Heart on Fire in Her Hands (Hiatus Indeterminado) escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 2
Capítulo 1: As Jóias de Santa Monica


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, como vocês estão?

Eu não planejava postar esse capítulo hoje, mas, tivemos um dia muito triste hoje... Para colorimos e, principalmente, deixarmos evidente que qualquer tipo de amor importa e deve ser respeitado (ao menos na ficção), venho com mais um capítulo.

Gostaria de dar um pouco de cor a esse dia tão escuro.

Músicas do capítulo: "Pontoon" e "Girl Crush" da banda Little Big Town!

Boa leitura e que isso dê um pouco de ânimo e força a todos vocês!



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— Quase todo mundo já saiu desse maldito vôo e nada do Porcelana! - Santana resmungou endiabrada e se ela pudesse, estaria cuspindo fogo pela boca. Brittany olhou triste para a namorada, mas, nada disse.

Esse era um daqueles momentos em que nem Brittany S. Pierce conseguia acalmar a fúria infernal que se apossava de Santana Lopez.

Quinn retirou a máquina Canon de dentro de sua bolsa e pendurou-a pela alça em seu pescoço. Brittany sorriu ao vê-la daquele jeito, o sorriso de uma mãe orgulhosa enquanto Santana parou de andar de um lado para o outro e olhou acusatória para a amiga. Quinn encolheu os ombros e, ajustando alguns comandos da máquina, perguntou:

— O que foi? Eu não vou ficar como uma mera espectadora do seu show, prefiro registrá-lo.

Brittany riu alto com a resposta atrevida de Quinn, Santana franziu ainda mais o cenho e colocou as mãos na cintura. Aquela foi a deixa necessária para que Quinn levasse a câmera aos olhos e registrasse a postura e a expressão de uma Santana Lopez fora do sério, escondida pela câmera, Quinn sorriu vitoriosa.

Santana desistiu de levar Quinn a sério lá pelo terceiro clique da loira em sua direção. Quinn, então, se levantou da cadeira em que estava sentada e focou em Brittany.

A loira estava de pé, dois passos atrás de Santana, seus olhos refletiam a mescla de preocupação pelo atraso de Kurt e de impaciência com o estado de nervos da namorada. Ela estava de perfil, mas a sua postura ereta e de braços cruzados passava tudo que ela sentia... Ou talvez fosse Quinn que era extremamente talentosa em apreender o que seus modelos sentiam por detrás das lentes de sua câmera.

Quinn ajustou o foco da câmera e clicou Brittany várias vezes, inclusive, quando a loira mordeu o lábio e franziu a expressão. Com certeza, ela estava pensando se devia ou não tentar acalmar Santana mais uma vez porque, segundos depois, quando Quinn abaixou a câmera, Brittany estava ao lado de Santana, acariciando-lhe o ombro e envolvendo a cintura da latina com a outra mão.    

A fotógrafa não pode deixar de registrar aquele momento de cumplicidade do casal. Mais cliques que incluíram Santana olhando, primeiramente, mal humorada para a namorada para, depois, derreter-se pelo sorriso ofertado pela paz por Brittany. Quinn voltou a sorrir atrás de suas lentes até voltar a abaixar a câmera. Seus dedos pálidos, longos e femininos, correram pelos botões do pequeno painel de controle e ela checou as últimas fotos.

Sorriu satisfeita para Santana e Brittany em diversos ângulos e expressões, conforme passava as fotos, Quinn sentia que as conhecia melhor. Palavras revelavam muitas coisas, mas, as imagens? Essas revelavam até o que estava escondido no âmago de cada um... Por exemplo, Santana estava verdadeiramente preocupada pelo atraso de Kurt, seus olhos vacilavam na brutalidade e Brittany estava realmente preocupada com a namorada e quase ignorava o estresse causado pelo comportamento irracional dela.

Quinn voltou a colocar a câmera no modo para apreensão e, através das lentes, procurou seus próximos modelos pelo saguão do aeroporto. Em seus ouvidos, Santana voltara a resmungar e Brittany sibilava palavras calmantes. Os olhos de Quinn, através da câmera, focaram numa dupla de garotas que caminhava em direção a elas.

Uma era baixinha e tinha cabelos escuros, usava óculos de sol no estilo aviador enquanto a outra tinha cabelos castanhos bem claros, usava óculos de grau e era mais alta. Essa loira lembrou Quinn de si mesma, pois estava tão deslocada quanto ela, usando calça jeans, camisa social e sapatilhas. Quinn riu para as duas atrás das lentes, o foco não estava ideal e ela não conseguia determinar os rostos delas com definição, mas, podia seguramente afirmar que as duas eram amigas e estavam em férias.

Assim como ela, Santana, Brittany e Kurt.

As duas tinham a mesma energia que Quinn dividia com seus amigos, aquela mesma sensação de liberdade mesclada à aventura e à ansiedade. Eram jovens, assim como Quinn e os outros, que estavam em Santa Monica para se divertirem. Quinn, que se distraíra com o que as garotas lhe entregaram naqueles minutos de observação, mal mexeu na câmera e a imagem continuava desfocada.

O coração de Quinn acelerou porque ela realmente precisava apreender aquele momento, era uma oportunidade única, aquele tipo de emoção e de sensação não poderia ser encontrado em outro lugar.

— Fabray, nos dê a honra de sua presença e largue essa câmera, nosso boy magia finalmente chegou! - Santana tinha a voz alterada, mas também estava bastante aliviada. Quinn esqueceu-se completamente das meninas, que passaram por elas rindo e falando alto, e abaixou a câmera. Olhou para frente e encontrou o seu melhor amigo, Kurt Hummel, caminhando altivo pelo saguão do aeroporto.

Quer dizer, ele parecia altivo, só que a realidade era a de que estava bem debilitado.

Kurt conhecera as meninas no ensino médio, ele fora companheiro de esquadrão de Santana e Brittany e os três se aproximaram quando, logo depois de Santana e Brittany se assumirem, um jogador do time de futebol tirou Kurt do armário. Claro que o rapaz já atraía comentários, mas ser o primeiro cheerleader homossexual assumido de um colégio como o McKinley High foi uma provação e tanto. Kurt enfrentou muito bullying e só conseguiu sair ileso por causa das três garotas que o protegeram.

