Home with Fabray escrita por Louca dos ships


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Então, to meio sumida né? Pra quem não reconhecer o user, porque eu troquei recentemente, sou a Chaveiro. Quem escreveu a Heartbeats, Coffee With Quinn Fabray e etc. Lembraram? Se não, cês olhem minhas outras fics hahahahaha

Então, tava martelando essa ideia a algumas semanas e tem acontecido tanta coisa que eu apenas parei, liguei o notebook e comecei a escrever. Pra quem leu a Coffee é meio que um pós, o que aconteceu depois. Mas pra quem não leu não vai fazer muita diferença não. Enfim, boa leitura

Ps: Italico - flashback



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O que você tem a dizer do destino? - Anônimo


Destino para mim é um futuro, é uma caminhada, a cada segundo que passa, já passou, e a cada passo que dou é um avanço, à cada escolha que faço, eu quem decido. Sempre se pode escolher dois ou mais caminhos, ou duas ou mais opções, posso olhar para o passado, voltar para trás e reencontrar os medos, ou posso olhar para frente, dar meu próximo passo, e aprender a lutar. – Em resposta ao anônimo

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— Mãe, mãe, MÃE. – O ultimo chamado saiu aos gritos de uma garota com as faces coradas e os bonitos olhos verdes inundados em lágrimas.

— Beth, respira. – A outra mulher pediu se levantando da poltrona de couro marrom. Estava perdida em pensamentos quando ouviu os chamados impacientes. – O que houve querida? – Pediu vendo que as lágrimas já ameaçavam a saltar, a preocupação em ver a filha chorando logo foi substituída por um sorriso ao ver que Beth tinha um sorriso tremulo. A garota estendeu a mão para a mãe.

— Eu vou me casar. – Contou sem segurar as lágrimas, um sorriso radiante pintava seus lábios. A mãe desceu os olhos para a pedra no dedo anelar. Ouro branco e uma pedra bem pequena de diamante. – Eu vou me casar! – Gritou novamente e dessa vez não hesitou em pular nos braços da mais velha que agora também tinha um sorriso na boca e lágrimas quentes marcando a bochecha.

— Você vai se casar. – Confirmou ofegando um soluço enquanto retribuía o abraço.

— Quinn Fabray chorando? A senhora está ficando muito mole. – Beth brincou ao se desvencilhar do abraço quente e confortável. Quinn tinha lágrimas quentes rolando pelo rosto as quais a filha inutilmente conseguia secar.

— Não é todo dia que minha filha avisa que vai casar. – Piscou novamente olhando a pedra da aliança. – Aden é um homem de sorte querida. – Beth assentiu orgulhosa de si mesma.

Quem olhasse a cena acharia a semelhança entre mãe e filha a coisa mais estranha do mundo. Elizabeth Fabray Corcoran Puckerman era a cópia de Quinn Fabray. Exceto pela idade, algumas poucas marcas de expressão e o corpo nem tão perfeito assim, jamais duvidariam que o laço sanguíneo as unia.

— Você já contou a ela? – Quinn perguntou enquanto se sentava novamente na poltrona e puxava a filha para se sentar em seu colo.

— Uh... não, achei que devia te contar primeiro, na verdade eu nem parei pra pensar muito nisso. – Sorriu sonhadora olhando o próprio reflexo na joia.

— Melhor então nem falar que eu sei, sabe como ela fica irritada quando você não conta as coisas primeiro. – Sussurrou a ultima parte arrancando uma risada da mais nova.

— Mas você é minha mãe. – Beth suspirou fazendo um carinho nos cabelos loiros e sedosos da mulher. Ouviu um suspiro e fitou os olhos verdes de Quinn. Repreensão.

— Querida. – Chamou atraindo a atenção de Beth. – Sabe que as vezes chego a pensar que ela foi mais sua mãe do que eu? – Sorriu saudosa fitando os olhos surpresos da filha.

— Do que está falando? – Perguntou arqueando a sobrancelha, Beth era realmente filha de Quinn. A mais velha sorriu com as lembranças lhe assaltando a memória.

