"Nós dizemos adeus na chuva

E eu caio aos pedaços enquanto você vai embora"

Hurts

Wakanda

20:58

Bucky analisava seu novo braço biônico. T'Challa fez questão de lhe dar aquele presente, como uma forma de se desculpar pelo erro que havia cometido. Wakanda tinha a seu dispor a melhor tecnologia do Mundo, afinal o país era o mais avançado quando se tratava de tal assunto.

O Sodado Invernal não gostava da ideia de estar solto novamente. Sabia que aquilo era perigoso.

— Tudo bem por aqui? — o sotaque da voz chamou a atenção dele. Uma mulher morena estava encostada na porta o encarando.

Ela não era muito alta. Estava vestida toda de preta. Blusinha, shorts e uma sapatilha. Bucky a admirou por alguns segundos. Linda. Essa era a conclusão do Barnes. Se lembrava da mulher perfeitamente.

— Na medida do possível — ele respondeu, sorrindo triste — Vocês não deveriam ter me tirado do meu "sono". Sou perigoso, Wanda

— Você sabe meu nome? — a Maximoff se surpreendeu. Seu coração deu uma pequena acelerada.

— Claro que sim — o soldado a encarou nos olhos. — Perguntei para o Steve, no mesmo dia em que você me salvou do Pantera Negra. Aliás, obrigado. Tanta coisa aconteceu que não deu tempo para te agradecer antes

— Não agradeça. Eu estava lá para ajudar o grupo — Wanda caminhou até ele, que a seguiu com os olhos. — Posso me sentar?

— Se você não se importar em ficar sentada ao lado de um monstro, fique a vontade. — disse o homem.

— Não me importo. Até porque sou um — a voz dela saiu baixa. A feiticeira gesticulou os dedos e uma luz escarlate preencheu sua mão. — Você vê? Eu sou um monstro, Bucky Barnes. Ao menos é isso que as pessoas dizem.

— Não acredite no que os outros falam — aconselhou. — Você é uma heroína, Wanda.

— Será mesmo? — os olhos verdes da mulher entristeceram na hora, e ela abaixou o rosto — Por um erro meu, pessoas inocentes morreram e o Tratado de Sokovia foi aprovado

— Quantos pessoas mais teriam morrido se você não estivesse lá, Wanda? — usando o seu braço biônico, com carinho, Bucky tocou no queixo da mulher e ergueu seu rosto, fazendo encara-lo novamente. — Steve e muitas outras estariam mortos a essa hora. Pense nisso.

— Por que está dizendo isso? — confusa, a Feiticeira Escarlate o encarava.

— Por que você não é um monstro — ele sorriu. — Acredite em mim, eu sei o que é ser isso.

Quando Wanda estava prestes a dizer algo, Sam entra na sala.

— O Capitão pediu para chama-los — Falcão estava sério. — É algo importante.

Os dois deram uma rápida trocada de olhares e acenaram positivo. Levantaram e seguiram para a sala de reuniões, junto de Sam.

[...]

Três meses haviam se passado desde os acontecimentos que dividiram os Vingadores. Tornando Steve, Sam, Clint, Scott, Wanda e Bucky fugitivos e procurados pelo Governo. Mas não foi esse motivo que os fez parar de ajudar o mundo. Desde a Guerra Civil, eles estão escondidos em Wakanda, T'Challa lhes assegurou que ninguém os encontrariam ali.

Os seis estava sentadas em volta da mesa.

— Eu tenho um missão para a equipe — o Capitão América foi direto — A HYDRA continua agindo.

— Sempre a HYDRA. — Scott caçoou — Será que eles não cansam de perder?

— Eles nunca irão desistir — afirmou Barton, seriamente.

— Os membros da HYDRA são iguais a sono: Quanto mais se perde, mas se tem — o Lang riu com a própria piada, no entanto, parou assim que viu todos sério. — Disse alguma coisa de errado?

— Você sempre diz, Zé Pequeno — Sam o acusou.

— Humpf — indignado, Homem Formiga cruzou os braços e fez bico.

