Cosmos escrita por Sapphire


Capítulo 14
Capítulo 13 - Amor Incondicional


Notas iniciais do capítulo

Oii.. Depois de 2 meses apareci. Desculpem. Não era a minha intenção. Juro.
É que apareceu uma série... eu fiquei com vontade ai comecei a assistir q nem uma louca. Menor de um mes devorei 5 temporadas de 23 episodios cada.
Tentei postar cap. novo no meu aniversario, de novo a serie falou mais alto. Ai apareceu um curso q meu trabalho pedia, e fui la e fiz.. e tinha q estudar para prova...
depois foi surgindo compromissos e eu nao sou de ferro né? >.Ai depois juntou a preguiça, mas nao foi falta de inspiração não. Juro.
Mas para aflorar criatividade é bom fazer outras coisas...
enfim.. chega de falar...
Desfrutem da leitura e nao esqueçam de comentar *.*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696582/chapter/14

Abril de 1991.

— Meu vestido está amassado? – Paola girou para que Richard verificasse sua roupa.

Haviam acabado de fazer amor na sala do escritório da mansão.  Para os dois jovens, não era muito difícil estarem se atracando a qualquer cômoda da casa.

O local era muito bem iluminado, com prateleiras de livros que iam até o teto, um sofá de couro marrom, uma mesa de mogno e uma grande cadeira majestosa atrás da mesma. Enormes janelas se encontravam atrás que trazia muita luz ao ambiente. As cortinas estavam abertas e o céu estava limpo, sem sinal de chuva.

O aspecto era de um lugar calmo, serio, mas aconchegante.

Os dois pombinhos haviam voltado algumas semanas atrás da segunda lua de mel para comemorar o primeiro aniversário de casamento. O matrimonio ia de vento em poupa. E o lugar que Paola mais queria ir era Paris e assim seu desejo havia se realizado. Haviam passado muito rápido da ultima vez que foram lá alguns meses atrás, agora seria o momento perfeito para aproveitar o país mais romântico que existia.

E de lá foram até a Alemanha passear pela fazenda Listing.

Era claro que Esther e Paola se odiavam. Mas para agradar ao marido, fingia tudo bem, e até tentava sorrir para a “Sogra”.

Richard estava certo que cada dia mais amava aquela mulher, e Paola mal via as coisas que fazia quando estava diante do seu marido. Embora muito devagar e imperceptível o sentimento crescia dentro dela.

— Porque não tira ele de novo e depois pensa em se preocupar em se arrumar? – Um olhar travesso brilhava em sua íris.

Richard mantinha uma feição maliciosa por trás do sorriso. E rosto angelical que na maioria das vezes encantava.

Paola gargalhou enquanto arrumava a alça colocando no lugar certo, em seguida pegou o sobretudo para vestir abotoando.

Era difícil não se derreter sem seus braços. Ele possuía uma sexy appeal alta, difícil ter sangue frio, quando o sexo era tão gostoso.

— Richard, você precisa trabalhar e eu vou no medico daqui a pouco. – Disse terminando de fechar o casaco pegando a bolsa, indo dar um beijo no marido.

— Por falar em médico... – Ele sentou-se atrás da sua mesa enquanto a olhava. – Já pensou no que conversamos outro dia?

— O que conversamos outro dia? – Paola juntou as sobrancelhas tentando lembrar de algum assunto na qual tocaram em um curto período de tempo.

A verdade que muitas coisas que eram desinteressantes ela procurava eliminar rápido. Possuía uma memória seletiva, guardava apenas aquilo que lhe interessava. E geralmente assuntos do trabalho do marido era algo que não lhe interessava nenhum pouco.

— É querida. – Olhou profundamente, esperando que ela lembrasse de algo que parecia muito importante – Sobre termos um bebe.

O corpo dela por uma fração de segundo enrijeceu. Lembrara que há uma semana conversaram sobre ter um filho, mas logo em seguida procurou esquecer, porque pensou que Richard talvez esquecesse também ou mudaria de ideia.

Mas estava claro que aquilo não aconteceria.

— Não acha que está muito cedo para isso? – Abaixou um pouco para pegar a bolsa que estava no sofá e tentar esconder um revirar de olhos do marido.

— Na verdade não. Você sabe como eu quero um filho nosso. Um herdeiro. Um ser pequeno correndo pela casa chamando a gente de papai e mamãe, fazendo barulho e bagunça. Eu já estou começando a achar essa casa grande demais só para nós dois. Quero aumentar a família.

Ela suspirou pesado. Paola agora retocava a maquiagem enquanto ouvia pela milésima vez sobre terem um filho. Estava claro que ele não esqueceria daquele assunto tão cedo, e ela odiava crianças, ainda mais porque choravam, babavam, faziam sujeira na fralda e eram mal-educadas, em outras palavras, birrentas. Fora que estragaria seu perfeito corpo.

Crianças a segurariam dentro de casa e Paola amava a liberdade, mesmo casada tinha a liberdade de sair onde queria, viajar e sexo a vontade com o marido por todo canto da casa.

— Talvez esteja cedo meu amor, essa casa é gigante sim e lá em cima tem dois quartos esperando seus donos. Mas acha que estamos prontos para sermos pais, Richard?

— Não existe isso, meu amor. A gente aprende com a prática. Estamos bem estabilizados, essa casa enorme, temos disponibilidade para cuidar de um filho. Estamos jovens e saudáveis. É o momento certo.

Estava convicto com todas as suas forças que era o momento. Ele não desistiria até ouvir a palavra sim.

— Olha, eu prometo tentar, mas se demorar a acontecer, não é culpa minha, amor. – Acariciou o rosto dele.

Jamais engravidaria. Iria evitar a todo custo usando todos os métodos contraceptivo e mentiria que estava tentando. Até inventaria se possível que era infértil.

— Eu nunca te pedi nada e você sabe, e isso é a única coisa que te peço agora. Um filho. Eu sei que você é vaidosa com seu corpo, mas te darei todos os recursos para que volte a sua forma física, caso você achar necessário após o parto.

— Não é o meu corpo agora, Richard.... Eu tenho medo pelo bebe. – Mentiu – Eu vou tentar. Eu só estou com um pouco de medo. Mas vou fazer isso para você. Eu juro que vou tentar. Não é você, sou eu. Eu sei que já é um bom pai, mesmo sem um filho.