Nesse ponto, Quinn já estava com três amigos homossexuais e afastada o bastante de sua família cristã. E ela não se importava, o que tinha em casa não conseguia suprir o que tinha na companhia dos três, por isso, Quinn não se arrependia por também ter acolhido Kurt.

Kurt era mais próximo de Quinn do que o casal “Brittana”, porém, a loira sentia saudade do amigo porque passara quase todo o ano letivo sem vê-lo. E olha que ambos tinham cartões de trem para o percurso New York - New Heaven, ainda assim, nenhum dos dois o usava. A causa essencial era por que Kurt tinha arrumado um namorado, um rapaz que estudava em Columbia e estava perdidamente apaixonado.

E esse rapaz o traíra cerca de três semanas antes do fim do ano letivo.

Era por isso que Quinn se surpreendeu ao reencontrar Kurt. O moreno de pele clara, de beleza delicada e olhos azuis, estava apático e distraído. Ele demorou a encontrá-las no saguão e, quando o fez, abriu um sorriso de lado, mais triste do que animado. Quinn, naquele momento, deixou sua câmera de lado e levantou-se da cadeira, seus pés correram e ela passou por Santana interceptando Kurt no meio do caminho. Quinn o abraçou apertado, saudosa e arrancando uma risada rouca e satisfeita de Kurt, ele abraçou-a com uma mão enquanto a outra segurava a alça de sua mala de rodinhas. A loira aspirou profundamente o perfume amadeirado do amigo e sussurrou:

— Eu estava com saudades, K!

— Eu sei e me desculpe por ter praticamente desaparecido nesse ano... Eu não deveria ter priorizado certas pessoas em vez de você. - Kurt respondeu em tom culpado, suspirando nos braços de Quinn. O moreno sentiu-se novamente seguro junto à amiga, Quinn era uma daquelas pessoas que, de forma inexplicável, transpareciam segurança ainda que parecessem tão caladas.

Quinn separou-se dele e sorriu grande, um sorriso de quem não exigia desculpas e de quem estava feliz simplesmente por ele estar ali. Ela ajeitou a gola amassada da camisa que Kurt usava, ele parecia tão deslocado quanto ela mesma, usando a camisa social de mangas dobradas até os cotovelos, calça jeans escura e sapatos italianos. Kurt era extremamente vaidoso e não deixaria de chamar a atenção caso estivesse bem vestido ainda que fosse para uma viagem.         

— Eu estou puta com seu atraso, Hummel... Mas, também senti saudades! - A voz irritadiça de Santana rompeu a ligação entre os dois amigos. Kurt desviou os olhos de Quinn e ela deu um passo para o lado, para que ele pudesse ter a visão do casal logo atrás. Santana marchou até eles e Kurt sorriu malicioso para a expressão diabólica que ela usava, a latina o abraçou ainda mais apertado que Quinn e ele grunhiu:

— Argh, Lopez. Eu sei que me ama, mas pare de me amassar!

Santana separou-se ofendida e revirando os olhos, ela mexeu infantilmente nos cabelos de Kurt, bagunçando-os e tirando-os do alinhamento perfeito no topete. Kurt ficou vermelho de raiva, mas, não teve tempo de retrucar porque foi surpreendido por uma figura elétrica pulando em seus braços. Brittany o apertava e dizia eufórica:

— Que saudades do meu Unicórnio preferido!

Nesse momento, ninguém conseguiu conter a risada. Quinn gargalhou roucamente e Santana sorriu de lado, todos os resquícios de sua fúria desapareceram de seu rosto. Kurt apenas retribuiu o abraço, com lágrimas de riso nos olhos e Brittany o chacoalhou em seus braços. Quinn parou de rir aos poucos, observando atentamente seus três amigos... Em situações como aquela, ela percebia que não havia errado ao escolher seus amigos em vez de sua família.

E Quinn esperava que aquele Verão conseguisse fortalecer o que eles tivessem. Quinn esperava que aquele Verão fosse especial.

# # # # #

Rachel e Marley mal haviam chegado às portas do aeroporto quando o celular da morena voltou a vibrar e um Jeep azul marinho parou cantando pneus em frente a elas. O som estava altíssimo e tocava algum tipo de rock ‘nd roll que Rachel não se deu o trabalho de reconhecer porque ela estava eufórica demais pelos três rapazes que sorriam de dentro do automóvel.

Puck finalmente arrancara aquele maldito moicano - que mais parecia um esquilo morto - de sua cabeça e estava praticamente careca, tinha o mesmo sorriso malicioso de sempre e os olhos verdes brilhava de animação, a pele bronzeada e os músculos fortes e evidentes. Ele usava regata, shorts e, provavelmente, tênis sem meias nos pés, Puck deu uma olhada demorada em Marley e suspirou, Rachel mostrou o dedo do meio para ele, fazendo-o gargalhar.

Finn, ao seu lado, no banco do carona, sorria acolhedor. Os cabelos escuros arrepiados e a pele levemente avermelhada pelo sol. Os braços compridos estavam mais musculosos do que Rachel se lembrava, a morena piscou para ele e ele bateu continência para ela, a risada da morena preencheu o espaço entre eles.

Por último, Sam estava na traseira do jipe, apoiado nos suportes do jipe. O loiro cortara os cabelos e usava um chapéu boater, os olhos azuis - sempre carinhosos - estavam escondidos por um Ray Ban Wayfarer. Foi ele quem saltou do jipe e se antecipou para abraçar Rachel, ele facilmente a ergueu do chão e girou com ela em seus braços. 

Marley franziu a testa para a interação, mas não pode deixar de também sentir-se inflamada pela saudável loucura que emanava daqueles garotos.

Puck e Finn desceram em seguida. Puck apanhou a mochila de Marley e estendeu a mão para ela, Marley a apertou e ele piscou para ela, dizendo:

— Seja bem-vinda a Santa Monica, garota! Se precisar conhecer bem todos os encantos dessa cidade, sugiro que grude e não largue mais de mim!

