Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 18
S03CAP03 - M


Notas iniciais do capítulo

Capitulo do que eu acho ser o grupo preferido de vocês né :v
Enfim, boa leitura.



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Kwon Jongdae

Onde está Yara? Era a única coisa em que eu conseguia pensar quando a gente se separou durante os acidentes que ocorreram dois dias atrás, mas a preocupação foi sendo deixada de lado assim que percebi que ela poderia sobreviver e que mais alguém a encontraria, juntos acabaríamos nos encontrando. Claro que ainda me preocupo com ela, mas tive que parar de demonstrar isso, temos que relevar um pouco nossos sentimentos no mundo atual. Marina não aceita muito bem isso e ainda está triste pelo que aconteceu, tento consolar ela mas isso não está nos levando a nada, ela continua extremamente quieta e isso não é um bom sinal.

Eu ainda vejo o rosto de Isabela, ainda choro de noite por ela, mas não posso deixar isso tomar conta de mim. É isso que me preocupa sobre Yara. Ela e a mãe eram o mundo uma da outra.

Guilherme continua a pessoa que eu conheci a dois dias atrás, temos uma convivência difícil, ele tem um gênio forte, o que dificulta relações com qualquer um de nós. Exceto com Natalie, ele parece tratar a mulher de um jeito diferente, ele não é rude como é conosco com ela.

Claire é a mais gentil entre nós e está sempre nos animando, seu irmão, Miller, é um pouco fechado e não tem um contato com o resto do grupo, embora ele pareça de certa forma nos proteger, mas eu não consigo realmente acreditar nisso.

Natalie costuma dialogar apenas com Claire, mas tem uma convivência pacifica com todos nós, as principais tarefas são dadas a ela e ela realiza todas facilmente.

Leticia não costuma conversar muito, mas é uma pessoa bem legal também, percebo que ela tem uma característica rara nesses tempos, é justa.

Tudo ocorre bem por enquanto, estamos em uma casa numa das cidades que não foram atacadas, a ocorrência dessas criaturas é pequena, e damos um jeito nas poucas que aparecem por aqui, mas hoje temos um objetivo para o qual nos preparamos mais. Temos que ir ao supermercado no centro, mas a área é completamente infestada pelos monstros, e provavelmente não vai ser nada fácil, mas se estivéssemos esperando alguma coisa fácil estaríamos mortos, não?

Marina, Claire e Leticia não irão com a gente. A amiga de minha filha por um motivo obvio que todos nós conseguimos ver, ela não conseguiria nos ajudar. Claire havia se oferecido para ir mas Miller foi totalmente contra e ela aceitou isso com pouca resistência, pois Natalie foi a favor da decisão dele. Leticia ficou apenas para manter os olhos sobre as duas, visto que era a única das três que usava bem uma arma.

Agora estamos todos na porta da casa simples e comum, os dois carros que nos aguardam estão prontos.

— Boa sorte... – Claire fala pegando a mão de Miller, posso ver um relance de sorriso em seu rosto, mas ele logo se desfaz.  Claire se volta para Natalie, e abraça ela. – Você se cuida também, tá? – Eu diria que ela estava mais preocupada com o necessário, mas com o que anda acontecendo, é quase impossível não se preocupar demais.

Claire e Natalie se olharam por um segundo a mais e alguma coisa estranha pairava no ar entre elas, me arriscaria dizer que é algo mais, mas pra mim não faz diferença. Só não sei o que Miller e Guilherme fariam.

Eu e Natalie entramos em um carro, já os outros dois homens foram em outro e seguimos na direção do local. Felizmente estava um dia de temperatura mais agradável, o clima desse país me assusta as vezes. Então podíamos seguir um pouco mais “confortáveis” hoje.

