Coração de Lata escrita por Lady Padackles


Capítulo 17
Quem insiste sempre alcança




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Aquele era a última noite de Dean no cativeiro. Ou, pelo menos, assim esperava Sam Winchester... Ele já havia conseguido uma boa parte do dinheiro que precisava, mas estava muito nervoso com a necessidade de conseguir todo o restante nas próximas horas. Era de madrugada, e, logicamente, o homem não conseguia pregar o olho. Ele se virava na cama de um lado para o outro de nervosismo e preocupação. Em um ato desesperado, via como única solução vender sua mansão a preço de banana. Ele o faria, se fosse preciso.

Enquanto isso, Dean, com o coração aos pulos, braços e pernas trêmulos, conseguia passar pela janela enquanto Cloette, Sean e Frank o procuravam no quarto. É claro que eles levaram poucos segundos para descobrir que o rapaz havia escapado, e ouviram o barulho de Dean se jogando contra a árvore do lado de fora.

Dean foi descendo pela árvore, o mais depressa que conseguiu – mais escorregando que se segurando de fato. Sabia que os sequestradores não tardariam a ir ao seu encontro. Ouviu o barulho dos três saindo para procurá-lo do lado de fora. Sorte do louro que ainda não tinha amanhecido. Além de tudo, estava chovendo, e a o som do vento e da água caindo ajudavam a camuflar o movimento do sequestrado, que se esgueirava com dificuldade pelo mato alto.

Sean, Frank e Cloette foram direto para perto da janela, por onde Dean tinha fugido. Mas a essa hora o rapaz já tinha conseguido se distanciar um pouco.

— Ele passou pela janela! - Esbravejou Sean.

— Onde esse desgraçado se enfiou? Estava todo machucado... Não pode ter ido muito longe! - reclamou Frank.

Os três criminosos se separaram para procurar, enquanto o ex-mecânico se escondia como podia. Foi um milagre que, nessa situação, ele tenha conseguido chegar até a estrada – uma estradinha de terra bem próxima ao cativeiro, e de pouco movimento. Dean nem mesmo conseguia ficar de pé. Ele engatinhava na chuva e na escuridão, quando um caminhão passou, o viu, e parou.

— Meu Deus! O que aconteceu com você!? - perguntou o motorista, que saltou para socorrê-lo.

O louro tentou murmurar alguma coisa, mas estava cansado demais. Sabia que Cloette, Sean e Frank estariam logo atrás... Era um misto de medo, alívio, ansiedade, e tantas outras emoções que a cabeça de Dean girou e ele perdeu os sentidos.

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Mais tarde naquele mesmo dia, assim que o dia amanheceu, Sam entrou em contato com o banco e a corretora para saber se havia notícia sobre a venda de sua mansão. Precisava de dinheiro vivo, e sabia que era improvável que conseguisse através dos meios convencionais.

— Desculpa, Sr. Winchester. Até tem uma família interessada, mas precisam de um empréstimo...

O moreno desesperou-se. Seu último recurso foi ligar para seus amigos e conhecidos ricos. Seu pai conhecia muita gente, e ele também... Estava vendendo a mansão por menos de um terço do preço que ela valia. Só precisava que pagassem no ato. Era pegar ou largar...

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— Não acredito que aquele desgraçado escapou! - Frank estava furioso. - A culpa foi do Sean, que não amarrou ele direito! - Bufou. Os três já tinham desistido de encontrar o louro.

— Minha não! - defendeu-se o outro bandido, avançando para bater no irmão.

— Parem com isso! - Esbravejou Cloette. - Temos que ser realistas e pensar no que fazer.

— O jeito é olhar os preços de passagem para o México! - sugeriu Sean - Precisamos fugir de qualquer maneira agora... O viadinho vai dar o endereço da nossa casa e fazer nosso retrato falado pra polícia...

Os três concordaram que não era seguro ficar onde estavam... Mas Cloette não aceitou desistir assim do resgate de imediato. Faltavam só algumas horas até o horário agendado para o pagamento. Com sorte, Dean se perderia, não encontraria o caminho de casa, e não avisaria Sam a tempo.

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O caminhoneiro que socorreu Dean chamava-se Luke. Luke, vendo o estado deplorável do rapaz, levou-o imediatamente para o hospital mais próximo. Não sabia o que de tão horrível poderia ter acontecido com o pobre para deixá-lo naquele estado. Em seguida ligou para a polícia, caso estivessem procurando por alguém.