Sam e Clint riram da cena. Steve esboçou um pequeno sorriso, admitia, até achava graça de algumas coisas que ele dizia. No entanto, Bucky e Wanda permaneceram sérios.

— Voltando ao assunto — o super soldado se colocou de pé. — A HYDRA está se reerguendo, se é que um ela realmente caiu. Dividiremos a equipe por duplas. Agiremos simultaneamente, só que em países diferentes. A HYDRA tem pequenas bases, destruiremos elas aos poucos.

Bucky e Steve se encararam. Um sorriso nasceu no rosto de ambos. Aquilo lembrava a Segunda Guerra Mundial onde, juntos, os dois derrubaram várias bases da Organização, antes da terrível missão do trem.

— Quem será o sortudo que terá o prazer de lutar ao meu lado? — Scott sorri abertamente.

— Clint — informou o loiro. — As outras duplas serão: Eu e Sam, Bucky e Wanda. Alguma pergunta?

— Quando partiremos? — perguntou a Feiticeira Escarlate, tranquila.

— Esse seu sotaque... te deixa ainda mais charmosa, sabia? — o ex-ladrão piscou para a morena, esta apenas revirou os olhos.

— Amanhã, logo cedo — respondeu o Rogers. — E lembrem-se de tomarem cuidado. Somos fugitivos. Tony continua atrás da gente.

Todos acenaram e em seguida Clint, Sam, Scott e Wanda deixaram a sala. O Barnes permaneceu sentado, o silêncio predominou no local por um breve tempo.

— Você não deveria ter me tirado — comentou o moreno. — Sabe que posso me descontrolar a qualquer momento.

— Eu confio em você — o Vingador cruzou os braços e deu um longo suspiro. — Preciso de você ao meu lado, Bucky. Preciso da sua ajuda para derrotar a HYDRA, meu amigo.

— Irei ajudar, Steve — garantiu. — Só temo machucar alguém inocente.

— Não irá fazer isso

— Espero que esteja certo — o Soldado Invernal abriu um pequeno sorriso. A confiança que Steve tinha nele chegava a ser assustadora.

[...]

No dia seguinte

O soldado, já dentro do Quinjet, esperava sua parceira. Com seu armamento já preparado. Uma pistola presa no coldre em sua perna esquerda e uma faca em um dos bolsos. Não achou necessário mais do que aquilo.

Passado alguns minutos, Wanda finalmente adentrou no Quinjet. O Barnes a analisou de cima a baixo. Já a achava bonita, mas trajada naquele uniforme, ela se superava.

— O que foi? — a Maximoff ergueu as sobrancelhas. Ele a encarou nos olhos. — Por que estava me analisando daquele jeito?

— É que eu gostei do seu sobretudo — mentiu descaradamente. — Vamos. É uma viagem um pouco demorada.

— Você sabe pilotar isso? — a feiticeira perguntou, preocupada.

— Não precisa se preocupar, criança — Bucky se sentou e analisou o painel de controle. — Sei como pilotar.

— Eu não sou uma criança — a morena praguejou. O sotaque dela era agradável aos ouvidos do Barnes

— Bem, hipoteticamente falando, eu tenho quase cem anos — o homem abriu um sorriso e direcionou seu olhar para o dela novamente. — Então sim. Pra mim, você é uma criança.

— Vamos de uma vez, soldado — a mulher bufou irritada.

— Certo — o moreno acenou positivo..

[...]

Os dois permaneceram em silêncio por longos minutos. Wanda precisava saber de algo. Desde que vira o Soldado Invernal aquela pergunta estava em sua mente. Respirou fundo e criou coragem.

— Do que mais se lembra de mim, Bucky? — sua voz saiu tremula.

— Como é? — confuso, ele a encarou.

— Você se lembra de mais alguma coisa sobre mim. Fora o meu nome — a ansiedade preencheu a morena. — Se lembra de nós?

— Nós? — Bucky franziu o cenho. Ele se lembrava muito mais do que só o nome da mulher, desde a primeira vez que a reencontrou. No entanto, escondeu. Não gostava de tocar naquele assunto — Você está se referindo a HYDRA?... Sim, eu lembro. Vagamente, mas eu sei o que fizemos.