— Fica quieto, Puckerman! Você vai assustar a menina! - Finn bronqueou envergonhado, jogando a mochila de Rachel para dentro do jipe e tomando a de Marley das mãos de Puck. O careca revirou os olhos para o amigo e Rachel, finalmente livre dos braços de Sam, socou-lhe o ombro e disse furiosa:

— O que eu disse sobre Marley, hein, seu tarado?

— Eu até tinha aceitado a ideia de não mexer com ela, mas, você não tinha me dito que ela era tão bonita. - Puck defendeu-se inocentemente e quem o visse naquela expressão, os lábios carnudos comprimidos em um beicinho, até acreditaria na inocência dele. Finn o puxou para trás através de um agarrão na nuca e adiantou-se desengonçado:

— Ignore o idiota, eu sou Finn Hudson, é um prazer conhecê-la.

Marley também apertou a mão dele e sorriu tímida. Os meninos era intimidadores, mas não por serem maus e sim por serem diferentes de qualquer outro cara que ela tinha conhecido. Sam, atrás de Marley, a cutucou no ombro e disse sorridente:

— E eu sou Samuel Evans, mas me chame de Sam, pelo amor de Deus. E chame o Puck de Puck mesmo ou chame de Noah para irritá-lo.

Puck, que se ocupara em socar Finn pela agressão na nuca que sofrera, olhou feio para Sam que, despreocupadamente, jogou os braços sobre os ombros de Marley, abraçando-a. A loira riu do comportamento dos garotos e, pela forma como eles a olhavam e como Rach sorria para as apresentações, ela tinha sido devidamente aceita no grupo.

Marley não conseguia parar de sorrir, ela jamais se sentira tão acolhida como agora.

Os meninos foram subindo no carro, Puck impediu que Finn viesse ao seu lado na frente e ajudou Marley a subir no banco do carona. A loira olhou preocupada para Rachel, porém, ela só ria do jeito galanteador do melhor amigo. Marley, então, relaxou enquanto Rachel se ajeitava na traseira do lado de Marley, com Sam no meio e Finn do outro lado. Puck ligou o jipe e disparou:

— Não ouse me apertar com essas pernas de bonecão de posto, Hudson!

Finn, por pura implicância, esticou-se todo no bando, suas pernas apertaram o banco do passageiro e Puck somente gargalhou, sequer olhando para a pista antes de dar seta e sair do corredor de entrada do aeroporto. O grupo escutou um Old Beetle preto conversível buzinar ruidosamente atrás deles, em vez de bronquearem o motorista, a maioria riu da atitude de Puck. Apenas Marley parecia assustada pela direção perigosa do bad boy.

O jipe saiu para o sol e a maresia de Santa Monica. Rachel gritou eufórica e os meninos riram para a animação dela. O grupo dirigia pela via expressa quando Sam esticou-se todo para apanhar dois violões no compartimento em que as mochilas estavam guardadas. Ele entregou um para Rachel e sentou-se no encosto do jipe com o outro, Finn sorriu em expectativa e Puck gritou. Marley girou no banco para olhar os garotos e sua amiga. Sam escorregou os óculos de sol pela ponta do nariz e dedilhou notas agudas no seu violão, piscando para Rachel.

A morena, habilmente, executou algumas notas que foram acompanhadas pelos batuques de Finn nas pernas e no jipe. A conexão dos três era sensacional, extremamente musical e amigável, Rachel continuou tocando e começou a cantar:

Back this hitch up into the water

Untie all the cables and rope

Step on the astro turf

Get yourself a koozie

Let’s go

A música tinha um tom de bagunça, exatamente o que acontecia no jipe. Atrás deles, o Old Beetle conversível dirigia perigosamente perto de sua traseira. Puck, ao contrário do que parecia, era extremamente cuidadoso quando dirigia e observava tudo atentamente pelo retrovisor. Uma latina de cabelos caramelos rangia os dentes ao volante e uma loirinha tentava acalmá-la no banco do carona, um menino e outra loira estavam na traseira, todos de óculos escuros. Puck não pode deixar de reparar que as meninas eram bonitas, ele precisava se apresentar a elas.

Who said anything about skiin’?

Floatin’ is all I wanna do

You can climb the ladder

Just don’t rock the boat while I barbecue

Rachel cantava roucamente e tocava o violão de forma sedutora. Marley já tinha visto a morena cantar antes e a voz dela, com certeza, seria mais límpida se ela realmente se esforçasse no curso extracurricular para voz. Entretanto, a paixão de Rachel eram as cordas e ela sempre hipnotizava quem a visse tocar, Marley não fugia desse encanto, pelo contrário, ela se envolvia ainda mais. Por isso, a loira tirou os óculos de grau e colocou seus óculos escuros, deixando-se envolver naquele show particular que se desenrolava por acaso no jipe.

On the pontoon

Makin’ waves and catchin’ rays up on the roof

Jumpin’ off the back, don’t act like you don’t want to

Party in slow motion

Out here in the open

MM... motorboatin’

Sam gargalhou para o tom de voz rouco e sedutor que Rachel usara no último verso do refrão e a própria morena riu da sua palhaçada enquanto tocava. Finn agitava a cabeça negativamente para os dois, mas, a risada também brincava em seus lábios. Puck fazia estranhas dancinhas enquanto segurava o volante, ele olhou para Rachel através do retrovisor e logo se juntava a ela na próxima estrofe.

Reaching your hand down in the cooler

Don’t drink it if the mountains aren’t blue

Try to keep it steady as you recline on your black intertube

Puck podou um sedan à frente deles e o Old Beetle os acompanhou. Já tinham saído da via expressa e, agora, estavam em uma avenida que beirava a orla de uma das praias de Santa Monica. Rachel olhou para a areia e o mar, seus olhos refletiam toda a sua saudade aplacada por, finalmente, ter voltado. Marley também se viu surpresa pela beleza surreal do local. Era meio-dia, o sol estava a pino, as águas eram azuis e a areia clara, quase branca... Aquele era o paraíso.