Dean estava sem nenhum documento, pois todos os seus pertences ficaram em poder dos sequestradores. Apesar de ter aparecido algumas vezes nas colunas sociais dos jornais, o louro não era exatamente uma pessoa famosa, e principalmente sujo e abatido como estava, não foi reconhecido por ninguém. Sendo assim, ele foi admitido pelos médicos com o nome de John Doe, ainda desacordado.

Quando o rapaz finalmente tomou consciência, não conseguia formular um pensamento coerente. O esforço que fizera para escapar dos sequestradores fora demasiado para alguém já tão debilitado, e o corpo agora reagia com uma febre tão alta que passava dos 40C.

— Ele está acordando! - avisou uma das enfermeiras. - Pode me dizer o seu nome, rapaz?

— Castiel... - o louro balbuciou, atormentado. Em seus sonhos turbulentos tudo o que via era o robozinho sendo massacrado, atropelado, morto. Ele tentava alcançá-lo, salvá-lo, mas sem nenhum sucesso.

— Fique calmo. Vai ficar tudo bem... - a moça passou a informação para a equipe. O nome do rapaz era Castiel, e ele precisava de cuidados imediatos. Nem pensar em deixar a polícia entrar para fazer perguntas naquele momento.

O louro foi medicado e limpo pela equipe de enfermagem, trocando suas roupas imundas e maltrapilhas por um camisolão do hospital. Recebeu anestesia local para limpar o ferimento da perna, que estava bastante infeccionado, e passou por exames de sangue e raio X. Durante toda a tarde o louro mal permaneceu acordado, e quando o fazia, era em um estado confuso de sedação. Não falava coisa com coisa.

A polícia não encontrou nenhum Castiel desaparecido. Era esperar o rapaz recobrar a consciência para saber mais detalhes sobre ele.

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Sam, por sua vez, passou a tarde toda ligando para os seus contatos, tentando desesperadamente vender a mansão e conseguir o restante da quantia pedida pelos bandidos. O problema era que todos que chegavam a se interessar pelo negócio desistiam ao ouvir que o rapaz precisava de dinheiro vivo, e no mesmo dia.

Ao ver o patrão chorando, Ruana ofereceu seus serviços.

— Deixa comigo, seu Winchester... Pense em um parente rico. Bem rico... Mas tem que ser um homem mais velho... Do tipo que guarda ouro, joias e dólares no cofre de casa.

O homem pensou um pouco e lembrou-se de um primo do pai. Não sabia o que guardava no cofre, mas já tinha idade avançada e bastante dinheiro.

— Então liga pra ele que eu te ajudo.

Sam ligou e colocou no viva voz. Ruana foi instruindo o patrão, que com bastante lábia acabou deixando o tio doidinho para fechar o negócio do século.

Mas uma vez Winchester agradeceu a Deus por ter colocado empregada tão competente dentro de sua mansão – ou ex-mansão. Uma hora antes do horário combinado com os sequestradores, o tal tio passou para assinar os papéis e largou uma grande soma em ouro. Logo em seguida, Sam saiu sozinho – assim como combinado – para entregar uma mala com os 30 milhões de dólares – em dinheiro e ouro – a um morador de rua que estaria em um determinado local de pouco movimento.

Sean foi quem colocou um disfarce e pegou a mala das mãos do homem.

— Onde está o Dean? - perguntou Winchester, desesperado, enquanto deixava toda a sua fortuna nas mãos do sujeito.

— Ele estará com você em breve. Agora suma aqui!

Em seguida Frank e Cloette passaram de carro, e levaram Sean dali, deixando Sam bastante apreensivo. Estariam eles dizendo a verdade? O aperto em seu peito era enorme. Ao mesmo tempo, nutria a esperança de ter Dean em seus braços de novo em breve. Ele tinha feito a sua parte... Por que o sequestradores não haveriam de fazer a deles?

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Dean sentia-se um pouco melhor, e com o tempo a confusão mental foi se dissipando. Onde ele estava? o que tinha acontecido? Estava livre do cativeiro? Ele tinha mesmo conseguido escapar? O rapaz não se lembrava de muita coisa...

— Onde eu estou? - perguntou com a voz fraca para uma das enfermeiras.

— Ahh que bom. Vejo que está se sentindo melhor, Sr. Castiel. Fique tranquilo. Você está no St. David's Medical Center, em Austin.

— Eu não sou Castiel... Me chamo Dean... - respondeu o rapaz.

Então certamente aquele nome tinha sido um equívoco... Então por esse motivo a polícia não conseguira encontrar nenhuma informação sobre ele...

