A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 28
A fantasia de carnaval do Rei Midas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, cá estamos nós! Postando em pleno domingo a noite! É o último capítulo de ASDA desse ano, gente! Olha que emoção! Nossa meta é escrever cada vez mais e ter muitos capítulos prontinhos para serem postados, por isso já vamos começar a trabalhar no próximo.
Sem mais delongas, boa leitura!
P.S.: agradecemos enormemente as pessoas que comentaram no capítulo passado. Vocês são muito especiais!



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Apolo

Empurrei os óculos escuros para cima com o dedo e cruzei os braços. Estava cansado. Correção: não ter a posse total dos meus poderes me casava. Eu me sentia como um semideus, um fracote sonolento e com fome. Tudo o que eu queria eram duas fatias de pizza, uma coca e um cochilo. Tudo. Será que é pedir demais?!

Quando eu voltar a ser perfeito, decidi comigo mesmo, vou dar duas fatias de pizza a cada semideus na face da Terra. Será um dia memorável, entrará para o calendário olimpiano como feriado e se chamará Feriado da Pizza do Apolo.

Ah sim. Eu com certeza faria isso.

— Por que está com esse sorriso de babaca, Apolo? – perguntou Ártemis, de cara feia. – Milhares de sátiros e faunos estão enfermos, resultado de uma doença desconhecida e por isso misteriosa que tem como principal característica a disseminação rápida, quase em um piscar de olhos, isso tudo sem sabermos o porquê, e você fica aí rindo com essa cara de paspalho? Por favor, me conte aonde é que está à graça, quero rir também!

Ok. Ártemis estava puta.

— Nada não... – Ajeitei a coluna, ficando com a postura reta na cadeira. – Você sabe, eu amo os sátiros. Realmente amo. E não é só porque matei aquele tal aquela vez... bom, foi uma exceção, porque ele teve a ousadia de me desafiar e você sabe como me sinto sobre isso. Mas fora a ele, eu adoro sátiros! Quer dizer, pergunte ao Oliver, meu sátiro mordomo, ele vai totalmente confirmar isso! Eu sou um amante dessas criat...

— Esse é um assunto sério, Apolo – Atena interrompeu, as sobrancelhas arqueadas de modo apreensivo. – Não é momento para outra de suas diversas brincadeirinhas. E isso vale pra você também, Hermes! – lançou um olhar de ódio na direção do meu irmão, que parou de brincar com o seu caduceu no mesmo instante. – Precisamos descobrir o que está acontecendo. – e com seu ar de sabe tudo acrescentou. – Caso não tenham percebido, a nossa sobrevivência necessita deles!

— Eu sei que é sério – me irritei. – Por que vocês acham que eu não levo nada a sério?

Do outro lado da mesa, Ares soltou uma risada. Sem pensar, peguei um naco de ambrósia e joguei nele. Ele se esquivou, fazendo com que o naco acertasse em Hades. Este respirou fundo.

— Ás vezes acho que teria sido melhor continuar não sendo tão importante a ponto de ter que assistir a essas reuniões.

Mordi os lábios para prender o riso. Sabia que, se risse, ele levantaria da mesa, e meu pai nem ninguém tentaria me proteger de sua fúria. Hades, por sua vez, continuou:

— Quer dizer, é por isso que a minha filha está concorrendo?

Estava pronto pra soltar um grito de protesto (como assim, isso? Eu sou perfeito!) quando Hera berrou.

— Tire esses óculos, moleque! Estou sem paciência hoje.

A vontade de rir passou, e de repente eu só queria revirar os olhos como aqueles semideuses fracos e preguiçosos fazem o tempo todo. Mas obedeci minha madrasta. De repente, todos na mesa me olhavam com certo cansaço, como se estivessem impacientes e eu os fizesse perder a paciência. Todos, exceto por Ares que morria de rir ao lado do tio Poseidon, este sério como os outros. Por que, em nome do raio, ninguém brigava com ele?!

— Desculpe – murmurei.

