Em uma longa e solitária rodovia

Oeste de Omaha

Você pode ouvir os motores gemendo uma longa canção

Você pensa sobre a mulher

Ou a garota que conheceu na noite anterior

Mas seus pensamentos logo irão vagar pelo caminho que sempre vão

Quando se está dirigindo a 16 horas

E você não tem muito a fazer e você não se sente afim de dirigir, apenas deseja que a viagem acabe

Aqui estou eu, na estrada de novo

lá vou eu, subir no palco

Aqui vou eu, bancar a estrela novamente

Lá vou eu

Virar a página

Então, você entra nesse restaurante

Colado na estrada

E você sente olhos sobre você

Enquanto você se aquece

Você finge que não te incomoda

Mas quer explodir

— Turn The Page — Metallica

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Ser uma celebridade não é nada fácil.  Você começa como um "nada", e faz de tudo para ter o brilho dos holofotes na sua cara. Se você tem algum talento e consegue conquistar um determinado público, logo surgem pessoas interessadas em te "patrocinar" digamos assim, em te transformar em uma verdadeira estrela. A maioria te usa para depois te jogar fora, mas se você tem algum peso para eles, você vai longe.  Então começa a corrida da fama. Os paparazzi te caçando com suas máquinas fotográficas, repórteres querendo te entrevistar...enfim, ser um astro em ascensão é bom no começo, depois as coisas começam a sair do controle e você tem que fazer de tudo para se manter estável diante dos obstáculos que a vida te joga.  E essa é a minha história, e meu nome é Alicia Meyers.

Então lá estava eu nesse café chamado Benny's Café. Eu sentei em uma mesa do café, e de repente a droga do meu celular tocou. Eu atendi o meu celular colocando-o no ouvido enquanto puxava uma mecha da minha franja para o lado. O engraçado é que o meu ex, o vocalista de uma banda de Heavy Metal que eu realmente não tinha nada com ele, era só um namoro midiático para vender jornais, revistas e tudo o que der dinheiro para a mídia disse uma vez: "Por que você não corta esse cabelo, Alicia?" e a verdade? Eu amo o meu cabelo, eu amo o meu corpo, o que eu sou. Eu não sou como aquelas mulheres oxigenadas que só pensam em plástica, atrás de plástica, botox aqui, botox ali, quem sabe uma prótese de silicone nos seios..."O céu é o limite, se der o dinheiro, por que não?" Eu odeio gente falsa!

— Alô? Alicia? — Porcaria! Era a voz do meu ex.

—Duke? Que diabos você quer? — Duke Madison, meu ex.

— Calma gata. Eu só quero conversar. Só isso — Duke retrucou — Eu sei que você terminou comigo, mas...nós ainda somos amigos, não?

— É claro, querido — eu menti. Confesso que tenho PHD em mentiras.

— Sério? Porque parece o contrário — Duke me contestou.

— Não, idiota! Babaca! — eu xinguei ele.

—Alicia...por que você me trata assim? — Duke falou como um bebê chorão no telefone.

— Vê se cresce, Duke! Você teve a cara de pau de foder com um monte de garotas na nossa casa em Malibu. NO SOFÁ! — Eu frisei.

— Então é isso? Mas, eu já pedi desculpas aquele dia! — Duke rebateu.

— E o que você me disse depois? Que tudo ia ficar bem. Que aquilo não se repetiria. Mas advinha? Era tudo mentira! Porque depois eu fui nesse bar comprar um maço de cigarro, e te peguei aos beijos com outra garota desconhecida.

É, eu estava muito puta com aquilo. E o babaca do meu ex fazia o favor de encher a minha caixa de mensagens no celular com "Me desculpa", "Vamos conversar, Ali", e mais outras mensagens que eu freneticamente apagava, mas era inútil, porque logo vinham mais mensagens dele.

— Ainda tem uma remota chance de você voltar para mim, amor? — Duke disparou.

— Não. Tchau!

Desliguei na cara do meu ex e larguei o celular na mesa. Eu não aguentava olhar para ele.

Foi então que eu enxerguei essa garçonete gostosa que tava de pé ao lado da minha mesa. Ela era loira, olhos azuis, o cabelo cumprido nos ombros, seios maravilhosamente fartos e apalpáveis, vestia uma camiseta com listras brancas e pretas, uma calça jeans azul marinho com rasgos nos joelhos, um tênis cinza e preto, e um avental bordô amarrado na cintura.

— Com licença, é a sua primeira vez aqui? — ela quis saber.

— Sim — eu retruquei irada. Eu sei que não é nada educado tratar as pessoas dessa forma, como minha avó dizia, antes de eu ficar famosa, mas eu estava muito puta com o meu ex.

Eu voltei o olhar para a garçonete e comecei a sentir pena de mim mesma por tratá-la daquele jeito.

— Mil perdões, gata. Eu não quis te ofender — eu me desculpei com ela.

— Está tudo bem. Eu vim aqui ver se você quer beber alguma coisa, comer algo...— ela se explicou.

Essa garota tinha um ar angelical. Ela foi muito simpática e atenciosa comigo.

— Bem, eu...— pigarreei— eu vou querer um late macchiato, e...me prepara um sanduiche de presunto e queijo.

— Tudo bem. Algo mais? — ela quis saber.

— Eu preciso fumar. Você pode me arranjar um maço de cigarro, por favor?

