25 - Sweetest Devotion escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
25 - Sweetest Devotion (Único)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Como vocês estão?

Depois de quase dois (?) meses... O Projeto 25 está de volta!
Peço desculpas pela demora, mas, tem sido cada vez mais difícil escrever porque eu, verdadeiramente, não quero que acabe HAHAHAHAHA É interessante escrever esse tipo de projeto, pois, ao menos na concepção que estabeleci, eu posso escrever sobre vários tipos de situações envolvendo o OTP. É como se eu escrevesse uma nova long shot em cada oneshot, é muito satisfatório *-*

Enfim, aqui, teremos uma fanfic SURPREENDENTEMENTE mais leve! É para compensar os angst que rolaram soltos nesse projeto Hahahahaha

E bem, essa é sobre um amor descoberto em momento crucial quando já existia há anos...

Espero que gostem!



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“With your loving, there ain’t nothing that I can’t adore... The way I’m running with you, honey, means we can break every law. I find it funny that you’re the only one I never looked for. There is something in your loving that tears down my walls.”

Quinn Fabray corria pelas ruas de Lima com um sorriso histérico no rosto. Os saltos de seus sapatos provocavam um som repetitivo e engraçado nas calçadas de concreto de Lima e esse som funcionava como uma orquestra em perfeita harmonia, despertando o melhor da loira em si, aumentando o sorriso em seu rosto.

Ela não estava em seu pleno estado racional de espírito, mas, tampouco estava preocupando-se com as pessoas que olhavam de forma desconfiava para uma mulher, vestida de noiva, correndo enlouquecida com várias outras pessoas a perseguindo. Quinn conseguia escutá-los se aproximando, entretanto, não conseguia se preocupar com isso.

Porque tudo nela, desde os músculos de suas pernas trabalhando de forma incansável até o sorriso maniacamente feliz em seu rosto, estavam direcionados e conectados a uma pessoa. E essa pessoa não a perseguia e sim, esperava.

Ou, pelo menos, Quinn acreditava que ela ainda a esperava.

Afinal, as duas esperaram uma pela outra por tanto tempo... A própria Quinn esperou que ela fugisse de um casamento há muito tempo atrás. As duas esperaram por tanto tempo que, aquele casamento do qual Quinn fugira, quase selara o fim que não era para ser. O que elas tinham não poderia ser selado com um final em que vivessem separadas... Agora, Quinn sabia disso.

E a adrenalina injetada em suas veias era fruto dessa certeza. Hoje, prestes a se entregar a outro, Quinn sentiu que jamais pertenceria à outra pessoa que não fosse Rachel Berry.

A morena enxugara suas lágrimas quando sua maquiagem borrou e a sua máscara caiu pela perda de uma coroa que nunca fora sua. Foi Rachel quem escutou suas palavras quando todos ensurdeceram diante de seu desabafo. E, principalmente, foi ela quem permanecera em sua vida mesmo quando fizera de tudo para afastá-la.

Rachel era uma estrela, mas não era cadente. Rachel não cruzou a escuridão presente nos céus de Quinn Fabray e, simplesmente, desapareceu. Rachel, de fato, tornou-se o sol da vida de Quinn. O astro em torno do qual a loira orbitava e esquentava-se. A estrela de tamanho tão gigante quanto o coração que carregava, já que Rachel perdoara os piores pecados de Quinn, inclusive aqueles que a própria loira não perdoara.

Durante anos, elas foram inimigas; durante mais alguns anos, foram amigas e, durante alguns meses e alguns dias, viram tudo que conheciam mudar.

Foi preciso que Quinn quase casasse e que Rachel não concordasse com o seu casamento para que, enfim, a loira entendesse a verdade.

A reação de Rachel ao seu casamento com Puck a incomodara tanto porque era, em seu íntimo, justamente o que sentia. Quinn escutou da boca de Rachel as palavras que sempre quisera dizer.

Puck fazia parte de um passado extremamente distante de sua vida, ele era uma tentativa segura de tentar fazer certo enquanto o seu presente e, talvez, o seu futuro, vociferava a verdade de que Quinn e Puck jamais dariam certo. Eles não deram certo quando tiveram Beth e, agora, não tinham mais nada... A lógica era clara, mas Quinn não tinha coragem e nem estava pronta para abrir mão do seguro em favor do que era duvidoso.