Levantou da cadeira e aproximou-se da esposa fazendo carinho em seu ventre, com os olhos cheios de amor.

— Porque tem medo? – Sua expressão mostrava complacência.

Ela colocou a mão em cima da dele segurando.

— De te decepcionar. – Olhou para cima, sustentando o olhar.

Quase se praguejou por estar mentindo daquela forma para aqueles olhos cheios de amor que a fitavam. A última coisa que queria era lhe causar dor.

— Em que me decepcionaria? Sei que será uma ótima mãe.

Se Paola pudesse rir diante daquilo.... Sabia que Jamais seria uma ótima mãe, e também nem fazia muita questão disso.

— Eu não levo muito jeito, amor.

— Você vai aprender.... Quando ver a carinha do nosso filho, vai ver que todos os instintos falarão mais alto.

— E quando ele chorar eu vou me desesperar e então não lembrarei de nada e do que fazer. – Suspirou – E se eu fizer tudo errado?

— Você está se esquecendo que eu estou com você. Seremos pais de primeira viagem e tentaremos fazer com que isso dê certo. O que será novo para você será novo para mim também, Paola. Temos amor de sobra e isso que importará.

Acariciou o rosto delicado e em seguida selou os lábios com o dela.

— Você está pronto para me ajudar a passarmos para próxima fase? – Afastou-se antes que o beijo a embriagasse.

— Estarei sempre aqui para te ajudar. Vamos estar nisso junto. – Beijou a testa dela com carinho e fazendo carinho no rosto dela entre suas mãos.

— Pedirei os exames para ver se estou saudável para o que nos espera.

Richard sorriu a abraçando forte e a afastando devagar pelos ombros.

— Obrigado meu amor. Você é um anjo em minha vida. – Ele inclinou lhe dando um selinho atrás do outro. – Prometo que essa experiencia valerá a pena para nós.

— Sei que valerá – Ela o abraçou para disfarçar o desgosto. – Mais que só a pena... – fechou a cara por trás.

— Eu te amo. – Ele sorriu fechando os olhos sentindo ela.

— Bom... – Ela se afastou indo pegar a bolsa novamente, voltando a compostura de antes. – Agora eu tenho a minha consulta. Você tem que ir para o escritório, você tem reunião. Voltarei dentro de algumas horas.

Ela o beijou limpando o batom dos lábios dele.

Com um sorriso, Richard observou pela janela sua esposa se afastar com o carro.

Paola disparou porta a fora entrando em seu carro indo diretamente ao hospital particular fazer seus exames costumeiro. A verdade era que estava fazendo um check-up cedo demais, não havia feito nem seis meses desde a ultima visita ao medico.

Mas alguns dias estava sentindo enjoos e fadiga. Sentira que seu corpo mudou, o crescimento das mamas e a cintura alargou, fazendo seus vestidos apertarem. Ela não poderia estar engordando. Iria entrar em um regime com nutricionista e exercícios com personal trainer.

— Bom, aqui estamos senhora Listing – O médico dizia com os resultados dos exames em mãos enquanto se ajeitava na cadeira do consultório atrás da sua mesinha.

Paola sentou de frente para o médico com sua bolsa apoiada em suas pernas. O Clinico folheou a enorme quantidade de papeis, que mostraria seus resultados.

— Metabolismo perfeito.... Glicose também.... – Olhou para a paciente a frente. – A senhora está perfeitamente bem. Uma saúde de ferro.

— Bem, então como me explica o fato que estou engordando e fadigada também? Fora meus seios que estão aumentando e doloridos.... – Ela o encarou querendo uma explicação rápida.

— Isso é perfeitamente normal no estado que a senhora está.... – Agora ele estava tentando ser cauteloso e manter a mais calma do mundo.

— Como assim o estado que eu estou? – Ela se irritara. E isso o médico pôde notar.

Mas isso ele já sabia também. Naquelas ocasiões, as mulheres poderiam mudar rapidamente o humor.

O médico colocou as mãos com os dedos cruzados sobre a mesa e encarou Paola profundamente, manteve o silencio alguns segundos para lhe dar a notícia.

— A senhora está gravida.

Como assim grávida?

O choque foi tão grande que não conseguira dizer nada. Como ela não mostrara reação, o medico continuou.

— É completamente normal que na primeira gravidez a mulher não note. O corpo demora a se ajustar ao novo papel.

Paola naquelas últimas semanas pensou que poderia ser problemas de saúde, nunca imaginaria que um bebe estaria causando tudo aquilo nela. Afinal de contas, tomava o máximo de cuidado durante a relação sexual.

Mas olhando ali os resultados não dava para negar que todos os indícios apontavam para uma gravidez. O corpo estava mudando.

Ela apertou os olhos por alguns segundos respirando fundo. Conversou por breves minutos com o médico para perguntar qual procedimento daria dali para a frente, como pré-natal.

Paola voltou para casa dirigindo totalmente atordoada. Desde que saiu do consultório médico, não tinha forças para nada. A cabeça ficara totalmente aérea, que por pouco não batera o carro no transito. Queria chegar em casa e cortar o pênis do seu marido com uma faca de cozinha.

— Como ele pôde fazer isso comigo? – Falava sozinha dentro do carro, apertando o volante com força, deixando os nós dos dedos brancos.

Queria chorar de raiva.

Ela havia se cuidado tanto para evitar uma gravidez, fizera de tudo para evitar o momento, mas parecia que nada havia adiantado. Estava ali.... Esperando seu primeiro filho. Uma criança crescia dentro dela.

— Você vai estragar meu corpo. – Falou com a própria barriga revoltada.

Paola estacionou em frente de casa de forma brusca e entrou em casa de cabeça abaixada enquanto a trancava, mal notara as suas flores preferidas no vaso bem no centro da entrada.

Richard ouviu o barulho do carro estacionando em frente, e mais do que depressa largou os óculos em cima da mesa e levantou.

A mente vagava que não notara quando seu marido estava em pé atrás de si, esperando respostas. Estava destruída com os exames na mão. Quem olhasse para sua cara, pensaria que recebera uma notícia de uma doença muito grave.

— Mierda. – Xingou em espanhol.

— Então meu amor? Como foi lá?

Ela soltou um grito virando para ele rapidamente. Os olhos estavam arregalados e a mão no peito. Estava branca como um papel.

— Hey... Sou eu.... Fique calma.

