Como Escrever um Romance em 10 Dias escrita por Alena Santana


Capítulo 1
Uma ajuda inesperada


Notas iniciais do capítulo

Feito com amor e carinho para Emily, uma pessoa totalmente demais (ainda na bad porque minha novela acabou, ai ai)!!!
Windsong significa "Canção do Vento", haha.

Boa leitura.



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Como escrever um romance em 10 dias

Uma ajuda inesperada

Aidan tentava – sem sucesso – conter a impaciência. Mesmo sendo o 5º manuscrito entregue – dessa saga –, ele ainda se sentia como se fosse a primeira vez. Com direito a frio na barriga, tremores e suor excessivo... Um verdadeiro horror! Como se fosse receber um “Não.” meio mal-humorado – o que nunca aconteceu – ou aquele bom e velho: “No momento, seu manuscrito não condiz com o perfil da nossa editora.”, seguido de um sorriso que expressava a medida certa de simpatia e um toque de pesar.

Enfim, aquela fase já era passado. Mas, digamos que velhos hábitos nunca morrem. A insegurança, infelizmente, também não.

William, o editor, folheava com insuportável calma. Fato este, um tanto estranho. Ele, geralmente, recebia o manuscrito e, depois de alguns dias, dava uma resposta. Algumas correções aqui ou ali, pequenos erros de continuidade, reclamações sobre personagens que não deveriam morrer... Estas últimas, nunca alteradas!

Para dificultar ainda mais a vida do pobre autor, William lia uma página e logo o encarava como que o acusando. Depois de ler algumas e pular várias, repousou o manuscrito em sua mesa, juntou as mãos e encarou o inseguro escritor à sua frente.

— Não preciso nem ao menos ler tudo para saber que está maravilhoso. – Okay, isso não fez muito sentido, ainda mais considerando o tom insatisfeito. – Entretanto... – Droga, ele tinha que vir com um “entretanto”?!— Como eu posso te dizer isso?... É que... Falta romance! É o penúltimo livro e a Ágda não se apaixonou nenhuma vez!? – Ágda era a personagem principal da saga. Não a mocinha indefesa. Ela era uma guerreira. Literalmente uma guerreira, viking ainda por cima.

— Bem, ela teve um caso com Knut no segundo livro... – sorriu amarelo. William não pareceu nada contente com isso.

— Porque ela queria o manipular e roubar tudo que era dele. Muito romântico! – A tentativa de sarcasmo foi totalmente camuflada pela irritação. – Além disso, depois que conseguiu o que queria, ela o matou... Olha, não estou reclamando. Knut era um maldito, mereceu tudo e mais um pouco e Ágda só queria vingança pelo que aconteceu com a família, salvar seu povo... Enfim, a questão não é essa. A saga está na reta final, sabe o que acontece nos finais? – Aidan tentou pensar numa boa resposta, mas não foi necessário. – A mocinha fica com o mocinho... Bem, salvo exceções. Mas, até agora todos os seus livros foram exceções, que tal seguir a regra?

— Isso não é um pouco machista? A mocinha não pode simplesmente salvar todo mundo e ficar numa boa? Além disso, e se ela quiser ficar com outra mocinha... Acho que essa sua “regra” já está mais que inválida!— Bem, mentalmente, Aidan disse tudo isso e ainda o xingou de “porco chauvinista”. Entretanto, verbalmente, que é o que importa nesse caso, ele apenas disse:

— Claro, verei o que posso fazer.     

— Aidan, sei que está insatisfeito e que romances não são sua praia. Mas, essa saga está dando muito certo. Você tem muitos leitores e leitoras, só que eles sentem muita falta de um romance. – A ênfase no “leitoras” foi quase sentida. – Principalmente o público feminino, a maioria acredita que o final será repleto de finais felizes e casamentos. Só que eu conheço você, estou falando disso desde o terceiro livro. Os laços de amizade foram bem construídos, os personagens principais, mesmo os maus, importam-se com os seus, são leais. Só que não há nenhum desenvolvimento romântico! Nem mesmos os casais são bem explorados. Eles são vikings, mas não são de pedra... Não é para escrever uma tórrida história de amor, mas, um pouquinho de romance não faz mal à ninguém!

Aidan apenas suspirou. Okay, em parte, William até tinha razão. – Só um pouquinho. – Mas, o objetivo dele nunca foi escrever romances. É uma história de guerra, vingança, amizade e ponto. Só isso, mais nada.

— Ah, Aidan, não esqueça que temos que mandar para gráfica até o dia 20 de junho.

Ah, que ótimo. Muito bom mesmo.

Só para constar, isso queria dizer que ele tinha 10 dias para terminar.

...

Durante 2 dias, Aidan releu todos os seus manuscritos e chegou à uma conclusão: ele simplesmente não sabia escrever um maldito romance! Não havia nada, nenhuma brecha para fazer um romance brotar. O mais perto que ele chegou foi com Rurik e Sigrid, mas ele morreu no segundo e ela no terceiro livro. A única coisa a ser feita, era romantizar os casais já existentes. Mas, no todo, eram personagens secundários. Mal tinham falas, imagine momentos de juras de amor?

Isso só provava uma coisa: ele odiava romances, incondicional e irrevogavelmente!

Batidas na porta o fizeram pausar sua sessão: “sou o pior autor do mundo, deveria me mudar para uma caverna e me desculpar com a natureza por ter feito tanta porcaria.”. Estava tão cabisbaixo que nem se deu ao trabalho de disfarçar o caos no qual seu pequeno apartamento se encontrava. E, também, não perdeu tempo para pensar no conjunto de moletom destoante e o roupão (?) que vestia.