As ruas estavam em sua maior parte vazias, com exceção de algumas que tinham um ou dois dos mortos. Eu ainda não havia me acostumado a matar aquelas coisas, uma parte de mim se recusava a admitir que não havia mais esperança para eles, mas desde a morte de Isabela eu comecei a ignorar isso e já consigo derrubar eles sem me sentir tão culpado. Por enquanto ignoramos eles, temos um problema bem maior depois.

Em cinco minutos de viagem estávamos na rua quase deserta, o sol estava um pouco acima das nossas cabeças, o que significava que era meio dia, ou próximo disso. Miller saiu do carro com um rifle AWM L11, e só deus sabe onde ele consegue aquelas armas. Natalie tinha um M-14 que provavelmente era de Miller, pois esse tipo de arma é ele que tem. Eu e Guilherme estávamos com facas simples.

O local estava no mesmo estado que dois dias antes, quando viemos visita-lo, as criaturas estavam inativas, pois não havia nada para comerem, mas logo estariam de volta à ativa.

— Vamos. – Eu e Miller vamos entrar pela frente, estou com um carrinho de supermercado e pretendo deixar ele cheio, se tudo der certo, podemos voltar e encher novamente.

A primeira coisa que ouço é um tiro distante, está na hora de começar. Estão atraindo as criaturas para longe, o que aparecer do lado de dentro é nossa responsabilidade. Estava tudo em silencio do lado de dentro e eu acreditei que estávamos seguros. Errei assim que virei um dos corredores e minha mão foi puxada por um deles, meu movimento de defesa foi um reflexo e girei meu outro braço para atingir ele com a faca, acabei rasgando seu rosto, sempre tinha vontade de vomitar, e nas primeiras vezes cheguei a fazer isso, acho que todos nós. Não sei se era pior ver a pele podre se desgrudando de seu rosto ou sentir o cheiro horrível de algo que estava se deteriorando há quatro meses.

Miller deve ter visto a minha expressão, pois com o olhar que deu para mim quando parei com a mão na boca dava para acreditar que ele atiraria em mim pelas costas assim que pudesse.

— Estou bem. – Falei quase sem perceber, mas ele não disse nada.

Segui em frente empurrando o carrinho, dessa vez de volta ao estado de alerta natural. As paredes brancas do mercado estavam amarelas e marrons devido ao tempo sem ninguém estar ali. Assim que saímos dos corredores de entrada, as prateleiras de alimentos estavam a nossa frente, e eu odiei aquele mercado por manter os frios na entrada e arroz e outros básicos logo após a pilha de corpos parados no chão.

— Vamos dar a volta. – Miller apontou com a arma para um dos corredores alternativos, eu e ele nos abaixamos e começamos a nos mover devagar, seria nosso fim se aquelas coisas nos notassem. Natalie e Guilherme estavam fazendo sua parte lá fora mantendo a entrada segura.

Nos arrastamos até um dos corredores que restava, e este estava vazio. De criaturas e alimentos, então entramos por ele e seguimos até o fim, onde viramos.

— E agora? – Perguntei apontando para as criaturas deitadas no chão. Uma delas bateu os dentes num rangido que me deu arrepios. Aquele local estava estranhamente claro, alguma coisa estava no ar e era assustadora.

— Temos que ir até lá. – A voz grave de Miller soou mais assustadora que o comum e quase dei um pulo com o susto, ele deve ter notado alguma coisa em mim, pois parecia estar com nojo. Eu não gostava daquela situação, o perigo que emanava dele era algo que parecia tangível, e não entendi porque acreditava nisso. Ele era uma boa pessoa, um pouco quieto, mas amava a irmã e nos protegeu tantas vezes.

Levantei e deixei o carrinho com ele, com cuidado fiquei a dois metros de criatura e estendi minha mão pegando algumas coisas e levei de volta ao carrinho. Miller estava com a arma apoiada no carro, e mirava para frente. O pensamento dele mirando em minhas costas me deixava inquieto e preocupado.

Na segunda viagem tudo deu certo, do mesmo jeito que a primeira e a terceira, já havíamos enchido o carrinho, então relaxei meu corpo, não via a hora de sair dali.

