Em Qualquer Outro Lugar escrita por Luce


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Muito boa tarde!

Sejam bem-vindos à Em Qualquer Outro Lugar, minha one-shot Beward que tive muita alegria em escrever!

Ela é dedicada à minha amiga Lôa e a todos vocês que amam Bella e Edward do fundo do coração! ♥

Espero que gostem!



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Eu acordei do que me pareceu ser o mais profundo dos sonos, em uma cidade estranha e nublada. Estava frio, mas não o frio em que eu estava acostumada.

Ventos fortes sopravam meus cabelos para trás e eu me abracei, tentando descobrir onde eu estava.

Era o centro de uma cidade grande, há muito tempo. Talvez no início do século passado, pelas roupas das pessoas. Era difícil de dizer. Mas havia muita gente aglomerada, acenando com lencinhos e espremendo-se contra os outros para ter uma visão mais privilegiada do que me parecia ser um desfile dos cabos do exército.

Duas mulheres vieram correndo com tudo em minha direção. Dava para ver que não olhavam para mim, que nem notaram a minha presença. Não daria tempo de desviar, então só fechei os olhos, tentando proteger meu corpo com as mãos. Mas elas passaram através de mim, por mais perturbador que aquilo parecesse. Como se eu fosse feita de vento ou fosse um fantasma.

Minha cabeça doía e o cenário todo girava significativamente algumas vezes, como se estivesse prestes a desmaiar. Porém, depois de alguns segundos, o chão pareceu se estabilizar e aos poucos a dor nas minhas têmporas era amenizada.

Dentro de toda aquela multidão barulhenta se espremendo para ver o exército passar com suas armas estrategicamente posadas em seus ombros, apenas uma pessoa parecia me ver.

Eu não o conhecia, mas o homem estava a alguns passos ao meu lado, com as mãos nas costas, encarando-me com um olhar fixo de quem observa um experimento. Eu estreitei meus olhos em sua direção, estranhando o fato dele ser a única pessoa, além de mim, vestida em desacordo com a época.

Ainda assim, ele estava de terno e gravata, muito bem apessoado, com os cabelos curtos escuros, penteados para trás. Era um homem bonito, que deveria ter pouco mais de trinta anos. Seja quem fosse, continuava a me olhar.

— Quem é você? — arrisquei a pergunta em sua direção.

Ele levantou as sobrancelhas e deu um sorriso discreto, como se estivesse divertidamente surpreso por eu ter dirigido a palavra a ele.

— É interessante, não é? — disse, vindo em minha direção. Parou bem na minha frente, mas olhava ao redor. — Eles devem ter tido um motivo excelente para trazê-la até aqui.

Eu tentei ignorar o arrepio que senti ao escutar a voz daquele desconhecido e parecer composta para falar novamente.

— Eles quem?

Mas ao invés de responder, ele gesticulou para trás e apontou para um casal que se aproximava. A mulher, muito bonita, segurava a mão de um garotinho que aparentava ter uns quatro ou cinco anos. O menino, quase corria em direção ao desfile, puxando a mão da mãe para que ambos fossem mais rápido.

Eu não sabia quem eram aquelas pessoas tampouco quanto eu sabia quem era o engravatado ao meu lado. Os três não pareciam me ver. O homem estava distraído olhando para frente e de vez em quando para o filho, achando graça em sua afobação.

— Venha. — O homem disse, estendendo a mão para o garoto. — Verá melhor se subir em minhas costas.

O menininho achou a ideia incrível e correu para o colo do pai, que ganhou um olhar de aprovação da esposa. Ela parecia exultante com a aproximação dos dois.

Assim que subiu nas costas do pai, o garoto deu um grito de felicidade, deixando seus olhinhos verdes iluminados e covinhas aparecerem em suas bochechas rosadas.

Mamãe! São os soldados! — gritava ele por cima da marcha e do som das outras pessoas, apontando em direção ao desfile. — Olhe, mamãe!

A mãe dele riu, aproximando-se dele e do marido.

Havia alguma coisa naquela família. Alguma coisa na postura do pai, na beleza da mãe... E algo muito maior a respeito do filho deles.

— Quem são? — perguntei respirando com dificuldade. Eu meio que já sabia, só precisava da confirmação.

O engravatado ao meu lado, que também observava a cena, deu outro sorriso sem olhar para mim. Eu esperei, receosa demais para puxar seu braço e fazê-lo responder minha pergunta. Eventualmente, enquanto a família assistia ao desfile como todas as outras, alheias à nós, ele virou para mim.

— Eu não tenho um nome. — disse ele, respondendo à primeira pergunta. — Já tive muitos, agora não tenho mais nenhum.

— Mas... Como as pessoas te chamam? — eu estava confusa.

— Do que elas quiserem, Bella. Pode escolher como vai me chamar, se quiser. Caso você me batize, responderei por este nome pelo tempo que passarmos juntos.

Era tudo tão surreal. E se ele não tinha um nome, como sabia o meu? De onde ele me conhecia? Eu nunca o tinha visto antes.