— Sei que não deveríamos falar sobre aquilo — o coração da Maximoff começou a bater mais rápido. — Mas eu acabei me apa...

— Foi um erro, Wanda — ele cortou.

— O quê? — a Vingadora se entristeceu na mesmo hora.

— Eu estava sendo controlado. E você... — Bucky voltou sua atenção para frente. — Você estava sendo obrigada, porque ameaçavam o seu irmão. A HYDRA só queria uma arma perfeita. E naquele momento, um filho do Soldado Invernal e do experimento mais promissor deles, você, seria a arma ideia. Não teve sentimentos, foi só uma obrigação.

— Em nenhuma das vezes? — Wanda ainda tinha um pequeno fio de esperança.

— Chegamos — ele mudou de assunto.

Pousou o Quinjet no gramado. Era uma pequena vila abandonada, com casas, e até alguns prédios, extremamente velhos e caindo aos pedaços. O soldado foi o primeiro a descer, sendo seguido por sua acompanhante.

— Você acha que esse é o lugar certo? — Wanda perguntou, olhando em volta.

— Essas foram as informações que o Steve recebeu. Pode ser falsa, é claro — Barnes pegou sua pistola. — Mas eu espero qualquer coisa vindo da HYDRA. Vamos nos separar, assim cobrimos mais espaços em menos tempo.

— Concordo — a Vingadora acenou e deu um passo para frente.

— Espera! — o homem segurou seu braço. Wando o encarou, ela gostava dos olhos azuis dele. — Se cuida, por favor.

— Pode deixar — ela sorriu com a preocupação dele. — Você também, Bucky Barnes.

Os dois continuaram próximos um do outro por mais alguns segundos. Até o Soldado Invernal solta-la e começar a se afastar.

[...]

O moreno procurava algum sinal de vida naquela vila, porém, nada encontrou. Fazia algum tempo que estavam ali, já era tarde. Algumas gotas d'água começaram a cair do céu, indicando que uma chuva se aproximava.

O único barulho que era possível de se ouvir era o vento soprando. Foi então que Bucky escutou um grito feminino vindo de um dos prédios abandonados.

— Wanda — ele correu para o lugar. Procurou em volta e nada viu. Ficou desesperado e gritou o nome dela de novo. — Wanda. Wanda!

— Eu estou aqui! — ela gritou de volta.

O Soldado Invernal a viu caída no chão e correu até mulher.

— O que aconteceu? — perguntou enquanto se abaixava.

— Eu acabei caindo. O chão do andar de cima não estava em um bom estado, descobri isso da pior forma — Feiticeira Escarlate soltou uma pequena gargalhada.

— Não ria — adverteu — Eu pedi para você tomar cuidado. É uma criança mesmo. Consegue se levantar?

— Acho que sim

O moreno se levantou e deu dois passos para trás. A Maximoff se colocou de pé, porém, quando forçou o esquerdo sentiu uma pequena dor e soltou um pequeno gemido.

— Meu pé esquerdo doí — avisou calmamente.

— Você deve ter torcido quando caiu — ponderou Bucky. Sem aviso prévio, ele a pegou no colo.

— O que você está fazendo? — perguntou Wanda, surpresa. Ela passou os braços por trás do pescoço do homem.— Não preciso que faça isso.

— Eu vou te carregar e pronto — ele disse com firmeza. — Não reclame, criança.

— Não sou criança, já lhe disse — a Vingadora esbravejou.

— Certo

O Barnes começou a caminhar para fora do local. O cheiro amadeirado do perfume que ele usava invadiu as narinas de Wanda, cheiro esse que a mulher achou prazeroso. O mesmo acontecia com ele, que se deleitava com o cheiro florido que vinha da Feiticeira Escarlate.

Eles pararam na porta. Chovia fortemente, como o esperado.

— Droga! — o soldado vociferou.

— E agora?

