Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 2
S01CAP02 - Sand Castle


Notas iniciais do capítulo

E então, segundo capítulo aí, apresentando personagens novos, espero que gostem.



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Seres humanos são criaturas complexas, complicadas demais. Ganham tudo nas mãos, e ainda assim não está bom. Se protegem atrás das suas casas, que para eles são seus castelos e fortalezas, acreditando que seu mundo dentro dessas casas é perfeito e inabalável, mas quando as coisas começam a sair do controle, a verdadeira fragilidade dos seus castelos de areia é revelada.

☆ ☆ ☆ ☆

21 de dezembro de 2023.

Yuri Marques Silva, 31 anos. A secretária observava a ficha do próximo candidato a entrar para a sala de entrevistas. Ana Everett, tinha seu cabelo loiro com mechas pretas amarrado em um coque alto na cabeça preso por uma caneta preta. Usava um blazer preto com pequenas listras brancas horizontais. Uma saia justa e preta descia até um pouco acima do joelho. Nos pés tinha um salto alto de quase dez centímetros preto. Sua meia calça era marrom. O batom vermelho era marcante e contrastava com o azul fraco dos olhos, os óculos repousavam sobre a mesa enorme de madeira, junto com outros papéis e pastas. A mulher aparentava ter vinte e cinco anos. A sala não era muito grande, estava em um prédio alto, de vidro. Era em tons azuis claros, a luz fluorescente clareava a sala e piso branco. As janelas davam vista apenas a imensidão de prédios tão grandes quanto aquele. A sala continha duas saídas, o elevador principal e a escadaria, por onde chegava o próximo candidato.
— Yuri? – Ela chamou colocando os óculos lentamente, e pegando outra caneta para anotar algumas coisas.
— Sim. – Era um homem alto, barba feita, pele levemente bronzeada, o cabelo castanho era curto e raspado dos lados, os olhos eram da mesma cor escura. Usava uma camisa de lã cinza simples e uma calça jeans, sapatos marrons.

Ana iniciou a entrevista com as perguntas padrão, mas ele parecia ser muito igual a todos os outros vinte que passaram pela aquela mesma sala, embora ela enxergasse algumas coisas diferentes nele. Não via a hora da entrevista acabar, era a última do dia e ela finalmente poderia ir para casa. Divorciada a pouco tempo, nada a esperava em casa além da desorganização típica. Para sua surpresa, Yuri fez algo inesperado.

— Você... – Ele parecia um pouco "tímido". – Tem programa pra hoje a noite?
— Não. – Ela disse sem saber direito, fazia um tempo que não saia com ninguém, um dos lados que mais gostava em sua personalidade era ver tudo de uma perspectiva otimista. – Se quiser sair comigo, eu aceito, não fica pior do que está mesmo. – Ela completou mais pra si mesmo que para o homem.
— Tudo bem... Posso estar desempregado, mas tenho algumas reservas. – Yuri falou e deu uma risada baixa.
— Opa, já me interessei. – Ana disse com um certo sarcasmo certamente cômico, embora talvez Yuri não tivesse entendido.
— Então...? – Ele disse sem saber direito as palavras pra usar. Parecia nervoso.
— Sabe aquele restaurante de comida típica que abriu na Leste? Lá pelas oito chego. – Ela disse rapidamente, decidindo as coisas sozinha, ele apenas concordou.

Ela chegou em casa rapidamente, ainda ia a pé para casa, mesmo sabendo dos riscos atuais disso, o mundo estava realmente muito violento ultimamente, em São Paulo sempre foi, então isso não a incomodava mais.

Foram alguns minutos de caminhada acompanhada dos sons típicos da cidade cinzenta, ainda eram cinco da tarde, então o sol conseguia penetrar as nuvens negras de fumaça que flutuavam acima dos prédios, ainda mais que era verão, para sorte dela não estava tão quente assim, nem trinta graus.

Ela chegou em casa e atirou sua bolsa sobre o sofá, sua casa era de um tamanho comum, a desorganização era o que parecia deixar menor. As luzes estavam apagadas, as janelas completamente fechadas. O sofá cor vinho de três lugares encostado na parede tinha algumas pilhas de roupa dobradas. Um tapete marrom com bordados amarelos tinha uma mesinha de vidro com alguns enfeites em cima. Em frente ao sofá, do outro lado uma estante escura com uma enorme televisão nela.

— Mariana? – Ela chamou outra pessoa, e sentou no sofá com as roupas. Esperou um pouco, não houve resposta. – Que peste. – Ana respirou fundo. – Hoje é dia de você sair com seu namorado?! – Ela explodiu num grito de raiva.
— O que foi?! – A resposta veio rapidamente de um dos quartos.