— Richard? O que está fazendo aqui? Não deveria estar na reunião? – Falava muito rápido.

— Eu estava ansioso demais e preocupado demais. – Ele a beijou nos lábios – Está tudo bem? Você parece assustada – Ele pegou em sua mão guiando, sentindo a temperatura – Nossa, suas mãos estão um gelo. – Você realmente está bem Paola?

Ela o encarou sem falar nada.

— Oh, meu amor, que cara é essa? O que o médico disse, tudo bem com a sua saúde? – Agora a voz começava a desesperar.

— Não precisamos tentar um filho... – Já que não conseguiria explicar, a única coisa era falar de uma vez.

— Como assim? – Ele se assustou sentando com ela no sofá da sala. – O que ele disse? Paola diga alguma coisa, pelo amor de Deus.

Ela ainda o encarava assustada, não querendo acreditar na nova realidade.

— Eu já estou gravida. – Contou esperando vir a reação.

Richard precisou de alguns segundos para processar a notícia, o mundo a sua volta parou. Parecia que tudo aconteceu em longos minutos. O cérebro teve que processar uma cena da esposa com uma criança no colo para poder abrir um largo sorriso iluminando seu rosto.

— Como é que é? – Sua expressão era boba, mas ainda adorável – Eu.. Eu.. Eu vou ser pa.pai?

Paola olhou minuciosamente cada expressão que ele fez. Seus olhos vagaram entre os olhos até o sorriso do homem mais lindo que já vira na vida. Suspirou forte para não chorar de raiva, por outro lado achou a felicidade dele divina, se segurou para não o beijar e morder. Nunca o vira tão feliz desde o casamento, mas agora era uma felicidade diferente.

— Vai sim. – Respondeu.

— AAH, meu amor. – Levantou e passou a mão nos cabelos puxando para trás sorrindo de orelha a orelha, andando entusiasmado de um lado para o outro eufórico, e depois voltou para ela com os olhos levemente marejados. – Você me faz o homem mais feliz do mundo todo.

Ele a puxou para si, para que ela levantasse e a abraçou girando e tirando do chão.

— Eu vou ser pai. – Ele gritou rodopiando com ela no colo. – Helga.... Ela nem vai acreditar, eu vou ligar para os meus tios. Vão enlouquecer também.

Ele falava sem parar empolgado sem saber para quem avisar. Se pudesse jogar essa notícia no jornal, com certeza faria.

A ficha ainda estava caindo. Saiu correndo indo até a governanta, contando a novidade. – HELGA, EU VOU SER PAI.

A senhora que aparentava ter por volta dos 38 anos por um fio de cabelo quase cortara o dedo picando os legumes para a janta.  O susto havia sido grande e ela o encarava atônita. Ele ignorou completamente o susto dela e pegou a jovem senhora pela cintura e começou a dançar.

— E eu vou ser mãe – Paola sussurrou choramingando e cerrando os dentes de raiva apertando os olhos para não deixar a lagrima de ódio escorrer.

Helga o cumprimentou mostrando estar feliz também. Nunca tivera filhos, e ia amar paparicar um novo membro daquela casa. Afinal amava Richard como um filho.

Richard voltou correndo para a sala e beijou a esposa. Estava corado pelo entusiasmo.

— Minha linda, você verá. Nós seremos muito mais felizes do que somos com esse bebê.

— Eu estou com medo. – Olhou para ele.

Ela queria dizer que estava com medo do processo de mudança de corpo, do parto e de tudo em volta da criança.

— Sentir medo e receio faz parte, mas nós conseguiremos.

— Promete? Me promete que vai cuidar dele ou dela? – Suplicou.

— Como assim? – Olhou confuso – Nós cuidaremos meu amor.

— Mas vai me ajudar muito, vai me ajudar em tudo?

 - Claro que vou linda. Sempre. Estamos nessa juntos. Vou ama-lo como eu já te amo, o protegerei e cuidarei dele sempre.

Ela o abraçou se controlando para não chorar, mas uma lagrima escorreu dos olhos que ela logo limpou com a costa da mão, antes que borrasse a maquiagem ou ele notasse.

— Não me deixa sozinha.

Ele a apertou para conforta-la e mostrar que estava ali.

— Nunca, estarei sempre aqui. – Ele a soltou – Ah, já estava me esquecendo. – Ele a levou a entrada da casa e mostrou as rosas. – Comprei para te dar. Parece que acertei.

Paola sorriu e fechou os olhos para cheirar as flores. Adorava rosas vermelhas, eram lindas. Era impossível ficar zangada, quando Richard a mimava.

Depois de algum tempo que Paola se acalmou puderam conversar com calma. Estava em frente ao espelho de lingerie olhando o corpo de perfil, uma pequena saliência que mal dava para perceber estava ali.

— O que foi?

— Estou pensando que daqui uns meses minha barriga vai estar enorme, meus seios também e caídos.

— Para de falar isso, querida. Você vai continuar linda mesmo depois dos 100 anos. – Ele a abraçou colocando o queixo no ombro dela.

Os dos ficaram em silencio por alguns segundos se olhando no espelho.

— Gostaria de ter o mesmo otimismo e segurança que você.

— Está com medo de não dar conta do recado e é só isso. Vai dar tudo certo, coração. – Ele acariciou o ventre dela e em seguida ficou de frente a ela beijando a barriga.

Paola acariciou os cabelos negros dele fechando os olhos. O beijo esquentou no local e um formigamento espalhou pelo seu corpo.

Queria ficar com raiva do marido, mas era impossível, ele era tão bom e carinhoso que pensava que o mínimo era dar de presente a ele essa criança que ele tanto queria. No fundo ela sabia que ele merecia isso e muito mais.

A cabeça voou para longe. De fato, ter um filho talvez não fosse ruim, um herdeiro tornaria as coisas muito mais fácil para ela. Uma segurança financeira.

A mente se dividia entre a segurança econômica e o carinho dele.  Ela balançou a cabeça e olhou para baixo vendo o marido ajoelhado a sua frente fazendo carinho em sua barriga.

— Melhor irmos dormir. – Ela foi em direção ao closet pegando uma camisola vermelha e vestiu.

Cada dia se via mais envolvida aquele sentimento. Era difícil repelir os beijos, os carinhos os mimos, e até na hora de fazerem amor.