On the pontoon

Makin’ waves and catchin’ rays up on the roof

Jumpin’ off the back, don’t act like you don’t want to

Party in slow motion

Out here in the open

MM... motorboatin’

O som de pneus cantando interrompeu o frenesi que invadira o corpo de cada um naquele jipe. O Old Beettle passou zunindo por eles e todos riram, porque a motorista acaba de xingá-los dos piores nomes que existiam no vocabulário. Finn apanhou o chapéu de Sam e colocou na cabeça de Rachel, a morena riu e chamou o moreno para perto, os dois olharam para Puck e cantaram juntos.

5 mile an hour with aluminum sides

Wood panelin’ with a water slide

Can’t beat the heat, so let’s take a ride

O jipe continuou trafegando enquanto todos, inclusive Marley, dançavam. Como se fosse o destino, eles pararam lado a lado, em um sinal, ao Old Beetle preto conversível.

A motorista continuava mal humorada e apertava o violão em suas mãos. Puck olhou descaradamente para ela e ela, irritada, beijou a menina ao seu lado. Puck riu roucamente pelo baita fora que dera, acompanhado por Finn e Sam. Apenas a motorista parecia irritada com o comportamento deles, o rapaz no banco de trás e a sua companheira os observavam curiosos e tinham sorrisos nos rostos.

Rachel, que observava a cena por debaixo da aba do chapéu de Sam, ficou em pé no jipe, escorou-se nos suportes. A forma como ela dedilhava o violão e balançava-se no ritmo da música fez a loira, sentada no bando de trás do Old Beetle, se inclinar para frente, procurando enxergá-la melhor. Rachel não percebeu e abaixou a cabeça, depois, sorriu e cantou ainda mais alto, apenas para tirar ainda mais a motorista do sério.

On the pontoon

Makin’ waves and catchin’ rays up on the roof

Jumpin’ off the back, don’t act like you don’t want to

Party in slow motion

Out here in the open

MM... motorboatin’ 

O sinal abriu e o Old Beetle saiu, novamente, cantando pneus. Puck riu roucamente e virou à direita, afastando-se da orla e indo em direção à parte mais residencial de Santa Monica, onde sua casa estava localizada. O grupo terminou a música entre risadas, tanto pelo comportamento da motorista desconhecida, quanto pela felicidade e pela liberdade que tomavam seus corpos.

Eles eram jovens, livres e estavam dispostos a tudo naquele Verão.

Rachel observou e marcou em sua memória os sorrisos de cada um naquele carro com ela. Aquilo sim era viver de forma intensa e inquestionável, a morena vivia por momentos como aquele e esse Verão seria memorável...

Ela simplesmente sentia esse tipo de coisa. E costumava acertar.

# # # # #

A Califórnia com certeza tinha a capacidade de mudar as pessoas. Afinal, Santana Lopez estava muito mudada, a começar pelos cabelos e pelo bronzeado na pele naturalmente azeitonada e finalizando com aquele Old Beetle conversível. Porém, se tinha uma coisa que nem mesmo o sol maravilhoso e o mar delicioso da Califórnia conseguiam mudar, isso era a impaciência de Santana em relação ao trânsito.

Quinn passara tanto tempo longe da latina que se esquecera de como ela era maluca no trânsito. E de como ela era impaciente com quase todas as pessoas. Para Santana, ela era a melhor motorista do universo.

Brittany finalmente tinha conseguido acalmar a latina, mas, isso não impedia que ela dirigisse a toda pelas ruas de Santa Monica. O vento ricocheteava os fios loiros de Quinn e Brittany, Kurt já desistira de manter os cabelos no lugar e eles estavam charmosamente desarrumados.

Claro que Quinn entendia o descontentamento de Santana, aquele barulhento grupo que estava no Jeep azul estava sendo irresponsável desde que fecharam o Old Beetle na saída do aeroporto. Mas, todos ali estavam de férias! Eles até mesmo estavam tocando e cantando no carro... Santana deveria ter sido mais compreensiva, até porque, foi um belo show mesmo que uma deles - uma morena de chapéu que Quinn desconfiava ser a mesma do aeroporto, aquela que estava com a amiga loira deslocada - tenha cantado vários tons mais altos apenas para irritar ainda mais a latina. Quinn conseguira escutar a risada de todos eles antes de Santana acelerar e deixá-los para trás.

Aquilo era a Califórnia, não deveria existir momento para implicâncias e estresses. Na verdade, Quinn era o tipo de pessoa que detestava estresse de qualquer forma.

A loira respirou fundo e voltou a olhar a paisagem, estavam em um bairro residencial próximo a orla da praia. Várias casas de férias e edifícios passavam pelos olhos de Quinn, escondidos pelos óculos de sol, ela suspirou e apoiou o queixo encostado nos braços apoiados na lataria da porta. Não deveria pensar em algo tão terreno quando estava no paraíso.

Quinn, então, olhou para Kurt. Até ele parecia estar mais leve, entretanto, ele tinha a testa franzida e parecia pensativo. A loira escorregou para perto dele e perguntou:

— O que foi, pequeno Hummel?

Kurt abriu um sorriso para o apelido que Quinn dera a ele quando o rapaz ainda era alguns centímetros menores do que ela, no primeiro ano do ensino médio. O rapaz inclinou o corpo em direção ao de Quinn e encostou o rosto no ombro dela, Quinn afagou-lhe os cabelos bagunçados e ele fechou os olhos, respondendo:

— Achei que tivesse visto um conhecido, mas, acho que me enganei.

— Espero que não seja ninguém do jipe azul... Ou, Santana expulsa você do nosso apartamento! - Quinn respondeu brincalhona apenas para Kurt escutá-la e ele riu satisfeito para o que ela dissera. Santana observou desconfiada pelo retrovisor antes de, finalmente, estacionar o carro.

Ela foi a primeira a descer, abrindo a porta do carro. Brittany saltou sorridente para fora e Quinn repetiu o seu gesto, seguido de Kurt. Os dois recém-chegados apanharam suas bagagens e olharam para o prédio de cinco andares em sua frente. Era modesto, mas ainda assim, parecia ser melhor do que muitas construções pelas quais passaram.

Santana caminhou até Brittany e abraçou-a pela cintura, em seguida, olhou para Kurt e Quinn que estavam boquiabertos e, com um sorriso arrogante, disse:

— Já podem dizer que me amam e que eu sou a melhor amiga do universo.