— Coremos até o Quinjet — afirmou decidido. — Temos cobertores e algumas barras de cereais. Não vai dar de voar com essa chuva. Teremos que esperar. E é melhor ficarmos em um lugar seguro. Estamos perto de uma floresta, pode ser que haja animais selvagens por perto e eles queiram se proteger a noite, melhor não se arriscar. Resumindo: o Quinjet é a melhor opção de qualquer jeito.

— Compreendi — a morena acenou com a cabeça.

O prédio ficava a pouco mais de 900 metros do Quinjet. Bucky apressou o passo, chegarem em pouco tempo na nave, no entanto, já estavam todo molhados.

Ele a ajeitou cuidadosamente no chão. Em seguida saiu a procura de algo para se secarem, no entanto, não obteve sucesso. Encontrou os cobertores e os pegou. Entregou dois para a morena.

— Não temos toalhas — comunicou seriamente. — Seque-se com um dos cobertores. E tire essa roupa. Você pode pegar um resfriado caso continue usando-a.

— Você quer que eu fique nua? — a mulher franziu o cenho.

— Sim — Bucky afirmou como se fosse  a coisa mais óbvio do mundo. — Virarei de costas. Seque-se com um e enrole-se no outro.

Sem esperar uma resposta da Vingadora, ele se virou. Wanda bufou, mas obedeceu. Com um pouco de dificuldade se colou de pé. Rapidamente se despiu, secando-se logo em seguida, e, por fim, enrolou-se na outra.

— Pronto. Pode olhar já — falou brevemente.

Barnes se virou para ela. A Vingadora tentou dar um passo para frente, no entanto, acabou se enrolando e prendeu o pé no próprio cobertor. Ela caiu um cima do moreno e os dois foram para o chão. Eles se encararam intensamente durante longos segundos.

— Me desculpe — a Maximoff corou.

Em um movimento rápido, Bucky inverteu as posições. Agora, ele estava por cima e ela por baixo. O soldado passou o dedo indicador carinhosamente no rosto da mulher, Wanda fechou os olhos ao sentir o toque.

— Não se desculpe — o moreno sorriu.

Sem pensar direito, ele a beijou. Na mesma hora a feiticeira retribuiu. Bucky precisava daquilo, assim como Wanda. O beijo foi ficando cada vez mais intenso. Lentamente, o Barnes tirou a coberta da mulher. Se afastaram para recuperar o ar. O soldado a analisou e um sorriso malicioso nasceu em seus lábios.

— Você quer continuar? — arqueou as sobrancelhas.

— Sim! — Wanda respondeu ligeira, decidida.

— Ótimo — comemorou o homem, já tirando o seu colete.

Manhã Seguinte

— Isso não vai mais acontecer — disse ele, firmemente. — Foi um erro, Wanda.

— Erro? — Feiticeira Escarlate se magoou na hora. — Eu pensei que...

— Pensou errado! — Barnes a cortou. — Vamos para casa. E esqueça o ocorrido.

— Não tem como esquecer, soldado — murmurou baixinho.

Bucky se vestiu, sua roupa ainda úmida, Wanda fez o mesmo. Em seguida ele ligou o Quinjet e rumou de volta para Wakanda.

[...]

Washington D.C.

2 meses depois

20:22

Algum tempo havia se passado desde a missão entre o Soldado Invernal e Feiticeira Escarlate. Houveram algumas mudanças. A equipe do Capitão América se mudou para Washington, moravam em um triplex no centro da cidade. Steve decidiu deixar Wakanda, pois não queria abusar da hospitalidade de T'Challa. Assim, mudaram-se para Washington, afinal, jamais passaria pela cabeça do Stark que eles estariam tão próximos.

Na sala de treinamento, localizada no terceiro andar, um homem estava treinando, como sempre fazia naquele horário.

Bucky socava fortemente o saco de pancadas. Seus pensamentos estavam focados em Wanda. Com fúria, ele socou, com seu braço biônico, o saco de areia, e o mesmo foi arremessado longe. O Soldado Invernal não queria admitir, mas sabia que sentia algo pela Maximoff. Desde o começo, sempre soube. Quando a reencontrou pela primeira vez, durante a guerra civil, seu coração bateu mais forte, naquela altura já se lembrava do passado que eles tinham. Mas a insegurança o fez guardar aquelas lembranças.