Até em um momento como aquele, onde carregaria um filho deles dois juntos. Em sua cabeça dizia que era ótimo se segurar com um herdeiro, mas a cabeça dava apenas desculpa para o que o coração sentia.

Paola deitou em baixo do edredom apagando o abajur do seu lado e sendo pega de surpresa pelos braços quente do marido que a acolheu para junto de si dormindo de conchinha.

De manhã, Paola acordara com ânsia no primeiro sinal de perfume do marido que saia do banho enrolado com toalha na cintura. Ela correu para o banheiro despejar o que lhe incomodava. Fazia vários dias que se sentia assim, porem agora naquela altura do campeonato sabia o porquê. As coisas não estavam sendo fácil, era difícil acreditar que corpo não era só dela mais em particular.

Uma vida crescia ali dentro.

E que não podia controlar certas coisas no corpo, como a fadiga. Adorava malhar e se cuidar, mas agora estava cansada, sentia sono demais.

— Está tudo bem? – Ele aproximou da esposa que lavava a boca na pia do banheiro, fazendo uma careta

— Até quando? – Ela perguntou com a voz exausta de acordar todas manhas daquele jeito.

— Segundo os livros e os médicos, até o terceiro mês. Entrando no quarto, os enjoos acabam e vem os desejos.

Richard já possuía uma pilha de livros para pais de primeira viagem ao lado da cama. E lia todos com atenção.

— Eu não vou ter desejos, isso engorda. – Fez uma careta em frente ao enorme espelho diante da pia.

Richard jogou a cabeça para trás rindo e beijou o ombro da mulher.

— Vaidosa como sempre. Torça para que seus desejos sejam frutas, então.

— Eu vou tomar meu banho para irmos fazer o primeiro exame de ultrassom.

— Tudo bem, vou me vestir e lhe esperar para o café da manhã.

Mais uma batalha travava entre ela e o estomago a mesa de refeição pela manhã. Somente na terceira tentativa é que a comida havia se assentado. Se alimentar estava sendo um desafio, e quando as coisas melhorariam é quando a barriga despontaria a crescer. Era mais fácil tentar aceitar a nova realidade.

A primeira consulta e ultrassom aconteceu logo após o café da manhã. Paola estava deitada na cama medica enquanto ele ligava o aparelho de ultrassom e passava o gel sobre sua barriga. Ela contraiu um pouco pelo liquido gelado.

Richard sorria segurando a mão da esposa. Estava ansioso e animado para ver o primeiro sinal do bebe. Paola mordia o lábio ansiosa olhando para o aparelho. Assim que o primeiro borrão apareceu na tela evidenciando a pequena vidinha que estava se formando ali os olhos dos dois pais de primeira viagem focaram para tela.

O coração pulsava forte e rápido.

— É o coração? – Perguntou Richard.

— Isso mesmo Sr. Listing. – Respondeu o obstetra. – Bate rápido, mas é completamente normal.

— Amor, é o nosso pequeno... – Ele segurou na mão da Paola beijando. Ele chorava limpando os olhos, sem a vergonha de demonstrar o sentimento.

Paola sorriu diante da visão do pequeno monitor medico que mostrava seu filho. Um sentimento surgiu diante do ser minúsculo, vivendo dentro de si. Ela limpou rapidamente lagrimas que escorreram preocupando-se para não borrar a maquiagem e principalmente de demonstrar algum sentimento na frente dos dois homens.

— Quando poderemos saber o sexo? – Ela perguntou ao médico sem tirar os olhos do ultrassom admirada que um pedacinho dela estava ali, crescendo.

— Está na 7 semana, Sra Listing. Poderemos ver completamente bem no fim do primeiro trimestre.

Paola concordou com a cabeça. Estava encantada com aquele mundo novo e olhava o marido com as expressões de felicidade. Estava feliz de poder ver que alguém se regozijava com tudo. Mal percebendo que ela mesma também amava.

Por insistência, levaram para casa uma foto do ultrassom e vídeo. Paola perdeu as contas de quantas vezes ficou olhando a fotinho do seu bebe.

 

 

7 Meses de Gravidez.

Com 7 meses, a barriga já havia despontado, estava enorme, formando uma bolinha redonda, perfeita e lisa. Paola parara em frente a uma loja infantil com roupas para bebes. Naquela altura já sabia que esperava um menino. Não sabia se agradecia ou xingava. Não sabia lidar com garotos, e não iria brincar de luta e futebol, com certeza. Por outro lado, se fosse uma menina estaria na cola dela, pois meninas e mães dividem coisas em comum, as pequenas gostam de imitar aquelas que um dia já a amamentaram. Vestidos, maquiagem e sapatos. E a verdade que Paola também não saberia lidar com essa atenção, pois são mais delicadas e teria que viver de atenção para sua filha 24 horas por dia.

Era uma situação difícil para ela mesma.

Ainda assim nos últimos meses tentou dar um pouco de atenção ao ocorrido, não tinha mais o que fazer. Quando o médico lhe deu a notícia, chegou a pensar em um aborto, mas aquilo era ilegal, poderia colocar a sua vida em risco, e um herdeiro não seria nada mal. Aquilo afirmava em sua cabeça que não passaria dificuldades financeiras nunca mais.

Mas após alguns meses se preocupava como lidaria com um filho, se preocupava aos mínimos detalhes com a saúde do bebe. E abominava a ideia de uma morte precoce com ele.

No mês passado ela e o Richard montaram o quarto por completo. Fizera questão de o quarto ser em tom de azul marinho, vermelho e branco com decorações espalhadas de bonecos da guarda real britânica. Almofadas em azul e vermelho com bandeiras da Inglaterra sutilmente decorando o ambiente... O quarto possuía personalidade em cores fortes. Nada de tons claros de azul bebe e o berço era em sua cor favorita. Vermelho.

No final das compras acabou por levar quase a loja inteira. O quarto infantil possuía roupa até a idade de dois anos.

Paola gostava também de pedir a estilistas famosos de Milão e Paris para confeccionar roupas exclusivas de gestante para ela e para o bebe. Se inspirava no guarda roupa do Príncipe Willian para o próprio filho e chegara a falar com os estilistas da família real, tanto para ela quanto para o bebe.

Assim que chegou em casa com as mãos cheias de sacola, deu de cara com o marido no corredor saindo da cozinha. Quando Richard a viu, parou no meio do corredor com uma mão segurando um copo de suco e na outra um sanduiche.

