em resposta. - porque eu tenho que me trocar também. Mas... eu vou chamar o Sebastian.

Antes que o robozinho pudesse responder qualquer coisa, Campbell já gritava pelo mordomo.

— Sebastian, eu quero o Castiel de sunga, na área da piscina, daqui a 10 min, por favor. - E dizendo isso, o louro entregou-lhe o humanoide com cara de assustado e segurando uma sunga nas mãos. Fechou a porta do quarto em seguida.

Sebastian resmungou baixinho. Todos os outros empregados estavam ocupados, então foi ele mesmo quem ficou com a tarefa.

Dez minutos mais tarde, Dean e Castiel já estavam prontinhos para cair na água. Dean não pôde deixar de reparar no corpo perfeito do robô. Os fabricantes tinham mesmo caprichado...

— Pode entrar pela escadinha - instruiu Dean.

Castiel assim o fez, mas ao invés de se segurar na borda, foi direto para o fundo da piscina. Dean sentiu seu coração bater acelerado e mergulhou, desesperado, em seu socorro. Poucos segundos depois estavam ambos de volta à superfície. Dean ofegante e apavorado, enquanto Castiel parecia deliciar-se com a experiência.

— Você segura na borda, Castiel! Enquanto não aprender a nadar. - Explicou Campbell, ainda arfante.

— Mas eu não respiro, esqueceu? - O robô olhou para ele como quem sabia das coisas, e em seguida largou as mãos da borda, como uma criança pequena e desobediente. Foi direto para o fundo novamente.

Sim, Castiel tinha razão. Se ele não respirava, Dean não tinha motivo para não deixá-lo mergulhar a vontade. Mas o louro simplesmente não conseguia deixar de se preocupar. Sem pensar duas vezes foi novamente à caça do robô, e desse vez deu-lhe uma bela bronca.

— Você não ouviu o que eu te falei? É pra ficar na superfície! - bradou Campbell nervosamente.

Castiel apenas olhou assustado. Dessa vez, obedeceu. Logo o clima já estava descontraído, com o humano ensinando o robô a nadar. Dean apoiou a barriga de Castiel, enquanto esse era instruído a bater seus braços e pernas contra a água.

Em pouco tempo o robô já estava nadando, e até apostando quem conseguia ir mais depressa de uma margem à outra da piscina. Brincaram a valer, e Dean se divertiu como há tempos não fazia. Saíram da piscina na hora do almoço, mas voltaram pouco tempo depois.

Enquanto Castiel e Dean se divertiam, o dia de Sam Winchester estava sendo difícil. Tudo o que ele queria era poder relaxar e esquecer um pouco o negócio com os japoneses. Tudo o que queria era passar uma noite romântica ao lado do homem que amava. Receber e dar carinho. Falar e ouvir palavras de amor. Rir e se divertir com seu marido querido.

Apesar de todos esses desejos, era difícil esquecer que as negociações iam de mal a pior. Era difícil esquecer, principalmente, que ia ter que passar um tempo no Japão, e, pior do que isso, precisaria comunicar o fato à Dean. Era difícil esquecer também que, apesar de odiar a ideia de viajar e sair de perto do seu amor, precisava dar a impressão de estar entusiasmado e feliz, ou iria preocupá-lo a toa.

Sam reservou o restaurante predileto de Dean para aquela noite. Não era um dos mais caros da cidade, pois o louro não era chegado a ambientes chiques demais. Esse era um restaurante mais familiar, aconchegante, com pratos muito saborosos e música de boa qualidade. Winchester não iria vacilar com ele de novo. Não podia... Seu marido era o homem mais incrível do mundo, e merecia ser tratado com atenção.

— Olha Dean! Eu vou dar uma cambalhota! - E Castiel o fez, com perfeição.

Dean sorriu para ele. Em seguida contemplou seus dedos, enrugados como os de um velhinho de 100 anos. Começava também a ventar, e estava ficando frio.

— Vamos sair? - perguntou o louro, sentindo-se um tanto culpado. Castiel ainda parecia se divertir imensamente dentro d'água.

— Ahhhh! Por que? - O robozinho fez bico.

