Uma, duas e três, paixões de uma vez escrita por Yennefer de V


Capítulo 1
Todos os três de Dominique




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Dominique tinha três. Tudo em sua vida era três e ela não sabia separar mais o primeiro do segundo do terceiro.

Ela sabia três expressões ou palavrões (não importa a categoria) oportunamente ofensivos para todos os tipos de situações: “sangue-ruim” (que obviamente ela não usava), “maldição” (que ela usava bastante) e “você fede igual Severo Snape!” (que ela falava ocasionalmente, mas ninguém entendia). Dominique achou que a última expressão seria genial para ofender os colegas de Hogwarts já que foi seu tio Jorge (o gênio do bom humor!) que a ensinou. Só que, segundo Lysander, a expressão estava ultrapassada.

Ela também era a filha do meio de um trio de descendentes do casal Fleur e Gui Weasley.

Dominique tinha três apelidos não-autorais, porque ela odiava apelidos. Dominique adorava seu nome e qualquer um que a chamasse por aqueles diminutivos horrendos: Minnie, Nique ou Domy estava propenso a ganhar uma ofensa (“você fede igual Severo Snape!”) ou algumas de suas três azarações preferidas: Conjunctivitis (que dava uma espécie de conjuntivite), Densaugeo (que fazia os dentes da vítima crescerem loucamente) e Destruccio (que quebrava o nariz). Todas essas azarações marcavam o rosto do pobre desavisado que as levava e era isso que Dominique gostava mais, para que o idiota se lembrasse de não importuná-la com besteiras.

Por conseqüência desse comportamento dito agressivo (ela preferia chamar de autodefesa ou “colocando os infelizes em seus respectivos lugares”) três era seu número recorde de detenções por mês. E trinta era o máximo de pontos que ela já tinha perdido para a Corvinal de uma vez só (algo relacionado a uma briga com Tiago Potter).

Dominique também tinha seus ídolos bruxos e o número era exato: três. Ela adorava a história de Helena Ravenclaw, mas não pela bruxa ter furtado o diadema da própria mãe. Ela amava Helena por ela ter fugido do seu dever de se casar com o Barão, que mais tarde se provou um maníaco assassino. Dominique tinha a opinião de que era melhor ter morrido mesmo, do que passar anos ao lado de um marido abusivo e opressor (ainda mais em uma época sem divórcio).

O segundo nome de sua lista era Amelia Bones, conhecida na época de Voldemort por ter sido “uma das melhores bruxas de todos os tempos”. Havia boatos de que o próprio Voldemort a havia assassinado. Dominique interpretou que um bruxo das trevas obcecado em matar seu tio Harry não ia simplesmente sair de casa para matar uma bruxa qualquer. Além disso, Dominique sabia que Amelia Bones tinha um cargo importantíssimo no Ministério da Magia (chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia) e era extremamente justa em seus julgamentos, passando por cima de qualquer um, até do Ministro da Magia, se fosse preciso.

A última era Andrômeda Tonks. Ela foi uma bruxa que se casou com um trouxa mesmo sendo sangue-puro e nem se importou quando a família preconceituosa simplesmente cortou contato com ela. Andrômeda foi uma sonserina na Ordem da Fênix e era irmã mais nova da desvairada Belatriz Lestrange, uma das maiores Comensais da Morte. Mesmo assim, Andrômeda foi torturada e não abriu a boca sobre informações sigilosas.

 O número três era tudo na vida de Dominique. Ela tinha três frases que repetia assiduamente:

— Nós não estamos namorando (para justificar quando sumia das pessoas que beijava temporariamente).

— Ah não. Outro Berrador (cada vez que a carta com a assinatura de um dos pais chegava à mesa do café-da-manhã).

— TOMA ESSE BALAÇO NA CARA! (cada vez que estava empolgada num jogo de quadribol em sua posição de batedora)

Um, dois e três. Ela via o número por todos os lugares, pessoas, situações, sentimentos, objetos e lembranças.

Seus três objetos mágicos preferidos eram a Penseira, pra dar “descarga” em todas as lembranças ridículas que era obrigada a assistir na vida, não voluntariamente. Em segundo lugar vinham os balaços, que ela amava rebater no rosto de jogadores desavisados. Por último eram as capas da invisibilidade, que ela infelizmente nunca tinha tido. Seu amor pelo último item se devia à possibilidade de sumir de cena quando a conversa estava chata, quando a aula estava chata, quando a detenção estava chata, quando a reunião de família estava chata, quando a prova estava chata, quando tudo estava chato e simplesmente desaparecer. Ela sabia que ia se apaixonar quando aprendesse aparatação.