— Eu só não vou dizer isso porque você quase nos matou no caminho para cá. - Mais uma resposta atrevida de Quinn, mais risadas de Brittany e Kurt enquanto a latina se revirava de ódio pela melhor amiga. Quinn não pode deixar de sorrir vitoriosa, ela sentia falta dessa troca de farpas com Santana, apenas a latina conseguia trazer esse seu lado mais extrovertido à tona. Santana a empurrou para dentro do prédio e vociferou:

— Você tem muita sorte de eu estar mais calma e de gostar de você, branquela!

Quinn riu. Santana pulou nas costas de Brittany que a carregou até o elevador enquanto Kurt revirava os olhos para as duas.

Eles deixaram suas bagagens no pequeno apartamento que Santana alugara, simples e com o essencial, o único empecilho era que Quinn teria que dividir o quarto com Kurt. Como se um amigo gay fosse oferecer perigo a ela.

Em seguida, eles desceram e Santana anunciou que iriam almoçar. Quinn não deixou sua câmera para trás e durante toda a volta para a orla, ela tirou fotos.

Olhou para o céu azul e limpo, respirou o cheiro do mar e suspirou para as possibilidades que se abriam naquele Verão... Já começara frenético e Quinn desejava que ele queimasse a ponto de se tornar inesquecível.

Rachel conseguira fazer Marley vestir um dos poucos shorts jeans que ela possuía. Foi difícil convencer sua amiga a abandonar o visual de New York. Mas, Rachel era persuasiva e Marley finalmente vestira os shorts jeans que trouxera, mantivera a camisa social, mas ela tinha os três botões superiores abertos - revelando o biquíni azul escuro que ela usava por baixo - usava os óculos escuros e chinelos. Quase uma californiana.

Os meninos anunciaram que iam todos almoçarem no “Jewelry of the Coast”, Rachel concordou imediatamente porque aquele era outro lugar especial dentro do seu refúgio. O restaurante estava na orla, próximo ao famoso píer de Santa Monica, desde que Rachel viera pela primeira vez... E aquele restaurante também tinha outra pessoa para qual a morena voltava todo ano.

Ruby Clearwood era filha do dono do restaurante e, atualmente, administrava boa parte do negócio. Ela era uma parte importante e essencial do passado de Rachel, era a “garota especial” que Puck perdera para ela... Ruby fora a primeira garota com a qual Rachel pensara em se relacionar seriamente, o grande problema fora todas aquelas milhas entre elas e a diferença de idade - três anos - quando Ruby já tinha 20 anos e pensava no futuro, Rachel tinha 17 e pensava somente no presente. Portanto, hoje, as duas eram boas amigas que nutriam um imenso carinho uma pela outra.

E como o próprio nome dizia, Ruby era realmente uma jóia de Santa Monica, muita gente que a conhecia referia-se a ela dessa forma por tudo que ela representava... A juventude, a beleza, a simpatia e todo o ar sedutor da Costa Leste.

Rachel ainda suspirava por ela, mais por ser impossível resistir a Ruby Clearwood do que por qualquer outro sentimento mais profundo.  E como no último ano que viera a Santa Monica, o seu coração estava livre para quem quisesse pegá-lo.

Os meninos conversavam avidamente sobre o que fariam à noite, Rachel já sabia da tradição do pôr-do-sol e da fogueira, estava ansiosa para que Marley vivenciasse aquilo e se sentisse, efetivamente, parte do grupo. Só sentiria pena dela caso os meninos resolvessem lhe dar o trote. Rachel sorriu satisfeita enquanto observava uma Marley distraída, com a cabeça inclinada em direção ao sol. Sendo filha única, Rachel não podia deixar de ter aquela amiga como sua irmã mais nova.

Marley era especial e merecia o melhor.

Puck parou no estacionamento vazio do restaurante “Jewelry of the Coast”, ironicamente, do lado de um Ford Mustang 1968 muito bem conservado. Rachel sorriu para o carro e deu dois tapinhas na lataria, as lembranças preencheram sua mente, as saudades existiam mais pelas sensações de estar apaixonada do que da pessoa com quem as dividira. Ruby fora muitas coisas em sua vida e era triste que ela não fosse, justamente, a pessoa.

Rachel voltou sua atenção para seus amigos porque Marley gritara surpresa, quando Sam a tirara do que, agora, carregava-a no colo. A morena não pode deixar de rir para aquela animação do loiro, ele estava quebrando o gelo de forma primorosa.

O restaurante era um estabelecimento simples que seguia a arquitetura dos outros comércios à beira da praia. Todo construído em madeira e vidro, com uma varanda em roda que, no horário normal de funcionamento, teria várias mesas ocupadas. Era bastante familiar e aconchegante. Rachel sentia-se em casa quando parava ali para comer ou, simplesmente, conversar com Ruby. Esse era um pedacinho especial de Santa Monica em seu coração e em suas memórias.

A morena estava estranhamente nostálgica naquele dia, mal percebeu que estava abraçada a Puck, o bad boy apertou seu ombro e beijou a sua testa de forma carinhosa, depois, disse risonho:

— Ruby quase me enlouqueceu perguntando quando você cheggaria... O que foi que deu para essa menina querer tanto você, hein?

— Cala a boca, Noah! Você sabe que eu não tenho mais nada com ela! - Rachel respondeu entre risos, ainda assim, corando. Ruby era sua amiga, mas não podia deixar-se de se sentir orgulhosa por ter conseguido ficar com ela, ainda mais, depois de Puck tentar por mais de um ano. Ruby era uma amiga maravilhosa, mas, antes disso, ela era uma mulher sensacional... Não eram poucos os que a queriam em Santa Monica.

Sam e Marley caminhavam à frente, o loiro esforçando-se para colocar Marley no grupo e ela cedendo aos poucos para sua timidez. Finn estava ao lado dos dois, apenas observando a conversa e distraído em seu próprio mundo. Do grupo, Finn era o mais calado, mais pela insegurança de não parecer tão legal quanto os outros do que pela timidez e todos respeitavam. Não havia problemas entre eles.  