— Eu... — comecei, mas depois balancei a cabeça, frustrada. — O que está acontecendo? Onde eu estou?

Ele olhou em volta novamente, hesitando antes de falar. — Parece que estamos em uma celebração de quatro de julho.

Assenti. Fazia sentido o desfile então. Mas eu ainda estava nervosa demais e este fato não me confortava de maneira alguma. Será que eu ainda estava dormindo?

— Eu... Eu estou sonhando? — arrisquei.

— Eu não sei. — ele franziu a testa. — Você está? Isso aqui parece muito real para mim.

Respirei fundo. Só podia ser um sonho. Eu fechei os olhos por um instante, mas nada aconteceu quando eu os abri novamente.

— Não vai adiantar. — ele disse com um tom de riso. — Ao invés de tentar acordar, porque não tenta descobrir o motivo de estar aqui, em primeiro lugar?

As pessoas ainda gritavam cumprimentos aos soldados, que agora dava lugar a algumas pessoas vestidas da mesma forma, carregando a bandeira dos Estados Unidos, seguido de uma outra, branca com duas listras azuis e quatro estrelas vermelhas no centro. Eu a reconheci.

— Estamos em Chicago. — sussurrei.

— Chicago, 1906. — respondeu. — Alguma razão especial para esse ano?

Balancei a cabeça automaticamente, transtornada.

— Eu não sei... 1906? Eu não...

O pai da família que observávamos, abaixou o filho, colocando-o no chão de repente.

— Isso é tudo, campeão. Está na hora de irmos para casa.

O garoto fez uma carinha triste.

— Não podemos comer pipoca antes, papai?

— Tony, o que eu lhe disse sobre contestar as decisões dos adultos? — a mãe o repreendeu, baixinho.

— Está tudo bem, Lizzie. — o homem disse, ajoelhando-se e colocando a mão no ombro do rapazinho. — Compro a pipoca e você come no caminho para casa, está bem?

Ele deu um sorrisinho lindo que me pareceu um pouco hesitante e assentiu.

Quando o pai saiu para comprar a tal pipoca, Lizzie pegou o filho no colo.

— Está vendo, meu amor? — disse ela, sorrindo. — Seu pai nos trouxe para ver os soldados do jeito que você queria. Está feliz?

— Sim, mamãe. — ele respondeu numa vozinha fina. — Muito feliz.

— Então por que a mamãe não está vendo o sorriso que ela tanto gosta?

Tony abaixou os olhinhos brilhantes.

— Eu queria ver o papai todos os dias.

A repentina tristeza daquele menino me trouxe uma dor que eu não estava preparada para sentir. A mãe dele também não parecia muito melhor do que eu fiquei, e apertou o filho mais forte em seus braços magros por um instante.

— Você sabe que o seu pai tem que trabalhar, Anthony. Ele trabalha muito para nós termos uma boa vida, não sabe disso?

Ele assentiu, como se tivesse escutado aquilo muitas vezes antes.

— Você sabe quem esse garotinho é. — o homem sem nome afirmou diante da cena.

Sim. Eu sabia do fundo do meu coração quem era esse garotinho lindo de uma aparência tão indefesa que eu sentia vontade de abraçar e cuidar para sempre.

Ele viria a ser a razão de toda a minha vida.

Era o meu Edward, humano, com cinco anos de idade.

De repente eu me sentia tão emocionada que não conseguia respirar.

Ele era simplesmente tão lindo! Os cabelos claros arrumadinhos embaixo do pequeno chapéu, as bochechas rosadas, os olhos verdes e brilhantes... Era a criança mais linda que já havia pisado na terra. Apesar de seu descontentamento pela aparente ausência paterna, o Edward criança irradiava felicidade. Ele era tão inocente, tão precioso e perfeito, que aquilo me levou às lágrimas.

— Como isso é possível? — pensei em voz alta, limpando as lágrimas que escorreram por minhas bochechas, com as costas das mãos.

O homem deu de ombros.

— Costumava ser uma das memórias preferidas dele. — explicou. — Não tenho certeza se ele sequer lembra disso no presente. Mas olhe, lá está o pai dele de volta.

Olhei para trás e o pai de Edward voltava com a pipoca do filho. Peguei-me reparando melhor em suas feições, comparando o rosto dele com o do filho. Eram parecidos. O nariz, o formato do rosto, talvez um pouco do sorriso... Mas Edward tinha muito mais da mãe nele, Lizzie.

— Obrigado, papai. — Edward respondeu educadamente quando o pai ajoelhou e deu-lhe a pipoca, dando um tapinha nas costas do filho.

— Vamos agora. Papai tem que trabalhar.

A mãe de Edward puxou o filho para mais perto de sua saia.

— Oh, querido, será que eles não podem te deixar em paz nem ao menos no feriado? — perguntou com a voz quase suplicante, mas um pouco irritada.

Seu marido riu de seu tom.

— Ora, mulher. Pode ser feriado hoje, mas já tenho meia dúzia de processos para amanhã. Vamos andando. Venha, Tony. Não deixe a pipoca cair.