Os três feitiços preferidos de Dominique eram (e ela se esforçou para aprender todos eles de forma magistral): Accio (quando ela estava com preguiça), Sonorus (para ampliar sua voz em uma discussão) e Tergeo (para fazer uma limpeza decente rapidamente).

Três não era o número que a deixava passar sem conseqüências.

Ela podia denominar até três invenções trouxas que ela mais gostava (apresentadas por seu avô Sr. Weasley): fones de ouvido (para nenhuma pessoa ser obrigada a ouvir o péssimo gosto musical da outra), canetas (que tinham a mesma utilidade de penas para escrever sem tanto trabalho ou sujeira com o tinteiro) e montanhas-russas (ela adorava ir ao Gringotes com seus pais).

 As suas pessoas preferidas no mundo eram o Lys, seu melhor amigo na Corvinal, sua tia Hermione, que tinha uma ótima ideologia (apesar de ser casada com o não tão agradável tio Ron) e seu pai Gui.

Dominique não era supersticiosa. Seu problema não era o número três estar em sua vida o tempo todo. Ela achava que combinava bastante com sua personalidade excêntrica. Ela era tão pouco supersticiosa que achava Adivinhação a matéria mais inútil já inventada. Junto com Astronomia e Aritmância (que era uma matéria que não a enganava. Os alunos que se consideravam inteligentes faziam Aritmância cheios de si por parecer uma “matéria difícil”, mas ela sabia que era literalmente “prever o futuro com números e numerologia”, ou seja, Adivinhação com números). Suas matérias preferidas eram Defesa Contra as Artes das Trevas, Transfiguração e Poções.

O caso é que seus quinze anos chegaram. E junto com eles ela percebeu estar interessada em (claro!) três pessoas ao mesmo tempo.

Tiago Sirius Potter estava na Grifinória e era dois anos mais velho. Era artilheiro e tinha sido promovido a capitão do time. Ela o considerava uma espécie de inimigo (apesar de achar uma palavra forte para uma birra juvenil). Ela e Tiago berravam pelos corredores, se atracavam em jogos de quadribol desde o segundo ano dela e duelavam sempre que era necessária uma dose maior de demonstração de poder.

Só que, estranhamente, desde que a Corvinal tinha ganhado o primeiro jogo da temporada contra a Sonserina, Tiago Potter estava... Simpático?!

Na festa de Halloween ele tinha a elogiado, dizendo que ela era uma “ótima batedora com princípios inabaláveis” bem alto. Num passeio para Hogsmeade, ela estava bebendo cerveja amanteigada com Lys, discutindo sobre a possibilidade de “ver um animal morrer e conseguir enxergar um Testrálio, ao invés de ter que ver alguém morto”, quando Tiago Potter sorriu para ela.

Então, ela fez o teste final, o teste do número três, para ter certeza. Ela levou sua câmera fotográfica para um treino da Grifinória e começou a tirar fotos aleatoriamente. Normalmente, a velha versão neurótica de Tiago Potter teria começado a berrar lá de cima e só teria parado quando ambos já estivessem ofendidos ou azarados.

Não foi assim.

— Ei! – Tiago chamou.

Dominique suspirou alto, se preparando para uma sessão de troca de insultos ou ter que pegar uma detenção.

A vassoura dele pousou ao seu lado tranquilamente.

— O que é que você esta fazendo?! – perguntou Tiago em seu tom insolente.

— Tirando fotos. – Dominique explicou sonsamente.

— É treino da Grifinória. – ele argumentou. – Parece que você está espionando.

(Dominique estava abismada com a recente calma dele).

— Estou tirando fotos aleatórias. Tirando a poeira da câmera.

— Pode fazer isso mais pra lá Dominique? – pediu ele. – Precisamos realmente nos concentrar.

Dominique soube que algo estava errado quando ele não usou um de seus apelidos horríveis. Ela concordou e saiu um pouco zonza do estádio.

Sua segunda recente paixão era mais clichê. Lys era seu companheiro desde que o Chapéu Seletor decidiu ignorar o sobrenome de sua família e a colocou na Corvinal.

