Paint escrita por Lukie


Capítulo 1
Capítulo Único - Just a portrait


Notas iniciais do capítulo

Oi oi!
Espero que gostem! ;u;



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~Paint

 

— Mary, onde você está? – o homem alto de cabelos loiros chamou. Deu um sorriso cansado. Sua filha parecia estar brincando de esconde-esconde.

— Bu! – a pequenina exclamou, pulando nas costas de seu pai.

— Ah, te achei! – Guertena riu, pegando-a no colo. – Acabei as pinturas por hoje. Vamos para casa?

— Siim! – Mary sorriu, batendo palminhas com as pequenas mãos.

Os dois caminharam até a saída da imensa galeria, que estava totalmente suja e empoeirada. Estavam reformando-a, para a mais nova exposição de Guertena: “Roses”.

Mary saltitou para fora da galeria, sorrindo e cantarolando. Guertena suspirou.

— Mary, querida, cuidado para não cair, certo? – disse. – Outra coisa: você lembra da minha pintura, não é? Eu tenho que fazer uma pintura sua antes de abrir a exposição!

— Minha..? – a menina perguntou, enquanto seus grandes olhos azuis brilhavam em animação.

— Claro! – o pai riu. Mary deu pulinhos.

— Sim sim sim! – disse, correndo para abraçar o pai. – Minha pintura!

Depois de largá-lo, os dois andaram de volta para casa.

=0=

 

— Paradinha Mary... estou quase lá... – Guertena disse, enquanto desenhava o rosto da pequena loirinha. Essa que estava eufórica.

— Vamos lá papai! – choramingou. – Eu quero ver minha pintura!

— Você vai ver! – o pai riu. – Só preciso acabar seu sorriso e... pronto! Agora é só pintar!

— Yaay! – Mary sorriu, correndo para ver o desenho.

— A propósito, qual sua cor favorita mesmo?

— Azul. Por que?

— Pode ser amarelo?

Mary levou o indicador ao queixo, como se pensasse.

— Aham!

Quando Guertena estava prestes a desenhar uma rosa, os dois ouviram batidas na porta.

— Quem é?

Garry, senhor.

— Ah! Garry! Entre, garoto.

Mary se escondeu atrás do pai, que riu.

Entrou na sala um garoto de cabelos roxos, olhos pretos e pele pálida. Tinha um lindo sorriso plantado nos lábios.

— Senhor, er... uma tal de Rose está lá fora querendo falar com o senhor...

— Primeiro: eu já pedi para não me chamar de senhor, não é Garry? – o pintor riu. – Segundo: Mary, sua mãe chegou!

— Mamãe? – a pequena perguntou, saindo de trás pai. Guertena e Garry riram.

— Mande-a entrar, Garry, por favor.

— Sim senhor-... sim, Weiss. – Garry sorriu, e Guertena piscou.

Mary olhava o garoto curiosa. Achou-o bonito e interessante.

Depois de Garry sair, Guertena sorriu.

— Interessada no meu assistente, filha?

Mary gaguejou.

— C-Claro que não!

Guertena riu, e suspirou ao ver sua mulher entrar no cômodo.

— Bom dia, querida! – ele disse, e a dama sorriu.

— Bom dia! – respondeu, beijando o marido. – Mary!

— Mamãae!

A pequena pulou no pescoço da mãe, que riu.

— Como vai a exposição, amor?

— Vai bem. Acabei a pintura da Mary, e as suas. Daqui a um mês a galeria está pronta, e eu vou poder expor tudo isso!

— Que maravilha! – a mulher sorriu. - Eu vim chamá-los para tomar café.

— Vamooos! – Mary sorriu, puxando o pai pela mão.

— Claro..

E os três subiram para a casa.

=0=

 

— E foi assim que Weiss Guertena criou a pintura de sua filha, Mary.

— Mãe, mãe, a senhora gostaria de ter conhecido essa Mary? Ela parece legal, não é?

A mulher riu, depois dando um suspiro nostálgico.

Olhou fundo nos olhos vermelhos do filho.