— Compras de novo? – Ele já sabia o quão viciada em compras ela poderia ser. Já não era uma novidade.

— E não foi para mim dessa vez. Foi para nosso filho.

— Estou vendo.... Comprou a loja inteira, dessa vez. Sabia que crianças crescem rápido? Para ele usar tudo o que já tem, vai ter que fazer uma troca de 3 roupas por dia. – Gracejou com ela.

Richard deixou o pequeno lanche na mesinha do corredor e foi ajudá-la a guardar as compras no quarto do bebe, antes de descer para os dois conversarem e aproveitarem o tempo juntos. O cantinho do bebe, havia virado o canto preferido dele.

Era o canto preferido da loira também, mas isso ela jamais admitiria.

— Estou exausta. – Reclamou ofegante e indo para a sala de tv.

— O médico disse para evitar saltos, sabia disso, Sra. Teimosa Listing?

— Impossível, esse medico não entende nada do que é preciso para uma mulher ficar bonita, e eu gravida enorme desse jeito está sendo uma tarefa impossível, se eu parar de usar saltos, vou parecer essas mulheres donas de casa, feias, descabeladas e fora de moda.

— Você não tem jeito, amor. – Ele a puxou para o sofá beijando a enorme barriga dela sorrindo ao sentir o filho se mexer.

Ela riu. Aquele gesto do bebe sempre a fazia sentir cocegas e o espirito mais leve.

— Ele está te cumprimentando.

— Ele é lindo – Richard aproximou mais da barriga. – Hei, filho. Se estiver me escutando, dá um chute na mão do papai.

— Ele não sabe nem onde sua mão está.

O bebe fez um leve movimento, formando um calombo com o pé na barriga da Paola onde a mão do Richard se encontrava.

Um sorriso bobo brotou nos lábios de ambos os pais orgulhosos.

— Viu só? – Richard olhou para ela que possuía brilho nos olhos. Ele ria como um pai coruja. – Acho que vai ter uma boa pontaria.

— Ele vai poder jogar futebol com você e te derrotar. – Brincou.

— Eu vou ensinar a ele tudo o que eu sei. E não me importo de perder para meu filho. Torço para que um dia me supere em suas conquistas e seja melhor pessoa. Me deixaria orgulhoso.

Paola Gargalhou. Era engraçado em como Richard podia ser o melhor pai do mundo mesmo antes de ser um.

— Nossa, que responsabilidade, hein filho. – Ela falou com a barriga.

— Não vou cobrar nada, só que seja ele mesmo e seja muito feliz.

Paola sorriu com doçura diante da confissão do seu marido. Ela acariciou a bochecha do Richard involuntariamente. Quando se deu conta do que fazia, arregalou os olhos na hora retirando a mão e colocando em baixo da barriga.

O olhar dele foi diretamente na mão da esposa, o que acionou o alerta na mente do moreno.

— O que foi? Está sentindo alguma dor aí?

— Não meu amor. Não é nada. Foi involuntário.

Respirou aliviado.

A verdade que Paola ficava surpresa em como estava ficando frequente o carinho por ele. Se apegar ao Richard era a última coisa que pensara. Pensou que o coração estava fechado desde a última experiencia, mas parecia cada vez mais difícil não se derreter diante de tanto amor e doçura em uma pessoa.

— Já pensou nos nomes? – Agora ele havia a trazido a realidade, afugentando dos próprios pensamentos.

— Nomes? – Perguntou como se fosse algo totalmente estranho.

Havia esquecido completamente de que um bebe precisava de nome.

— É meu amor. Ele precisa de um nome.

— Mas não preciso pensar em nomes, agora.

— Como não precisa?

Paola revirou os olhos rindo para ele enquanto se aproximava para lhe roubar um beijo.

— Vamos falar disso depois. Queria ver um filme abraçadinha com você.

— Só comigo? – O moreno sorriu repousando a mão sobre o barrigão da esposa. – Creio que de agora em diante nunca será só você e eu.

— E não vai. – Ela piscou – Mas ele ainda vai onde eu for e eu não preciso ficar chamando seu bobinho.

Richard gargalhou.

— Agora você me pegou.

— Olha só, eu achei uma falha no meu senhor perfeito.

— Você sabe que eu não sou perfeito.

Richard se sentia desconfortável quando ela falava daquele jeito. Ele a amava tanto que se sentia pouco diante da mulher que amava.

É verdade que buscava ser a melhor pessoa para ela e para qualquer um. Sua humildade não o deixava enxergar que embora fosse imperfeito, ainda assim era um homem maravilhoso de se ter como marido, filho e amigo.

— Você é perfeito para mim.

— Perfeito é o nosso meninão que logo vai chegar. Eu mal consigo descrever essa perfeição.

— Escutou né filho? – Ela olhou para própria barriga fazendo carinho nela, que foi correspondida com uma leve movimentação. – Vou deixar ele escolher o filme.

Richard pegou algumas fitas alugadas de filmes que estavam sobre a estante da tv. Uma vez por semana pelo menos o casal fazia uma sessão de cinema. Aproveitar a companhia um do outro, sem trabalho, sem sexo, sem viagens ou saídas para ir dançar. Um programa caseiro também podia ser prazeroso.

— Tem os filmes esqueceram de mim e uma linda mulher. Qual vai ser? – Ele leu os dois títulos.

— Eu estou louca para ver uma linda mulher, mas seu filho chutou quando você disse o filme do Macaulay Culkin.

— Boa, filhão! – Richard Vibrou – Não estava mesmo querendo ver o filme com a Julia Roberts. – Brincou piscando.

— Hei. – Paola protestou, não acreditando que ele dissera aquilo.

Porem Richard apenas gargalhou.

— Coloca o filme amor para me fazer massagem. – Ela hesitou por uns segundos antes. - Você vai fazer, não é? – Ela o olhou com carinha pidona.

Richard virou para ela após terminar de dar o play no filme assim que encaixou a fita no vídeo cassete.

— Vou sim, senhorita mimada.

— Ah, e pega o creme? Eu espero você voltar. – Respondeu pegando o controle da mão dele em seguida mandando beijos.

— Eu já volto minha manhosa. – Subiu as escadas de dois em dois degraus indo buscar o creme favorito da esposa em cima da penteadeira, e saiu passando em frente ao quarto do filho. Não pôde deixar de evitar a entrar.