Lysander Scamander e Dominique tinham muitas coisas em comum e muitas contrariedades também. Lysander era um amigo extremamente pacífico, transparente, sincero e seguro de si. Na verdade, a agressividade iminente de Dominique não o incomodava. Sua fúria por liberdade, por quebrar as regras, por justiça e debates lhe eram altamente interessantes. Além da mania de Dominique de ter projetos aleatórios e geralmente perigosos por puro tédio.

O problema é que Dominique passou a enxergar nele algo mais do que amizade. Começou a prestar atenção em como a boca dele era cheia. Em como seus cachos se armavam lindamente mesmo sem serem penteados. Em como o abraço dele (“de amigo”) era quentinho e confortável. Como ela gostava quando Lys lhe explicava Trato de Criaturas Mágicas, lendas e histórias antigas bruxas (ele tinha mais conhecimento que o professor Binns).

Passou a sonhar que eles se beijavam embaixo de um visgo ridículo que nascia do diadema da estátua de Rowena Ravenclaw no Salão Comunal.

Sua cabeça já entraria em parafuso com essas duas paixonites, quando ela percebeu a terceira, soube que o número três estava a assombrando.

Lily Luna Potter era a irmã caçula de Tiago Potter (isso por si só já atrapalhava tudo).  Ela estava no quarto ano da Grifinória. Provavelmente Dominique nem teria dado tanta bola pra ela no meio de tantos Potters, Weasleys, Scamanders e tantos outros veteranos e novatos.

Só que Lily fez questão de ser notada nas férias de julho, quando Dominique estava visitando Lysander.

Ambos estavam no quarto circular do jovem, se enchendo de doces e debatendo a-melhor-forma-de-voar-disponível-no-mundo-bruxo (Dominique apostava nas vassouras, Lysander preferia a ideia de um pégaso) quando Lily abriu a porta vinda com um Lorcan a reboque.

— Oh. – ela exclamou como se jamais tivesse visto dois seres humanos na vida. – Quarto errado.

Ela estava com muitas e muitas versões d’O Pasquim no colo. E a exemplo de Dominique, também era melhor amiga do outro gêmeo.

Ao invés de dar meia volta e deixá-los em paz, Lily decidiu entrar na discussão. Lorcan, que também era (na opinião de Dominique) um poço de inconveniência, se intrometeu junto. Lysander não pareceu incomodado.

Meia hora depois estavam em um debate acalorado.

— O Bufador de Chifre Enrugado tem as costas mais macias e peludas do que qualquer outro animal. E ele praticamente flutua. É claro que ele é a melhor opção. – opinou Lily.

Só que nunca foi provado que existem.— esganiçou Dominique pela décima vez.

— Nossos pais estão trabalhando nisso. – prometeu Lorcan.

— Além do mais eles são como camas voadoras. – continuou Lily. – Vassouras são muito desconfortáveis.

— São ágeis. – decidiu Dominique.

— Tapetes mágicos são confortáveis e ágeis. – Lysander argumentou.

— Você gosta de pégasos. Estão extintos há décadas. – Dominique rebateu.

— Se você quer agilidade e conforto tente as carruagens de Hogwarts. – Lily não desistia. – Só que eu não sei se a carruagem em si conta ou se são os Testrálios.

A discussão seguiu até a hora do jantar. Ninguém definiu qual era o melhor meio de transporte voador, mas Dominique teve que aceitar que a caçula dos Potter era teimosa e tinha bons argumentos.

E foi assim que aos quinze anos Dominique conseguiu três paixões. E não resolvia qual das três era realmente uma boa escolha para ter sua primeira relação duradoura.

E como na vida de Dominique era tudo um, dois e três, ela decidiu testar três vezes. Três vezes ela ia traçar alguma forma de descobrir por quem ela estava mais apaixonada.

Afinal... Eram três paixões de uma vez.


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Notas finais do capítulo

Hey õ/ Fazia tempo que eu não tinha tanto trabalho com uma fanfic, então espero que tenha ficado boa. Também fazia tempo que eu não investia em algo mais comédia, acho que só fiz isso em três fanfics na vida ...
Quem me acompanha sabe que eu tenho pavor a escrever comédia por motivos pessoais :p
Espero que gostem e comentem :)



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