Com Rachel, ela tinha tudo.

Rachel trazia o melhor de si à superfície, porque ela era feita do melhor. A dona do melhor sorriso, dos melhores conselhos, do melhor olhar e, também, do que Quinn tinha de melhor...

Quinn demorou a perceber que Rachel tinha seu coração.

A incerteza e a dúvida não mais faziam parte do futuro que Quinn esperava ter com Rachel e o seu presente não estava em uma igreja, tampouco em um altar.

 A dona - do seu presente, futuro e eternidade - estava arrumando as malas, prestes a voltar para New York. Talvez, magoada demais para querer vê-la de novo, decepcionada demais para aceitar o seu coração.

Mas, Quinn não ia desistir tão fácil. Por mais pesado que fosse o seu vestido, por mais assustador que fosse ter tanta gente em seu encalço, por mais doloridas que suas pernas estivessem... Quinn não ia desistir, ela correria uma maratona por Rachel.

Quinn nunca esperou encontrar em uma garota, a sua melhor amiga, o que procurara em tantos homens errados que passaram por sua vida... Mas, indo em direção a ela, Quinn sentia-se invencível.

Era a primeira vez que Quinn sentia suas fraquezas caírem por terra e, também, era a primeira vez que ela finalmente admitia estar plena e verdadeiramente apaixonada.

Depois de tantos anos, Quinn admitiu que amava Rachel quando estava prestes a dizer “sim” a outro.

Nada entre elas poderia ser convencional... Não diante de um amor tão incondicional como esse que sentia.

 

“I weren’t ready then, I’m ready now! I’m heading straight for you, you will only be eternally the one that I belong to.” 

Rachel Berry não esperava que a sua vida amorosa fosse se transformar em um clichê cruel de uma comédia romântica.

Claro que, depois de perder Finn, esperava que o clichê se fizesse presente e que ela não voltasse a se apaixonar... Na ausência dele, Rachel percebeu que jamais encontraria alguém como ele. Finn era especial da sua forma torta e desengonçada, ele a cativara e fizera morada em seu coração.

E ela achou que nunca fosse esquecê-lo.

Mas, mais uma vez, a vida mostrou a Rachel Berry que o amor era feito de clichês e era isso que o tornava essencial e vital.

Rachel viu que Finn continuava dentro de seu coração, contudo, discretamente, outra pessoa também fazia morada em seu coração. De forma cálida e delicada, Quinn chegou e se fez presente. A loira, repleta de frieza e seriedade, trouxe calor ao seu peito e riso aos seus lábios. Quinn conseguiu transformar Rachel, ela trouxe uma nova morena, uma que não era a de Finn e nem a que minguou depois dele.

Com Quinn, Rachel era uma nova pessoa ainda que tivesse mantido a essência do que era antes.

E, por isso, Rachel não estava pronta. A morena não estava preparada para apaixonar-se perdidamente pela sua melhor amiga - mais um clichê - que, no passado, fora a sua grande inimiga na disputa pelo seu grande amor. Nesse último aspecto do desenvolvimento delas não havia nada de clichê e isso o fazia ser assustador.

Até onde Rachel sabia e ela sabia muito a respeito de Quinn, a loira era heterossexual e estava plenamente apaixonada por Noah Puckerman. E, mesmo que a morena discordasse veemente da relação dos dois, não deixou de apoiá-la. Afinal, Rachel sabia quão caro era não ter o seu final feliz do colegial... Anos haviam se passado, ela estava apaixonada por Quinn, mas Finn ainda existia dentro dela.

Porém, Rachel jamais imaginou que o casamento de Quinn chegaria. Acreditara na relação que ela tinha com Noah, mas não acreditava que os dois pudessem ser compatíveis a ponto de se manterem juntos pela vida toda.

Ou, essa incerteza em relação ao futuro de Quinn apenas fosse o lado apaixonado de Rachel dizendo que ela, sim, poderia fazer a loira feliz.

Rachel conhecia Quinn como ninguém, sabia do que ela era feita e Quinn era constituída, sobretudo, de emoções. E essas emoções eram frágeis e voláteis, Quinn parecia intocável e inalcançável, mas era completamente o contrário. A loira precisava que alguém cuidasse dela e soubesse exatamente qual era o momento de alcançá-la.