— Apolo, você é o deus das pragas – disse Atena. – Não tem nenhuma ideia do que pode ser essa doença? – apoiou a mão na cabeça, como se para conter uma enxaqueca impossível de existir.

Respirei fundo e empinei o queixo, pensativo como se estivesse recebendo uma inspiração divina.

— Está claro, muito claro. Não sei como vocês não puderam ver. – E então fiz uma pausa dramática.

Todos os deuses se inclinaram um pouco mais para perto, curiosos. E como eu não disse nada, pois estava saboreando aquela atenção, Ártemis explodiu:

— Fala logo, idiota!

Revirei os olhos.

— Piolhos.

Todos arregalaram os olhos.

— Estamos falando sério aqui, Apolo!

— Pois eu também! - explodi. - Gente, fala sério. Uma doença que se dissemina num piscar de olhos, que tem atingido faunos e sátiros, os seres mais peludos que eu conheço. Só pode ser piolho! Logo vai se espalhar pelos centauros também, vocês vão ver! Eles devem ter pegado de algum semideus piolhento de oito anos. Podem ficar tranquilos, é só uma infestação de piolhos, gente.

E não é que eles ficaram? Aos poucos, todos foram dando de ombros ou se acomodando em seus assentos, por mais que Atena ainda parecesse um pouco desconfortável com a ideia.  Não precisavam se preocupar porque, como deuses, não podiam pegar. Mas será que eu, na minha forma patética, estava protegido?

Hum, pensei, é melhor passar longe de sátiros por uns tempos.

— Passemos ao próximo tópico então – disse Afrodite, empolgada. – E o que mais me interessa: a seleção! Estou louca pra ver essas fotos!

***

Cammy

— Adorei esse vestido – disse Dionne. – Olha, ele ressalta meu busto. – Empinou o peito, em uma clara brincadeira.

Mas era verdade, ele realmente ressaltava o busto dela. Assim como o vestido negro de tiras douradas combinava perfeitamente com o tom de seu cabelo. Me senti incomodada não sei porquê.

— Será que posso ficar com ele depois?

— Também gostei do meu – disse Willow, que usava um azul-celeste com tiras brancas. – Sinto que a qualquer momento posso começar a cantar “Let It Go” e criar os meus próprios escravos de neve!

— Credo, Willow! – se contradizendo, Margot deu uma risadinha. O dela era azul-marinho. O meu, amaldiçoado sejam os deuses, era o pior, todo dourado. Eu queria matar Afrodite. Parecia que eu tinha sido tocada pelo Rei Midas.

— Para de fazer essa cara feia – disse-me ela. – Você tá ótima, Cammy. Só um pouco chamativa... mas ótima.

Revirei os olhos. Pra piorar, tinha uma tiara de louros de ouro na minha cabeça, e até meus cabelos ganharam algumas mechas douradas! Como eu queria matar Afrodite!

— Eu odeio minha mãe – falei. – Sério.

Emily abriu a boca para dizer algo, mas nesse momento uma moça da produção entrou nos instruindo a irmos para os nossos lugares, já que o programa estava prestes a começar. Com uma cara muito emburrada e braços cruzados, encerrei a conversa indo para a minha cadeira.

— Por que até o meu batom tem que ser dourado? – resmunguei para Emmy quando nos sentamos.

— Acho que ela quer que você fique parecida com Apolo.

Arregalei os olhos. Afrodite... sua safada! Isso é trapaça! De repente percebi que eu não estava vestida de pessoa tocada pelo Rei Midas, estava vestida de esposa do Deus Sol. Como uma divindade do sol. E o pior! O terno branco do Apolo combinava perfeitamente com o meu vestuário.

— Mas que...

— ENTRANDO NO AR EM TRÊS, DOIS... FOGO! Olá deuses, semideuses e todos os seres mágicos. Estamos aqui na TV Hefesto e vamos começar falando da Seleção. Logo em seguida, no segundo bloco, teremos as nossas notícias globais e avisos. Mas antes de começarmos... – Hefesto estendeu a mão e uma garrafinha surgiu nela. Ele sorriu, abriu e bebeu um gole, aparentando estar muito feliz com a bebida na mão. – Beba Dolly, a bebida preferida do Olimpo!

