A Herdeira escrita por TessaCrowled


Capítulo 2
1


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo!
Espero que gostem!



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O desastre foi prenunciando por sinais. 

Se eu tivesse o dom de prever o futuro, certamente entenderia que não deveria ter me levantado de manhã, mas eu o fiz mesmo assim. Estava chovendo, mas em Londres sempre chove. As nuvens porém estavam carregadas demais e certamente haveria uma tempestade. Mas ignorei o primeiro sinal.

Enquanto tomava café-da-manhã, assisti sobre revoadas de corujas fora de época, não era para elas estarem por Londres em agosto. Mas dei de ombros e ignorei o segundo sinal.

Ainda perdi o ônibus que me levaria ao meu treino de lacross. Geralmente, quando isso acontecia, eu ficava em casa. Mas como tínhamos um jogo importante na próxima segunda, pedi ao meu para me levar. No caminho, um corvo me observava fixamente. Fiquei com mais medo do que admitiria e um calafrio percorreu meu corpo.

Mas eu ignorei todos esses sinais. Eu não era uma pessoa supersticiosa, jamais fora. Mas se eu fosse, apenas um pouco, talvez eu tivesse inventado uma doença e ficado em casa. Aí sim eu teria conseguido evitar todo o desastre. Mas talvez, nem se eu tivesse mudado minhas ações, conseguiria fazer isso.

O treino também foi normal, assim como todos nos outros dias, desde o início do verão. Alongamento, corrida, broncas por conversar com minha melhor amiga, Danielle. Troca de olhares Elliot, o menino que eu detestava. Depois treinamento em quase todas as posições. Pausa para o almoço. Mais conversa com Danielle e mais treino até o fim da tarde.

Estava voltando para casa, a pé mesmo, conversando com Danielle. Tínhamos planos para o resto do verão e eu precisava falar com ela.

—Não podemos simplesmente entrar num trem e sair por aí. - Ela reclamou, pulando uma poça de água.

—Claro que podemos. A passagem não é cara. E nós só vamos visitar minha tia. É meia hora de viagem. - Argumentei.

—Mas Claire... Vamos perder treino. E nosso jogo e na segunda-feira.

—Não perdemos um treino desde maio Danielle. Podemos perder um dia só.

—Mas somos crianças, não vão nos deixar entrar.

—Não somos crianças. Temos onze anos. E eles deixam sim, pessoas com mais de 10 anos entrarem no trem.

—Você nem tem onze anos direto Claire.

Revirei os olhos.

—Você que sabe. Mas eu vou. Tia Mia está me esperando a semanas lá e eu quero muito vê-la.

—Pois vá só. Saiba que uma dessas suas aventuras ainda vai matar você.

—Ai Danielle quanto drama... E antes que eu me esqueça, obrigada pelo presente. Adorei os brincos.

Disse e mostrei a ela que estava eu estava usando. De aniversário, Danielle me dera um par de pequenos brincos em forma de pássaros dourados. Era simples e fofo. Ela sorriu de volta.

—Que bom que gostou. Eu dobro aqui, tchau Claire.

—Tchau Danielle. - Disse e ela virou a esquina. Continuei caminhando pela rua, pois minha casa estava próxima.

Morávamos de aluguel, por conta do trabalho do meu pai. Ele era bombeiro e sempre tinha que viajar. Minha mãe dizia que alguma hora, ele teria de levar nós duas. Era uma casa simples, de andar, pintada de amarelo desbotado. Não éramos ricos, mas tínhamos dinheiro suficiente para nos dar conforto.

Prossegui, pulando as linhas da calçada. Gosto de brincar disso. Quando menor, imaginava que se eu pulasse nas linhas, o chão se abriria. Chego em casa e entro animada para contar aos meus pais sobre o treino.

—Mãe! Pai! - Chamo pelos dois. A casa está estranhamente silenciosa, os dois costumam conversar em voz alta e até a vizinha escuta as vezes.

—Mãe? - Digo, entrando para a sala. Franzo a testa na hora e largo meu equipamento no chão da sala. Minha mãe está sentada ao lado do meu pai, os dois estão de mãos dadas e parecem chocados e nervosos. Na poltrona em frente a eles estava um homem que eu nunca tinha visto.