E Rachel sabia, depois de tantas negativas e de tantas discussões, Rachel sabia qual era o momento para enxugar as lágrimas dela, de colocar um sorriso nos lábios finos, de provocar uma gargalhada rouca... Rachel até mesmo sabia qual era a hora certa de deixar Quinn sozinha.

E, por mais que doesse, aquele era um dos momentos em que Quinn precisava ficar sozinha.

Mas, como Rachel podia abandoná-la quando tudo que queria era ficar perto dela?

Ironicamente, Rachel não estava pronta para deixar Quinn, nunca esteve. Os principais momentos das duas eram aqueles em que tiveram tudo para ir embora, mas ficaram, pela outra. As duas sempre estavam prontas para abandonarem o mundo desde que ficassem com a outra e dessa vez, Rachel queria fazer o mesmo.

Contudo, não podia.

Quinn escolhera o mundo em vez dela, um mundo que incluía Noah Puckerman e a possibilidade de um casamento feliz e duradouro.

Rachel não acreditava nessa “verdade”, mas entendia os motivos que levaram Quinn a acreditar nele. Afinal, Puck sempre fora uma opção entre as muitas que tinham passado pela vida dela. Diferentemente de Rachel, Quinn teve várias opções enquanto a morena sempre tivera poucas.

E, naquele momento, sua única opção era Quinn.

Só que Rachel teve que escolher entre abandoná-la ou permanecer. E a morena não conseguiria permanecer, não estava pronta para perdê-la quando estava, finalmente, pronta para tê-la.

Então, era exatamente por isso que Rachel estava terminando de arrumar suas malas para voltar a New York. O seu trem para saída de Lima era no mesmo horário do casamento de Quinn, uma bela ironia do destino e uma grande desculpa que poderia ser usada em um futuro otimista.

Rachel suspirou, fechando zíper da última mala. Sentou-se na cama do seu quarto e olhou ao redor para as paredes amarelas e nuas. Os seus pôsteres tinham sido retirados há bastante tempo e agora estavam enfeitando as paredes de seu apartamento dividido com Kurt.

Os pôsteres eram uma das muitas coisas que exemplificavam a sua personalidade sonhadora. Rachel sonhara com uma carreira de sucesso, mas, também, sonhara com um grande amor. E seus sonhos, por bastante tempo, regeram a sua vida. Ela viveu em função deles e estava vivenciando o doce gosto de tê-los realizados... Entretanto, ela podia viver de sonhos, mas não poderia viver sem amor.

Quinn a encontrara quando estivera solitária, de certa forma, a solidão das duas construiu um forte de companheirismo. As duas tinham experiências parecidas, perderam uma pessoa marcante em suas vidas e também eram bastante arredias aos outros que a cercavam.

Ainda assim, a personalidade extrovertida de Rachel se encolhia diante da quietude de Quinn. Assim como a agressividade silenciosa de Quinn tornava-se mansa diante da força impositiva de Rachel.

As duas se completavam, mas nunca estiveram prontas para o que poderia aguardá-las.

Na verdade, Rachel nunca soube a verdade de seus sentimentos, assim como nunca parou para pensar no que Quinn poderia sentir. O que acontecia entre elas era natural... Acontecera aos poucos, crescera aos muitos e, para Rachel, se tornara insuportável.

Ela não estava pronta para falar, nem para imaginar... Mas, aparentemente, estava pronta para perder Quinn.

Estar apaixonada pela sua melhor amiga e abandoná-la no dia do casamento dela era um belo clichê. Um belo e triste clichê.

 

“The sweetest devotion hit me like an explosion... All of my life I’ve been frozen, the sweetest devotion I know.” 

Rachel também não esperava a campainha tocando, não àquela hora do dia. Não esperava ninguém... Quer dizer, a única pessoa que esperava provavelmente já dissera o “sim” na igreja, minutos atrás.

Por isso, Rachel se arrastou pelos degraus da escada e continuou se arrastando em direção à porta. Estava distraída e, talvez, por isso, não estava pronta para o que lhe aguardava do outro lado da porta.

A sua frente, Quinn Fabray ainda estava em seu vestido de noiva, levemente descabelada e corada.

Rachel olhava para ela totalmente incrédula e pedindo mentalmente para que sua mente a despertasse daquele devaneio louco provocado por seu coração. Já Quinn olhava para ela com um sorriso largo, os olhos verdes tão vívidos quanto o brilho de esmeraldas. Quinn apertava a saia do vestido presa em suas mãos.