 

Quinn nunca se sentira tão cansada em toda a sua vida, emocionalmente falando. Aquele ano havia sido insuportável afinal de contas, começou traindo o namorado, depois descobrindo a gravidez, sendo expulsa de casa pelo pai e sem o apoio da mãe, depois terminando o namoro com Finn, desistência das cheerios, provocações de Santana e todo o restante da escola. Por fim estava sem casa, sem namorado, sem a melhor amiga e invisível pelos corredores da escola. Mas enquanto segurava a filha nos braços sentia que nada mais importava além da garotinha de cabelos loiros lhe olhando atentamente.

— Soube que ela puxou os seus olhos. – Quinn levantou os olhos da filha e olhou em direção a porta. Rachel Berry tinha um sorriso carinhoso enquanto olhava mãe e filha juntas.

— Rachel. – Chamou surpresa, a morena abaixou a cabeça entrando a passos cautelosos dentro do quarto. – Como foi à competição? – Perguntou baixo vendo que a menina já não estava mais com o vestido dourado e a faixa no cabelo. Rachel deu de ombros se aproximando da cama, a conversa era aos sussurros, pois a bebê estava quase dormindo. – Sinto muito por isso, eu...

— Está tudo bem. – Sorriu abanando as mãos, Quinn não tinha culpa de nada que acontecera. – Eu só queria saber como vocês estavam, mas você deve estar cansada e eu não quero incomodar.

— Você quer segurá-la? – Quinn perguntou baixinho ao ver que a diva já ia sair do quarto. Rachel parou estática.

— Eu... eu posso? – Perguntou incerta e involuntariamente olhou pelo quarto apenas para ter certeza que só havia ela, Quinn e a garotinha loira. Quinn acenou e suspendeu um pacotinho enrolado em uma manta rosa. Rachel estendeu os braços a segurando com todo o cuidado do mundo. – Ela é linda, ela é a sua cara Quinn. – Abriu um sorriso emocionado olhando o rostinho da menina. Quinn aproveitou aquilo para de recostar o mais confortável possível na cama do hospital.

— Beth, ela se chama Beth. – Quinn esclareceu olhando Rachel ninar a menina, não tinha certeza do nome, mas agora olhando o pacotinho rosa e mole ela sabia. Era Beth, sua Beth.

A situação era o mais inusitada possível, sua inimiga declarada segurando sua filha com um sorriso bobo. Quinn estava exausta e mal parava com os olhos abertos. Estava cansada de todo o esforço que fizera horas atrás. Estava cansada das visitas que recebera dos colegas do glee club. Estava cansada de todo o transtorno mental que tivera que enfrentar durante os nove meses de gestação. Quinn achou que não faria mal se ela descansasse por alguns minutos, confiava em Rachel para estar com sua filha, para cuidar dela enquanto se permitia tirar uma soneca. À medida que a voz da morena soava baixinha dentro da sala cantando qualquer musica de ninar ela sentiu as pálpebras pesarem cada vez mais, até entrar em um sono profundo.

 

— Achei que vocês duas mal se falassem naquela época? – Questionou curiosa. Quinn permanecia na poltrona antiga enquanto que Beth estava sentada no tapete felpudo em posição de índio em frente à mãe. Quinn sorriu com a lembrança de uma garotinha beirando aos oito anos, agarrada a um tigre de pelúcia e com olhos brilhantes esperando para ouvir alguma história sobre príncipes e princesas, uma bruxa malvada e uma muralha separando o amor verdadeiro.

— Rachel sempre foi muito prestativa quando se tratava de ajudar os outros. Ela sempre se preocupou muito, principalmente com você. – Adicionou com um sorriso terno.

Quinn não lembrava em absolutamente nada a Quinn Fabray de duas décadas atrás. A boca que antes era pintada por um sorriso sarcástico hoje abrigava nada mais que um sorriso terno e carinhoso e era destinado a qualquer pessoa. A pose imponente ainda estava lá, alguns resquícios pelo menos, mas era bem mais relaxado, ela não precisava carregar mais peso nenhum nos ombros.