Eles afastaram-se, à medida que eu observava, impotente. Queria pedir para que eles voltassem, queria vê-lo por mais tempo. Dei um passo para segui-los, mas um braço foi rapidamente colocado à minha frente, circulando minha cintura, impedindo-me de passar.

Olhei para ele, ultrajada e nervosa.

— Quero ir atrás deles, me solte!

— Eu sei que você quer. Mas a memória acabou e você não quer que haja consequências, quer?

— Que consequências? — exigi, me livrando do braço dele, mas não me mexi.

O ambiente estava mudando. As cores misturavam-se de repente como se fossem uma pintura de aquarela gigante. O chão estava começando a tremer sob os meus pés.

Eu olhei para ele, assustada e o senti segurar meu braço novamente, desta vez de forma mais suave.

— Está na hora da próxima. — murmurou calmamente, embora o mundo estivesse balançando de forma vertiginosa. — Você vai querer escolher um nome para mim, Bella.

Minha cabeça dava voltas dolorosas e eu olhei nos olhos daquele desconhecido, tentando mais uma vez entender o que estava acontecendo. Então ele levantou as sobrancelhas e eu procurei um nome qualquer na minha mente.

— Hum... — minha mente reclamava a cada pensamento que eu dava. — Roland?

Ele sorriu.

— Roland. — concordou.

Não sei quanto tempo se passou, mas nós estávamos em outro lugar de repente. Roland estava ao meu lado, parecendo perfeitamente composto enquanto todo meu corpo doía.

Estávamos no que parecia ser um grande jardim, tão lindo que parecia ter saído de uma obra de Monet.  Eu observei todos aqueles diferentes tipos de flores – cores tão vívidas que duvidei que eu estivesse mesmo sonhando. Eu podia ouvir o barulho de pequenos animais e de água corrente, que descobri em seguida que saía de uma fonte central. Aquilo era quase um oásis.

— Você está olhando para o lado errado. — Roland disse de repente, fazendo-me lembrar de que ele estava ali.

Virei-me, olhando então para a mesma direção que ele e meu queixo caiu no mesmo instante.

Desta vez, eu o reconheci no mesmo instante. Estava vindo em nossa direção, saindo do que me pareceu ser um viveiro de plantas.

A visão imediatamente tirou-me o fôlego e fez com que meu coração martelasse com força contra o peito.

Ele estava tão lindo que quase doía olhar – Edward vestia um terno casual marrom-claro, um cachecol cinza ao redor do pescoço e um chapéu, comum da época, também marrom. Sua pele clara estava rosada, quase vermelha, e eu pude ver que seus olhos verdes ainda estavam brilhantes como quando ele era um garotinho vendo a marcha no quatro de julho.

Senti uma vontade enorme de correr para abraça-lo enquanto ele vinha em minha direção, obviamente, sem notar a mim ou Roland. Ele parecia chateado com alguma coisa. Por que?

E então eu reparei que havia mais alguém saindo do viveiro. Era um homem, de cabelos curtos já grisalhos, vestido de forma bem menos elegante, que correu para alcança-lo.

— Anthony! — o homem o chamava. — Ei, Anthony, volte aqui!

Edward estava quase passando por mim e Roland, quando virou para encarar a pessoa que o chamava. De repente, os dois estavam bem na nossa frente.

— Deixe-me em paz! — Edward sibilou enfurecido para o homem. Foi estranho vê-lo chateado como humano. Eu quase tive vontade de sorrir. Era tão diferente! Ele não colocava medo em ninguém, parecia tão inofensivo.

— Em que ano estamos? — sussurrei para Roland. Como se eu precisasse manter a voz baixa... Eles não nos escutariam, de qualquer forma.

— Dez anos depois. — ele respondeu curiosamente no mesmo tom. — 1916.

— O que você espera com essa atitude, Tony? Hãn? — o homem respondeu Edward, segurando seu braço num súbito movimento rude e eu dei um pulo, achando automaticamente que Edward quebraria seu braço sem nem pestanejar.

Mas isso não aconteceu. Edward ainda não era um vampiro.

— Tony!? Não me chame de Tony! Por Cristo, eu não sou mais criança! — ele então girou o braço para trás, livrando-se da mão do homem mais velho.

— Ah, minhas sinceras desculpas, excelentíssimo Sr. Masen. — ele respondeu com escárnio. — Embora de fato pareça que você está agindo como uma. Escute o que eu vou dizer pela décima vez, Anthony: Você não quer se meter com essa guerra. Você não precisa, ouviu bem? O seu pai...

— O meu pai nunca está em casa, Harry! — Edward o interrompeu, calando-o no mesmo instante. — É capaz dele nem ao menos notar! E não é como se eu tivesse idade para me alistar ainda, mas eu poderia me apresentar e, de alguma forma, eu...

O homem, Harry, pegou Edward, em um súbito e agressivo movimento, pelo colarinho da camisa. Automaticamente, dei um passo para frente, querendo protege-lo de alguma forma. Olhei alarmada para Roland, que pareceu curioso por minha postura.