Os sapatos brancos estavam levemente manchados pela poeira da rua, a barra do vestido estava amarronzada nos pontos em que fora arrastada em vez de ser carregada e os cabelos desprenderam-se do elegante coque há muito tempo... E nem assim, com tudo fora do lugar, Rachel não deixou de achá-la a mulher mais linda que conhecera.

As duas ficaram se olhando por segundos que se pareceram minutos ou horas, a natureza do tempo se perdia quando elas se perderam uma na outra. O verde encontrou o castanho de uma forma diferente de todas as outras vezes... Dessa vez, havia certo silêncio e mistério, havia o desconhecido.

Nenhuma das duas sabia o que aquele reencontro inesperado podia representar.

Rachel preferia não acreditar no que o seu coração acelerado interpretava, não precisava de mais uma desilusão ou de mais algo para esquecer quando pensasse em amor. Ela não precisava da realidade, não nesse momento de despedidas, ela precisava, essencialmente, das lembranças imaculadas que ainda possuía.

Ela podia lembrar-se de Quinn da exata forma em que a deixara: sorridente e feliz pelo casamento. Mas, não podia lembrar-se dela vestida para casar, em frente a sua porta, esperando algo que ela não podia dar... Afinal, Rachel não podia mentir, ela não podia desejar a felicidade para aquele que tirara Quinn dela.

Quinn, por sua vez, estava nervosa. Raros foram os momentos em que as palavras faltaram em seus lábios... Mas, esses poucos momentos eram bem freqüentes com Rachel Berry. Porque a morena era diferente de todas as outras pessoas que passaram por sua vida. Rachel era quem Quinn procurara sem perceber, era quem encontrara sem notar... Era quem a tinha antes mesmo de ela se der conta.

E a ausência de suas palavras refletia tudo que sentia por ela. Como dizer a Rachel, que a conhecia tão bem e a tinha como ninguém, que estava ali, por ela? Como dizer a Rachel que estava pronta?

Afinal, Quinn viera para nomear aquele mistério. Quinn viera para dizer que, desde o início, Rachel a atingiu como uma explosão, entretanto, foi somente no momento de seu casamento que ela queimou... Quinn queimou porque estava distante de Rachel, doeu porque a pessoa ao seu lado no altar não era a que queria pela vida toda.

Puck não era Rachel.

Puck não tinha nada do que Rachel tinha.

 

“I’ll forever be whatever you want me to be. I’d go under and all over for your clarity. When you wonder if I’m gonna lose my way home, just remember that come whatever I’ll be yours all long.” 

Rachel não conseguia compreender o que havia nos olhos de Quinn, muito menos, o que motivara o desabrochar de um sorriso nos lábios dela. A morena respirou fundo e deu um passo para trás enquanto a loira dava um para frente, Rachel fechou os olhos e balançou a cabeça em negação.

Ela não estava pronta para o que quer que Quinn quisesse entregar a ela naquele momento.

Rachel tentou fechar a porta e Quinn soltou a saia de seu vestido, ele arrastou no chão enquanto ela segurava a porta e dava mais um passo em direção à porta. Rachel tentou afastar-se, mas, a mão esquerda de Quinn - sem aliança - envolveu sua mão direita. A morena engoliu em seco e Quinn sussurrou:

— Por favor, não faça isso.

— O que você está fazendo aqui, Quinn? - Rachel perguntou dividida entre a curiosidade e a súplica para que Quinn a abandonasse de vez. Mas, a loira não viera até ali para isso... Quinn viera porque Rachel era, na iminência de seu casamento, a sua única certeza.

Com Rachel, Quinn não duvidava de quem era e do que era feita. Com a morena, tudo fazia sentido e sem ela, tudo parecia perder o rumo. Sem Rachel, Quinn sentia como se caminhasse sozinha por caminhos que não levavam a lugar algum. Rachel era seu farol, seu guia, sua luz...

O seu amor.

E, essencialmente, Rachel era tudo que Puck não era. Rachel era seu lar.