Ele piscou um olho para a câmera, enquanto um assistente de palco levantava uma plaquinha escrita “aplausos” e a plateia aplaudia.

— Agora, sem mais delongas, vamos falar sobre a Seleção. Recentemente, essas garotas aqui fizeram uma sessão de fotos com o nosso garanhão – um refletor se acendeu sobre Apolo, que estava sentado num divã. Ele sorriu sedutor. – Vamos vê-las?

Seguiu-se uma sucessão de fotos no telão, sendo que Hefesto parava para comentar cada uma delas. A de Emmy foi a primeira. De início ela apareceu toda imponente em seu vestido grego, parecendo uma deusa de verdade. Depois, de palhaça... com Apolo também de palhaço. Os narizes dos dois encostavam, a boca num sorriso gigante e falso. A plateia fez um “owwwn”, já eu caí na risada. Emmy me bateu discretamente.

Não prestei muita atenção nas outras fotos, estava mais ocupada em brincar com o abajur pendurado em minha orelha. As que mais me chamaram atenção foram as das minhas amigas. Willow estava de princesa encantada, Margot de astronauta. A minha favorita foi a de Dionne, que estava de filme de terror, coberta de sangue e com cara de medo enquanto Apolo segurava uma serra elétrica e apontava para ela com cara de maníaco. A foto ficou tão perfeita. Por que ele não escolheu esse tema comigo? Eu teria gostado! Eles pareciam um casal excêntrico e divertido, como eu e Apolo jamais seriamos. Talvez ele devesse escolher Dionne. Ela certamente fica bem com ele, combina com ele. Combina muito mais do que... muito mais do que eu.

Estava perdida em meio a esses pensamentos quando um refletor se acendeu sobre mim. Pisquei, incomodada.

— Uau, quanto... ouro! – exclamou Hefesto. – Parece uma divindade solar!

Pisquei mais algumas vezes. A luz realmente estava forte. Vi, no divã, Apolo de olhos arregalados, me olhando de cima a baixo.

— Hum – fiz para Hefesto. – Obrigada... eu acho.

— Vamos às fotos – disse ele, com um olhar gentil. Devia ter percebido que eu estava sem jeito, que aquilo era obra de Afrodite. – Que lindos, vocês.

Na telona, Apolo usava uma túnica grega branca como mármore. Ele estava lindo e segurava uma lira. Sobre sua cabeça, uma coroa de louros dourados. Seu outro braço contornava minha cintura, eu com meu vestido grego e cor de pêssego. Eu estava bonita, é verdade. Mas isso já era uma característica normal dos filhos de Afrodite. Dionne, por outro lado, parecia esplendorosa por ser... ela. Atrás de nós, o palácio de Apolo se erguia, imponente e belo. Por um momento achei que parecíamos os donos daquele castelo, então a foto mudou para eu e Apolo na praia. Ele do lado de uma prancha de surf, só de bermuda e óculos escuros, mostrando seu belo corpo escultural. Eu, ao seu lado, num retrô rosa de bolinhas. Não sei como, mas parecíamos um casal de novela.

A plateia fez um “owwwnnn” ainda mais sonoro. Do outro lado do palco, Apolo sorriu para mim, e eu me permiti dar um sorriso de canto em resposta, embora ainda estivesse puta com ele por ter me feito usar aquela coisa minúscula.

Na foto seguinte, eu estava sentado no capô de seu carro, mão em seu peito em um claro sinal de advertência e rosto emburrado. Apolo por sua vez aparentava ter acabado de sair do mar, todo molhado e com um sorriso enorme, segurando a prancha de um lado enquanto tentava avançar em minha direção. Parecíamos o típico casalzinho popular, onde a garota recusava um abraço do namorado por medo de se molhar ou algo do tipo. Em outras palavras, parecíamos aquilo com que todas as garotas sonhavam: um tórrido e apaixonado romance adolescente.