Realmente era seu lugar preferido da casa inteira. Era a milésima vez que admirava aquele aconchegante quartinho em vermelho e azul. Decorado com as cores preferidas dos dois e soldadinhos ingleses.

Mesmo jovem, sempre teve vontade de ter sua própria família. Enquanto garotos de 14 anos queriam ser jogadores de futebol, astronautas ou veterinários. Seu desejo era ter uma grande família.

Nunca conhecera seus pais, nunca teve irmãos, e nas noites de natais era algo que lhe fazia muita falta.

Não soube quanto tempo demorou ali, até escutar Paola chamar por ele.

— Richard, vem logo. Minha perna está doendo. – Ela gritou levantando para ir até a escada ver ele. – E eu quero beijinhos.

Uma paz invadiu o coração dele, olhou cada detalhe do quarto antes de fecha-lo e descer as escadas pegando sua esposa no colo de surpresa para levar de volta a sala de tv.

— Não deveria ter levantado. – Ele fincou as sobrancelhas preocupado.

— Valeu a pena não foi? – Ela acariciou o rosto do marido. – Gosto do colo do meu marido – Deixou a cabeça em seu ombro e sorriu sentindo o aroma do perfume amadeirado.

 

 

A reta final da gravidez havia chegado. Ambos estavam apreensivos porque a bolsa poderia romper a qualquer hora. Mas o pai de primeira viagem estava ansioso também.

— Richard, me ajuda a levantar da banheira? Minhas costas estão doendo.

De imediato ele levantou da cadeira pegando a toalha e roupão vermelho. Jogou no ombro e foi até a esposa segurando-a por trás ajudando a levantar pelos braços, cobrindo com a toalha.

— Ai, calma, devagar. – Se ajustou ficando em pé com ajuda. – Agora me ajuda a passar pela banheira. – Ela esperou.

— Segura no meu ombro, amor. – Ele a segurou com firmeza levantando no colo tirando a de lá, deixando sobre o tapete felpudo branco em frente a banheira. E a cobriu com o roupão. – Esse menino está ficando pesado. Logo, Logo vai nascer.

— Pesado? Antes fosse só isso, algumas semanas ele estava agitado, mas agora parece que ele está mais quieto. – Encarou o marido – Sem contar as dores no lombar.... Agora enxuga minha perna, por favor, cariño? – Fechou o roupão entregando a toalha para que ele a enxugasse.

— Está preocupada por ele estar quieto?

— Claro que estou. O médico disse que com a data do parto se aproximando, os bebes se aquietam mais e...

No exato momento um liquido escorreu pelas pernas na qual havia acabo de secar.

— O que fez aí Richard? – Tentou sem sucesso olhar, a barriga enorme cobria a visão.

No mesmo instante, o moreno olhou para cima e para baixo enquanto estava abaixado enxugando os pés da mulher. E viu a poça de agua que molhou o tapete.

Os olhos se arregalaram na mesma hora. O dia tão aguardado havia finalmente chegado.

— Amor... – Levantou em um segundo, olhando dentro dos seus olhos assustado. – A bolsa estourou.

Paola já possuía olhos grandes, mas naquele momento eles se arregalaram como bolas de tênis.

— O que?! – A respiração prendeu assustada pelo súbito choque da notícia.

— A gente tem que ir para o hospital. – Ele correu para fora do banheiro desesperado pegando as roupas da Paola no closet e trazendo para o banheiro e ajudando a esposa se vestir. – Vem cá, Linda. Senta e deixa eu te ajudar.

— Assim? Sem creme? Para o médico falar: Nossa que pele ressacada! – Imitou a voz do médico enquanto o marido ajudava a pôr a roupa nela.

Até em um momento importante e que exigia preocupação, Paola não colocava sua vaidade de lado. Richard estava acostumado a dar a ela esses mimos, mas agora não era o momento certo, ele pensou.

— Querida, não dá tempo para isso.

— Tudo bem, mas quando chegarmos a maternidade, você passa. – Olhou para ele – Você vai passar, não é?

O olhar penetrante dela não lhe deixava escolha.

— Vou, amor, eu vou. – Naquela altura do campeonato, ele concordaria com qualquer coisa somente para ela não dificultar ainda mais. – Agora vou pegar o enxoval – Ajudou-a a levantar após ela vestir as roupas.

— Vou para o carro. – Avisou indo em direção a escada andando devagar, para o desespero do pai de primeira viagem que mal sabia o que fazer.

— Não amor, espera. – Correu para pegar a mala do filho no quarto e o enxoval da esposa junto correndo para ajudar a mulher enquanto enfiava de um jeito desastrado a câmera filmadora na mala. – Está tudo aqui.

Richard estava nervoso e atrapalhado, não sabia como segurar tudo de uma vez e ainda ajudar a Paola a descer as escadas

Ela segurou na mão do marido e logo sentiu uma leve contração atingir. Isso fez a segurar ainda mais forte na mão dele para que ele soubesse mais do que nunca que o bebe estava a caminho.

— Já estamos indo, querida. Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Ele a confortou passando o braço pela cintura dela descendo as escadas e ajudando descer bem devagar. – Com cuidado... – Nada poderia dar errado.

Paola não pôde evitar um sorriso de canto. Ela passou braço em torno do pescoço dele e desceu mais rápido do que o marido.

— Não precisa ser tão devagar, cariño. Richard... Nosso filho... – Sorriu – Ele está chegando.

— Só estou tomando cuidado com vocês para que fiquem bem.

Não se contendo ela o abraçou e deu uns beijos.

— Vamos para o hospital.

 

20 de Novembro de 1991

Richard abraçava Paola pelos ombros segurando em sua mão ajudando a dar forças para empurrar.

— Só mais um pouco...

Não existia algo mais desconfortável e doloroso do que dar à luz a uma criança e era assim que Paola estava se sentindo, queria gritar e xingar, mas até mesmo num momento como aquele odiava escândalo e não ia dar um show ali diante dos médicos.

Estava suada e ofegante, morrendo de dor e cansada. Mas olhou para o rosto de perfil do Richard, e viu ali os olhos brilhando do que seria a felicidade a caminho. Arranjou mais forças, não sabendo de onde, mas teria que se esforçar para ver seu filho.

— Vamos lá, querida. Só mais um pouquinho para vermos a carinha do nosso filho. – Ele a olhou tirando a sua franja molhada da testa. – Nosso bebe está quase vindo. Só mais um pouco para segurarmos nos braços.