Uma garota com os cabelos desarrumados saiu do quarto, seus cabelos castanhos eram levemente encaracolados, com as pontas loiras. Os olhos azuis tinham uma maquiagem leve por baixo, um fraco lápis preto. Ela usava um short de jeans desbotado e uma regata branca, andava de pés descalços. Sua pele era levemente bronzeada, e ela teria uns quinze anos. Muitos poderiam dizer que ela era filha de Ana, graças a pouca mas visível diferença de idade.

— Olha, querida irmã, não estou mais namorando. Há um tempo. – Ela disse, e puxou uma das cadeiras da cozinha para se sentar. A cozinha era separada da sala por uma meia parede de concreto. Nesta cozinha havia uma pia e mesa de mármore. A pia ficava sobre um conjunto de armários que se estendiam pelas paredes até acima dela com portas pretas. A geladeira e o fogão brancos ficavam ao lado. As cadeiras da mesa eram azuis escuro.

— Sério? Não consegue segurar homem algum. – Ana falou e deu uma gargalhada acompanhada da irmã, que parecia não se importar com seu comentário.
— Depois da segunda vez perde a graça. – Mariana respondeu e riu tão alto quanto a irmã.
— Bom, já que você não segura um... – A mulher deu uma pequena pausa enquanto levantava e pegava a irmã pelo braço. – Me ajuda a achar um. – Ana arrastou a garota para outro quarto em seguida.

☆ ☆ ☆ ☆

— Yuri! – Um garotinho de cabelo castanho escuro e liso gritou ao ver o homem abrir a porta. Seus olhos eram da mesma cor, embora fossem mais claros. Usava uma camiseta marrom e uma bermuda de tactel azul clara. Sua pele era de um moreno meio claro.

Ele estava em frente a uma casa, havia um gramado bem cuidado com alguns vasos de flores coloridos. Uma cerca de metal pintada de branca circundava o perímetro. No meio, do portão até a porta uma trilha de pedras ficava.
— Kauan. – Ele pronunciou o nome do garoto enquanto se abaixava para abraça-lo. Este garoto parecia ter doze anos
— Conseguiu alguma coisa? – Uma mulher abriu a porta e o recebeu. A casa era bem simples de alvenaria, toda rosa fraco. A porta era de madeira escura.
— Consegui um encontro, Sandra. – Yuri falou e deu uma risada desanimada.
— Já é alguma coisa. – A mulher tinha a pele morena. O cabelo preto e encaracolado descia pelas costas, seus olhos eram castanhos. Usava um vestido branco com flores azuis e verdes por todo vestido. Usava uma sandália rosa fraco. Aparentava ter algo por volta dos trinta e cinco anos. – Vai participar da festa hoje?
— Eu pretendo. Trago a garota também. – Ele disse e entrou na casa.

Passaram se duas horas quando Yuri finalmente se despediu do garoto e da mulher. Entrou no seu carro, um Honda preto. Saiu rapidamente e o garoto ficou abanando para ele.

☆☆☆

Não levou muito tempo até eles se encontrarem no restaurante combinado. Era um local bem iluminado a noite, o local tinha luzes vermelhas e azuis. A rua era bem cuidada e movimentada no momento. Eles não chegaram a ficar muito tempo, conversaram sobre assuntos variados e beberam um pouco. Após Yuri pagar a conta eles saíram para caminhar. Era um dos poucos locais da cidade onde era possível caminhar sem perigo. Sem muito perigo.

Ana estava com um vestido azul colado e com renda em baixo. Um salto alto preto. Seu cabelo estava solto e jogado para o lado. Yuri usava uma calça jeans preta, sapatos da mesma cor e outra camisa de lã, essa preta.

— Então você ajuda eles? – Ana perguntou, estava sem bolsa, segurava apenas uma estojo retangular rosa.
— Com o que posso. Temos uma festa lá, se quiser podemos ir ainda hoje.
— Não sei, já são quase onze horas.
— Qual o problema? Vamos, te levo em casa depois. – Ele disse, Ana suspirou fundo antes de concordar. Os dois correram de volta até o carro e pararam na festa.

A festa acontecia no pátio da mulher, a casa estava enfeitada com várias luzes. Pessoas caminhavam para todos lados com copos de bebidas e alimentos, haviam muitas crianças entre eles.

Eles foram recepcionados por Sandra e Kauan que mantiveram os dois entretidos enquanto mostravam a casa para o "casal", como Kauan se referia aos dois. Era sempre seguidos de algumas risadas vindas dos dois.

Já era quase uma hora da noite quando Sandra reuniu todo mundo, disse que tinha coisas importantes para falar, e quando todos se reuniram dentro da casa dela, ela chegou a subir em cima da mesa pra falar.
— Então gente! – Ela chamou a atenção de todos, sua voz estava meio embriagada, mas ela estava sóbria ainda. – Chamei todos aqui pra agradecer a uma pessoa por esse momento, por tornar essa noite possível para a comunidade Silveira! – Sandra gritava e apontava para Yuri, que disse obrigado e sorriu timidamente. O gesto foi seguido de aplausos e gritos de todos.

