Me chamo Marina e sempre fui o tipo de garota comum. Muitas paixões, amigos, relações no geral, e nada nunca me faltou, sempre havia “  lugar pra mais um “, alguém que beijava por beijar, descartando garotos como se descartam lenços de papel usados. Até aquela noite.

O colégio organizava uma festa, e eu apesar de ainda ser do primeiro ano do ensino médio, sou uma velha de alma, se continuar como estou, serei confundida com parte da mobília de tanto ficar em casa. Minhas amigas insistiram muito! Chegava a ser insuportável o entusiasmo com que falavam da maldita festa, uma de minhas melhores amigas Victória, mais conhecida por Vick, a rockeira da turma, que eu nunca esperei que fosse, me falava toda hora do quanto seria divertido:

— Marina, você precisa tirar um pouco desse mofo, sinto o cheiro daqui, sai de casa um pouco. Vai ser muito louco, tu vai ver menina! – ela dizia toda sorridente, sorrir era tão natural pra ela quanto respirar, e isso encantava quem a via.

Nosso grupo também tinha Verônica, sempre estava feliz e vê-la triste era tão difícil quanto encontrar água no deserto, Bárbara, a Babi era a apaixonada, nunca estava sem ninguém e por mais que sempre quebrasse a cara, ela nunca desistia de amar novamente, Fabiana ostentava seus peguetes como se fossem de ouro, o primeiro namorado dela tinha a deixado sem chão, por mais que ela mesma não admitisse, e ela buscava consolo em noitadas, tentando preencher esse vazio. Eu era mais próxima de Gabriela, gostava de todas, mas Gabriela e eu estudávamos juntas desde pequenas, é natural que sejamos mais próximas que o resto do grupo.

E foi na casa da Gabriela que eu fui me arrumar pra tal festa, que acabei tendo que ir, o pai dela nos deixou em frente ao colégio e chegamos super cedo, ainda não tinham nem aberto o portão.

— Eu te disse que a gente ia chegar cedo demais, sua vadia olha não tem quase ninguém aqui, viemos varrer o colégio! – Ela me deu um leve tapa na cabeça.

—  Como que eu ia saber que não iam abrir no horário certo? Sou pontual com as minhas coisas neném! – Mostrava a língua pra ela, rindo.

Um grupo de garotas da outra sala se aproximou de nós e fomos com elas comprar energético num lugar lá perto. Quando finalmente entramos, o energético já começou dando sinais de vida e eu acabei pagando alguns micos, nunca tomava aquelas coisas e quando tomava era só pra fazer merda. As meninas fizeram uma aposta, se eu conseguisse ficar com alguém nos 5 minutos seguintes ia ganhar comida, e eu aceitei, fui rejeitada pelo crush e o efeito negativo do energético ajudou pra que se instalasse a bad naquela noite, foi quando perto de ir embora, uma das garotas que estava com o grupo da outra sala se aproximou de nós , mais precisamente de mim, era Heloísa, a garota que naquela noite me tocou e olhou da forma como nenhuma outra havia feito, até que perto da pista de dança depositou-me pequenas mordidas no pescoço.

— Vocês deviam se pegar! – Foi o que disse um garoto conhecido que passava por perto.

Bastou aquilo para que minha noite não fosse mais a mesma, quando fui embora com Gabriela, dormimos em sua casa, e o meu pensamento só pertencia á Heloísa, o que me causava mais perturbação que felicidade, porque eu, Marina Vargas, ter gostado de tudo aquilo era inadmissível.