Faíscas escrita por MistyMayDawn


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, obrigada por escolher minha fanfi!!
Faz tanto tempo que escrevi isso, fiz pra ajudar uma amiga no trabalho de escola dela. Só agora tive coragem de postar. Espero que gostem, boa leitura.



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Wendy Testaburger é uma garota mediana de 17 anos, de olhos castanhos hipnotizantes e longas madeixas negras como o céu noturno sem estrelas que se estendiam até o meio de suas costas pequenas. Ser filha única de pais autoritários e pouco liberais a fez ser muito exigente consigo mesma, dedicando boa parte do seu tempo aos estudos, pois ela é considerada como uma aluna modelo onde estuda, além de ser chefe das lideres de torcida e ter um namorado atlético chamado Stan Marsh que namorava desde sempre, porém o relacionamento deles era muito conturbado e se assemelhava a uma montanha russa.

Kenneth McCormick, ou simplesmente Kenny, estudou com Wendy desde sempre e é amigo de Stan, ele é um garoto loiro de belíssimos olhos azuis que se assemelhavam a safiras. Quando criança tinha a estranha mania de cobrir todo o rosto com o capuz do casaco laranja, mas quando chegou à adolescência deixou de fazer isso. Kenny não é o garoto que você chamaria de príncipe encantado, ele estava mais para garoto errado. Ele não levava nada a serio, fazia brincadeiras inconvenientes em momentos impróprios, era um pervertido de carteirinha e se aproveitava muito das meninas, as usando e depois descartando. Mas Kenny era um garoto pobre de uma família com pais alcoólatras e viciados em drogas, cresceu vendo as brigas constantes deles, então tomou para si mesmo a responsabilidade de proteger sua irmã mais nova, Karin.     

Wendy e Kenny nunca tiveram motivos para se falarem. Mesmo Wendy namorando um dos amigos de Kenny, mesmo Wendy tendo uma rivalidade com Cartman, melhor amigo de Kenny, mesmo ela sendo amiga de Kyle, mesmo eles estudando na mesma classe desde crianças. Eles, nunca, em hipótese alguma, trocaram qualquer palavra entre si.

 Chegava a ser espantoso, quem diria que ambos se completavam?

Em um belo e típico dia frio da pequena cidade em que moravam. Wendy brigou com Stan por motivos banais, o garoto já estava cheio dos ciúmes dela e terminou o namoro. Wendy reagiu mal à situação, terminar com alguém que você “ama” nunca é bom, então ela passou a estudar ainda mais, se dedicou mais as lideres de torcida e não conseguia dormir a noite.

Kenny sofria em casa, seus pais estavam piores que nunca e seu irmão mais velho, Kevin, saiu de casa deixando pra trás Kenny e Karin. Além de que o loiro sofria com suas próprias decisões, a garota que amava, Kelly, o rejeitou por completo por pensar que ele iria partir o coração dela em mil pedaços.

Wendy não tinha motivo para falar com o loiro, passou acreditar, assim como Kelly, na má fama que ele tinha com as garotas. Kenny não tentava falar com a morena porque achava ela pouco interessante e aquele jeito certinho e autoritário era pouco convidativo. Mas naquele momento que ambos estavam sofrendo emocionalmente, pela primeira vez, se falaram.

Na primeira vez que viram as faíscas aconteceu quando Wendy tirou um cochilo durante a aula de Química, fazia dias que ela não dormia direito, quando acordou não tinha mais ninguém na classe, nem sua melhor amiga teve a gentileza de acorda-la. A morena colocou o mais rápido possível seus matérias dentro da mochila e foi rapidamente até a porta, mas no momento em que ia atravessa-la deu de cara com o loiro e ela caiu em cima dele.

Foi um momento esquisito e, no mínimo, constrangedor. Wendy sentiu uma faísca viajar por entre seus olhos ao se encontrar com as orbes azuis dele. Foi um sentimento estranho, ainda mais por alguém que ela nunca tinha trocado uma palavra. Viu-se pensando nele em uns momentos, imaginando o que seria aquilo. Mas o sentimento de querer cavar um buraco e se enfiar lá dentro era maior. E Kenny, bem, Kenny só pensou que aquele foi seu bônus do dia e ficou alheio aos sentimentos, para ele não passou de um acidente.