Suas mãos apertaram na do marido voltando a empurrar com mais força do que o começo.

— A cabeça já saiu. – O médico avisou, puxando o bebe, devagar para não o machucar. – Só mais um pouco... – Com a metade do corpinho da criança para fora ele conseguiu traze-lo ao mundo, segurando o pequeno lhe dando um tapinha.

Paola tinha certeza que se não estivesse naquela condição teria acertado um soco na cara do médico por ter batido no filho.

O choro de bebe preencheu toda a sala de parto. O susto para o recém-nascido foi grande quando o ar entrou pelos pulmões.

E pela primeira vez na frente de todos sem a timidez de esconder os sentimentos Paola chorou.

O rosto do Richard se iluminou no exato momento que ouviu o choro do filho, chorando junto com a esposa lhe dando um beijo amoroso na testa.

Quando sentiu o filho sair, foi um misto de felicidade e alivio com o corpo reagindo com uma tremedeira. Era impossível controlar os impulsos e a alegria de ter gerado uma vida.  Por instinto levou a mão do marido aos lábios molhando com seu choro. Estava louca para conhecer seu pequeno príncipe.

O bebe foi colocado em cima da barriga da mãe, com o cordão umbilical preso pronto para ser cortado.

— É o papai que vai cortar o cordão? – O médico perguntou.

—É sim. – Paola respondeu em seu lugar, apertando e soltando a mão do Richard admirando o rosto dele iluminado e ficando ainda mais feliz que antes se sentindo completa.  – É ele que vai cortar o cordão do nosso filho, não é mi amor?

Ela olhou para o filho em cima da barriga louca para segura-lo.  Era torturante ele estar ali e não poder agarra-lo.

Richard tremia de alegria só de olhar a carinha do filho. Tão pequenino e tão frágil e perfeito. Sorria atoa.

— Papai, vai cortar? – Dessa vez a enfermeira lhe estendeu a tesoura.

Richard olhou mais uma vez para o seu bebe em total adoração e só despertou quando o cutucaram.

— Vou.… vou sim. – Ele foi guiado para cortar no local certo. – Ele é lindo, é perfeito! – Enxugou os olhos olhando a esposa. – Obrigado. Muito obrigado por esse presente maravilhoso.

— Eu também tenho que agradecer, aqui. – Ela limpou os olhos nem ligando se estava borrado a maquiagem que fez de última hora.

A sensação que sentia era indescritível. Ela admirava o luxo, e a riqueza, mas nada se comparava aquilo. Seu filho era o bem mais precioso. Seu mundo parou, sentindo que só existia os dois.

Abriu um sorriso apaixonado pelo marido. Era como se o mundo corresse a sua volta em câmera lenta.

— Richard...

— Sim meu amor? – Respondeu olhando para o filho.

— O nome dele é Richard, como o pai. Quero que ele carregue o seu nome. – Seu dedo contornou a orelhinha do bebe de leve fazendo carinho. – Gostou, bebezinho? Richard Listing II.

O bebe espirrou colocando a linguinha para fora tentando abrir os olhos.

Richard sorriu mais bobo ainda.

— Richard? – Olhou do filho para a esposa. – Você tem certeza disso? – Ele a viu confirmar. – Me sinto o homem mais sortudo desse mundo. Me sinto honrado que meu filho carregue meu nome com ele.

Aproximou do pequeno.

— Hei, filhão, papai te amo tanto campeão. Foram horas difíceis. A mamãe que o diga, mas valeu a pena todas essas horas. – Olhou para Paola e lhe deu um beijo.

Ela o correspondeu e ao final do beijo deixando escapar outra lagrima.

— Eu quero ver ele de pertinho. Traz ele para cima. - Falou com o marido baixinho – quero segurar nosso filho.

— Nós vamos leva-lo – O médico avisou.

— Agora? Minha esposa e eu queremos segura-lo.

— Vamos limpa-lo, pesar e medi-lo. Quando terminarmos, iremos trazer para a senhora. Não vai demorar.

Ambos soltaram um suspiro.

— Não demora - Ela pediu suplicando.

Estavam encantados e realizados com o filho no colo mamando. O pequeno só se acalmou quando o deixaram no colo da mãe e escutou as vozes que ele já conhecia desde o ventre. E mais calmo ficou quando pôde acabar com a fome.

Era uma sensação estranha, Paola pensou. Mas como era bom saber que tinha alguém tão pequeno precisando dela e sendo dela. Naquele momento esqueceu como estava sua aparência, não se importava de mostrar que estava cansada e inchada pelas horas de trabalho de parto.

Enquanto aquele momento existisse, tudo estaria bem

— O leite da mamãe deve estar muito bom. – Richard notava que a Paola não despregava o olho um só segundo. – Ele é perfeito, eu nem tenho palavras para descrever.

Sua mão levou-se a cabecinha do filho acariciando a cabeleira escura.

— Ele te puxou, querido. – Ela acariciava o pezinho. – Né bebe? Você não puxou o papai?

Um risinho orgulhoso escapuliu do moreno. Ela amaria ter 10 filhos que saíssem a Paola, mas ouvir ela dizer aquilo, lhe dava muita satisfação e alegria.

— Nós veremos quando ele estiver maior. Mas agora eu não ligo tanto que ele se pareça comigo ou com você. Só quero que ele seja saudável, com o melhor dos dois.

— E ele é. – Segurou na mão do Richard beijando – Obrigada por ele. – Agradeceu olhando nos seus olhos.

— Nós dois fizemos – Sorriu mirando aquele par de íris cor de avelã.

Os olhos femininos transbordaram de amor. Ambos só pararam de fitar um ao outro, quando o filho fez um som de bebê como soubesse que algo estava acontecendo, e quis chamar a atenção dos pais de volta.

Paola acariciou a bochechinha do filho deixando que ele segurasse o dedo dela.

— Temos um grande desafio daqui para frente, agora. Está preparada para trocas de fraldas e noites mal dormidas? – Olhou para ela como se tudo aquilo fosse uma grande satisfação.

— Para falar a verdade, cariño. Não estou não. – Seu olhar cruzou com os dele e depois abaixou para o filho. – Eu quero curtir vocês, é só isso que eu sei.