— Você não deveria estar aqui, falando comigo. - Rachel respondeu de forma sôfrega, afastando-se das mãos quentes de Quinn e recolhendo-se à escuridão de sua casa. Quinn a seguiu para dentro, não se importava mais com o tecido do vestido ou com o material imundo dos sapatos, sequer se preocupava com o estado de seu rosto e de seus cabelos. A única coisa que lhe atraía a atenção era a ausência de brilho nos olhos de Rachel... A ausência daquilo pelo qual se apaixonara. Onde estava a Rachel que aprendera a amar? - Você não deveria estar na igreja?

— Rach, por favor... Vamos esquecer o lugar onde eu deveria estar e nos focarmos no lugar em que eu deveria estar. - Quinn, como era característico de todas as suas discussões com Rachel, praguejou impaciente. A loira voltou a se aproximar e Rachel lhe deu as costas, Quinn, imediatamente, sentiu falta dos olhos castanhos, mesmo que eles fossem meros espectros do que realmente eram. Quinn olhou para a postura encolhida de Rachel, seu coração apertou. Ela faria qualquer coisa para tirar aquele peso não só dos ombros dela como dos próprios. - Na verdade, vamos nos concentrar no aqui e no agora. Porque é aqui que eu devo estar nesse exato momento. Sem igreja, sem casamento, sem Puck. Somente eu e você.

Rachel não se virou para Quinn, seus ouvidos procuravam compreender o que acabara de escutar. A morena procurava significados nas palavras, mas, teria os encontrado facilmente se olhassem diretamente para os olhos de Quinn. A loira abandonara o mistério e o desconhecido e entregava por meio de seus olhos verdes tudo que sentia... E não existia nada mais puro do que o que brilhava em seus olhos.

Quinn não era a mais corajosa dentre as duas, tampouco era a mais sonhadora... Porém, era a que perdera mais. Quinn perdera a família, a reputação e Beth e, por muito pouco, também não perdera seu futuro e seus sonhos. Na verdade, só não os perdera por causa de Rachel. Fora era quem lhe guiara quando todas as esperanças haviam sido esgotadas, foi a morena quem a ergueu quando ela caiu e ninguém a ajudou a levantar... Rachel era tanto em sua vida que não era surpresa alguma que também não fosse seu amor.

Dentro de seu peito, o coração de Rachel acelerava-se. Os olhos da morena encheram-se de lágrimas porque ela escutara o que queria, mas, não o que esperava. Quinn estava ali por ela, quando a própria morena tinha desistido das duas, Quinn voltara. E pior que voltara e queria ficar.

Rachel jamais imaginava que sua falta de ação pudesse culminar em uma explosão de sentimentos em Quinn. Era como se as duas tivessem trocado de papeis ou, apenas, agregado um pouco da outra para si em todos aqueles anos de convivência.

Elas estavam mais marcadas, uma na outra, do que imaginavam.

O corpo de Rachel se movimentou ao mesmo tempo em que sua cabeça assumia o que o seu coração já sabia: aquele não era um clichê infeliz de uma comédia romântica. Aquele não era mais uma decepção e Quinn não correra todo o trajeto da igreja até sua casa para quebrar seu coração...

Quinn estava ali porque, finalmente, admitia aonde pertencia e quem a tinha.

E Rachel não poderia deixar de fazer o mesmo, ela não podia resistir e sequer pensar no que os outros pensariam delas... Porque, em momentos como aquele, Rachel se enchia de coragem para vociferar para o mundo o que sentia, algo em Quinn fazia com que se sentisse invencível.

Olhar nos olhos de Quinn fez um sorriso brotar em seus lábios.

Sem palavras, ela entendeu.

E, sem declarações, elas confessaram seu amor.

 

“I weren’t ready then, I’m ready now! I’m heading straight for you, you will only be eternally the one that I belong to.” 

— Você não deveria ter vindo até aqui. - Rachel disse séria, mas, o tom de voz revelava toda a sua alegria. Seus olhos haviam readquirido o brilho que ela perdera e Quinn procurara, na verdade, fora a própria Quinn quem o trouxera de volta.

A loira até acreditou que Rachel fosse dispensá-la, mas, ela conhecia Rachel como ninguém e bastou que a olhasse por uma segunda vez para encontrar o que procurava. Aqueles olhos castanhos brilhavam única e exclusivamente por ela. Quinn viu que era a única que Rachel queria.

Mais uma vez, o silêncio entregou tudo que Quinn precisava saber.

Rachel a deixara nas proximidades do casamento porque não podia perder o que achava possuir e a ausência dela fez com que Quinn sentisse falta do que era mais importante em si.