— Eu sempre achei que ela teria raiva de mim por eu ter sido adotada pela mãe dela. Quer dizer, vocês nunca falam muito sobre isso, mas acho que seria a minha reação se eu estivesse no lugar dela. – Franziu o cenho, sabia da história completa e mesmo assim sempre teve dificuldade em assimilar, era tudo muito confuso.

— Rachel se apaixonou por você instantaneamente Beth, ela se ressentiu com a Shelby, você nunca teve culpa de nada. Ela sempre teve algo no qual eu admirava e invejava em silêncio. Nobreza.

 

— Quinn! – Rachel chamou mais alto em sua terceira tentativa, a loira andava apressada e irritada. Aquilo nunca mudava. A loira parou os passos e se virou bufando fazendo a morena dar um passo para trás. Cautela era sempre bom. – Você não pode fazer isso.

— Fazer o que Rachel? – Quinn apertou os olhos impaciente enquanto batia o pé. Estava com pressa. Estava realmente com pressa.

— Shelby, você não pode entrega-la. Deus... eu não posso confiar em você. – Rachel quase gritou exasperada. – Eu achei que você tinha mudado, eu achei que tinha te convencido a fazer o certo depois das seccionais. – Suspirou arriscando a se aproximar um pouco mais. Olhou para os lados apenas para ter certeza de que estavam sozinhas no corredor do segundo andar do Mckinley. Rachel viu a loira sair da aula de História nervosa e sabia que não era algo bom, portanto decidiu segui-la.

— Não se meta Berry, você não entende. – Vociferou irritada virando os calcanhares para seguir seu destino, mas foi impedida novamente pela voz de Rachel.

— Quinn. – Chamou dessa vez um pouco mais baixo. – Shelby vai embora em alguns poucos dias... – Rachel agora tinha toda a atenção da loira. Viu a loira morder a bochecha e a troca de peso de um pé para o outro. Rachel conhecia aquilo, era medo. – Não vale a pena, Beth está feliz e sendo bem cuidada por ela, não era o que você queria? Eu sei que você sente falta... – Completou com cautela e viu os bonitos olhos verdes adquirirem um tom mais claro e cristalino. – Eu posso passar a tarde com ela, caso você queira passar lá em casa, antes que elas vão embora. – Rachel não esperou resposta, ela apenas deixou Quinn pensando sobre aquilo enquanto se virava para voltar a sua classe de história.

Quinn não sabia o que fazer, ela já não tinha mais cabeça para assistir a nenhuma aula. Então ela apenas decidiu seguir até o campo de futebol e se sentar nas arquibancadas. O tempo estava frio, nublado e ela se pegou se aferrando ainda mais no casaco que usava, a brisa gélida percorrendo por toda a sua espinha. Vasculhou a mochila pegando um maço de cigarros e um isqueiro. Esse infelizmente era um dos vícios dos quais ela não conseguia se livrar depois do curto período com as skanks, mas ela não estava muito interessada em parar, o tabaco a relaxava e foda-se, ela já tinha abrido mão de muita coisa, abriu mão de Beth, Finn, Puck, por algum tempo abriu mão do próprio corpo, da própria cabeça e seus pensamentos. Recentemente abriu mão do cabelo rosa, das roupas largadas, da bebida, então foda-se, ela não ia abrir mão do cigarro.

Rachel contou duas horas e quarenta e cinco minutos até ouvir a batida na porta de sua casa. Ela sabia quem era, ela teve esperança e teve paciência e era algo que ela não tinha a algum tempo. As coisas só iam acontecendo, não da forma como ela queria, mas da forma como deveriam acontecer. Mas naquele dia ela teve esperança e paciência. Então ela não parecia particularmente surpresa quando viu a loira parada em sua porta, o vestido branco e um suéter amarelo claro por cima, os cabelos curtos presos em um rabo de cabelo frouxo com algumas mexas soltas.

— Meus pais não estão em casa. – Rachel iniciou cedendo espaço para que a loira passasse, a menina pareceu ter mais confiança depois dessas palavras. Os Berry não eram os maiores fãs de Quinn.

