Inesperado escrita por Lostanny


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

De alguma forma consegui terminar isso aqui, meio atrasada já que fala do dia dos namorados, que já passou, mas enfim ♥ Não foi revisada tantas vezes, então, pode conter erros e inconsistências. q



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Ele era tão desesperançoso quanto as contas que ainda tinha que ajudar a pagar em casa. Era um sujeito esquelético com longos cabelos castanhos que escondiam a expressão de espanto rotineira, e, com o único olho a mostra, transmitia ao seu reflexo no visor de seu celular desligado amor e felicidade, compaixão também, quem sabe. Esse era Jonas, e o dia se tinha iniciado tal qual o espírito daquele jovem: triste e sombrio, de trazer calafrios a qualquer um.

Jonas se lavou cordialmente naquela manhã gelada. Espantando a preguiça de seu corpo, agora devidamente agasalhado, ele viu as primeiras notícias do dia pelo celular com internet. Quase que se engasgou com o café que tomava, uma vez que a notícia informando que dia era aquele lhe apareceu no visor.  

Era, mais uma vez, dia dos namorados. Jonas poderia, por isso, esperar de tudo, pois o que mais tinha eram amigos barulhentos e solteiros, que também eram amigos de seu namorado. Nunca antes Jonas teve amigos tão intrometidos, que mais de uma vez lhe colocaram em situações que até mesmo Antônio teve de interferir.

Contudo, mesmo com essas desvantagens, Jonas não se via com outra pessoa além daquela, que era praticamente seu sonho encarnado na terra. Antônio era aquele que lhe transmitia coragem para que acordasse em uma manhã fria. E, ainda, sair em meio a uma multidão que lhe causaria uma ansiedade aguda, caso fizesse isso sozinho.

Por isso, estava com um humor de causar inveja ao seu irmão mais novo, que aparentemente tinha rompido seu relacionamento com a amiga de infância na noite anterior. Fora essa culpa de estar contente enquanto seu irmão não, parecia que o dia correria satisfatoriamente, o que não o impediu de se munir com uma pistola d'água para futuros imprevistos.

— Vovó, se alguém tentar me procurar, diga que eu estou na casa da minha prima e que não sabe quando eu volto.

— Claro… mas não se esqueça de se cuidar. — a senhora disse com cautela.

— Como se eu precisasse desse aviso… — Jonas disse baixinho para que apenas ele ouvisse, segurando a pistola d'água e o celular, com as mãos no bolso do moletom.

Saiu, e inevitavelmente foi atingido por um vento frio que lhe fez tremer dos pés a cabeça. Nada como um dia insensível para passar o dia com a pessoa que se ama.

Jonas negou com a cabeça quando o outro rapaz lhe questionou se tinha esperado muito, contudo, não pode deixar de ser sarcástico quando perguntou se o garoto mais velho que os acompanhava era o pai de Antônio ou algo similar.

— Você disse antes que ia ser um dia só nosso… — Jonas não diria aquilo se pudesse impedir, contudo, seus olhos já estavam se amargurando de pessimismo.

— Não pude fazer muito, eu tenho que me dar bem com ele por causa da família. — Antônio disse em um tom meio triste. — Se quiser cancelar eu vou entender...

Já tinha visto aquele rapaz antes, parando para pensar. Isso tinha sido quando visitou o namorado, quando ainda não tinham esse tipo de relacionamento, no local de trabalho de seus pais, e se sentiu mais desconfortável.

— Não precisa. — Jonas disse, balançando a cabeça em negativa mais uma vez — Desde que ele não fique com aquela filmadora está tudo bem.

Ele se chamava Carlos, e era tão sombrio quanto o próprio Jonas. A diferença era que Carlos era o filho de um homem rico, era um pouco mais alto, e havia uma diferença de 5 anos de idade entre os dois. E diverso do que Jonas e Antônio poderiam ter previsto os três se deram muito bem.

Quer dizer, houve aquele gelo inicial, que com o clima apenas se intensificava, de um silêncio embaraçoso. Fizeram como estava previsto a princípio, e seguiram para uma padaria que conheciam. Conseguiram uma mesa para os três, mesmo que Carlos só os observasse, já que não tinha tocado em sua porção até o momento em que saíram. Ele parecia tão pouco a vontade quanto os outros dois.

Isso fez com que Jonas acabasse por se simpatizar mais com o rapaz e tentasse incluí-lo em suas conversas com Antônio. Tinha sido apenas uma tentativa, bem difícil de ser feita pelo jeito retraído de Jonas, contudo, com algum auxílio de Antônio, acabou por conseguir extrair um sorriso daquele rapaz. E que sorriso encantador!

Antes, tanto Jonas quanto Antônio se mantiveram em distância do outro, uma vez que para um Carlos intimidava por ser semelhante demais, e para outro Carlos tinha uma condição social muito diferente da que tinha. Todavia, essas mesmas causas que os separaram até ali haviam sido o motivo para que os aproximasse naquele dia, porque era engraçado para Jonas e Antônio verem como Carlos se interessava por coisas tão comuns para eles.

Esse interesse de Carlos pelo que o rodeava, antes acobertado pela falta de jeito, acabaram por os levar ao porto da cidade em que moravam. Os navios de grandes porte e as pessoas que iam e viam da feira pelo caminho até lá, eram algo que Jonas evitaria a qualquer custo, e mesmo com a companhia de Antônio seria complicado convencê-lo. Entretanto, Jonas acabou por se ver puxado por aquela personalidade diferente.

Era diverso do que acontecia com Antônio, pois, não era amor que aflorava ali, mas sim uma amizade.

Quem diria que haveria mais uma pessoa no mundo que Jonas não teria de temer? E ainda mais que o tivesse encontrado no dia dos namorados? Aquela tinha passado a ser a sua comemoração favorita, uma vez que também tinha sido nesse dia que Antônio lhe pediu em namoro. Mal podia esperar pelas comemorações dos próximos anos.


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Notas finais do capítulo

Tchau ♥