Já era madrugada, Helena organizou mais uma vez os livros recém lidos em sua estante, olhou para o calendário, já sabendo que era aquele odioso dia em que ficaria sozinha, o dia dos namorados.
Princesa do reino de Kahla, seu pai a proibia de ter qualquer afeição com qualquer sujeito que não fosse seu predeterminado, porém, a mesma infringiu esta regra, e tudo aconteceu a cinco anos.

"O dia estava incrivelmente radiante e bonito, todas as crianças brincavam com seus amigos nas ruas, porém, eu me encontrava dentro de casa, mamãe nunca me deixava sair, e nunca tinha um motivo claro. Suspiro colocando o marca página em meu livro, o qual eu nem conseguia prestar mais atenção.
Olho pela janela e vejo todos sorridentes, aparentemente se divertindo, e penso como seria se eu também estivesse lá.
Meus pensamentos são quebrados por uma bola que acabará caindo em meu quarto.
—Oi, garota, pode jogar a bola de volta?
—Claro - digo com uma expressão indiferente, jogando-a para ele, que se encontrava apoiando os cotovelos em minha janela.
—Ei, você não quer jogar conosco? Ainda falta uma pessoa.. - diz o mesmo com um sorriso idiotamente alegre.
—Desculpe, mas meus pais não deixam eu sair - Digo triste, mas surpresa por o mesmo ter me convidado.
—Então poderia entrar para te fazer companhia, senhorita? - diz o mesmo fazendo um reverencia.
—Claro, meu bom cavalheiro - digo o cumprimentando como uma dama, e em seguida rindo.
Passamos quase o dia inteiro juntos, conversando sobre coisas aleatórias e rindo, era incrível como ele tinha conseguido compensar todo o meu tempo sozinha, mesmo sabendo que no dia seguinte eu provavelmente não o veria mais.
—Você quer brincar amanha? - disse ele ja saindo, pois a tarde estava acabando.
—Desculpe, mas meus pais provavelmente não vão mais deixar eu te ver - digo com meu semblante triste.
—Se é assim, quero que fique com isso - diz ele colocando um pulseira em meu pulso, a qual tinha um pingente de uma pequena pantera. - Sempre que se sentir sozinha aperte o pingente com toda a força, e lembre-se que eu vou voltar para ficar com você - diz o mesmo sorrindo.
—Claro! - digo retribuindo o mesmo sorriso, e embora inocente, aquilo havia sido uma promessa.

Tenho as memórias daquele simples menino, o qual eu nem sabia o nome, inconscientemente me vejo apertando o pequeno pingente de pantera. Me jogo na cama pensando como seria minha vida com ele, será que isso é o amor? Bom, não sei, tudo oque sei é que quero passar o resto de minha vida ao lado daquele desconhecido.
Levanto ouvindo a porta de meu quarto se fechar, e ao lado dela, estava um jovem moreno e esbelto, com um longo cabelo castanho, mesmo estando diferente, sabia quem era, e assim comecei a chorar.
—A senhorita não devia deixar a porta aberta, algum desconhecido poderia a tratar mal - disse o mesmo percebendo a felicidade dela.
—Ainda bem que tenho um bom cavalheiro pra cuidar de mim - digo sorrindo, ainda com os olhos marejados - Um cavalheiro que mal sei o nome, poderia me dizer?
—É mesmo, em todos esses anos a senhorita mal sabia meu nome, bom, me chamo Diego, você nem precisa se apresentar, princesa de Kahla - diz o mesmo fazendo uma reverencia e rindo.
—Agora ao menos sei o nome de quem me apaixonei - digo sorrindo envergonhada.
—E agora sei que meus sentimentos ao menos são correspondidos - diz o mesmo se aproximando e brincando com o meu cabelo. Olho para ele surpresa e o mesmo da um sorriso inocente, em seguida me abraçando. 

Parece que não passarei mais esse odioso, ou melhor agora, maravilhoso dia sozinha.