Ana agradeceu pela noite minutos depois e disse que estaria indo embora, Yuri se ofereceu para levá-la, então saíram até o carro. Os dois saíram a sós, do lado de fora, onde o carro estava estacionado, os sons da festa saiam abafados lá fora.

O que aconteceu em seguida, aconteceu muito rápido, um homem passou correndo e pegou o estojo da mulher de sua mão, Yuri, mais por reflexo colocou o braço em sua frente e o desconhecido se chocou contra o braço rígido do homem, caindo no chão. Assim que caiu bateu com a cabeça no cordão da calçada, com um estalo surdo ele parou inerte no chão.
— O que... – Ana se abaixou, pegou a bolsa e checou o pulso e o pescoço do homem. – Está muito fraco...
— Meu Deus, foi sem querer... Quase. – Ele disse e pegou o celular, discou o número de emergência e informou o endereço.
— Ele... – Antes que terminassem o homem começou a se debater no chão, Ana assustada saltou para trás e levou a mão na boca. – Alguém ajuda aqui! – Ela gritou chamando alguém da casa. A mulher e a criança saíram juntas, acompanhadas de outras pessoas.
— O que aconteceu aqui? – Sandra perguntou enquanto corria até o corpo caído.
— Ele tentou me roubar e o Yuri... – Ana falou, parecia extremamente preocupada com o homem.
— Meu Deus...
— Já chamei a ambulância. – Yuri afastava as pessoas de perto do corpo.

Passaram-se alguns minutos de comoção ao redor do corpo, enquanto esperavam pelo veículo que não chegava, as pessoas rodeavam e sussurravam coisas por todos os lados. Pararam em pouco tempo quando o homem começou a convulsionar novamente, dessa vez o corpo se manteu em movimento após a convulsão. Ele se levantou, sua pele parecia diferente. Seus olhos também. Yuri se aproximou cautelosamente.

— Você está bem?

O homem não respondeu, olhava para todos como um animal e caminhava arrastando seu corpo. Quando ele se atirou por cima de uma mulher e arrancou sua pele com os dentes. O desespero tomou conta de todos enquanto corriam como loucos, Yuri ficou e tirou a criatura de cima da mulher, a mordida foi enorme e sangrava muito no pescoço, provavelmente a mulher não podia ser salva. Ele quase gritou com o homem, mas não teve tempo antes de ser atacado também, dessa vez foi Ana que ajudou, chutando a criatura de cima dele e dando a mão para ajudá-lo.

Os dois correram para dentro do pátio, vendo que não podiam fazer nada a respeito da criatura. A mulher mordida se levantou também, agora estava como ele, exceto pela marca de mordida em carne viva, e o sangue roxo escuro. Ela mal se levantou e se atirou por cima de uma criança, mordendo ela no rosto, a criança se debatia e gritava mas ninguém foi capaz de ajudar, Yuri foi até a porta e se preparou para abri-la, mas Ana o segurou. Seu olhar dizia tudo que ele precisava saber, o garoto estava morto.

A gritaria aumentava com o tempo, enquanto as pessoas se dispersavam, mais e mais eram atacadas enquanto muitos curiosos se aproximavam. A confusão estava tomando proporções enormes.

— O que é aquela merda? – Yuri perguntou, Sandra, Kauan e Ana sentaram ao redor da mesa circular de vidro.

A televisão respondeu a pergunta de Yuri, um apresentador interrompeu a programação que passava com um aviso de emergência. "Todos devem permanecer em casa e evitar contatos com os infectados. O governo está realizando esforços incontáveis para conter o avanço da doença, e a cura estará disponível em breve. Repito, evitem qualquer contato com os infectados." A transmissão encerrou e após três minutos de tela branca deu lugar ao noticiário, as notícias pareciam ser as mesmas de sempre.

O caos fora da casa passou em menos de uma hora, mesmo com sons de tiros, ninguém se arriscou a olhar o que acontecia. Ainda esperaram alguns minutos antes de ver a cena que chocou muitos, mais de dez corpos atirados no chão, Yuri saiu correndo mas foi interrompido por um policial, que não o deixou passar e não se deu ao trabalho de explicar o que aconteceu lá.

Nenhum dos quatro conseguia acreditar no que viam, mas sabiam que aquilo tudo era verdade. Agora só restava seguir o conselho do governo, permanecer em casa, Sandra parecia extremamente preocupada, Yuri não perguntou pois não estava com cabeça para aquilo, só conseguia pensar nas crianças e pessoas mortas naquela rua. Apenas isso, as imagens atormentavam ele enquanto levava Ana de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

E então?
Lembrando, podem mandar suas fichas, sempre bem vindas :v
Até mais.



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