— Ela está aqui? – Foram as únicas palavras que Quinn conseguiu dizer. E sua voz nunca pareceu tão desesperada. Rachel não precisou confirmar, o choro agudo vindo do andar de cima respondeu qualquer duvida que a loira tivesse. Rachel indicou com a cabeça a escada e no mesmo instante viu o vulto em loiro, branco e amarelo subir as escadas.

A cena não poderia ser mais adorável, na opinião de Rachel. Assim que alcançou Quinn se deparou com a loira ajoelhada no chiqueirinho onde Beth estava seguramente presa, rodeada de brinquedos. A loira não se atreveu a se aproximar muito, ainda incerta do que poderia ou não fazer. A alguns meses que não via a filha, não desde que Shelby a afastara e cancelara todas as visitas. Na primeira vez a garotinha não parava de chorar estranhando os braços de Quinn, também pudera, elas não tiveram o menor contato que fosse durante um ano inteiro e agora ela simplesmente não sabia como ia ser.

— Você pode pegá-la se quiser. – Rachel sorriu na soleira da porta enquanto se aproximava. A garotinha loira abriu um sorriso singelo ao ouvir a voz da morena e Quinn não evitou segurar algumas lágrimas no rosto. Sua Beth. A morena tocou no ombro da loira e Quinn se levantou e estendeu os braços, a garotinha se equilibrou na rede do chiqueirinho e estendeu os bracinhos, a atitude arrancou mais lágrimas, sorrisos bobos, uma risada engraçada – vinda de Beth que parecia muito confortável nos braços da mãe biológica – e um suspiro de alivio. – Eu vou deixar você aproveitar, por favor fique a vontade Quinn. – Rachel pediu e viu Quinn assentir compenetrada em dar cheirinhos em Beth que abria sorrisos com as cocegas. Rachel beijou a face da menina e saiu do quarto. Era o momento de Quinn e ela tinha esperado muito por aquilo.

 

— Eu achei que depois de a senhora ter entregado minha mãe só tivesse te visto de novo quando eu estava com sete anos. – Comentou apoiando o queixo no próprio joelho. Quinn parecia muito absorta em pensamentos, mas ainda assim tinha ouvido a filha.

— Eu só te vi duas vezes depois daquilo. – Assumiu parecendo um pouco envergonhada. Fato era de que não tinha muito orgulho do que queria fazer. Mas ela era uma mãe desesperada e sua vida estava bagunçada o suficiente para fazer qualquer coisa certa.

— Foi aí que vocês se tornaram amigas? – Questionou confusa, na história original, contada por Rachel várias e várias vezes isso acontecia bem depois.

— Não. – Quinn sorriu. – Quer dizer, eu estava no último ano e tentei acertar as coisas aos poucos, mas a nossa reaproximação foi por aí. Rachel me salvou algumas vezes até que eu começasse a aprender a fazer as coisas certas. Depois desse dia eu só te vi um outro mais, quando Shelby te levou embora.

 

Quinn chorava compulsivamente sem vergonha nenhuma de o fazer na frente de Rachel. Ela não podia sequer suportar a ideia de ter Beth longe e a garotinha parecia sentir o desespero da mãe biológica, porque se aferrava a ela com todas as forças que uma criança de 1 ano e alguns meses teria. Rachel olhava a cena com um aperto no peito, Puck estava com a caminhonete estacionada em frente a casa da morena, era ele quem levaria Beth até a casa de Shelby para que elas pudessem ir embora dali.

— Quinn, ela precisa ir. – Rachel tinha a voz embargada pelo choro vendo o desespero de sua recente-amiga. A loira se aferrou ainda mais a menina tomando o máximo de cuidado possível para não machuca-la e tentando absorver tudo sobre aquele contato. A pele macia, o cheirinho de bebê, os olhos verdes atento aos movimentos do que acontecia a sua volta. A buzina novamente soou e Rachel bufou com raiva, sabia que a menina tinha que ir, mas também estava sem coragem de atrapalhar a cena que acontecia em sua frente. Não era justo. Apenas não era justo. – Q... – Rachel chamou novamente à loira que assentiu e com certa dificuldade entregou a garotinha loira nos braços de Rachel. Beth começou a chorar instantaneamente e Quinn soluçou novamente beijando a testa da menina e virando de costas. Não podia suportar aquilo.