E assim que virei para trás, as coisas começaram a dar errado, mas não dariam errado por muito tempo.

Narrador

Natalie apoiou a arma no vidro traseiro do carro e assoviou, depois deu um tiro. Estava em seus planos saírem silenciosamente do local, mas isso mudou assim que aquelas coisas começassem a se levantar, então estariam fechando a entrada do mercado em poucos minutos, então seguiram com o plano de desviar os monstros pelo quarteirão.

— Seus filhos da puta desgraçados! – Guilherme gritou e riu ao volante, e começou a buzinar.

— Ei, seu idiota inútil, não é para atrair os errantes da cidade toda! – Natalie disse e teria socado ele se suas mãos não estivessem ocupadas. Tudo estava planejado, o problema seria se alguma criatura aparecesse na frente do carro. Pois onde tem uma, aparecem mais dez.

— Deixa de ser implicante, Nati. – Ele a chamou pelo apelido e viu a irritação da mulher.

— Eu tenho balas sobrando, posso colocar uma em no seu... se continuar assim. – Ela responde sem nem olhar para ele. Mas aponta na direção entre as pernas dele.

As criaturas começam a se levantar e andar na direção do carro que ia a 20 quilômetros por hora. Natalie derrubava os que estavam mais à frente, e em pouco tempo eles eram uma massa única de corpos seguindo o carro.

Em vinte minutos eles estavam acelerando e dando a volta no quarteirão, e estavam voltando para buscar Miller e Kwon.

Miller não percebeu que havia puxado o gatilho da arma e derrubado Kwon no chão, acordado as criaturas que agora comiam o senhor. Ele não ouvia os gritos desesperados do pai de Yara, na verdade ouvia. Mas estava extasiado pelo que fez. Simplesmente se entregou ao seu desejo. Mas ele sabia que Kwon merecia morrer.

— Pelo menos sua morte foi digna... – Ele modificou o tom de piada para um de tristeza. – Meu Deus, ele morreu para nos ajudar! – Ele se permitiu mudar ainda a voz, deixando a num tom de choro. Era um excelente ator.

Acordou de seu transe quando as criaturas terminavam de se banquetear do corpo agora irreconhecível de Kwon e então pegou o carrinho e começou a correr. Largou sua arma sobre os alimentos e avançou mais rápido, os errantes já estavam atrás dele, mas longe.

Assim que saiu pela vidraça quebrada do mercado, Guilherme derrapou o carro na entrada do local.

— Rápido! – Natalie gritou, saiu do carro e apoiou a arma no capo do carro, começando a atirar. Um tiro, um morto derrubado.

Guilherme saiu do carro e terminou de ajudar Miller a colocar as coisas no porta malas.

— Onde está Kwon? – Natalie perguntou sem tirar os olhos da mira da arma.

— Eu tentei ajudar ele... – Miller havia começado seu teatro. Havia já um tempo que não fazia isso, mas mesmo assim iria prosseguir.

— Depois a gente se deprime! Vamos! – Guilherme tirou o último pacote de suprimentos e colocou no carro. Natalie abriu a porta e ligou o carro, Guilherme e Miller entraram em seguida. O carro partiu a cento e vinte por hora. Miller teve uma certa consideração por Guilherme e Natalie, não fizeram nenhuma pergunta sobre nada.

O corpo de Kwon estava estirado no chão e ele abriu os olhos. Não eram seus olhos, eram olhos amarelos. As marcas de mordida e o sangue estavam escuro e pele estava pendurada pela sua bochecha. Do seu estomago caiam pedaços do intestino e ele se arrastava pois suas pernas haviam sido dilaceradas. Um “M” de sangue escuro estava pintado na parede amarelada do mercado.


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Notas finais do capítulo

Espero que a troca de visão não tenha ficado confusa, mas conto com a opinião de vcs sobre isso.
Bem, até mais.



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