— Claro. Tem alguma marca especial que você queira?

— Normalmente eu fumo um Malboro, mas... me traz qualquer um.

— Claro. E sobre o sanduiche, é para comer aqui ou levar?

Eu fiquei refletindo sobre aquilo.

— Embrulha para viagem.

— Claro. Desculpa eu perguntar, mas...você é famosa?

Não, eu sou uma qualquer em busca de fama. Eu sou muito rica e faço o que eu quiser! Tá, esquece o que eu falei.

— Sim. Mas eu dispensei os "gorilas" hoje. Eu dei um dia de folga para eles — eu olhei para ela.

—Entendo. E qual o seu nome? — a garota quis saber.

— Al...Amanda Milford — menti.

— Prazer. Eu sou Jessica London — ela se apresentou para mim e estendeu a mão.

— Eu apertei a mão dela— Muito prazer.

Eu sorri para ela.

— Você tem namorado, ou algo do tipo?

— EX - namorado, na verdade. Mas, ele é um pé no saco. Ele me manda mensagens o tempo todo...isso é tão irritante.

— Entendo — Jessica me disse.

Então, eu olhei ao redor para ver se não tinha ninguém que pudesse comprometer meu disfarce — Acho que vocês podem assumir que eu sou tipo o 007 — e revelei um segredo para Jessica.

— Posso te contar uma coisa? — eu falei baixinho.

— Claro. O que é?

— Essa vida de artista é um saco. Não queira estar no meu lugar, querida — eu a aconselhei.

— Por que não? Você acha que eu gosto de servir mesas nesse café? — ela rebateu o que eu disse.

—Bem, talvez você esteja certa.

— Vocês celebridades tem o mundo aos seus pés..— Jessica suspirou.

—Não! Não é bem assim, querida. Nós não podemos respirar sem que surja um maldito Paparazzi para tirar uma foto nossa e mandar para aquela revista que vendem nas bancas de jornais e outros lugares por ai.

Eu já estava vendo que aquela conversa estava se prolongando demais e ficando muito chata. Então resolvi encerrar e falar para ela trazer logo o meu pedido.

— Olha, esquece o que eu falei, querida. Só trás o meu pedido, ok?

— Eu já volto.

Então depois de um tempo ela voltou com o meu pedido.

— Aqui está. O seu café, o sanduiche para a viagem e o seu cigarro — Jessica apresentou tudo o que eu tinha pedido na mesa.

— Obrigada — Eu já saquei a minha carteira, peguei algumas notas que eu achei que pagavam o meu pedido e as entreguei para Jessica.

—Obrigada. Mas, você me deu 100 dólares, é muito — Jessica questionou.

—Ah, me desculpa. Quanto é?

—30 dólares —Jessica cobrou — a gorjeta não está inclusa.

— Tudo bem. Aqui está — peguei as notas da mão de Jessica e troquei por notas menores e a paguei.

— Eu já volto com o recibo.

Eu a fiquei esperando. Tomei um pouco do meu café, e pus na mesa. Em seguida eu guardei o maço de cigarro no bolso de trás da minha calça e voltei a tomar o meu café.

Então ela voltou com o recibo e me entregou. Eu assinei e peguei a cópia e coloquei em um dos bolsos da frente da minha calça..

— Muito obrigada.

— Disponha.

Jessica já ia se retirando quando eu intervim.

— Espera, Jessica!

Ela parou e voltou o olhar para mim. Eu fui até ela e falei com ela.

—Olha, Jessica...eu realmente gostei de você. Você tem namorado ou coisa assim? — eu devolvi a pergunta que ela havia feito para mim lá trás.

— Não — ela respondeu jogando um olhar amigável para mim — eu estou solteira.

— Olha, Jessica....posso chamá-la de Jess?

— Tudo bem, Mandy — ela devolveu dizendo o apelido do nome que eu usei.

— Então, Jess...podemos trocar telefones? Eu não sei, quem sabe podemos sair algum dia desses e nos divertirmos juntas, como amiga...eu digo.

Eu não queria ser muito abrupta com Jessica. Eu tentei a amizade para ver como a coisa se desenrolava e...ver se podia rolar "algo mais" além da amizade.

— Tudo bem, Mandy.

Fui até a mesa e peguei o celular, acessei a minha lista de contatos do telefone e editei para adicionar um novo número de telefone. Jessica ditou o número dela e eu gravei no meu celular.

— Certo. Eu te ligo, ai te passo o meu número.

— Tudo bem.

Depois disso, fui para minha casa. Chegando lá, notei que a minha casa parecia tranquila demais. Eu fui até a entrada da minha casa e de repente, alguns paparazzi começaram a tirar fotos de mim. Eles começaram a me clicar e eu tentei expulsá-los da minha propriedade. Mas eles eram insistentes. Corri para a porta dos fundos achando que estaria segura, e encontrei repórteres tentando me entrevistar. Saquei rapidamente a chaves debaixo do tapete perto da porta e abri desesperada, entrei e fechei a porta. Os paparazzi e repórteres se agruparam que nem abelhas atrás da porta clicando com suas câmeras e filmando.

Senti que a casa parecia segura. Fui para o banheiro tomar um banho, depois me vesti e fui dormir. Fiquei com a cabeça nas nuvens apesar do susto e pensei na Jessica. Meu coração palpitou quando a imagem dela surgiu na minha mente e se fixou em meus pensamentos.

Suspirei...