Rachel sentiu o coração apertar ainda mais enquanto levava Beth para Puck. As coisas da menina já estavam na caminhonete, inclusive o chiqueirinho. Shelby acabou tendo um pequeno problema mais cedo quando já havia se despedido. Assim que Quinn soube disso correu para a casa de Rachel onde os pais dela olhavam Beth, juntamente com Rachel. Hiram que era quem estava em casa não disse nada, deu toda a privacidade que Quinn merecia e restou a morena presenciar a segunda despedida da loira com a filha. Era de partir o coração.

Tão logo a menina estava nos braços de Puck, Rachel subiu apressada de volta para seu quarto. Encontrou Quinn encolhida em um canto, chorando furtivamente, o corpo balançando conforme os soluços aumentavam. Rachel só fez trazer a loira para o próprio colo e apertá-la em seus braços o mais forte que conseguia. Quinn precisava daquilo e não lutou contra. A loira só se acalmou ao ouvir a voz de Rachel cantando baixinho alguma musica do Radiohead, aos poucos a loira parou de chorar e entrar em um sono profundo. Bem ali, no chão, nos braços de Rachel Berry, e elas concordaram mutuamente e em silêncio que aquilo era suficiente e não era um grande problema.  

 

— Eu juro que não entendo como ela pode ter ficado com aquele cara enquanto tinha... você. – Beth agora parecia frustrada enquanto indicava a mãe. Quinn corou com o elogio da menina e sorriu com a lembrança daquele dia. Se sentia tão quebrada e ao mesmo tempo tão confortável por ter alguém ao seu lado.

— Rachel precisava de um tempo pra ela Beth, precisava decidir por ela mesma e naquela época as coisas ainda eram complicadas. Eu comecei a me abrir com ela aos poucos e ela também tinha medo de se aproximar de mim.

— Claro né mãe, a senhora era uma vaca com ela. – Falou rápido demais levando a mão a boca arrependida.

— Elizabeth. – Bronqueou e não durou muito, aquela mania de falar demais e falar o que não deve era muito familiar.

— Ok, desculpe, conta mais. – Pediu animada. – Vocês nunca falam muito sobre isso.

— Não tem muito que falar. – Murmurou esfregando a palma da mão na testa. – Depois daquilo eu resolvi tomar um tempo pra mim e colocar minha vida nos eixos. Eu não procurei por você de novo porque sabia que você estava bem. – Beth amuou um pouco, apesar de ter perdoado e aceitado Quinn à muitos anos atrás, ainda guardava certa mágoa sobre essa história. – Eu terminei a faculdade, Rachel terminou a dela, nós mantivemos nosso relacionamento do jeito que conseguíamos e então Rachel me disse que eu estava pronta para te ver novamente.

 

— Por que estamos fazendo isso mesmo? – Quinn perguntou enquanto esfregava as palmas das mãos na calça jeans. Não adiantou nada, em segundos a mão estava úmida novamente.

— Porque esta na hora. – Rachel explicou novamente enquanto olhava a loira em pânico. Estavam em São Francisco onde Shelby morava com Beth a pouco mais de um ano e meio. A menina já estava com sete anos, Quinn estava formada, tinha um emprego descente, uma casa confortável e estava crescida o suficiente para procurar a filha.

— E se ela não gostar de mim? – Quinn perguntou apreensiva recuando um passo. Estavam em frente a casa de Shelby, era natal e a varanda da casa estava toda iluminada. Não fora difícil convencer Shelby a aceitar que a loira participasse da vida de Beth. Anos atrás, quando Rachel ainda estava na faculdade tinha voltado a procurar a mulher. Quinn a convencera e a morena resolveu dar uma nova chance, não só porque queria contato com sua mãe, como também achou que seria válido em um futuro, queria que o mesmo contato que estivesse tendo com Shelby, Quinn também tivesse com Beth.