No entanto, graças a missão de 2 meses atrás, que trouxe a conversa a tona e que eles passaram a noite juntos, esse sentimento se tornou ainda mais forte. Pouco se falaram desde aquele dia. Wanda vinha agindo de forma diferente com ele, parecia que lhe escondia algo. Bucky foi tirado de seus pensamentos quando uma voz ecoou pelo local.

— Boa noite — Rogers adentrou a sala de treinamento. Deu uma breve olhada para o saco de pancadas, estourado, no chão. E em seguida, encarou o melhor amigo.

— Boa noite — Barnes cumprimentou de volta, com a voz áspera.

— Aconteceu algo? — o loiro arqueou as sobrancelhas.

— Por que a pergunta, Steve?

— Você está estranho hoje. Na verdade, está estranho desde a sua última missão — o Primeiro Vingador conhecia o amigo perfeitamente, sabia que algo lhe incomodava. — Tem haver com a Wanda, não é?

— Sim — Bucky foi sincero. Ele abaixou a cabeça, antes de voltar a dizer. — Alguma coisa nela... eu não sei explicar, Steve. Na verdade, eu sei. Só que não gosto disso

— Você está tendo sentimentos por ela — com convicção, Capitão América afirmou. — Isso é ótimo!

— Claro que não é ótimo! — o moreno ergueu o rosto e fitou o melhor amigo. — Isso é péssimo. Ela é uma criança, Steve.

— Ela tem 21 anos, Bucky — o super soldado esboçou um sorriso. — Apoio o relacionamento de vocês dois.

— Relacionamento? — Barnes franziu o cenho. — Não seja maluco, Steve. Nunca daria certo. Eu sou um descontrolado, lembra? Não posso me relacionar com ninguém.

— Claro que pode, basta querer — o Rogers tocou no ombro do amigo. — Percebi que você está diferente, assim como ela, desde a missão de vocês. Ambos gostam um do outro, isso está visível. Então não perca mais tempo, meu amigo. Wanda Maximoff é a sua parceira certa.

— Eu não pos... — o Soldado Invernal parou e pensou durante um tempo. Realmente, já havia perdido muito tempo. Sabia que amava a Feiticeira Escarlate, e precisa seguir em frente, não estava certo ser o refém do próprio medo. — Você está certo, Steve. Obrigado.

— Não agradeça — o Capitão América sorriu abertamente.

— Eu vou atrás dela agora mesmo — informou o moreno abrindo um sorriso.

Ele correu até o local onde estava sua jaqueta e luva. Despediu-se com um breve aceno, enquanto vestia-se, e saiu a procura da Maximoff.

[...]

Bucky voltava do quarto da Feiticeira Escarlate, quando esbarrou em Scott.

— Você viu a Wanda? — ele perguntou, afoito — Acabei de vir do quarto dela e estava vazio.

— Vi sim — afirmou o Lang. — Ela saiu faz uns 10 minutos, parecia apressada.

— Saiu?

— Isso mesmo — reafirmou. — Ela estava com uma Mochila.... Ah! E tinha um passaporte em mãos.

— Passaporte? Mochila? — o soldado arregalou os olhos. — Não. Não pode ser!

— O que houve? — Homem Formiga se preocupou.

— Você deveria ter impedido! — em um movimento rápido, Barnes o ergueu pelo pescoço, usando seu braço biônico. Os olhos dele estavam cheio de ódio. Com força, ele jogou Scott contra a parede. — Ela está indo embora. Não posso deixar isso acontecer.

O Soldado Invernal saiu apressado do lugar, deixando Scott, confuso, para trás.

[...]

A noite na cidade era fria. E uma fina garoa estava contribuindo para o clima. Wanda se encontrava sentada em um dos bancos e sua mochila ao lado. Usava uma calça jeans preta, um sobretudo da mesma cor, assim como sua bota e, por fim, uma luva, para manter as mãos aquecidas.