Olhos muito verdes, cabelos muito pretos, pele muito branca. Parecia ter quarenta anos, pois tinha fios grisalhos na cabeça, mas os óculos de aro redondo lhe davam um ar mais jovem. Tinha duas cicatrizes, uma na testa em forma de raio e outra mais profunda na bochecha.

—Olá Claire. - Meu pai disse, sorrindo. Mas seu sorriso era vacilante e nervoso.

—Oi... Quem é você? - Disse para o homem.

Ele sorriu e estendeu a mão.

—Sou Harry. Harry Potter. - Ele disse e eu apertei a mão dele.

—Hã... Olá Harry. O que está acontecendo?

—Claire sente aqui, nós temos de conversar.

Minha mãe disse.

—É sobre uma coisa muito séria. Uma coisa que esse homem nos disse.

Meu pai completou.

—Se permitem, Sr. e Sra. Laurent, gostaria de conversar com Claire. Acredito que eu explicarei melhor do que vocês a situação.

—É, de fato. - Meu pau concordou e minha mãe acenou. Logo minha mãe, que sempre quer saber de tudo o que acontece. O gesto me surpreendeu.

—Estaremos na cozinha, meu amor. Caso precise falar conosco.
Minha mãe estalou um beijo na minha testa e saiu com papai na direção da cozinha. Eu sabia que eles estavam quietos, escutando ansiosamente.

Harry Potter sorriu para mim e se sentou no sofá onde a pouco meus pais estavam sentados. Sentei próximo dele, mas não próximo demais. O que aquele homem estranho fazia na minha casa era um mistério. Encarei suas roupas, ele usava um jeans preto, mas também um terno. Não parecia um oficial ou uma autoridade, mas também não era uma pessoa que deveria ser ignorada.

—Então... Quem é você? Tem a ver com o lacross? - De repente uma possibilidade me acorreu. Ele poderia ser um olheiro de um time famoso.

—Lacross? Não. - Ele riu. - Não sei metade das regras do jogo. Mas, se você aceitar ir para Hogwarts, lhe explicarei sobre um esporte muito mas divertido.

—Hogwarts? - Perguntei. - O que é isso e por que eu aceitaria ir para lá com você?

—Por causa disso.

Ele tirou do bolso do terno uma carta e me deu. A peguei e olhei-a.

Na frente, estava lacrada com um selo vermelho e um ''H''. Atrás, tinha o destinatário escrito em letras delicadas; Claire Laurent, Rua Lowson n.56, East Village, Londres.

Abri e li o seu conteúdo.

''Prezada Sra.Laurent

Temos o prazer de informar que Vsa tem uma vaga na escola de magia e bruxaria de Hogwarts . Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.

O ano letivo começa em 1 de setembro. Estamos aguardando sua coruja até 8 de agosto. No mais tardar.

Atenciosamente;

Diretora Minerva Mcgonagall''

—Escola de magia e bruxaria? Isso é uma piada?

Agora eu estava irritada.

—Não estou brincando, senhorita Laurent. Claire, você é uma bruxa.

E depois puxou uma varinha do terno e disse:

—Lumos.

A ponta da varinha ascendeu, como uma lanterna.

—Isso é uma lanterna. É um truque. Não tem como ser verdade.

—Eu soube da borboleta.

Ele disse, calmo. Arregalei os olhos. Só eu e minha mãe sabíamos sobre o que tinha acontecido no verão passado. Eu havia segurado uma borboleta de papel durante cinco minutos. Mas quando abri a mão, ela saiu voando, como se fosse de verdade. Eu fiz isso mais algumas vezes, até minha mãe me mandar parar, assustada.

Eu jamais encontrei uma explicação lógica para isso e acreditava que jamais encontraria. Mas magia? Era demais.

—Mas não pode ser magia... Quer dizer, isso não existe. Existe?

—Eu também duvidei, se você quer saber. Eu também não sabia que magia existia até meus onze anos. Nox. - Ele disse e a varinha se apagou. - Você é especial, Claire, e nem faz ideia do que é capaz de fazer. Se você aceitar ir para Hogwarts, terá um mundo inteiro a sua disposição.

—Eu sou uma bruxa. - Murmurei, encarando a carta.

—Você é uma bruxa.

E, apesar de ser uma boa notícia, eu não fazia ideia da encrenca em que acabara de me meter.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
Beijos!



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