— Santo Deus, você está delirando! — Harry gritou para um Edward de olhos arregalados de choque. — Seu pai nunca está em casa porque se mata de trabalhar naquele escritório de advocacia para que você e sua mãe tenham um futuro decente, Edward! Para que você possa assumir o lugar dele futuramente, como um advogado de respeito, e não como um maldito soldado qualquer! É assim que você se vê? Hãn!? Morrendo em combate com uma bala no meio da testa? Voltando para casa sem um braço, ou sem uma perna... Esse é o futuro que você almeja?

— Me... Solte...

— Ah, não, não! Isso aqui — Harry mostrou os próprios punhos segurando a gola de sua camisa. — é uma doce carícia comparado com o que os seus inimigos de guerra tem preparado para você, seu moleque!

Edward o empurrou com força, com a face corada pela raiva ou pela vergonha, fazendo Harry cambalear um pouco para trás e finalmente o soltar. Os dois arfaram, ainda com raiva demais para falar.

Um longo momento se passou e então Edward alisou o terno rapidamente, com o semblante carregado e taciturno. Harry passou a mão pelos cabelos quase brancos e tentou falar mais alguma coisa, mas mesmo com a cabeça abaixada, Edward levantou a mão em um gesto que claramente significava que ele queria que aquele senhor guardasse suas palavras para si mesmo.

Harry bufou, balançando a cabeça em pleno desagrado e afastou-se, andando em passos largos para fora do jardim. Edward levantou a cabeça segundos depois e ficou observando-o partir, sem dizer uma única palavra.

Eu vi tristeza naqueles olhos que eu tanto amava – olhos de uma cor diferente, mas ainda os mesmos – e senti tanto compaixão como dor também. Eu queria abraçar esse Edward humano e inseguro quanto a seu destino. Queria passar os dedos por seus cabelos e verificar se eles eram tão sedosos e macios quanto o do Edward que me esperava no presente. Queria tocar seu rosto, beijar cada pedacinho dele.

— Eu sei o que você quer fazer. — escutei a voz de Roland distante, embora ele estivesse literalmente a meu lado. — E eu não te aconselharia.

— Mas ele não iria nem sentir... — sussurrei sem tirar os olhos dos de Edward, embora ele ainda olhasse para Harry se afastando e não para mim. Ele permanecia parado, bem quietinho e triste. Eu conseguia até sentir o cheiro dele, sua respiração em meu rosto. Quis fechar os olhos. — Eu não quero vê-lo dessa forma...

— Vamos para a nossa próxima visão então. — sugeriu Roland em um tom um pouco apressado demais, como se sentisse que eu fosse tomar alguma atitude.

— Eu não quero deixa-lo. — sussurrei para Roland, olhando para Edward, em uma voz quase inaudível.

Ironicamente, Edward fechou os olhos e virou de costas para mim, andando para longe, com as mãos nos bolsos.

Eu não consegui suportar aquilo por muito tempo.

— Edward! — eu o chamei depois de alguns segundos, sem conseguir aguentar.

Ele imediatamente paralisou e virou-se para trás – a testa franzida, os olhos procurando por algo... Por mim.

Se Edward parecia confuso, eu estava aterrorizada, com os olhos arregalados.

O que havia sido aquilo?

— Hum... Olá? — ele respondeu, pendendo a cabeça para o lado, em dúvida.

Tudo isso durou menos de cinco segundos e quando vi, Roland segurou o meu braço com força e o cenário começou a girar novamente de forma vertiginosa.

Um terremoto fez o jardim chacoalhar até que todas as cores transformaram-se em um arco-íris e juntaram-se novamente, desbotadas, formando um cenário cinza claro de um quarto de alguma instituição.

Quando a terra parou de rodar, eu caí ajoelhada, com as mãos apoiadas no assoalho branco e frio, tentando respirar.

Os pés de Roland estavam à minha frente.

— Você cometeu um erro. — sua voz era muito desaprovadora.

Senti vontade de vomitar.

Da posição em que eu estava, eu conseguia ver os pés de algumas camas e alguns biombos hospitalares sanfonados de cor azul turquesa, separando-as umas das outras, trazendo um pouco de privacidade.

Tentei apoiar meu corpo em cima dos cotovelos para levantar, mas caí novamente, fraca.

— Ele... Ele me ouviu. — surpreendi-me ao notar minha voz fraca e rouca. Eu queria gritar aquilo.

— Não ouviu nada. — Roland desdenhou, mal-humorado. — E a nossa sorte foi essa. Não acho que você esteja preparada para as consequências.

— Que consequências? — exigi novamente, tentando me levantar mais uma vez.

— Você não entende? Não sabe como isso funciona, não é? — Ele perguntou com a mesma voz de desaprovação, enquanto eu conseguia ficar de joelhos. — O que você fizer aqui, irá refletir no futuro. Cometa um erro, um errinho sequer, e você mudará o destino de Edward. E você sabe qual é o destino dele? Você!

Eu o olhei do chão, com as mãos apoiadas nas coxas, respirando aos arquejos ainda.