Rachel foi embora e levou, com ela, o coração de Quinn. Como poderia casar se o seu coração pertencia à outra? Como poderia dissimular um sentimento se não tivesse em que se espelhar?

Porque todos os homens que fingiu amar eram meros reflexos, embaçados e turvos, do que sentia por Rachel. A morena era dona de seus sentimentos límpidos e claros, Rachel era a dona da sua verdade e da sua sinceridade. E, principalmente, do seu todo.

Somente Rachel a possuía e a entregava, novamente, a vontade de viver e a coragem de arriscar. A morena fazia com que Quinn se sentisse única e exclusivamente pertencente a um único lugar... Envolvida nos braços morenos, menores do que os seus. Embalada pela voz que aprendera a amar. Protegida e vigiada pelos olhos nos quais se perdera.

Quinn era fiel a ela como jamais fora a um homem. Rachel era dona da sua devoção, de sua admiração, de seu amor e de sua fé.

Rachel a tinha, pura e simplesmente.

 

“The sweetest devotion hit me like an explosion... All of my life I’ve been frozen, the sweetest devotion I know.” 

E o que Quinn entregava, Rachel apanhou.

Tudo que compunha Quinn foi devidamente apanhado e guardado por Rachel. A morena sentia que jamais se esgotaria de ter Quinn junto dela. Acostumara-se à malícia, ao silêncio, à calmaria... Ao calor e ao amor.

O que sentia por ela rompia as noções de tempo e espaço, não começara quando ainda disputavam Finn e nem no Glee Club. O que elas possuíam já parecia existir quando Rachel sequer olhar para Finn e quando tudo que via era a Ice Quinn, caminhando majestosamente pelos corredores.

Naquela época, Rachel já queria ser alguém na vida de Quinn Fabray.

E, somente agora, quase dez anos depois, quando ambas estavam adultas, Rachel sabia e tinha o que queria. A morena sempre quisera o coração daquela que era tida como gélida. Rachel sempre quis rachar a superfície gelada e encontrar exatamente o que, agora, tinha em mãos: o coração quente e acelerado de Quinn Fabray.

Foram precisos dois casamentos fracassados, um velório e algumas milhas de distâncias para que elas se encontrassem... Mas, o que eram esses meros empecilhos para o que possuíam?

O que eram todas essas provações para uma devoção tão divina quanto essa?

O que eram os anos, os homens de suas vidas e a incerteza do destino para o amor que elas sentiam?

Dessa vez, Rachel foi a mais corajosa. A morena deu o primeiro passo, mas, a coragem também veio do outro lado e Quinn tomou seus lábios.

Vestida para casar e prometida a outro homem, Quinn beijou quem era o único e verdadeiro amor de sua vida.

E foi exatamente como pensava... Não existiriam fogos de artifício e sim, explosões. De luz, de calor, de fogo... De Rachel.

 

“I’ve been looking for you baby in every face that I’ve ever know. And there is something about the way you love me that finally feels like home. You’re the light of my darkness, you’re the right kind of madness, you’re my hope, you’re my despair, you’re my scope of everything everywhere.” 

Rachel estava pronta para partir sozinha e abandonar Quinn em Lima. Entretanto, ela corria pela plataforma de trem com Quinn de mãos dadas para ela, rindo como crianças, amando como adultas.

Existiam sorrisos maníacos e felizes nos rostos de ambas, como se a loucura que as movia fosse a certa.

Também existia luz nos olhos sempre tão sombrios de Quinn Fabray e essa luz era fruto do reflexo dos iluminados olhos de Rachel Berry.

Ainda existia a esperança nessa desesperada fuga de um passado e de pessoas que, talvez, não entendessem o amor que elas dividiam.

Entretanto, havia força na forma como elas se seguravam e poder em como elas se mantinham próximas. E, sobretudo, havia amor.

E houve amor, incondicional e devoto, na forma como elas se olharam antes de entrar no trem e sussurraram juntas:

— Eu amo você.

Lima ficou para trás e elas alcançaram o mundo, juntas.

FIM


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Aguardo feedback, hein!

E para aqueles que não sabem, "Signal Fire" foi atualizada e tem Faberry nova na área chamada "Heart on Fire in Her Hands". Vão ao meu perfil e dêem uma passadinha nelas!

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Nos vemos na próxima, beijos!



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