Esse pensamento só saiu de minha cabeça dias depois.

Por fim, felizmente, as fotos terminaram e esperamos uns minutos para a finalização de votos.

— Os resultados chegaram – disse Hefesto, olhando para seu tablete com capinha da Dolly. – Em terceiro lugar, temos Tai Swift! – aplausos se seguirão, e sua foto voltou a ser reproduzida no telão. A Selecionada se levantou de seu assento e deu pulinhos com as mãos apertadas contra o peito. – Em segundo, Dionne.

Mesmo sem muita vontade, aplaudi junto com as selecionadas e a plateia. Dionne é legal e eu gosto dela, pensei. Por que é que me sinto assim então?

— Agora, em primeiro lugar... A vencedora é...

Em algum lugar do estúdio, rufaram-se tambores invisíveis. Meu coração deu um salto. Nem quero ganhar esse prêmio idiota mesmo... Não quero que as pessoas me digam que eu combino com Apolo. Eca!

— Camille!

Não consegui me levantar. Só fiquei ouvindo os aplausos, estática. Que meeeerda!

— Parece que ela veio vestida para receber o prêmio, hein... – disse Hefesto, fazendo graça, se aproximando de mim e estendendo a mão. Confusa, aceitei, e ele me conduziu até o meio do palco. – Pronta pra receber seu prêmio?

As minhas fotos com Apolo se multiplicavam no telão, como se fosse um gif. Pisquei, irritada com aquela luz forte do refletor na minha cara. Hefesto estalou o dedo e um cesto apareceu em meus braços. Dentro, um urso enorme do Dollynho, um porta-retrato com a foto minha e do Apolo e um monte de garrafinhas Dolly.

— Hã... obrigada – falei, encarando o urso. Que tipo de prêmio era aquele?

— O que achou do seu prêmio? – Hefesto sorria.

— Maneirão... – por todos os males, soltei a primeira coisa que me veio à cabeça.

Ele riu, e sua risada reverberou pelo estúdio inteiro, me arrepiando.

— Pode voltar pro seu lugar agora, querida. Agora, vamos anunciar a nova etapa de A Seleção – ele ia caminhando pelo palco enquanto falava, e eu me sentava de volta em meu assento acolchoado. Percebi que Dionne e a Tai seguravam, cada uma, uma garrafinha de Dolly. – Vocês acharam que pra ganhar esse concurso e ser esposa do Apolo era necessário apenas ser bonita?

Sim.

— Pois eu digo que NÃO. Vocês não se tornarão apenas esposa de Apolo. Se tornarão imortais, deusas. Por isso, o nosso critério é muito maior. Como disse meu tio Hades, a garota que ganhar essa seleção vai estar em todas as futuras festas de família. Nós iremos conviver com ela pela eternidade. Então ela tem que ser, no mínimo, interessante.

Interessante pra qual dos deuses? Olhei para Emmy, e ela me devolveu o olhar, enquanto começávamos a agarrar nossas mãos discretamente. Não estávamos gostando daquilo.

— Por isso, a próxima etapa será uma gincana que testará os seus conhecimentos sobre nós, os olimpianos! Vamos por a prova o que vocês aprenderam no Acampamento, meninas, porque quem ganhar vai ter um encontro com Apolo e as cinco últimas que marcarem menos pontos irão embora! HAHAHAHA! Embora! — gritou.

Opa, pera aí... Essa é a minha chance. Eu posso me auto sabotar! É a minha chance de ir embora desse lugar!

— Ai caraca – abri um sorrisão. – Finalmente!


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Notas finais do capítulo

Olá! O que achou do capítulo? Gostou? Que bom! Nós temos uma perguntinha pra você. Sim, você aí do outro lado da telinha. Conhece alguma música que acha que combina com a Camille e o Apolo? Se sim, qual? Diga aí nos comentários que estamos super interessadas em encontrar uma! Ou várias... hahahaha! Nos vemos nos coments 



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