— Se eu mudar algo, Edward pode não existir no meu futuro? — perguntei devagar. Fazia sentido... Mas eu não achei que a situação fosse assim tão séria. Aquilo era só um sonho, não era?

Ele finalmente estendeu a mão para mim.

— Esta é a sua última visão. — sentenciou, enquanto eu me endireitava. — Não que eu ache que você tenha que ver isso, mas...

Ele colocou uma mão nas minhas costas e estendeu a outra para à maca a alguns centímetros de nós. Quando eu finalmente olhei, senti o sangue virar água gelada em minhas veias.

Edward estava deitado naquela maca, de olhos fechados, magro e fraco. Sua pele estava corada, mas era um brilho febril nem um pouco saudável. Suas mãos tremiam discretamente, assim como os dentes por trás de seus lábios.

Senti as lágrimas preencherem meus olhos mais rápido que uma batida de coração.

Ele estava morrendo. Meu amor estava morrendo na minha frente.

Engoli em seco, respirando com dificuldade, petrificada.

Ainda com os olhos fechados, Edward franziu um pouco os olhos, como se estivesse tendo um sonho muito ruim.

Roland tocou meu rosto depois de um instante, fazendo-me olhar para ele.

— Não sofra. — sussurrou com mais compaixão agora. — Carlisle chegará aqui em uma hora.

— Ele está com frio... — chorei baixinho, como se implorasse por permissão. Eu mal podia vê-lo através da cortina de lágrimas que embaçava meus olhos.

Roland estreitou os olhos por um instante, observando-me atentamente. Depois, com delicadeza, tirou a mão que ainda estava apoiada em minha bochecha.

— Você não precisa se desesperar, Bella. Isso tudo já passou, é apenas uma lembrança para Edward.

Olhei novamente para o Edward humano tremendo de frio, definhando na maca e imaginei a dor que ele deveria estar sentindo. Parecia muito real para mim.

— Nem ao menos é uma lembrança nítida. — Roland acrescentou, observando a cena, como eu. — Nesse momento, ele devia estar delirando de febre.

Opa.

Olhei para ele com os olhos cheio de esperança, de repente.

— Se ele está delirando, não se lembrará disso. — argumentei depressa. — Pelo menos não completamente... Não é?

Roland franziu a testa, mas eu continuei.

— Então, se eu fizer algo simples como conversar com ele ou segurar sua mão, isso seria indefeso, não seria? Não iria interferir em nada, iria? — ele ficou olhando para mim, como se estivesse tentando colaborar. Aquilo me deu ainda mais energia para lutar. — Se você me der o poder de conseguir pegar um cobertor ou algo do tipo para cobri-lo e fazer com que não seja tão doloroso para ele... Isso não iria interferir em muita coisa, não é? Só iria ajuda-lo temporariamente um pouquinho.

— Bella.

— Roland, aquele é o homem da minha vida. — sussurrei engasgando com as lágrimas novamente, apontando para onde Edward descansava tortuosamente. — Eu o amo tanto que não consigo respirar... Não me peça para ficar parada, por tudo o que é mais sagrado.

Por um longo momento, ele considerou. E eu sustentei seu olhar, tentando demostrar o quanto aquilo era importante para mim.

Edward deu um gemido de dor inconscientemente e eu virei para ele, impotente e angustiada.

Roland deu um suspiro.

— Carlisle chegará em cinquenta e três minutos. — sussurrou. — Eu deixarei que vocês tenham o momento de vocês até lá. Cubra-o, converse com ele, faça o que tiver vontade... Desde que tenha limites.

Eu assentia a cada palavra dele.

— Eu terei. Eu terei... — repeti, andando em passos rápidos até a próxima maca vazia onde dois cobertores brancos macios estavam dobrados perfeitamente.

— Ninguém entrará aqui durante esse tempo. — continuou enquanto eu estendia o primeiro cobertor sobre o corpo de Edward. — Só há mais um paciente e ele... Bom, ele não incomodará mais.

Eu olhei para Roland rapidamente.

— Obrigada. — murmurei e senti uma gratidão fervorosa na palavra. — Roland, muito, muito obrigada...

Ele fez um movimento rápido com a cabeça e escutei a porta se fechar alguns segundos depois.

Edward fazia barulhos inconscientes.

— Shh... — eu fiz, trazendo uma pequena poltrona azul para perto de sua maca e sentando-me nela. Hesitante, toquei suavemente sua testa.

Um calor inacreditável subiu para minha mão, quase queimando-a e eu a tirei por reflexo, surpresa. Edward nunca havia sido quente para mim... A sua pele era frágil, macia e fervia. Eu voltei a tocar seu rosto suavemente, sem conseguir me conter. Tocá-lo era incrível... Inevitavelmente, fitei seus lábios por um longo momento, querendo sentir o calor deles nos meus também.

Balancei a cabeça, tentando afastar aquele pensamento... Eu era louca de pensar aquilo. E se ele acordasse e me pegasse prestes a beijá-lo? Como eu explicaria aquilo?

Aliás, ele seria capaz de me ver? Será que Roland havia permitido aquilo?