O grupo entrou no restaurante, como já passara do horário normal de almoço e sendo o começo da temporada de Verão, não existiam clientes à vista. Puck soltou Rachel e bateu palmas para o vazio do restaurante antes de gritar bem humorado:

— Podíamos muito bem assaltar esse local e, depois, destruirmos sua pureza, Clearwood!

Não duvido nada, ainda mais vindo de você, Puckerman! — A voz feminina rouca e grave soou do corredor que levava à cozinha, Rachel sorriu saudosa para aquele timbre de voz. Seu coração aqueceu-se por ter mais uma saudade aplacada. Marley virou-se para Rachel, confusa em relação à voz e a morena fez sinal para que ela continuasse a olhar para Puck que ria, descontroladamente, acompanhado de Sam e Finn. - Sabe muito bem que eu só tolero você por causa da Rach!

 

— Então, venha me amar, Clearwood! Eu a trouxe de volta para você! - Puck voltou a gritar entre risadas resultando em mais uma risada, esta rouca e melodiosa, escutada a partir do mesmo corredor das cozinhas. O grupo distraiu-se e esperou qualquer evidência de que a pessoa, dona da voz e da risada, chegasse para recepcioná-los.

Marley encantou-se com a decoração, a loira passou a observar o ajuste dos jogos americanos rústicos e do conjunto de frascos de tempero em madeira trançada de uma mesa próxima.

Tudo no ambiente remetia ao mar, aos barcos e à vida litorânea, eram detalhes muito diferentes da arquitetura urbana, de vidros e concreto, de New York. Marley, tão distraída, não percebeu que a dona da voz chegara e parara atrás de si, olhando para o outro lado, diretamente para Rachel. Ela atraíra a atenção do resto do grupo que sorria, então, disse brincalhona:

— Talvez devessem me apresentar a essa aqui para eu saber até onde posso ser carinhosa com Rach!

Marley deu um pulo, completamente assustada. Ela derrubou o saleiro que segurava e a cadeira no mesmo ato, arrancando risadas dos seus companheiros. E, quando se virou, sua situação não melhorou porque ela trombou na garota, derrubando a bandeja que ela segurava e que continha copos plásticos cheios de uma bebida que, pelo cheiro, era alcoólica.

— Ótimo! Marley destruiu nosso brinde de boas-vindas! - Sam comentou entre risos enquanto a nova-iorquina, extremamente envergonhada, olhava para os copos coloridos aos seus pés, incapaz de olhar para a recém-chegada. Marley escutou todos rirem, porém, sua audição, aguçada pela música, se interessou pelo outro som a mais naqueles que estavam se tornando conhecidos para ela.

Novamente, a risada rouca e despreocupada, que despertou a curiosidade de Marley e a fez, imediatamente, erguer os olhos para a dona dela.

Primeiro, encontrou os olhos. E eles eram azuis, de um azul escuro exatamente no tom de como ficava o mar quando era tocado pelo luar à noite. Depois, Marley observou o rosto oval, ligeiramente angulado com a linha da mandíbula bem marcada, emoldurado por cabelos loiros que chegavam aos seios.  Por fim, nariz reto e perfeito e lábios rosados, cheios. Pele branca dourada pelo sol da Califórnia.

Marley, sem entender o motivo, corou fervorosamente e voltou a abaixar os olhos. E novamente, a outra riu de seu comportamento enquanto Marley tentava desviar os olhos do corpo estonteante que a outra loira possuía. Curvas e mais curvas de pele branca dourada pelos raios do sol.  

Desajeitada, Marley deu um passo para o lado, tentando afastar-se da outra loira. Rachel tinha lágrimas nos olhos de tanto que rira de sua amiga nova-iorquina. A morena finalmente quebrou o gelo, deu um passo em direção à garota da Califórnia e a abraçou apertado, sendo retribuída da mesma forma:

— Que saudades, Ruby!

— Digo o mesmo, Rach... Sabe que Santa Monica não é a mesma sem você. - Ruby respondeu animada, separando-se de Rachel, mas, ainda mantendo as mãos dela firmemente seguras entre as suas. A bandeja já fora esquecida em cima da mesa que Marley fingia observar, assim como toda a bagunça que ela fizera. Porém, Marley olhava de esguelha para a interação das duas até que os outros olhos azuis pegaram os seus em flagrante. Marley até tentou abaixar a cabeça, e ainda assim viu o sorrisinho de lado interessado que brotara nos lábios de Ruby antes de seus olhos chegaram ao chão. - Eu não consigo agüentar Puckerman por muito tempo sem você aqui.

Puck revirou os olhos e deu de língua para Ruby, Rachel e os outros, com exceção de uma Marley ainda sem graça, riram. Ruby deixou de olhar para Rachel e, efetivamente, olhou para Marley. A nova-iorquina sentiu os olhos da californiana sobre si e, sem saída, ergueu os seus. Os azuis se encontraram novamente e Ruby voltou com aquele misterioso sorriso de lado. Marley engoliu em seco e Ruby perguntou curiosa:

— Então, qual a sua graça, senhorita?

— M-meu n-nome? - Marley gaguejou nervosa e Ruby acenou positivamente com a cabeça. Às costas da dona do restaurante, Finn apanhava os copos e os colocava em cima da mesa enquanto Sam já saltara o balcão de madeira do bar e voltava com cinco copos de vidro e uma garrafa de tequila. Rachel se ocupava em ajudá-lo a servir, assim como Puck. Ninguém parecia prestar muita atenção na conversa das duas. - Sou M-Marley, Marley Rose. Estudo com Rach em Julliard. E você deve ser Ruby Clearwood, ouvi falar sobre você!

Marley estendera a mão enquanto Ruby interpôs a distância entre elas e a abraçou de forma apertada, do mesmo jeito que fizera com Rachel. A nova-iorquina engoliu em seco pela sensação daquele corpo quente e desenhado pelo sol da Califórnia junto ao seu. Alguns segundos demoraram até que Marley finalmente retribuísse o abraço de forma desengonçada. Uma das mãos de Ruby deslizou pela coluna espinhal de Marley antes de ela se afastar. Marley sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem, ela engoliu em seco e estava muito vermelha ao aceitar o copo de tequila de Puck.