— É impossível alguém não gostar de você Fabray. – Rachel sorriu divertida ganhando um acenar nervoso da loira. A morena segurou firmemente a mão da loira que pareceu relaxar um pouco com o toque quente e seguiram até a porta.

Na segunda batida a porta de madeira foi aberta por uma figura pequena, de cabelos loiros até abaixo dos ombros, olhos verdes quase cobertos pela franja e um tigre de pelúcia. A garotinha abriu um sorriso enorme ao ver Rachel e Quinn sorriu minimamente vendo sua miniatura, a pelúcia sendo esmagada nos braços pequenos. Fora presente de Quinn durante o último ano do Mckinley na época em que Rachel tinha ficado com a menina para que a loira pudesse vê-la.

— Rach! – Beth gritou se jogando nos braços da morena que soltou a mão de Quinn para segurar a garotinha em seu colo. As duas riam e se abraçavam com força para matar a saudade. Rachel via a menina algumas vezes por ano, em nenhuma Quinn estava porque era sempre quando a diva visitava a mãe. E Beth adorava Rachel, adorava brincar com ela, ouvir histórias e amava quando Rachel cantava alguma musica. Porque a voz da “Rach” era muito linda mesmo.

— Bebê. – Rachel sorriu implicando a menina, Beth deu um tapinha no ombro da morena em protesto. Era não era mais um “bebê”. Quinn pigarreou sem saber o que fazer ou dizer. – Beth... essa é a Quinn. – Rachel adicionou apontando a loira que estava em suas costas. O sorriso de Quinn diminuiu consideravelmente quando Beth balançou a cabeça dizendo que sabia quem era ela. Rachel suspirou quando viu Beth balançar as pernas para descer de seu colo e correr em direção a sala. – Tenha paciência. – Rachel pediu beijando a ponta do nariz de Quinn a puxando para dentro.

Beth sabia quem era Quinn. Shelby contou a primeira vez quando a menina tinha apenas quatro anos e perguntou o porque sua mamãe não tinha os cabelos loiros e porque ela não tinha um “papai” – Beth conhecia Puck como o “tio Noah”. Então a mulher explicou que Beth tinha duas mamães, a mamãe Shelby e a mamãe Quinn e que o tio Noah na verdade era seu papai. Beth pareceu muito confusa sobre aquilo, então ouviu de sua mamãe que havia sido adotada, ouviu que ela não ficou dentro da barriga da mamãe Shelby e sim da mamãe Quinn. E que a mamãe Quinn era muito nova e muito pequena – ela era mais velha que Beth e também era maior, mas mesmo assim ela não podia cuidar de Beth. Ouviu que um bebê era difícil de cuidar e que não era como Alice e Meghan – as bonecas de Beth – era complicado entender e quando a menina estivesse mais velha as coisas fariam sentido. Beth não perguntou mais nada.

A segunda vez que Shelby repetiu aquela história Beth tinha seis anos e um trabalho sobre árvore genealógica – Beth não tinha entendido muito bem, só sabia que tinha que colocar o nome de seus pais em uma árvore – então ela pediu ajuda a sua mãe porque ela não tinha um pai, não conhecia uma parte de seus avós e não sabia como encaixar Rachel na árvore. Porque Rachel não era sua irmã, ela se parecia com uma tia, embora Rachel também fosse filha de Shelby. Então novamente a mulher sentou com Beth na cama da garotinha e explicou a história. Quinn ainda era uma adolescente quando engravidou, o pai também era e eles não tinham um relacionamento, nem como manter uma casa e não tinham trabalho. Beth em todo momento divagava sobre o que a mãe estava lhe contando sabendo que conhecia alguma Quinn, se algum lugar. “É a namorada da Rachel?” Beth tinha perguntado no meio da história. Shelby confirmou e Beth sentiu uma raiva muito grande, Rachel estava escondendo coisas dela. A mulher continuou a história dizendo que Quinn havia tido uma menininha loira e que fora chamada de Beth e que com muito sofrimento precisou dar a menina para adoção e que a própria Shelby havia cometido alguns erros quando era adolescente e fugiu da responsabilidade de ser mãe por mais que os Berry tenham dito que ela poderia permanecer na vida de Rachel. Beth concluíra que sua mãe Shelby e Quinn não eram muito diferentes.

