A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 2
A Espada Demoníaca


Notas iniciais do capítulo

Yoo! Voltei antes do previsto!! Na verdade, os dias oficiais da atualização continuam sendo às SEXTAS ou aos SÁBADOS. Mas, se eu arranjar um tempinho antes, eu posto. Como esse é um capítulo extra, teremos um capítulo novo nessa sexta também, se tudo correr bem. Então, até mais.



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— Tem certeza que não quer um pouco, Ed? – Jelso apontava para a pilha de comida que ele e Zampano devoravam sem nenhuma cerimônia.

Naquela hora da manhã, o restaurante onde eles estavam ainda encontrava-se vazio. Edward havia passado na casa de Jelso, mas foi avisado que os dois haviam saído para almoçar naquele restaurante. Zampano sempre dizia que lá serviam a melhor torta de maçã da cidade.

— Não, obrigado – Edward torceu o nariz com nojo – Estou apenas de passagem. Comprando algumas peças que a Winry pediu e também... – ele mostra uma pequena lista com a cara amarrada – aproveitar para comprar mais comida. Desde que aquela garota estranha chegou, as despesas com alimentação aumentaram. Sério, onde vocês arranjaram essa morta de fome?

— A Akame-chan? – Zampano perguntou – Uma boa garota. Sempre deixava as coxas de frango para comermos, não era, Jelso?

— Pois é – Jelso deu um longo suspiro – E aquele molho especial que ela fazia para carnes? Huuum... Deu até água na boca...

— Não notaram nada de estranho nela, não? – Edward ignorou os comentários culinários – Quer dizer, ela tem os olhos vermelhos iguais aos de uma ishvaliana, mas parece mais com uma pessoa de Xing. E, ao mesmo tempo, não parece com nenhum dos dois.

— É porque ela não é nem um e nem outro – Jelso deu uma grande garfada no seu prato.

— Mas o Al disse que vocês a encontraram na fronteira de Xing...

— Sim – Zampano serviu-se de mais macarrão – Mas o país dela é mais ao leste de Xing. Como é o nome mesmo? – ele apoia o queixo em uma mão – Acho que o nome era Reino...

— Não. Eu tenho certeza que o nome era Império – Jelso deu uma grande engolida e Zampano concorda com ele.

— E vocês não acharam nada estranho, não? – Edward insistiu – Uma garota sozinha no meio do deserto... A família dela deve estar a procurando.

— Ela não tem família – Zampano comia ruidosamente o macarrão – Ela só tinha uma irmã e ela morreu já tem tempo.

— Ela tinha uma irmã? – Edward inclinou-se na mesa. A conversa estava ficando interessante.

— Uma irmã mais nova. Mas ela já morreu – Jelso deixou escapar um arroto – Desculpem.

— Agora, eu achei que ela tem muita habilidade com artes marciais – Edward fez uma cara pensativa – Vocês acham que ela recebeu algum tipo de treinamento militar?

Jelso e Zampano trocaram um olhar nervoso que não passou despercebido por Edward.

— Bom – Jelso começou, lentamente – o pessoal de Xing que veio para cá também eram bons de briga, lembra?

— E, além do mais – Zampano disfarçou uma tossida – ela cresceu sozinha. Teve que aprender desde cedo a se virar.

— Não – Edward enrugou a testa – É mais que isso. Ela esconde alguma coisa. E algo me diz que tem a ver com aquela espada que ela sempre carrega.

— Edward – Zampano dirigiu-se a ele de forma suave – Akame não passa de uma garota sozinha, sem casa e sem família, com um passado trágico. Às vezes, não é bom remexer no passado. Alphonse a trouxe para cá porque sentiu pena dela. Você sabe como ele é.

— Sim. Eu bem conheço o Al – Edward suspirou – Ele sempre quer salvar todo mundo. O problema é que ele fica totalmente cego para tudo. Ele confia demais nas pessoas. E as outras pessoas não são como ele. Não sei vocês, mas eu não confio nem um pouco nela.

— E ela fez algo suspeito? – Zampano perguntou.

— Além dela e o Al ficarem para cima e para baixo de segredinhos? – Edward faz uma careta – O Al fica o tempo todo “Akame-chan isso, Akame-chan aquilo”. Ah, isso me irrita.

— Não sabia que você era tão ciumento, Edward – Jelso comenta.

— EU NÃO SOU CIUMENTO!!

— Bom, se o Alphonse confia nela – Zampano diz – eu também confio. E você também deveria confiar no seu irmão, Edward.

— Não. Eu sou o irmão mais velho – Edward levantou-se da cadeira e acenou um adeus para eles – Minha função é proteger meu irmão, inclusive dele mesmo.

— Ah, os ciúmes de irmão... – Jelso diz depois de Edward se afastar da mesa.

— EU OUVI ISSO, VIU?!! – a voz de Edward ecoou pelo restaurante e, logo depois, a porta do lugar bateu.