Seu olhar permanecia no bebe, e com a cabeça abaixada franziu o cenho percebendo que as palavras simplesmente saíram.

“O que está acontecendo com você, Paola? ”

Foi o único pensamento da loira.

— Nossa família está completa. – O moreno concluiu.

— Nossa família... – Ela repetiu gostando como soava, estranhando isso nela mesma.

— Estou curioso de saber a cor dos olhos dele. E você? – Richard cruzou os braços ainda em pé olhando os dois

— Para falar a verdade eu não estou. Não importa a cor. Desde que esteja aqui saudável.

Richard riu, no momento que a porta do quarto se abriu e por ela entrou seus tios.

— Tios! – Exclamou surpreso.

— Oh, Richard. – Tia Esther chamou. – Assim que nos ligou ontem, seu tio não quis perder tempo e viemos direto para cá, no primeiro voo.

— Trouxemos presentes. – Tio Albert entrou com os braços lotados de presentes de bebes, ursinhos e balões.

— Que bom que vieram. – Richard os abraçou apertado.

— Olha amorzinho, quem chegou. – Paola acariciou a barriguinha sem tirar os olhos do filho que ainda mamava.

O momento era de tanta felicidade, que mal teve tempo de se incomodar com a presença de Esther. Agora a atenção não era para os tios e não estava nenhum pouco preocupada também.

— Oh, ele é lindo, Albert. Venha ver... – Esther se aproximara da cama da Paola dando uma boa olhada no bebe.

— Se me dessem uma trégua. – Albert resmungou com as mãos ocupadas.

— Deixa que eu te ajudo tio, e obrigado pelos presentes. O Richard também gradece. – Disse pegando os presentes colocando no sofá sob a janela do quarto

— Richard? –Tia Esther olhou rápido para o sobrinho confusa.

— É, Richard II.

— Rick, para não confundir. – Paola explicou.

— Quem teve essa ideia? – A tia olhou curiosa para o sobrinho.

— A Paola. – Richard respondeu sorrindo para a esposa, orgulhoso, lhe dando todo o credito, para mostrar que a esposa era maravilhosa.

Esther só não bufou e revirou os olhos porque a ideia havia sido maravilhosa.

— Eu adorei – Admitiu admirada.

— Na verdade para ficar um pouco diferente, é Richard Alejandro Listing. – Paola mordeu o lábio para o marido que a olhou mostrando que havia gostado da ideia de o filho ter o nome latino.

— Eu posso segura-lo um pouquinho? – Esther estava ansiosa por aquilo desde que chegara.

Paola esperou que o filho terminasse de mamar, para pô-lo para arrotar e passar o bebe para os braços de Esther.

Rick estava quase dormindo com a mão na boquinha. Parecia adorar a atenção.

— Ele parece com você, quando nasceu. – Tio Albert olhou bem para a carinha do pequeno Rick.

— Eu te falei, meu amor. – Paola riu contornando com o dedo o narizinho e terminando nos lábios do filho.

— Mas pode ser que ele cresça e fique igual a você. – Richard tentou prestar atenção nas feições do bebe.

Ela o puxou pela camisa lhe dando um selinho calando por alguns segundos.

— Por que escolheram logo este hospital? – Tio Albert perguntou, interessado porque logo um hospital tão caro.

Os Listing era um tipo de família generosa, mas também não vinham a necessidade de gastar dinheiro atoa. E sabiam valorizar algo de preço modesto e de boa qualidade ou de bom atendimento.

Albert andou observado que o quarto da maternidade era grande, redecorado somente para aquela ocasião, do nascimento do sobrinho. E estava em uma ala bem reservada do hospital, silenciosa e segura.

— Ah, pergunte a Paola. – Richard sorriu travesso. – Tudo bem... Ela escolheu aqui porque o príncipe Willian nasceu aqui. Precisa ver o enxoval do Rick. Ela copiou todo o guarda roupa da realeza para ele.

— Meu filho vai ter do bom e do melhor, sempre.

Os dois homens riram.

Os tios ficaram apenas uma hora para visita. Sabia que Paola precisava descansar bastante. Estava cansada e o bebe precisava de tranquilidade também. Somente Richard podia ficar até mais tarde com os dois.

Era incrível que a felicidade iria durar tão pouco, quando parecia que estava selada para sempre. Richard mal sabia que dali para frente sua vida se tornaria um inferno como se uma nuvem negra de tempestade se fixasse para sempre.

 

 

Paola cantarolava a música que ela descobriu ser a favorita do bebe. Rick se acalmava toda vez que escutava a sua mãe cantar. Ela amava a forma como sua mãozinha se fechava em torno do dedo dela. Era uma sensação de paz e aconchego que logo viria terminar.

Cada dia estava mais difícil suportar em como ela havia enfraquecido. Jamais foi sua intenção abaixar a guarda. Na maternidade ela deixou que pelo menos um dia pudesse aproveitar com seu marido e seu filho. Mas hoje seria diferente, ou melhor, amanhã acordaria uma nova pessoa. Não perderia as duas pessoas que mais lhe importava. Já foi demasiado doloroso perder pessoas queridas por se amarrar tanto nelas. Toda vez que seu coração se abria era alguém que perdia.

Dali em diante pararia de olhar seu filho, ficaria em cargo de uma babá e arrumaria um amante para esquecer do Richard. Se esqueceu do Scott com tanta facilidade, mesmo gostando dele, Richard seria moleza. Depositou com cuidado seu bem mais precioso e o beijou delicadamente na face rosada.

Rick era apenas um recém-nascido, mas quanto mais adiasse aquela decisão mais difícil as coisas se tornariam para a vida dela.

— Eu te amo filho. Mais que tudo no mundo e mais que tudo no universo. – Ela sussurrou em sua orelhinha e chorou – E por justamente te amar demais e não perder você, que eu preciso me afastar. Vai ser melhor para nós três. Não posso perder outra família.

O tempo do puerpério era uma boa desculpa para não manter relação sexual com o marido. Ela se achava um monstro pela decisão que havia tomado.

Assim que o filho completasse um mês, ela iria arrumar um amante.

Saiu do quarto tentando se consolar que estava fazendo o melhor para eles, sem notar que estava sendo apenas uma egoísta fria sem pensar em ninguém. E que toda ação e tem uma reação.

Entrou no quarto encontrando o marido em um sono solto. Se aconchegou ao seu lado e dormiu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cosmos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.