— Tudo bem... Tudo bem... Mais um pouquinho. - assentiu Campbell.

O tempo passou depressa enquanto Castiel dava cambalhotas na água e Dean o observava orgulhoso. Há pouco tempo ele nem mesmo sabia nadar... Quando se deu conta, o louro já tiritava de frio.

— Vem, Castiel! Vamos sair. Eu estou morrendo de frio.

Dessa vez o robô não reclamou. Apenas subiu as escadinhas atrás de Dean e segurou a toalha que este jogou em sua direção.

— Se seca um pouco, antes de entrar em casa. - pediu o rapaz enquanto se encolia como podia debaixo da sua, trêmulo e de queixo batendo.

Em vez de fazer o que outro pedia, Castiel apenas observou-o arregalado. - O que houve? Por que você está tremendo? - perguntou o androide.

— É frio, Castiel. Já vai passar. Se seca aí! - insistiu.

Castiel então passou a toalha rapidamente pelo corpo, e em seguida, aproximando-se de Dean, envolveu seu corpo trêmulo em seus braços.

O louro estava prestes a protestar. O que o robô estava fazendo? Mas o calor que vinha de seu corpo de mentira era tão delicioso que o rapaz se deixou abraçar. Castiel massageava as costas do outro de leve, e Dean sentiu-se imediatamente relaxado e confortável, pousando a cabeça no ombro do androide. Sua pele era gostosa de sentir. E que cheiro bom ele exalava, mesmo depois de entrar em contato com o cloro...

Ficaram abraçados por um bom tempo. Dean sentia-se tão quentinho e aconchegado que não tinha coragem de afastar-se. Então foi Castiel quem se afastou. Mas assim que o fez, ainda com as mãos pousadas no ombro do outro, o androide olhou Dean nos olhos, e, sem pedir licença, colou sua boca na dele.

— Castiel, não! - protestou o louro, agora se afastando de vez. - Você não pode fazer isso! - Disse o homem alarmado e enfático.

— Mas o Sam faz... - justificou-se o outro.

— O Sam é meu marido. E é só o marido que pode! Bem... Marido e namorado. - Dean agora sentia-se dialogando com uma criança de cinco anos. Mas uma criança com corpo de homem, que tinha acabado de lhe dar um beijo daqueles. Seu coração palpitava.

— Eu posso me casar com você também? - Castiel então perguntou.

— Não, Castiel! Eu já sou casado. - Talvez Dean devesse ter achado graça naquela pergunta ingênua, mas ele estava era ficando irritado.

Nessa hora o celular do louro fez barulho. Ele pegou o aparelho, que estava próximo a eles, e verificou uma mensagem de Sam. Ele estava indo buscá-lo. Dean ficou surpreso, pois jamais imaginou que o marido cumpriria com sua palavra.

— Então quer ser meu namorado? - Insistiu o adróide.

— Não! - Disse Campbell, simplesmente. Eles não poderiam continuar aquela conversa. Não quando Sam estava prestes a passar ali para buscá-lo. Dean precisava ir correndo pro banho. O rapaz deu graças a Deus ao ver Sabastian por perto. - Sebastian, dá um banho de água morna no Castiel. Pode usar sabão neutro. Depois seca e coloca a roupa nele. Eu estou indo pro banho também!

Assim que Dean acabou de se arrumar, encontrou com Castiel também vestido, de cabelos ainda úmidos por ali. Sebastian resmungava baixinho algo sobre não ser obrigado a dar banho e trocar a roupa de marmanjo, mas Dean o ignorou.

— Eu vou sair com o Sam. - o louro avisou ao robô secamente, sem dar muita corda para uma conversa mais longa. Não queria voltar àquele assunto de marido e namorado de novo.

Castiel assentiu, e pareceu conformado, mas Dean sentiu que ele estava triste. Pobrezinho... Campbell suspirou. Será que Castiel pensava estar apaixonado por ele? Eles eram amigos, mas para o androide, sentimentos deviam ser ainda mais confusos do que eram para ele. E Dean já achava os sentimentos humanos suficientemente complicados.


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