Uma parte de seu ombro estava descoberta e eu logo me apressei para cobri-lo quando notei. Edward fez uma leve careta, com os olhos ainda fechados.

— Shh... — sussurrei de novo. — Os cobertores ainda estão frios... — desculpei-me. — Mas logo você irá esquentá-los.

Então voltei a me sentar, colocando timidamente a mão debaixo dos cobertores até achar a sua mão e entrelaçar nossos dedos devagar.

— Hummm — gemeu ele, com a expressão torturada.

— Eu sei, meu amor... — apertei sua mão na minha mais um pouco, sentindo novas lágrimas arderem em meus olhos. — Vai passar.

Passei minha mão livre delicadamente por seus cabelos, feliz em notar que eram da mesma forma que eu me lembrava, embora com menos brilho. Sem conseguir me conter, deslizei os dedos por sua bochecha quente até seu queixo, traçando sua curva delicada embaixo de sua boca – que eu queria tanto beijar que estava quase doendo.

Continuei com os carinhos, até que seu rosto relaxou um pouco e suas mãos e seus dentes pararam de tremer. Sua respiração tornou-se um pouquinho mais estável. Respirei fundo, aliviada, sentindo minha mão quente na dele.

Eu te amo tanto, pensei triste comigo mesma, querendo mais do que nunca que ele pudesse me escutar e dizer de volta que também me amava.

Minha mão esquerda acariciava seu rosto sem parar enquanto eu chorava o mais baixo que eu conseguia, para não incomodá-lo. Percebi que na pequena cabeceira ao lado de sua maca, havia alguns panos dobrados.

Lentamente, tirei minha mão da sua por um momento, tentando alcançar um pano. Infelizmente, precisei me levantar para isso, virando as costas para ele.

Tentei apagar um pouco as marcas do choro, enxugando as lágrimas de meu rosto.

Volte. — um sussurro quase inaudível chamou-me de volta.

Endireitei-me, deixando o paninho cair no chão, ainda de costas para a maca.

Fechei os olhos com força, tentando não voltar a chorar.

Virei-me de volta para ele bem devagar, como se fosse uma criança sido pega fazendo uma coisa muito errada.

Os olhos de Edward estavam levemente cerrados, como se a luz, mesmo que pouca, estivesse irritando sua íris. Eram de um verde opaco, sem vida. Mas me observavam atentamente.

Eu pigarreei baixinho, sem saber o que fazer. Será que isso iria interferir em algo? Será que ele se lembraria disso?

Não... Não tenha... Medo... — ele voltou a dizer como se as palavras doessem para sair.

Eu senti uma lágrima teimosa descer por minha bochecha, mas assenti, voltando a sentar na poltrona e segurando sua mão novamente, ainda que de forma bem hesitante.

O Edward humano que estava morrendo de gripe espanhola não parava de me olhar. Debaixo da coberta, sua mão apertou um pouco a minha com o máximo de força que imaginei que ela poderia apertar.

Eu sorri um pouco tímida.

Seu olhar era tão intenso...

Você... Você veio... Me levar? — ele perguntou fracamente.

Franzi a testa, com medo de perguntar o que ele quis dizer com aquilo. Mas ele mesmo teve a delicadeza de explicar.

Meu... Anjo da guarda?

Eu dei uma risada baixa e nervosa sobre a impossibilidade daquela suposição.

— Eu não sou um anjo... — murmurei em resposta, sorrindo para ele.

Ele me olhava...

Cer-Certamente... Parece um.

Meu sorriso desapareceu lentamente enquanto minha expressão tornava-se mais intensa, como a dele.

Nossos olhares ficaram conectados por um longo tempo... E eu só conseguia pensar no quanto eu queria me deitar ao lado dele e beijar cada pedacinho daquele rosto lindo e quente.

Eu estendi minha mão, sempre muito cautelosa, e toquei seu rosto novamente, com calma, traçando caminhos por sua pele.

Edward fechou os olhos.

Vamos embora. — suspirou meio ausente, como se fosse a febre falando. Um delírio.

— Para onde?

Qualquer... Outro lugar...

— Nós vamos. — prometi.

Depois de alguns segundos, ele abriu os olhos novamente e eles pareciam ainda mais fracos desta vez.

Deixei um soluço escapar e comecei a chorar torrencialmente em sua frente, ainda que bem baixinho. Ele continuava a me observar e seu olhar era indecifrável.

Por que aquilo estava acontecendo comigo? Eu não queria vê-lo morrer, eu não queria que ele morresse! Eu só queria que alguém me acordasse desse pesadelo horrível e que eu pudesse estar nos braços dele, sabendo que jamais – sob circunstância alguma – eu iria perdê-lo.

Aquilo doía muito...

Não notei quando ele tirou a mão de dentro dos cobertores, mas de repente, ela estava em meu rosto, espalhando as lágrimas por minhas bochechas.

Eu segurei sua mão em meu rosto, cerrando os olhos e tentando respirar.

Quem é você? — ele sussurrou, pendendo a cabeça um pouquinho para o lado, olhando profundamente para mim, tentando me reconhecer. Até que alguma coisa faiscou em seus olhos e sua expressão mudou para a certeza. — Eu... Conheço...