Shelby continuou a história dizendo que viu em Beth um recomeço e um acerto, então adotou a menina e que a árvore genealógica que Beth deveria fazer iria ficar um pouco diferente. Beth negou furtivamente enquanto lágrimas quentes escorriam marcando a pele pálida. A reação dos dias seguintes não melhorou, Beth não falava com Shelby, não atendia as ligações de Rachel, não queria mais ouvir o nome de Quinn e não saía mais com o “tio Noah”. Durou pouco mais de uma semana para que voltasse a falar com a mãe e alguns meses para voltar a falar com Rachel e só via Noah Puckerman porque sua mãe a obrigava.

A noticia de que Quinn e Rachel passariam o natal na casa dos Corcoran não foi bem aceita de primeira e mesmo com as birras teve que aceitar aquilo. Então ela só queria ignorar a presença da mãe biológica e foi exatamente o que fez. Shelby recebeu a filha e Quinn muito bem e a todo momento tentava integrar Beth a conversa, mas a menina parecia não ligar pra nada. Pouco antes de ir embora Beth já tinha subido para o quarto e com a permissão da anfitriã Quinn subiu para se despedir.

— Eu sei que você não quer falar comigo. – Quinn tinha começado vendo a garotinha deitada na cama encolhida e fungando baixinho. – Talvez você não entenda o que eu fiz por um bom tempo, é provável que você não me perdoe, mas eu estou aqui por você. E eu não quero e não vou te deixar novamente. Mesmo não sendo fácil de aceitar você é minha filha e você não precisa me enxergar como sua mãe, mas eu sempre vou te ver como minha filha Beth.

— Sai daqui. – Beth pediu e Quinn assentiu para o nada, a menina não a olhava e ela não tinha mais o que dizer. Desceu as escadas as pressas murmurando que iria esperar Rachel no carro.

— Eu vou falar com ela. – Rachel suspirou cansada deixando a mãe na sala. Quando estrou no quarto da menina viu que ela agora chorava de soluçar. – Eu te amo Beth, e eu amo a Quinn e eu realmente queria você desse uma chance a ela. Eu sei que não é fácil essa situação, mas ela está se esforçando e ela está fazendo muito mais do que Shelby fez por mim. – Rachel sussurrava aquilo e nem mesmo sabia se a menina a estava escutando, mas ela precisava continuar. – Ela esperou muito tempo por isso e ela é incrível, eu espero que você também ache isso. Ela trouxe um presente pra você e eu vou deixar na parede do seu quarto. Você não perdeu uma mãe Beth, você ganhou uma. – Rachel sentenciou por fim encostando uma embalagem na parede da menina. Assim que saiu do quarto Beth arrastou o corpo pra fora da cama até o presente que tinha ganhado. Tirou o papel com cuidado e chorou ainda mais quando viu do que se tratava. Era uma pintura de Quinn e Beth quando ela ainda era bebê.

 

— Eu não sabia disso. – Quinn sussurrou com os olhos mareados, Beth estava da mesma forma. As lembranças assaltando a memória das duas loiras, todos os sentimentos de volta a tona, mas dessa vez não incomodava, nem machucavam. Elas tinham superado aqueles problemas a bastante tempo.

— Eu achei que você sabia. Ela te conta tudo. – Beth disse enquanto enxugava o canto dos olhos, se levantou sentando novamente no colo de Quinn. Sua mãe. Era confortável, era maternal, era bom e era seguro. – Eu comecei a mudar depois do que ela disse. Demorou um pouco, mas toda vez que eu olhava aquela pintura, toda vez que eu te olhava eu queria te conhecer mais. – Beth soluçou agarrando a mãe pelo pescoço enquanto a mais velha a ninava. Parecia que tinham voltado anos atrás.