A conversa com Jelso e Zampano foi proveitosa. Edward acabou sabendo de mais informações sobre a moça misteriosa. Mas uma coisa o intrigava. Por que eles ficaram nervosos quando perguntou se Akame havia recebido algum treinamento militar? Será que eles sabiam de alguma coisa que Alphonse não sabia? Não, Alphonse também deve saber porque ele também desconversa quando o assunto é o passado de Akame.

E a tal espada que ela carrega? Edward tem certeza que sentiu traços de alquimia vindo dela. E era uma sensação forte. Porém, ele sabia que Akame não era alquimista. Então, o que seria isso?

Edward pensou em visitar o doutor Marcoh. Se existia alguém capaz de informar alguma coisa sobre objetos criados com uso de alquimia era ele. Talvez, ele tivesse uma informação útil.

Desde o fim da revolução na Cidade Central, doutor Marcoh se aposentou do exército e passou a atender a população doente ocasionalmente em sua própria casa. Às vezes, ele passava longos períodos em Ishval e, dessa vez, voltou apenas por causa do casamento de Edward dali a alguns dias. Geralmente, dr. Marcoh não ficava em casa quando vinha para Amestris. Porém, Edward teve sorte. Doutor Marcoh estava em frente a sua casa, conversando com um morador local.

— E não se esqueça de tomar o remédio todas as noites antes de dormir – doutor Marcoh despedia-se do homem e percebeu Edward se aproximando – Edward Elric! Quanto tempo!

— Bastante tempo mesmo, doutor Marcoh – Edward aperta a mão do médico.

— Não tenho muito a oferecer – Marcoh virou-se para destrancar a porta de casa – Mas não quer entrar para tomarmos um chá? E você pode me narrar suas aventuras alquímicas no distante oeste. Dizem que o povo de Creta possui uma técnica especial para tratar doenças respiratórias.

— Adoraria contar tudo que deseja saber, doutor – Edward entrou na humilde sala e acomodou-se em uma poltrona – Mas estou aqui por outro motivo. Preciso da ajuda do senhor para esclarecer um mistério. Sabe alguma coisa sobre alquimia de terras mais ao leste de Xing?

— O quê, em específico? – Marcoh pegou um bule, encheu de água e o colocou sobre o fogo.

— Não sei. Talvez, algo sobre criação de espadas usando alquimia – Edward o encarou.

— Bom, sempre existem experimentos bélicos de alquimia – Marcoh encolheu os ombros – Inclusive, aqui mesmo em Amestris. Passamos por maus bocados por causa disso, lembra?

— Sim. Mas eu estou pensando em um país ao leste de Xing – Edward diz – O nome do país é Império ou algo assim.

— Algum interesse em especial? – Marcoh sentou-se em frente a ele.

— Há seis dias – Edward inclinou-se na direção do cientista – Alphonse apareceu lá em casa acompanhado de uma garota que eu descobri ser natural desse país.

— Se ela for de lá, eu sinto muito por ela – Marcoh encostou-se na poltrona – Saiu nos jornais, mais ou menos uns dois anos atrás, que estourou uma guerra civil por lá. Morreu muita gente – Marcoh fechou os olhos com amargor – E o Imperador foi deposto pelos rebeldes. O Imperador não passava de um garoto que foi executado logo depois. Muita gente fugiu de lá para o deserto ou para as terras vizinhas.

— Eu não sabia – Edward apoiou os cotovelos nos joelhos – Estava viajando nessa época.

— A amiga do seu irmão deve ter vindo fugida de lá – Marcoh olhou para cima, pensativo – Mas o que isso tem a ver com espadas e alquimia?

— Porque ela sempre carrega nas costas uma espada – Edward diz – E eu sinto alquimia vindo dela. Mas também sei que a garota não é alquimista.

— E você pode descrever como a espada é?

— Acho que sim – Edward pensa um pouco – Vou fazer melhor. Tem papel e lápis?

Edward começou a desenhar a espada. Passou tanto tempo observando que conseguia se lembrar de cada detalhe, cada desenho, da bainha até o final da lâmina. Conseguia reproduzir até mesmo aquela inscrição em uma língua estranha cravada na bainha. Marcoh levantou-se para tirar a água fervente do fogo e servir o chá. Quando ele voltou para a sala carregando duas xícaras de chá, Edward já havia finalizado o desenho.

Marcoh pegou o desenho e o aproximou do rosto. Ele ficou olhando o papel por um bom tempo sem dizer nada. Edward estava ansioso com todo aquele silêncio.

— Não vejo uma dessas desde... – Marcoh começou a falar e parou sem motivo. O doutor levantou-se em um rompante e correu para a estante abarrotada de livros no canto da sala.

— Doutor?! – Edward se alarmou – O que...?

— Está aqui – doutor Marcoh trouxe até Edward um grosso e antigo livro aberto em uma determinada página.

Edward olhou a página e se assustou ao ver uma reprodução idêntica da espada de Akame.

— É essa mesmo – ele apontou – Exatamente igual.

Edward observou as outras ilustrações em volta e viu vários desenhos de armaduras e armas com nomes estranhos como Yatsufusa, Incursio, Pumpkin e, até mesmo um líquido suspeito chamado “Extrato do Demônio”. Ele olhou para o topo da página e viu as palavras “ARMAS IMPERIAIS” em letras garrafais.