— Só que ela canta e me força a cantar com ela, Ruby! - Rachel completou orgulhosa de sua colega de faculdade, atraindo a atenção da californiana. A morena ofereceu um copo de tequila a Ruby que o apanhou com um sorriso, voltando a olhar curiosamente para Marley através dele. A nova-iorquina desviou os olhos, incomodada, e virou o próprio copo de tequila de uma vez numa atitude impensada e irracional, Sam olhou risonho para ela e disse:

— Vai com calma, garota. Precisamos brindar antes!

— Eu precisava disso, aliás, pode encher mais! - Marley respondeu entre tossidas, apertando os olhos diante da ardência em sua garganta. Rachel olhava surpresa para a amiga, nunca a vira beber tequila daquela forma. Puck estava olhando distraído para seu copo e Finn tinha um sorriso torto. Sam apressou-se a encher o copo de Marley, ele ergueu o próprio copo e a garrafa e disse:

— À Rachel por ter, finalmente, voltado para nos ver!

— E a Marley por ter vindo pela primeira vez! - Ruby completou animada, olhando diretamente para Marley e piscando charmosamente. Marley procurou ajeitar seus óculos de grau, era um tique que ela tinha quando estava nervosa, até se lembrar que estava sem eles e que seus óculos de sol estavam prendendo seus cabelos. Seu gesto se perdeu entre seus cabelos, colocando uma mecha atrás de sua orelha e ela tentou, ao máximo, não olhar para Ruby enquanto eles brindavam.

Todos viraram seus copos e os meninos ainda viraram mais uma dose.

Em seguida, o grupo todo se sentou em duas mesas, na varanda do restaurante e pediram porções de tacos, burritos e nachos. Ruby voltou alguns minutos depois e os serviu, Marley estava com metade de um nacho embebido em guacamole em sua boca quando a californiana disse:

— Essa é por conta da casa, só porque vocês trouxeram gente nova nesse ano.

Ela piscara novamente e Marley engasgara. Rachel, sentada ao seu lado, deu batidinhas amigáveis em suas costas e disse entre risadas:

— Sei bem como você se sente, não é a toa que o nome do restaurante é esse e ela se chama Ruby.

Marley ignorou as risadas dos meninos e o tom jocoso de sua melhor amiga, concentrando-se em engolir toda aquela comida sem voltar a passar vergonha. O que parecia ser extremamente complicado ao dividir um ambiente com Ruby Clearwood.

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— Ah não, veja quem são aqueles sentados na varanda do restaurante! - Santana grunhiu dramaticamente assim que seus olhos avistaram silhuetas familiares e seu cérebro fez a relação com o Jeep azul parado no estacionamento. Kurt olhou na direção que a latina olhava e respondeu irônico:

— Nós podemos ir a outro lugar, eu sei que não vou conseguir conter seu humor se eles quiserem encher o saco de novo.

Brittany não estava com eles, ela fizera Santana parar no píer para Quinn tirar algumas fotos, as duas loiras chegariam mais tarde. A latina fechou as mãos em punhos e pensou, não poderia deixar suas férias serem destruídas daquela forma por desconhecidos que haviam comprado e não tirado a carteira. Com esse pensamento, ela caminhou decidida para a entrada do “Jewelry of the Coast” com Kurt logo atrás dela, recitando mantras e pedindo proteção.

A dupla optou por uma mesa dentro do ambiente climatizado do restaurante que, a essa altura, estava um pouco mais movimentado. Um garçom veio até eles e Santana pediu sucos e água, além de porções de comida mexicana e de camarão. Enquanto esperavam, a dona do restaurante passou por eles e acenou para Santana. Foi a primeira vez que Kurt viu a latina corar e não pode deixar de perguntar:

— Brittany sabe disso?

— Não só sabe como quer um ménage com ela! - Santana respondeu sonhadora, provocando uma careta em Kurt. A latina não negava quando uma mulher era bonita, ela e Brittany até mesmo comentavam entre si quando uma garota linda passava por elas. Só que aquela garota, Ruby Clearwood, não era qualquer garota linda. Ela tinha aquele ingrediente misterioso que tornava as californianas irresistíveis.

Kurt e Santana conversaram amenidades e sequer voltaram a notar a existência do outro grupo no restaurante. Isso até o momento em que eles se levantaram da mesa, fazendo barulho. Os garotos pareciam brutamontes e as duas garotas eram... Espere! Kurt as conhecia! O moreno ficou em pé no mesmo instante que as meninas e, sendo o único em pé no interior do restaurante, logo foi notado pelas meninas.

A morena semicerrou os olhos ao olhar para Kurt e, por fim, cutucou a loira ao seu lado. Essa desviou os olhos de um dos rapazes, um loiro com chapéu e também olhou para Kurt. O rapaz realmente não se enganara, ele realmente conhecia as meninas do jipe.

Na verdade, era impossível não reconhecer Rachel Berry. E se Rachel estava em algum lugar, com certeza, Marley Rose também estaria com ela.

Kurt as conhecia de Julliard, não estavam no mesmo programa já que Marley estava em Música com ênfase em voz e Rachel no mesmo que ela, mas com ênfase em instrumentos de corda. Mas, nas peças de teatro que ele apresentara, Rachel quase sempre estava na trilha sonora, tocando os mais diversos instrumentos, de violão ao violoncelo e Marley era conhecia por ter uma voz maravilhosa.

O moreno suspirou entediado, ele realmente não queria encontrar alguém de New York em Santa Monica.

As duas separaram-se de seu grupo e caminharam até ele, Santana olhou por cima dos ombros e, sarcástica, disse:

— Não vai me dizer que você conhece alguém daquele grupo de animais?

— Claro que ele conhece, na verdade, ele tem a honra de nos conhecer! - A morena chegou até eles, os cabelos castanhos ondulados ao vento e o óculos de sol preso na gola da blusa preta. Ela olhava Santana em desafio enquanto a loira ao lado dela acenava de forma meiga. - Sou Rachel Berry e essa é Marley Rose, somos colegas de Kurt em Julliard... Quem é você além de “a louca do Old Beetle”?