Seu avião partiria dali 40 minutos, segundo seus cálculos, daria tempo de chegar no horário. Estava decidida em seguir em frente, mesmo que aquilo a fizesse sofrer. Abraçou sua barriga com cuidado, olhou para o céu e, em seguida, fechou os olhos.

— Wanda Maximoff! — uma voz robótica a fez abrir os olhos. Flutuando acima dela estava James Rhodes. — Você está presa. Venha comigo, agora.

— Como me achou? — ela se colocou de pé rapidamente e o encarou.

— Por meio de uma denuncia — informou. — Um bom cidadão a denunciou a poucos minutos. Central Park é uma péssima escolha para uma fugitiva ficar, não acha?

— Eu não vou com você — a Maximoff vociferou.

— Já esperava essa resposta

Sem aviso prévio, Máquina de Combate abriu fogo contra a mulher, usando a metralhadora de sua armadura. Em um movimento rápido, Wanda criou um escudo. Quando os tiros cessaram, a morena lançou uma rajada de energia em Rhodes, o mesmo conseguiu desviar. Feiticeira Escarlate sentiu uma tontura, usar seus poderes na situação atual não era uma boa ideia.

Aquela fina garoa se tornou uma chuva aquela altura. Wanda correu, no entanto, tropeçou e acabou caindo. James voou até ela e lhe apontou a arma. Quando ele iria dizer algo, sentiu alguém abraçando sua cintura. A pessoa o tirou do chão, Rhodes foi rápido e ergueu voo e a pessoa o soltou, caindo de costas no chão.

— Bucky! — a Vingadora se surpreendeu quando viu o Soldado Invernal se levantando.

— Wanda — ele correu até ela, ajudando-a a levantar-se logo em seguida. — Você está bem?

— Estou — acenou com a cabeça. — Eu preciso te falar uma coisa im...

— Barnes — Maquina de Combate interrompeu a mulher. Ele apontava a arma para o moreno — Você também está preso. É o assassino mais procurado pelo governo americano. Tenho ordens para mata-lo, caso reaja.

Bucky estava desarmado, não seria uma boa ideia enfrentar um cara em uma armadura de armamento pesado, e Wanda não parecia disposta para lutar. Ele iria se entregar. Encarou a mulher mais uma vez e sorriu.

— Certo — concordou. — Eu só vou pe...

Foi tudo muito rápido. Barnes levou a mão para dentro da jaqueta, Rhodes concluiu que ele iria pegar uma arma e reagir, então acabou atirando contra o soldado. Bucky fechou os olhos por um único segundo e esperou as balas lhe atingirem, porém, elas não o atingiram. Quando ele voltou a abri-los se deparou com Wanda em sua frente. A mulher ia cair para o lado, mas o moreno a segurou.

— Wanda. Wanda. Wanda. Wanda — Bucky chamava desesperadamente pelo nome da mulher. Com ela nos braços, ele se ajoelhou. — Não. Por favor, não.

Rhodes olhava tudo em choque.

— Desculpe, não tinha forças para fazer o escudo — a voz da Maximoff saiu baixa. Ela havia levado quatro tiros. Um no braço e três na barriga. — Improvisei.

— Não deveria! — as lagrimas começaram a rolar pelo rosto do Barnes. — Por quê? Por que fez isso?

— Meu corpo se mexeu sozinho, não deveria, mas se mexeu. — Wanda riu fraco. — Deve ser porque eu te amo.

— Eu também... eu também te amo — ele sorriu tristemente. — Vim atrás de você para te dizer isso.

— Fico feliz em saber dis... — a Vingadora sentia sua força indo embora e sua vida se esvaindo — Vou morrer feliz.

— Não, por favor — o soldado pressionou seus lábios contra os da mulher. Wanda conseguia sentir o gosto salgado das lágrimas do homem.

— Eu vou partir.... mas... eu queria... ficar — Feiticeira Escarlate estava perdendo a consciência. 