— Querido, posso te contar uma história?

— Claro!

Os dois sentaram em um banco, ao lado da escultura de uma rosa vermelha.

— Tempos atrás, havia uma garota. Seu nome era Mary. Ela era feliz com seu pai e sua mãe, era extrovertida e amigável. Um anjo, como dizia seu pai.

“Mas, a pequena Mary tinha uma doença: uma doença cardíaca. Ela poderia ter um ataque a qualquer momento.

“Um dia, enquanto caminhava com seu pai para a galeria dele, a pequena Mary sentiu uma grande dor no coração. Pequenas lágrimas caíam de seu rosto, ela gritava de dor. A hora dela havia chegado.

“Desolado e em pânico, o seu pai resolveu homenageá-la; criou uma pintura para ela, e aprisionou sua alma lá dentro. Assim, poderia parar com o sofrimento dentro de si.

“Passado um tempo, Weiss Guertena morreu. Morreu, deixando o quadro de sua filha pendurado no ateliê. A pequena não achou seu pai na manhã seguinte. E ficou angustiada.

“Os responsáveis pelas obras de Guertena pegaram o quadro e o guardaram, pois seria ‘desnecessário’ por um quadro triste numa exposição como a do pintor.

“Então, Mary foi abandonada num canto do armazém da galeria.

“Mas não era justo; ela havia perdido o pai, e agora havia perdido a casa também. Estava completamente sozinha. Ela não queria solidão.

“Acharam então o quadro ‘Mundo Fabricado’. Um mundo criado por Guertena; um mundo perfeito, louco, onde todos são amigos. Mary queria esse mundo. Um mundo pintado e feliz. Um mundo cheio de amigos.

“Depois de tantos dias sozinha, ela conseguiu. Ela entrou no mundo fabricado. Ela e seu quadro. Estava tudo bem.

“Passaram-se dias, meses, anos. Mary estava feliz, mas faltava algo. Faltava ele.

“Seu pai lhe fazia falta mais que qualquer outra coisa. Ela queria revê-lo. A solidão ainda a abalava.

“Um tempo depois, uma menina entrou na galeria. Era curiosa, queria ver tudo; era sua primeira ver numa galeria. Seu nome era Ib.

“Depois de andar um pouco, a pequena achou um quadro chamado ‘Mundo Fabricado’. Se interessou por ele, e passou a encará-lo. (Preciso acrescentar que ela era muito boa nisso.)

“Mas então, o chão tremeu. Ib, com medo, correu por toda a galeria. Haviam riscos nas paredes, pegadas, sangue. E então, ao parar de correr, leu uma escritura: ‘venha aqui embaixo, Ib. Quero te mostrar algo’.

“O seu medo aumentou, ela correu mais uma vez. E então, achou a pintura especial da galeria; era um enorme peixe, com peixes pequenos atrás. Simplesmente aterrorizante.

“Sem pensar duas vezes, Ib pulou. Pulou no escuro abismo.

“E se encontrou no Mundo Fabricado de Mary.

“As bonecas logo avisaram a loirinha da chegada de Ib. Mary ficou eufórica; ora, eram novos amigos!

“Precisava procurá-la. Precisava apresentá-la ao seu maravilhoso mundo.

“Então, largou os gizes de cera e correu; correu atrás da pequena Ib, correu atrás de sua amizade.

“Ela só não sabia que Ib não estava sozinha.

“Ao encontrá-la, um homem estava ao seu lado. Era alto; era até... bonito. Tinha cabelos roxos e olhos negros, uma pele pálida e sorriso brilhante. Mary conhecia aquele rapaz.

“Garry não reconhecia a pequena, então pensou que era mais uma pessoa presa ali.

“A loira disse que procurava alguém, e Garry sorriu mais uma vez. Os três combinaram sair juntos. Mal sabiam que só dois sairiam.

“Mary era uma pintura; seu destino era mau, era horrível. A pequena não merecia aquilo.

