Life Can Be Wonderful escrita por NamieKido


Capítulo 1
One-Shot




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Life Can Be Wonderful

Vanessa vive uma vida melancólica, onde ao sofrer um acidente, perdeu seu futuro. Perdeu suas esperanças de viver uma vida perfeita. Aquele terrível acidente que levou sua visão para longe. Tornou sua vida inútil, sem possibilidades de voltar a enxergar. Seus olhos agora opacos, não representam mais felicidade. Seus olhos antes azuis, lindos como o mar e o céu, se tornaram um esbranquiçado onde não havia mais um brilho que sempre esteve presente. Sua vida agora se resumia em viver dentro de uma escuridão profunda, onde não havia a luz que a salvaria. Uma escuridão que nunca acabava. O desespero de viver seu maior medo todos os dias. Vanessa se sentia esmagada pela escuridão a cada dia que passava, e sufocava pensar que nunca se livraria desse terror.

Com o tempo Vanessa passou a se acostumar a andar às cegas. Agora seus livros foram todos trocados para as edições em braile. Aprendera a tocar piano para que pudesse pelo menos aliviar seu sofrimento. O piano se tornou algo comum na vida de Vanessa, onde sabia de cor as teclas e já conseguia vislumbrar um mundo onde tudo fosse perfeito. Sua imaginação fluía e sua consciência parecia sair de seu corpo. Todos seus medos iam embora assim que a primeira tecla de piano era tocada. Isso fazia com que Vanessa se perdesse no tempo e passasse hora tocando-o. Era sua forma de fugir da escuridão, de fugir de seu medo.

Por mais que não quisesse, seus pais pediam para que ela sempre se apresentasse. Falavam que as pessoas se interessariam pelo seu dom, e logo a chamariam para alguma faculdade de música. Sem muito para retrucar, sempre acabava aceitando. Mas o que Vanessa mais apreciava era ir para os parques e aproveitar a brisa.

Vanessa estava em um de seus parques preferidos. Aproveitava o canto dos pássaros e sentia a grama úmida em seus pés, e o aroma das flores que floresciam nessa época do ano. Primavera era sua estação preferida, onde tudo parecia ser mais calmo e as plantas soltavam um aroma mais acolhedor. Apesar de se sentir uma inútil, não gostava que as pessoas soubessem que era cega. Evitava a qualquer custo que as pessoas descobrissem. Talvez fosse algo mais fácil se todos soubessem de sua deficiência, mas não queria quer as pessoas comentassem sobre sua vida. Gostava de ser invisível, onde ninguém reparava em sua melancólica vida. Mantinha seus olhos abertos por hábito e esquecia de piscá-los frequentemente. Não sabia dizer se as pessoas reparavam, mas desejava que apenas ignorassem.

— O que tanto olha? – Pergunta uma voz desconhecida, ao seu lado.

Vanessa ao ouvi-lo, se assusta e recua. Vira seu rosto na direção do som e lamenta não poder enxergar. Ainda não havia se acostumado que procurar o desconhecido, jamais tiraria suas dúvidas. Mesmo depois de anos.

— Me desculpe, não foi minha intensão assustá-la – Continuou a voz ao seu lado. Vanessa julgou a voz como algo aveludado. Um ótimo tom de voz. Parecia lhe trazer calmaria.

Vanessa permaneceu calada, e talvez seus olhos opacos, mostravam um medo, misturado com confusão. O estranho pareceu ficar em silencio por tempo, até perceber que Vanessa não falaria com ele.

— Sou Nathan, prazer – Nathan estendeu sua mão, mas foi prontamente ignorado. Pareceu ficar constrangido, disfarçando recuou o braço – Não pode nem apertar minha mão?

Vanessa não havia notado um movimento em sua direção e ficou sem graça, ao fazer o menino pensar que foi ignorado. Mas não queria lhe explicar que não havia visto.

— Você é muda? – Nathan perguntou sem medir as palavras – Que pena, pensei que seria legal conversar com você – Sua voz tinha um tom meio desapontado e triste.

— Não sou – Vanessa diz rapidamente, evitando outro desentendimento. Algo lhe dizia que não queria ouvir seu tom triste.

— Oh – Exclamou – Finalmente ouvi sua voz.

Novamente Vanessa permaneceu quieta, e Nathan parecia ter bufado. Ele queria se tornar amigo dessa pessoa tão fechada. Apenas se maravilhou com a beleza que encontrou ao pousar seus olhos na garota que fitava o nada.

— Desculpe, mas qual o seu nome? – Perguntou, inutilmente puxando assunto.

Vanessa parecia estar disposta a ignorá-lo até que desistisse, e estava indo bem até o outro voltar a falar.

— Parece que não vai me responder – Disse o óbvio – Então a chamarei de Srt.Muda.

Vanessa estava se irritando com esse ser que não se calava, estava ponderando se seria melhor apenas lhe dizer logo seu nome.

— Então Srt.Muda, o que faz aqui nesse maravilhoso parque?

Talvez ele não fosse se calar nunca. Pensou.

— Vanessa – Disse bufando logo em seguida.

— Olha só, ela tem nome – Zoou Nathan – Me diga, Vanessa... Por que está com áurea triste?

— Talvez esse seja o propósito de minha vida, viver na melancolia. – Nathan permaneceu em silencio por um tempo. Analisando aquelas palavras.

— É depressiva? – Perguntou, franzindo a testa.

— Não sei, sou?

— Talvez – Ele diz – Teria motivos para entrar em depressão?

— Talvez – Copiou sua resposta.

Nathan riu nasalmente e olhou para a paisagem do parque. Estavam de frente para um lago, e o sol estava atrás de nuvens, iluminando-as e criando um clima adorável.