— Sua mãe nunca me falou nada. – Quinn esclareceu enquanto deslizava os dedos pelos cabelos de Beth. A menina tamborilou aquelas palavras em sua cabeça. “Sua mãe”. Beth chamava Quinn de mãe desde os 10 anos praticamente, foi difícil se acostumar, mas ela era, Quinn era sua mãe e provava aquilo ano após ano. Mas Rachel? Rachel continuava a ser sua “Rach”, mesmo quando passava as férias na casa das duas. Mesmo quando o novo bebê chegou na família, mesmo quando apresentou Aden para Shelby e Quinn, mesmo que tenha sido Rachel a fazer a pergunta “Quais são as intenções com a minha filha?”. Porque ela estava muito enciumada com aquela relação e em hipótese nenhuma algum garoto bobo ia corromper sua garotinha. Então ela tinha usado o termo “filha” sem perceber e Beth na verdade não tinha se incomodado com isso. Porque Rachel na verdade era sua...

— Beth? Quinn? Por que vocês estão chorando? – Quinn olhou para a porta da sala vendo Rachel entrar com uma sacola de compras em uma mão e um garotinho de cabelos escuros na outra mão. O menino que aparentava ter uns cinco anos correu em direção ao cachorro que latia incessantemente ignorando completamente a existência das duas loiras. – Andrew cuidado com o Luck. – Rachel gritou enquanto retirava o casaco preocupada que o menino puxasse as orelhas do Husky que tinham. O menino era louco pelo cachorro. – Vocês não me responderam, o que aconteceu? – Rachel se aproximou com o cenho franzido em preocupação.

— Relembrando algumas coisas. – Quinn tomou partido ganhando um selinho da mulher. Beth ganhou um beijo no rosto e um abraço assim que se desvencilhou do colo da mãe. – Está tudo bem amor. – Tranquilizou, Rachel apenas assentiu e já ia sair da sala ao ouvir um grito animado do filho.

— Mãe. – Beth chamou, mas Rachel continuou a andar. Beth apenas riu chamando novamente. – Mãe.

— Querida, é com você. – Quinn sorriu ainda mais quando Rachel parou estática, apenas se virou com a sobrancelha arqueada.

— Ok, isso é novidade. O que você aprontou Elizabeth? – Rachel agora assumiu uma postura ainda mais desconfiada.

— Nada, eu só queria dizer que a senhora é incrível e que eu tenho muito orgulho de ser sua filha. – Beth abriu um sorriso simples enquanto olhava a mulher a sua frente. Algumas linhas de expressão, cabelos presos em um coque bem feito, uma calça jeans, uma blusa de mangas cumpridas vermelha, scarpin nos pés. Uma pose confiante e segura, uma artista excepcional, uma esposa dedicada e carinhosa, uma dona de casa organizada e cheia de manias e mais do que tudo, uma mãe incrível.

— Oh meu amor. – Rachel abriu um largo sorriso puxando a menina para seus braços em um abraço apertado. Quinn observava a cena encantada e deu de ombros quando viu o olhar surpreso e curioso da mulher. – Você é uma filha maravilhosa e eu tenho muito orgulho de ser sua mãe também. – Rachel sorriu sentindo os olhos marearem. – Minha garotinha. – Sorriu ainda mais olhando as orbes verdes da menina brilharem. – Bom, se me dão licença eu vou ver como está o seu irmão e o seu filho. – Direcionou para Quinn que arqueou a sobrancelha divertida, pegou as sacolas e antes de sumir pela cozinha ouviu Beth a chamar.

— Mãe?

— Oi filha. – Respondeu equilibrando o pacote enquanto pedia para que Andrew largasse as orelhas do cachorro.

— Só queria que soubesse que eu vou me casar. – Beth sorriu juntamente com Quinn. As frutas na sacola de papel rolavam pelo chão da casa após o baque com o chão.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Sim, não? Me deixem saber.