—...Sonserina?...     

—...Mas ele não deveria ir para a Grifinória?...  

—...Vai ver ele não é tão poderoso como o pai para ir para Grifinória...

Alvo estava irritado. Chocado e irritado. Eu vi isso em seus olhos conforme ele andava para a mesa da Sonserina. Os garotos mais velhos estavam rindo e eu queria muito socar a cara deles. Scorpius olhou para o amigo e abanou a cabeça em negativa. Só então percebi que Alvo estava com os punhos tão cerrados que os nós de seus dedos estavam brancos. 

Prometi a mim mesma que falaria com ele mais tarde.

—Claire Laurent! - O professor me chamou e eu caminhei até lá, nervosa. Só conseguia pensar em Alvo e em como ele deveria estar se sentindo. Eu mal o conhecia, nem um pouco. Mas algo dentro de mim me fazia querer falar com ele.

Eu mal senti quando o professor colocou o chapéu seletor na minha cabeça. Quando notei, senti uma vozinha no fundo da minha mente.

"Onde colocá-la... Quatro casas e quatro qualidades é o que vejo... Interessante, muito interessante..."

Eu estava ficando nervosa, por que o chapéu seletor estava demorando mais do que eu gostaria. Quase dez minutos depois ele anunciou por fim:

—Grifinória! - O chapéu seletor gritou e a mesa da Grifinória explodiu em palmas. Eu corri para lá, sorrindo. Sentei ao lado de Tiago e lancei um olhar para Alvo. Ele estava de cabeça baixa, encarando a mesa, recusando-se a olhar ao redor. Ainda havia meninos rindo dele e eu me perguntei por que eles não cuidavam da vida deles.

—Dominique Weasley! - Dominique foi para a Lufa-Lufa. Era a casa que ela queria, eu me lembrei. Depois de alguns nomes serem chamados, o professor chamou Rose.

—Grifinória! - Eu aplaudi quando Rose se sentou ao meu lado, feliz. Roxanne foi para a Covirnal. E então era a vez de Scorpius.

Passou-se dez minutos, antes que o chapéu seletor dissesse:

—Sonserina!

Alvo pareceu um pouco melhor quando o amigo sentou-se ao se lado e os dois começaram a conversar baixinho. Uma mulher de cabelos brancos, olhos escuros, vestindo um elegante vestido vestido verde, sacudiu a varinha e disse:

—O jantar está servido!

Imediatamente, travessas com comida apareceram na nossa frente. Torta de abóbora, batatas carameladas, frango assado, macarrão com molho e os mais variados tipos de doces. Meu estômago roncou na hora.

Eu nunca comi tanto e tão bem, quanto naquela noite. Comi até estar cheia e não aguentar mais. Sei que havia comido demais e me repreendi por isso.

—Essa comida...- Rose suspirou.

—Melhor que já comi. - Concordei.

—Acha que Alvo vai ficar bem? - Ela me perguntou.

—Não sei. - Respondi. - Amanhã vou falar com ele.

Rose acenou afirmativamente com a cabeça. Olhei para Tiago, que não conseguia desviar os olhos do irmão.

—Você deveria ir lá falar com ele. - Eu digo a Tiago.

—Eu sei. - Ele responde, com um suspiro. - Mas agora não. Ele está com raiva. E vai descontar na primeira coisa que encontrar. Deixa ele se acalmar.

—Tudo bem.

—Sabe de uma coisa? - Ele sorriu fracamente. - Nosso pai sempre nos contou como era na Grifinória. Como era jogar no time de Quadribol. Alvo sempre sonhou em estar na Grifinória por que aí ele trilharia o mesmo caminho do nosso pai.

—Mas ele não é o Harry. Alvo é, bem, o Alvo. São diferentes.

—Esse é o problema Claire. Eles não são tão diferentes quanto você pensa.

—Atenção a todos. - A mulher de verde chamou nossa atenção.

—É a diretora McGonagall. - Rose sussurrou para mim.

—Alguns avisos de início de ano, como de costume. A Floresta é, claramente, um território proibido para alunos. A biblioteca fica aberta das oito da manhã até as nove. As nove e meia todos os alunos devem estar na cama, com exceção dos alunos que terão aula de Astronomia. Os testes para o time de Quadribol serão feitos no final de Setembro e os interessados procurem os capitães de seus times. Theodore Lupin, Grifinória. Charlie Woody, Lufa-Lufa. Sierra Valentine, Sonserina. E Abby Wilson, Covirnal. Boa noite a todos vocês e um bom ano letivo!

—Atenção Grifinória! Grifinória! - Uma menina loira chamou nossa atenção. Era a mesma menina do trem, que nos mandara vestir os uniformes. - Sigam-me, por favor. E tentem não se perder pelo caminho.

—Victorie é monitora. - Explicou-me Rose. Vamos logo, para não ficarmos para trás.

Rose me puxou antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Vi Alvo e Scorpius caminhando juntos, Alvo ainda irritado. Eu queria falar com ele, mas não tive chance. Decidi deixar para amanhã.

—Cuidado com as escadas, pessoal, elas costumam se mover muito por aqui.

Olhei, chocada, as escadarias de Hogwarts, algumas realmente se movendo. Havia quadros por toda a parte e todos eles se mexiam. Alguns acenaram para mim. Outros fizeram cara feia. Mas todos eles se moviam, nos observavam.

—Esse lugar é o máximo. - Eu disse para Rose e ela confirmou.

Paramos no topo de uma das escadas, em frente a um quadro de uma mulher gorda, vestida com um vestido cor de rosa de época.

—Ah, novos moradores... - Ela disse, abanando o leque.

—Olá, madame. - Victorie sorriu.

—Olá, Victorie. Qual é a senha?

—Atenção todos vocês, principalmente os do primeiro ano. Não revelamos nossa senha para ninguém que não seja da casa. Por isso, atenção. A senha é: Sorvete de Limão.

—Correto. - A mulher disse.

O quadro abriu-se, como uma porta, revelando uma passagem de pedra. Victorie nos guiou por ela até entramos em uma sala imensa, com quadros, sofás, algumas mesas, uma lareira e duas escadarias conduzindo para direções diferentes.

—Bem-vindos, a sala comunal da Grifinória.

Eu sorrio, entro na sala com Rose ao meu lado. Ela sorri também.

—Olá crianças! - Um fantasma. Realmente é um fantasma. Um fantasma de um homem, vestindo roupas antigas, de barba e bigode. Ele sorri. Eu contenho um grito na garganta.

—Há muitos fantasmas por aqui. - Victorie diz. - Esse é Nick quase-sem-cabeça. Olá, Sr.Nicolas.

—Olá a todos. É muito bom vê-los aqui. Eu estou muito ocupado agora, sabem... Pirraça sumiu de novo e tema que esteja aprontando. Tenho de ir. Tchauzinho, pessoal!

—Tchau sr.Nicolas, boa sorte. - Victorie diz e depois vira-se para nós. - Atenção, todos na cama. Vamos, já é tarde e amanhã é um longo dia. Meninas a direita, meninos a esquerda. Podem ir.

Subimos as escadas, conversando e rindo. Rose me conta animada seus planos de entrar para o time de Quadribol. Ela me explica um pouco sobre o jogo, mas eu não entendo muito bem.

—A gente vai a um treino e aí você vai ver como é.

—Tudo bem.

Acabamos ficando perto uma da outra. Zia está no corujal e lembro-me de ir visitá-la pela manhã. Deito na cama, suspirando. Penso em Alvo, Scorpius e meus novos amigos.

Durmo rápido e sonho com borboletas prateadas e faíscas douradas.