— O que você sente ao olhar para o que está em sua frente? – Perguntou Nathan, na inocência.

— Não sei, me diga você – Vanessa evitou ter que responder.

— Sinto que é o momento perfeito para se criar novas amizades.

— Não sinto o mesmo – Disse Vanessa.

— Talvez não esteja vendo corretamente – Ele diz, observando a feição de Vanessa. Algo lhe intrigava.

— Talvez eu apenas não possa ver – Suspirou Vanessa. Esse peso estava sufocando-a, e seria apenas mais simples se apenas contasse logo. Ao dizer isso, virou seu rosto para Nathan e mostrou seus olhos opacos.

— Desculpe... Eu não fazia ideia – Desculpou-se Nathan – Sinto muito mesmo.

Vanessa assentiu, querendo que o assunto apenas mudasse.

— Então você tem motivos para ser depressiva – Disse Nathan, se sentindo um verdadeiro idiota.

— Não sou, apenas sou realista ao pensar que meus problemas não têm soluções.

— Não deve perder as esperanças – Ele diz, sorrindo.

— E por que não? – Questionou Vanessa.

— Porque a esperança é a última que morre – Disse simplesmente.

— Então considere-me morta por dentro. – Vanessa estava farta desse assunto, e acreditava que não tinha como Nathan entender sua dor.

— Então, se acredita que nunca mais enxergará, tente fazer coisas que a deixem feliz, pare de pensar negativamente.

— O que você acha que uma cega pode fazer? – Irritou-se – Nada. Simplesmente nada.

— Não precisa dos olhos para se divertir.

— E como exatamente quer que eu me divirta? – Perguntou suspirando. Estava cansada. Casada de toda essa baboseira. Queria que nunca tivesse saído de casa aquele dia.

— Venha comigo – Nathan puxou Vanessa e a conduziu até sua moto.

Ajudou Vanessa a subir e montou na moto em seguida. Vanessa estava desconfiada e parecia estar de mau-humor.

— Segure-se em mim – Disse ao dar a partida na moto.

Vanessa obedeceu e pôs seus braços em volta da cintura de Nathan. Logo ele acelerou e foi para uma avenida isolada, onde poderia ficar em alta velocidade.

— Você é louco? – Gritou Vanessa, enterrando seu rosto nas costas de Nathan.

— Apenas aproveite o vento em seu rosto – Gritou Nathan de volta. O vento atrapalhando que sua voz atingisse Vanessa.

Vanessa ao perceber que a viagem duraria boas horas, se soltou um pouco e afastou seu rosto. Aproveitou o vento em seu rosto que parecia empurrar seu rosto para traz. Seus cabelos morenos, esvoaçando com o vento e lhe fazendo cócegas. Deixou um sorriso mínimo escapar de seus lábios.

Nathan podia sentir Vanessa aproveitando a viagem e sorriu consigo mesmo. Estava contente em mostrar que a vida não era algo ruim e que sim, ela poderia ser feliz sem a visão. Depois de algumas horas, Nathan estacionou sua moto e ajudou Vanessa a descer. Pegou em sua mão e a arrastou para o local, que queria que ela sentisse. Era um local onde diversos tipos de flores floresciam. Um local onde podia encontrar todos os tipos de flores que desejassem.

— Isso é um parque? – Perguntou Vanessa, sentindo os diversos aromas.

— Não exatamente – Respondeu – Gostou?

— Adorei – Vanessa estava maravilhada, tentando diferenciar os diferentes cheiros.

Ela sorria, e parecia esquecer-se de seus problemas. Algo que fez Nathan sorrir triunfador.

— Qual o seu desejo? – Perguntou.

— Depende, que tipo de desejo?

— O mais profundo, e você acha que nunca irá mudar.

Vanessa pareceu refletir por um momento e achar uma resposta apropriada.

— Talvez... Ver uma última vez... O pôr do sol – Ponderou se essa fosse uma resposta boa o bastante. Se era uma resposta digna o bastante.

— É algo muito profundo – Nathan disse, descansando em um banco.

— Qual o seu desejo? – Perguntou Vanessa.

— Ainda não me decidi – Respondeu – Venha, vou lhe mostrar o que é comida boa.

Nathan não pensou nem duas vezes antes de puxá-la para uma de suas barraquinhas favoritas e lhe encher de comida.

Foi se passando semanas, desde que Nathan decidiu mostrar o que era felicidade à Vanessa. O garoto parecia estar cada vez se interessando mais na pequena cega. Algo o puxava para perto de Vanessa, e lhe dizia para protegê-la. Vanessa parecia mais alegre, mas ainda matinha seu olhar perdido. Como se algo a atormentasse em todos os momentos.

— Onde irá me levar dessa vez? – Perguntou Vanessa, mostrando vestígios de animação.

— Que tal apenas ficarmos aqui, nesse parque em que nos conhecemos?

— Parece ótimo.

— O que achou dessas semanas? – Perguntou curioso.

— Talvez, eu tenha mudado um pouco – Disse, perdida em devaneios – Acredito que a vida pode ser um pouco divertida.

— Trabalho completo – Ri Nathan.

— Mas será que somos apenas estrelas tentando iluminar a escuridão? – Disse Vanessa, mais para si, do que para Nathan.

— Que tipo de reflexão é essa?

— Somos apenas pequenos pedaços de poeira no espaço – Vanessa continuava a falar – É estranho achar que algo nos espera quando a vida acabar.

— Está pensando em que? – Perguntou Nathan, desistindo de tentar entender Vanessa.

— Que talvez o que eu esteja procurando, seja apenas uma luz no fim do túnel.

— Posso ser essa luz se me permitir.

— Acho que irei considerar essa opção – Sorriu Vanessa.


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