— Então, mude de ideia. Não vá embora esta noite — o moreno suplicava. — Fique. Fique comigo, Wanda!

— Eu te amo, Bucky Ba... — a mulher não conseguiu concluir a frase.

— Não! — o Soldado Invernal balançava o corpo da amada. — Wanda. Wanda. Não faz isso comigo. Fique! Fique!

Bucky a beijou pela última vez. Steve, Clint, Scott e Sam chegaram no local. O Capitão América foi até o amigo e tocou em seu ombro. Ele fez sinal de negativo, e o loiro suspirou, entendendo o recado. Ninguém disse absolutamente nada, apenas sofreram calados.

[...]

No dia seguinte

22:21

A equipe do Capitão América tinha acabado de chegar do enterro, todos desolados. Principalmente Bucky e Clint. Tony deu uma trégua de sete dias, durante esse tempo, ninguém os perseguiria, Stark garantiu. Foi um enterro simples, somente os Vingadores estavam presentes, exceto Rhodes. Wanda foi enterrada ao lado do corpo do irmão.

— Eu ia me render, Steve — Barnes estava com os olhos vermelhos. Tirou uma foto de dentro da jaqueta e entregou para o Rogers. Nela tinha a imagem dele abraçado com a Wanda, ambos sorrindo. — Tiramos esse foto alguns dias após a missão, foi em um parque de diversão. Wanda insistiu tanto para irmos. Eu só iria entregar isso para ela, mas Rhodes entendeu errado.

— Sinto muito, Bucky — o loiro tocou no ombro do amigo.

— Eu sei que sim — ele abaixou a cabeça. — Vou para o meu quarto.

Os dois se despediram e o moreno rumou para o seu quarto. Assim que chegou, viu uma carta em cima de sua cama. A última vez que esteve em seus aposentos, foi antes de sair para o treinar, depois não voltou, por conta de todos os acontecimentos.

Com pressa, Barnes pegou a carta. Seu coração parou de bater por um segundo. Era um carta feita por Wanda dedicada a ele. Pensou se deveria ou não abri-la. No fim, a curiosidade foi maior e ele abriu, começando a leitura logo em seguida.

*

Bucky... Eu não sei nem como começar essa carta, para ser sincera. Bem, quero deixar bem claro que me importo com você, bastante, aliás.

Não quero atrapalhar a sua vida. Por isso decidi me afastar. Eu te amo, mas esse sentimento parece não ser correspondido, o que é uma pena.

Desde a HYDRA eu tenho esse sentimento. Quando você voltou, durante a luta contra o Stark, cheguei a pensar que teríamos alguma chance de ficar juntos, nem que fosse uma mínima chance. Eu tinha esperança.

Antes de você aparecer, eu não tinha nada que me prendesse aqui. Cheguei tão perto de desistir de tudo.

Mas, vendo que não sou importante para você, decidi me afastar de vez. Eu sofro, sabia? Estar ao seu lado e não poder te abraçar, beijar, sentir a sua pele... me machuca.

Nunca irei te esquecer, Bucky Barnes. Você é o amor da minha vida e... bem... o pai do meu filho. É, eu estou grávida. Foi naquela noite, durante a nossa missão. Descobri isso há alguns dias, não te contei porque não quero que fique comigo por obrigação. Sabe, essa gravidez me deixa feliz, porque eu estou carregando um pedaço seu no meu ventre. Será uma menina ou um menino? Não importa! Essa criança será amada de qualquer jeito, te asseguro isso. Irei cuidar dela sozinha, não se preocupe!

Já me prolonguei demais. A essa hora já devo, ou melhor, devemos, estar bem longe. Peço que não venha atrás de nós, por favor. Não queremos ser um fardo para você.

Eu te amo, Bucky Barnes.

*

O Soldado Invernal caiu de joelho no chão. Grávida. Wanda estava grávida. Ele seria pai. Sempre fora o sonho de Bucky ser pai, mas esse sonho não se realizaria mais.

— Eu te amo, Wanda Maximoff — sussurrou. As lágrimas novamente se fizeram presente. — Eu me sinto morto sem você.