Kurt nem precisou olhar para Santana para saber que ela estava chateada e irritada com a resposta de Rachel. A latina não estava acostumada a ter alguém peitando-a daquela forma, só Quinn tinha a permissão de fazer aquilo e a loira não fazia frequentemente para não forçar a amizade. Santana franziu os lábios para, em seguida, dar o melhor de seus sorrisos falsos e responder fria:

— Sou Santana Lopez, amiga do Kurt.

Rachel estava prestes a voltar a peitar a latina quando Kurt resolveu se intrometer, ele abriu um sorriso enorme e perguntou desconfortável:

— Que coincidência, meninas! O que as traz a Santa Monica?

— Rachel vem para cá todos os anos, eu só estou de intrusa nesse. - Marley respondeu gentil, com o sorriso enorme que lhe era característico. Kurt sorriu verdadeiramente para ele, ele sempre simpatizara com a loira e com o talento dela. Rachel suspirou e completou:

— Marley está fazendo drama, todos estamos aqui para esquecermos os nossos problemas lá em New York... Certo?

Kurt acenou afirmativamente com a cabeça, sendo amplamente estudado pelos olhos castanhos de Rachel. A morena sabia de sua história com Blaine e por mais que ela levasse uma vida de casos e não de relacionamentos, ela jamais apoiaria uma traição. Na concepção de Rachel, trair alguém significava não dar qualquer valor à pessoa que estava junto consigo e ainda remetia a ela o significado de incompetência por não ser capaz de atender suas prioridades.

De forma clara e límpida, Rachel simpatizava com Kurt e odiava o seu ex-namorado.

Por isso, a morena olhou firme para Kurt que voltou a abaixar os olhos. Ele ainda estava visivelmente debilitado pelo que acontecera e ele merecia ter um bom Verão, assim como Marley. Rachel pigarreou e amenizou sua expressão, tanto para Santana quanto para Kurt e convidou com um sorriso iluminado:

— Bem, eu e os rapazes sempre vemos o pôr-do-sol e fazemos uma espécie de luau à noite no nosso primeiro dia aqui. É na parte da praia aqui da frente do restaurante. Por que vocês não se juntam a nós?

Kurt ficou em silêncio, sem saber muito que responder. Santana era perceptiva e por isso viu a preocupação genuína no tom de voz de Rachel ao convidar o amigo, porém, Santana não cedia tão facilmente. A latina deu de ombros e respondeu entediada:

— Se não tivermos nada melhor, aparecemos por aqui.

Rachel revirou os olhos para a resposta dela antes de colocar os óculos de sol e sai, acenando para os dois. No mesmo momento, Quinn e Brittany entraram no restaurante, as duas estavam entretidas com as fotos maravilhosas que Quinn conseguira tirar no píer, assim como Marley e Rachel, que estavam distraídas procurando os garotos.

Quinn e Rachel esbarram-se na metade do caminho.

A morena conseguiu se manter em pé a tempo de impedir a loira de cair e, consequentemente, quebrar a câmera que ela tinha em mãos. Rachel segurou os braços pálidos em suas mãos morenas, notando imediatamente o contraste entre suas peles. Também notou o cheiro adocicado que vinha de Quinn, talvez, um perfume à base de rosas ou coisa parecida. Rachel olhava para Quinn que estava de cabeça baixa, ofegante pelo susto que levara. A morena suspirou e, levemente entorpecida, disse:

— D-desculpe, e-eu...

— Não tem problema, ao menos, não aconteceu nada a minha câmera. - Quinn respondeu de forma educada, desvencilhando das mãos de Rachel e voltando sua atenção para a câmera em suas mãos. Os braços de Rachel ficaram suspensos no ar, no local em que seguraram Quinn. A loira, finalmente, ergueu o rosto. Ela sorria, Rachel também sorriu e aquele foi o primeiro encontro entre o chocolate e o esmeralda.

Corações bateram acelerados, assim como queimaram escaldantes em seus peitos. Rachel engoliu em seco, sem saber o que fazer. Marley e Brittany olhavam de uma para a outra, curiosas pelo que aconteceria. Foi Marley quem tocou o braço de Rachel, puxando-a de volta para a realidade.

Porém, Rachel deu o melhor de seus sorrisos e também jogou os cabelos para trás em um desleixado gesto com a mão direita. A morena retirou os óculos e os prendeu na gola da blusa, a loira olhava corada e Rachel disse charmosa:

— Uau... Eu realmente deveria me bater por não ter lhe visto antes ou deveria trombar mais vezes para ver você sempre!   

— Sério, Berry? - Marley perguntou chocada pelas palavras de Rachel e envergonhada pelo flerte descarado da amiga, depois, praticamente a carregou para longe das outras duas loiras. Quinn sentiu o calor subir pelo seu pescoço e atingir violentamente suas bochechas. Brittany acompanhou as duas saírem do restaurante antes de virar-se para Quinn, ela sorria e acanhada. Brittany a abraçou pelos ombros e disse brincalhona:

— Alguém já está arrasando corações...

Quinn corou ainda mais porque não sabia se Brittany falava dela ou da morena que acabara de sair dali. Na verdade, ela estava sabendo de poucas coisas naquele momento. O fogo dentro do seu peito estava queimando toda a sua racionalidade e o fervor que ela encontrou dentro daqueles olhos castanhos não estava ajudando-a a pensar.

Naquele instante, Quinn só conseguia sentir o calor... Tanto da Califórnia como da morena de sorriso lindo e olhos castanhos intrigantes e a loira realmente não sabia determinar de qual gostara mais.

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Notas finais do capítulo

Sobre Ruby Clearwood, apenas a imaginem como Amber Heard. Mas, não imaginem muito... A leitora Little J já pediu para avisar que a Ruby é somente dela e de mais ninguém Hahahahaha

Ah! Perceberam que a Marley está loira e usa óculos nessa fanfic? É porque preferi deixar a aparência dela semelhante à personagem Kara Danvers, da Melissa Benoist, em Supergirl. Espero que não se importem!

O que acharam da primeira interação Faberry? Acho que, tirando a cantada da Rach, foi tudo bem não é? Hahahahaha
O que acharam dessas Rach e Quinn diferentes?

Dêem o feedback, aguardo ansiosamente!
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Nos vemos na próxima, beijos!

Espero que tenham gostado!