Em um movimento rápido e completamente impulsivo, eu levantei da poltrona, inclinei meu rosto para o seu e o beijei da forma mais intensa que eu consegui.

Seus lábios eram febris, mas eu os reconheci com facilidade. Eu já os havia beijado milhares de vezes. Eu encostei minha testa na dele, pousando a mão esquerda em sua bochecha, a direita ainda segurando a sua própria mão, movendo nossos lábios rápida e sofregamente, nem um pouco delicada como o estado de saúde dele exigia que eu fosse.

Ele tentou retribuir da forma que pôde: seus lábios moviam-se suavemente em sincronia com os meus e sua mão apoiou-se, leve como uma pluma, em minha costas para manter-me ali.

Eu afastei nossos lábios por um breve momento, permanecendo-me a centímetros dele.

Eu estava prestes a pedir desculpas pelo meu ataque, mesmo não estando nem um pouco arrependida. Mas antes que eu pudesse me afastar, como se não tivesse qualquer apreço pelo meu coração, Edward deu um sorriso torto. O meu sorriso torto, cansado e sem ar.

Eu sorri de volta, encostando minha testa na dele e fechando os olhos...

Senti o chão tremer novamente, mas eu não poderia me importar menos. Que eu morresse, bem ali ao lado dele. Eu não ligava.

Houve um longo silêncio.

Meus olhos ainda estavam fechados, e não atrevi a abri-los.

Eu apenas conseguia perceber que eu estava deitada agora e que o clima estava frio, embora eu estivesse bem agasalhada. Eu tentei mexer meu corpo, mas estava cansada demais. Aquilo me frustrou.

— Bella? — A voz de Edward chamou preocupada, em algum lugar na superfície suavemente, pressionando os lábios em meus cabelos. — O que você tem, meu amor?

Fiquei um pouco mais calma por ele parecer estar por perto, porém confusa pela temperatura gelada de seu toque em meu rosto.

Tentar abrir os olhos e não conseguir, era uma sensação no mínimo desagradável. Mas aos poucos meu corpo foi descongelando e eu pude me mexer livremente, sentindo o corpo de Edward deitado ao lado do meu.

— Edward? — perguntei, tateando às cegas por sua mão na cama.

— Aqui. — disse ele, entrelaçando nossos dedos. — Está tudo bem? Sonho ruim?

Eu abri os olhos.

O quarto estava escuro, mas aos poucos fui me acostumando com a falta de luz. Eu estava deitada em minha cama, protegida, com um Edward ansioso e preocupado deitado ao meu lado, com um braço por debaixo de minha cabeça, o outro circulando minha barriga e o queixo apoiado em meu ombro – seus lábios tocando suavemente minha orelha.

Estava tudo como devia estar. Não havia sinal algum de Roland ou de nenhum hospital macabro de 1918.

Eu me senti tão aliviada que de repente estava chorando novamente.

Edward apoiou-se com o cotovelo na cama, olhando meu rosto com a testa subitamente franzida em angústia. No entanto, antes que ele pudesse perguntar, eu o abracei com o máximo de força que consegui, beijando a linha de seu maxilar e seu pescoço, seu ombro... em todos os lugares que meus lábios alcançavam.

Ele abraçou-me de volta, confuso, tremendo um pouquinho enquanto eu beijava seu pescoço.

— Eu te amo tanto. — suspirei, sem parar de beijá-lo. — Tanto, tanto...

Ele tremeu novamente, gemendo baixinho e puxou meu rosto para o dele, beijando-me de uma forma inédita.

Eu enrolei meus braços atrás de seu pescoço enquanto sentia suas mãos firmes em minha cintura.

Edward me beijava exatamente da forma como eu sempre quis que ele beijasse e que raramente acontecia – destemidamente, com paixão, quase com desespero.

Eu não conseguia lembrar que dia era aquele, ou melhor, que noite era aquela, mas não me importava. Depois de alguns segundos, eu nem ao menos era capaz de lembrar meu próprio nome ou o que eu estava fazendo ali.

Comecei a respirar aos arquejos entre seus lábios, mas ainda correspondendo, sentindo seu corpo frio em cada centímetro do meu. Como eu podia querer estar ainda mais próxima dele, quando aquilo nem ao menos era possível?

Minha cabeça voltou a doer, mas dessa vez eu sabia que era pela falta de oxigênio. Eu me sentia prestes a desmaiar em seus braços e não conseguia pensar em uma maneira melhor de morrer do que aquela.

Como se tivesse lido minha mente, Edward desceu os lábios frios para beijar meu queixo e meu pescoço, como eu havia feito com ele antes.

— Respire, Bella. — sussurrou em minha pele.

Inspirei e expirei devagar, tonta pelo beijo.

— Eu vi você... — tentei dizer enquanto ele ainda beijava meu pescoço. — Eu vi... Você era um garotinho...

Senti seu riso baixo em minha pele e tive um calafrio.