— Você foi encontrado por um caminhoneiro. Depois, quando estiver se sentindo melhor, a polícia vai vir te fazer umas perguntas para entender o que aconteceu. Você tem algum familiar que possamos entrar em contato?

— Sim... Meu marido. Sam...

Dean teve dificuldade, mas se lembrou do número do celular de Sam, e passou-o para a enfermeira.

 

 

Que bom que conseguira fugir, e agora Sam não precisava mais pagar nenhum resgate! Pelo menos isso... Mesmo assim Dean sentia-se angustiado. Cass... Meu Deus... O que ele fizera? Seu amado robozinho agora estava em pedaços. Haveria conserto para ele? Ele precisava falar com Sam... Contar o que aconteceu... Pedir ajuda para consertar seu amado.

O louro então sentiu seu coração disparar ao pensar no Winchester. Ele tinha sido um canalha... Um covarde... Traíra Sam debaixo do seu nariz, dentro de sua casa... Não fora justo com ele, e nem com Castiel. Precisava assumir para todo mundo que estava apaixonado pelo robô, e que iria sim se divorciar do marido para ficar com ele. Não podia mais guardar isso... Nunca mais.

Os olhos de Dean se encheram de lágrimas, e ali, sozinho naquela cama de hospital, sentiu-se o mais solitário de todos os mortais. Sentia que não tinha mais Cass, nem Sam, nem ninguém... E era difícil ser forte quando sentia-se tão fraco e incapaz.

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— Alô! O quê!? - Sam não conteve as lágrimas de emoção quando ligaram do hospital para ele. Seu amor estava vivo! Os bandidos tinham sim cumprido com a palavra e o tinham libertado. Que alívio! Sem demora o rapaz correu para o St. David's Medical Center.

Chegando lá, antes de permitirem que visse o marido, o médico conversou com Sam sobre seu quadro clínico. Dean estava debilitado e com febre devido a um ferimento na perna, bastante infeccionado. Além disso, tinha quebrado duas costelas e apresentava alguns hematomas e arranhões pelo corpo. A polícia já desconfiava de sequestro, e Sam confirmou que o outro estivera sumido por uma semana.

— Então, doutor, ele não tem nada grave, né? Ele vai ficar bem! - Winchester mal podia esperar para abraçar Dean. Ele pouco se importava de estar falido... Dinheiro nenhum pagava o sentimento que invadia o seu peito naquele momento.

— Sim, em pouco tempo ele vai estar como novo - confirmou o médico, deixando que Sam entrasse para finalmente ver o amado.

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Dean estava pálido e abatido, além de visivelmente mais magro. Sam, com os olhos lacrimosos, aproximou-se devagar e tocou seus cabelos com carinho, dando-lhe um beijo na testa, que fez com que o louro abrisse os olhos.

— Sammy... - Dean disse colocando um sorriso fraco nos lábios. Lágrimas pularam de seus olhos quando Sam se abaixou e abraçou-o cheio de carinho e cuidado.

— Dean... Graças a Deus... Eu não te disse, meu amor, que tudo ia ficar bem?

Mas Dean não tinha tanta certeza...

— Sammy... O Cass...? - perguntou o louro com a voz entrecortada.

Sam limpou as lágrimas e sorriu. Depois limpou também as lágrimas que molhavam o rosto do marido.

— Esquece o Castiel, Dean. O que importa é que você está bem...

— Não... Sam... Me conta como ele está! Ele foi resgatado? Ele não pode morrer, Sammy! - o louro falou, sem controlar o choro e o nervosismo.

Ver Dean naquele estado estava partindo o coração do moreno. Ele teve vontade de colocá-lo no colo e protegê-lo de toda dor e trauma que sofrera. Winchester não tinha nem tido tempo para pensar sobre o assunto, mas claramente fora traumático para o louro o modo como fora levado pelos sequestradores, e como vira Castiel se quebrar em mil pedaços... Era óbvio que se sentia culpado.

— Fica calmo, meu amor, ou vão me expulsar daqui... - o moreno sorriu, tentando tranquilizar o outro - Cass está sendo consertado... E nada disso foi culpa sua...


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Notas finais do capítulo

Gente, tem alguém lendo esse história? Eu fiquei séculos sem atualizar, e acho que todo mundo abandonou de vez... Se tiver alguém interessado em saber como isso acaba, por favor me avisa, ou eu devo deletar. É que dá trabalho formatar, postar, etc, e não tem sentido fazer isso se ninguém estiver lendo.



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