Enquanto tropeçava em alguns pratos, roupas – que, definitivamente, não deveriam estar no chão - e várias folhas de papel amassado – quem se importa com as pobres árvores? –, perguntava-se se seria alguma de suas “adoráveis” vizinhas ou algum vendedor inconveniente. Infelizmente, o porteiro de seu prédio devia ter algum acordo com os mais diversos vendedores. Um bem vantajoso, pois nunca vira tanta gente vendendo coisas sem serem anunciadas.

Ao abrir a porta pôde excluir a primeira opção, não se tratava de nenhuma das senhorinhas do prédio com as quais mantinha contato – às vezes é bem útil seguir a política da boa vizinha. À sua porta, encontrava-se um cara que nunca havia visto. Cerca de 1,80m, roupa casual e chinelo, barba mal feita, exageradamente sorridente, segurava um pacote suspeito com as duas mãos. Até poderia ser um vendedor, mas um bem estranho.

— Bom dia! – Pelo menos tinha uma voz agradável, mas falava muito alto e parecia animado demais.

— Bom dia. – Bem, ele realmente tentou. Palavra! Mas era difícil não parecer apático e mal-humorado, quando se está exatamente assim. No entanto, isso não abalou nem um pouco a animação do outro. Esses vendedores...

— Eu acabei de me mudar para o apê do lado do seu. Trouxe uma torta de...

— Boas-vindas? Acho que eu que deveria ter feito isso... – Sério, não era proposital. Mas, como alguém pode ser feliz pela manhã??— Bem, de qualquer forma, não deveria ter se dado ao trabalho.

— Não deu trabalho, não mesmo. Uma senhora que mora no andar de baixo, me deu. – Sra. Allen, com certeza. – Ela era tão simpática e parecia tão bom que eu não pude recusar. É torta de carne com purê de batata. Bem, eu sou vegetariano então...

— Ah, entendi. – Querendo ou não, havia sido uma grande gentileza. A Sra. Allen tendia a se sentir culpada por coisas além de seu domínio. Por algum motivo, Aidan começou a se sentir culpado pela má impressão que teve do outro... À desencargo de consciência, ele acreditava que se tratava de um vendedor. Pegou a torta e tentou sorrir simpaticamente. – Deveria convidá-lo para entrar, mas, está uma bagunça aqui...

— Tudo bem, não me importo com bagunça. – E ele simplesmente foi entrando como se o apartamento fosse dele. – Nossa, eu esqueci de me apresentar. Sou Thomas! – Porque tinha que ser tão animado? Cada frase parecia ter múltiplas exclamações!

— Aid... Windsong. – Por um triz não disse o próprio pseudônimo, se bem que não faria muita diferença. De qualquer forma, infelizmente, todos no prédio sabiam seu verdadeiro nome. – Tudo bem, pode rir. Meus pais eram hippies. – Ele era um tanto complexado com o próprio nome (quem não seria?).

— Por quê? Olha, seus pais eram hippies e os meus nada criativos... Thomas era é o nome do meu pai, do meu avó, provavelmente do meu bisavó também. É tipo uma relíquia de família. – Aidan o encarou um tanto confuso, ele parecia extremamente sincero, ali, todo esparramado no seu sofá. Caminhou para a cozinha a fim de guardar a torta.

— Quer beber alguma coisa? Uma coca?

— Água! – Aidan levou um copo com água e uma latinha de coca, entregando a água em seguida. – Cara, você não deveria beber isso. Sabe o quanto isso faz mal para o seu corpo?

— Imagino que muito. – Sentou na poltrona, próxima ao sofá, abriu a lata e tomou um gole generoso.

— Não vou comentar seus impulsos alto-destrutivos... Não agora, pelo menos... O que é todo esse papel amassado?

— Rascunho. – respondeu de prontidão. A expressão de questionamento do outro o fez complementar. – Estou escrevendo um livro... Na verdade, alterando umas coisas. Meu editor cismou que a história precisa de romance e eu não tenho ideia de como acrescentar isso.

— Bem, geralmente, histórias precisam de romance. Mesmo as de terror. Mas é sobre o quê?

— Basicamente, vikings.

— Caramba! – Quem fala “caramba” todo animado? – Minha sobrinha ama uma saga sobre vikings, até me obrigou a ler... Eu só li por cima, mas ela não precisa saber. – disse em tom conspiratório. – Não recordo o nome, mas está para sair o penúltimo livro, acho! O nome do autor é Adam ou Aidan-alguma-coisa. Minha sobrinha vive dizendo que ele é um mistério, nunca dá entrevistas...

Quando Aidan começou a ficar realmente preocupado em manter sua “identidade secreta”... Já era tarde demais. Thomas pegou o manuscrito que repousava no sofá, bem ao seu lado. E logo na capa, em letras garrafais, lia-se: “Escrito por: Aidan Hill”.

— Olha, você não pode contar para ninguém! – ordenou, o que não achou muito educado. Então acrescentou, suplicante:

— Por favor!

— O quê?... Eu...Não faria isso. – Thomas o encarou como se Aidan não soubesse que ele nunca faria algo do gênero. Na verdade, ele não sabia mesmo. Mas, logo um sorriso pavoroso (?) começou a brincar por seus lábios. – Farei melhor! Vou te ajudar a escrever o melhor romance de toda a história!

Isso era ruim! Isso, definitivamente, era ruim à beça.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo saí no dia 11, aniversário da Emily!! Uhuul!!
Por ora, feliz aniversário adiantado!!
E para quem leu até aqui, porque não deixar aquele comentário maroto??
Beijocas no coração, até a próxima!



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