“Depois de tanto tempo juntos, Garry descobriu a verdadeira face de Mary. Descobriu seu segredo. Automaticamente quis afastar Ib da loira.

“Mary não entendia; o que de errado ela fez? Não podia ser feliz também? Não podia ter amigos? Uma raiva pelo de cabelos roxos nasceu em seu coração.

“Mas, que coração? As vozes em sua cabeça diziam. Você é uma pintura. Você não tem coração nem alma. É apenas uma pintura.

“Confusa e angustiada, Mary viu o ódio tomá-la. Sabia o que fazer; Garry! Era só matá-lo! Era fácil.

“Mas tinha Ib. Ib não queria a morte de seus amigos. Queria que os três fugissem juntos. Não podia permitir que Mary matasse seu amigo, quase irmão.

“E Mary continuou sem entender. Pensava que Ib a entendia; que Ib queria seu bem. Mas, ela era igual a Garry, no final.

Me diga: por que você vai com esse homem? perguntou a Ib, enquanto as lágrimas escorriam. É ele seu cavaleiro na armadura brilhante; quem vai se sacrificar por você se puder?

“Ib estava sem resposta. Garry, lentamente, pegava um isqueiro do bolso. Teria que ser do pior jeito possível.

Mas então, me diga, Ib. continuou a loira, Por que ele se parece tanto com aquele que criou a galeria, e minha imagem?

“Garry arqueou uma sobrancelha. Havia conhecido Guertena, mas não se parecia com ele. O isqueiro estava em mãos.

“Mary sorriu, chorando mais ainda. A faca de paleta estava em sua mão. Garry não podia arriscar...

“Mostrou o isqueiro, e o jogou no quadro de Mary. As rosas derreteram junto com a tela, a borda pegou fogo. Mary gritou; um grito de agonia que os arrepiou.

Minhas lágrimas caem, por que isso dói tanto? Eu não fiz nada, então por que me odeia assim?

“Esta lona queimada tornou-se a sua resposta cruel, agora as chamas me consomem lentamente. A menina sorriu, e suspirou pela última vez. Boa noite.

“E então, ela desapareceu, deixando pequenas cinzas no chão. Ib se ajoelhou, sentindo algumas lágrimas escorrerem. Garry se ajoelhou ao seu lado.

“Mas por que teve que ser assim? A pequena Mary só queria ver seu pai novamente. Só queria amigos.

“Mas ela era uma pintura; as pinturas tem o destino tão cruel quanto a de um preso. Ela só teve o azar de sentir tudo.

“Mas ela não deveria sentir.

 “Afinal, Mary era apenas uma pintura. Não tinha alma, não tinha sentimentos. Era uma pintura vazia e má.

“Uma pintura que estava livre pela primeira vez.”

— Wow... tadinha da Mary! – o menino choramingou. Sua mãe riu, triste.

— Sim. Agora vamos, seu pai deve estar nos esperando na recepção.

Os dois se levantaram, e a mulher caminhou até a recepção. Só que seu filho ficou parado, finalmente notando um detalhe.

— Mãe. – chamou.

— Sim?

O garoto sorriu.

— O seu nome é Ib.

A mulher sorriu de volta.

— Sim, meu nome é Ib.

— Você conheceu a Mary?

Ib riu, assentindo.

— E foi a melhor amiga que já tive. Agora vamos.

O pequeno correu até a mãe, e começou a andar até a recepção. Ib olhou para a réplica do quadro de Mary uma última vez.

Até mais, Mary. Espero te ver mais uma vez. — sussurrou. Quando deu as costas, podia jurar que viu a menina no quadro sorrir e acenar.

 

 

Bem-vindo ao seu mundo

Que está mentindo em cinzas

Não há mar ou fogo

Não tem como

Correr agora

Ela só queria

Para ficar com seu pai

Mas a pequena Mary está a derreter

Em seu abismo de solidão



 

 

 

 

 

 

Estou indo... papai!

=0=


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Notas finais do capítulo

E aí? ;33
Espero que tenham gostado!

Sa-yo-na-raa! (~>3<)~*