— Você estava sonhando comigo? — perguntou em um tom que significava que ele estava lisonjeado. — Mas... Você não disse meu nome...

Eu fiz uma careta e abaixei meu rosto para que ele pudesse olhar em meus olhos em ver a sinceridade neles.

— Não foi um sonho. — afirmei, vendo uma confusão se formar em seus olhos. — Eu estava lá. Eu vi você com os seus pais no desfile de quatro de julho em Chicago quando você era um garotinho. Ele comprou pipoca e você disse para a sua mãe que estava feliz. — os olhos de Edward estavam arregalados agora, mas eu não parei. — Eu estava lá quando você discutiu com o Harry no jardim, eu chamei o seu nome e você virou para trás... Você me ouviu.

— Bella... — ele começou a balançar a cabeça, olhando-me com receio. Seu olhar era cauteloso e, francamente, ele parecia assustado.

— E... — minha voz falhou com a lembrança triste e ainda recente. — Quando você estava morrendo... No hospital, eu...

— Hospital. — interrompeu-me mortificado. Edward tirou lentamente as mãos de mim, levantando-se na cama e me virando as costas.

Eu sentei, torcendo as mãos umas nas outras, ansiosa.

Alguns segundos se passaram até ele virar para mim novamente, com as sobrancelhas juntas, olhando para baixo com o olhar perdido, como se estivesse tentando com muito afinco focalizar algo distante.

Eu engoli em seco. Não parecia que ele ia dizer alguma coisa tão cedo, então continuei.

— Eu te dei mais cobertores porque você estava com frio e segurei a sua mão... — murmurei. — Você me chamou de anjo da guarda e me pediu para leva-lo embora.

Ele levantou a cabeça quando eu disse “anjo da guarda” e me olhou tão chocado que até me senti mal por um momento. Então ele andou até mim, ajoelhando-se ao pé da cama e pegando as minhas mãos entre as dele.

— Eu sabia que não estava delirando. — sussurrou, olhando para nossas mãos juntas, ainda boquiaberto. — Carlisle disse que a febre criava ilusões em nossas mentes, ainda mais uma febre tão alta... Mas eu sabia que havia sido real.

Assenti, apertando suas mãos nas minhas.

— Eu... Eu perguntei por você... Eu procurei por você, mas ninguém tinha ouvido falar ou conhecia... — ele levantou os olhos para mim e eu rapidamente sustentei o seu olhar, cheio de adoração. — Eu sabia que havia algo de familiar em você, eu sempre soube, Bella. Eu tinha certeza... O seu toque, o seu beijo...

Eu abaixei a cabeça, sem conseguir me controlar, e o beijei novamente. Edward sorriu e assentiu, beijando-me com entusiasmo, como se eu tivesse acabado de provar seu argumento.

Ele segurou o meu rosto entre as mãos, olhando-me como se mal pudesse acreditar no que estava vendo. Havia tanto amor e admiração em seu olhar, que abaixei um pouco a cabeça, sem conseguir aguentar tanta intensidade.

— Meu anjo da guarda... — sussurrou com um sorriso arrasador iluminando seu rosto.

Eu ri, envergonhada, e ele levantou meu queixo com o dedo.

— Como é possível eu amar ainda mais você? — ele quis saber, balançando a cabeça, extasiado. Seus olhos ainda eram tão intensos e brilhantes que meu coração batia freneticamente em resposta, como nunca havia feito antes.

Eu abaixei os olhos de novo, sorrindo, constrangida demais para sustentar aquele olhar dele.

— Eu... — pigarrei ciente que ele ainda me olhava da mesma forma. — Eu tenho a impressão de que você iria dizer que me conhecia, antes de eu te beijar.

— Claro que eu te conhecia... — ele imediatamente concordou. — Eu reconheceria o amor da minha vida em qualquer lugar, em qualquer época...

Eu abri ainda mais o meu sorriso, sentindo minha pele pegar fogo e cobri meu rosto com as mãos.

— Edward, você está me deixando com vergonha... — eu meio que ri.

— E você está me deixando louco. — disse ele de volta, tirando minhas mãos de meu rosto. — Não esconda seu rosto, eu nunca quis tanto vê-lo quanto agora.

— Tá bom... — sussurrei sem graça.

Ele tocou minha bochecha com delicadeza e suspirou.

— Meu Deus, como você é linda... — sussurrou, sem nem piscar.

— Ai! — eu cobri meu rosto novamente, rindo de nervoso. — Pare com isso.

Ele riu, finalmente me abraçando e beijando o alto de minha cabeça.

— Meu anjo. — dizia ele, baixinho, para ele mesmo. — Eu sabia que você voltaria para mim. Eu sempre soube que havia sido real. Eu te amo, eu sempre amei...

Eu passei meus braços a seu redor, respirando seu perfume inconfundível, ainda sem conseguir acreditar na impossibilidade daquilo, mas com a certeza de que, mais do que nunca, nós nos pertencíamos no passado, no presente... Sempre.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por chegarem até aqui!

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E não deixem de conferir Be Safe, minha outra história: https://fanfiction.com.br/historia/690447/Be_Safe/

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