— O que é isso? – perguntou, ajeitando o livro no colo para poder olhar melhor.

— Armas Imperiais ou Teigus – Marcoh bebericou um pouco do chá – foram armas criadas, há mil anos, a partir de partes de bestas mitológicas utilizando alquimia. São armas com poderes especiais criadas pelo primeiro Imperador do Império para garantir a segurança do país. São 48 no total. A espada da sua amiga – e Marcoh aponta para a ilustração – se chama Murasame ou “A Espada Demoníaca”. Dizem que a espada vem com um veneno que mata instantaneamente quem for cortado por ela. Mesmo sendo um corte mínimo.

— Por que eu nunca vi algo sobre isso nos relatórios do exército?

— Porque isso não passa de uma lenda, Edward – Marcoh fecha o livro e aponta para a capa. Estava escrito “Mitos e Lendas do Antigo Oriente”.

— Também diziam que a pedra filosofal era uma lenda – Edward rebate.

— Sim. Mas nunca foi provada a existência das Teigus – Marcoh fez uma pausa para tomar um pouco mais de chá – E, mesmo se elas existissem, a maioria perdeu-se no tempo ou foi destruída. Dizem até que imitações das Teigus foram usadas na guerra civil do Império, tanto pelas forças imperiais quanto pelos rebeldes. Eu posso supor que a sua amiga provavelmente está carregando uma cópia da Murasame. Talvez, para amedrontar criminosos porque as pessoas de lá acreditam fielmente na sua existência.

— E quanto ao fato de eu sentir alquimia vindo da espada? – Edward voltou a folhear o livro.

— Pode ter uma outra explicação – Marcoh encolheu os ombros.

— Por que acredita que a hipótese de ser a verdadeira Murasame tão improvável? – Edward o analisava por cima do livro.

— Porque a Murasame é quem escolhe o seu portador – Marcoh diz, calmamente – Apenas os melhores espadachins tem o direito de empunhá-la. E ouvi boatos de que o último portador da suposta Murasame morreu na guerra civil e ninguém sabe qual foi o fim da espada.

— Talvez, os boatos estejam errados – Edward resolveu provar um gole do seu chá – Talvez, o portador da Murasame tenha sobrevivido. Ou portadora.

— Talvez – Marcoh dá um sorrisinho – Vejo que está bastante convencido dessa afirmação. Por que tanto empenho em descobrir qualquer coisa sobre essa jovem?

— Bom, Alphonse trouxe uma pessoa estranha para dentro de nossa casa – Edward pousou a xícara em cima da mesa posta entre eles – O Alphonse é um coração de manteiga e ela pode ter contado alguma história tão envolvente quanto mentirosa e estar enganando o meu irmão. É a minha obrigação protegê-lo de qualquer aproveitador.

— Não sabia que sentia tanto ciúme de seu irmão – Marcoh sorri para ele.

— Eu não estou com ciúmes, caramba – Edward desliza uma mão da própria testa até o queixo – Por que todo mundo diz isso?

Edward e doutor Marcoh ainda conversaram por um tempo sobre as viagens do Edward e os métodos da medicina do Extremo Ocidente. Ao se despedir de Marcoh mais tarde, Edward resolve mudar o percurso inicial e caminha na direção do centro. Ele entra em um imponente prédio sustentado por colunas em sua fachada. Edward adentra um imenso saguão decorado de forma clássica e com poucos móveis. No meio da entrada, uma mulher lia um calhamaço de papeis, debruçada sobre uma mesa alta.

— Boa tarde – Edward cumprimenta, formalmente – A seção de jornais, por favor.

A mulher indica um corredor e Edward dirige-se sem demora para lá. O acervo de jornais da Biblioteca Nacional era gigantesco, mas Edward checa primeiro o ano das publicações e restringe suas pesquisas para todos os jornais publicados até três anos atrás.

Não teve jeito. Ele precisou pegar exemplar por exemplar e correr rapidamente os olhos pelos segmentos voltados às notícias internacionais. Muitas notícias de viagens e acordos do Führer Grumman com outros países, acidentes, terremotos ou grandes eventos internacionais enchiam as páginas dos jornais, mas Edward achava pequenas informações sobre a guerra civil em Império. Tinha até mesmo uma mensagem de apoio do Führer para o referido país. Porém, nada sobre Teigus ou alguma família procurando por uma moça desaparecida de olhos vermelhos.

Edward estava quase desistindo de procurar mais informações naqueles jornais velhos quando, ao folhear um jornal com um crescente desinteresse, uma foto chamou sua atenção e fez com que o seu sangue congelasse em suas veias.

— Não pode ser – sua voz saiu fraca porque ele se esqueceu de respirar por um momento.

Mas não havia dúvidas. Aqueles olhos eram inconfundíveis e, apesar da ilustração em preto e branco, Edward poderia apostar sua vida que aqueles olhos eram vermelhos.


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Notas finais do capítulo

Avisem, se notarem algum erro.
Até sexta!



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