— Desculpe – Murmurou Wendy olhando para os pés após se levantar.

— Não precisa se desculpar, a culpa foi minha – Ele coçou a cabeça rindo de si mesmo. – O que ainda está fazendo aqui?

— Eu acabei dormindo. – Riu amarelo – E você? – Perguntou por educação.

— Esqueci meu caderno.

Wendy já estava achando a situação mais constrangedora do que já era, se despediu do loiro e seguiu seu caminho, não antes de vê-lo entrar, com aqueles belos cabelos dourados e despenteados de um jeito que deixavam as garotas loucas.

A segunda vez aconteceu uma semana depois, Kenny voltaria para casa com seus três amigos, Stan, Cartman e Kyle, como de costume, mas chegou muito atrasado e acabou perdendo o ônibus. Teve que ir fazer o percurso de quarenta minutos a pé mesmo, colocou as mãos no bolso do habitual casaco laranja e andou calmamente, não tinha pressa de chegar em casa, sabia que encontraria o inferno lá. Wendy saiu do colégio desesperada, dormiu mais uma vez na classe, já estava virando costume, e como ela morava perto do colégio não via problema em ir a pé. Ambos não trocaram palavras nem olhares, eram apenas duas pessoas indo pelo mesmo caminho.

  Durante o percurso Kenny observou a garota tremer pela décima quinta vez. Vê-la assim estava o incomodando. Wendy se sentia uma idiota por ter colocado pouca roupa em um dia de neve como aquele. Kenny pensava se ela não tinha decência de cuidar da própria saúde, e, quando deu por si, parou imediatamente em pensar nisso, ele não devia estar se preocupando tanto. Mas, mesmo assim...

Wendy sentiu algo sobre seus ombros, e se assustou. Olhou para trás, deu de cara com o loiro. O casaco laranja não era grande coisa, era velho e não aquecia muito, mas era o que ele tinha.

— Você vai ficar doente se continuar assim.

Definitivamente ela não espera por essa atitude, nunca Stan fez isso. Wendy corou e sorriu, sentiu as mesmas faíscas da vez passada, e trouxe o casaco com cheiro de menta para mais para perto.

A terceira vez foi no dia seguinte, ela havia se esquecido de entregar o casaco de Kenny, se sentiu até envergonhada por isso. Também não saberia como agir com a situação, imagina o que os outros iram pensar? Ela devolvendo o casaco de Kenny, logo o Kenny, o conquistador.

Observou cautelosamente pela porta do refeitório, Kenny estava na mesa de sempre com Kyle, Cartman e... Stan. STAN. O que ele iria pensar se a visse devolvendo o casaco de Kenny? Santo Deus! Wendy respirou fundo, cogitou a ideia de devolver outro dia, mas disse não a si mesma, iria devolver agora mesmo. A coragem momentânea tomou conta do corpo da morena, tirou o casaco laranja de trás do corpo e jogou pelo ombro.

Quando viu, já estava de pé em frente do loiro, todos do refeitório olhando para ela. Wendy se envergonhou, mas se ela já estava ali iria terminar, quem tá na chuva é pra se molhar.

 – Obrigada

Estendeu o casaco para ele, Kenny o pegou e deu um leve aceno com a cabeça. Wendy se abaixou e deu um beijo no rosto dele, saiu tão rápido quanto chegou, vermelha por todos terem olhado, vermelha por Stan ter visto... Mas satisfeita. Kenny que deu um sorriso de canto vendo ela se afastar. Francamente, ele não sabia de mais nada quando o assunto era Wendy.

— O que foi isso? – Perguntou Kyle o que todos queriam saber.

Na quarta vez Kenny sentou no local que não era acostumado a sentar, ele sentou na frente, do lado de Wendy, dizendo para seus amigos que era para prestar atenção melhor à aula por estar com nota baixa nessa matéria, mas quem diz que ambos prestaram atenção? Estavam ocupados demais trocando olhares.

Na quinta vez Kenny e Wendy foram para casa juntos, como fizeram na segunda vez, porém, de uma maneira mais descontraída. Cada vez que eles iam se aproximando mais amigos ficavam. Wendy se perguntou por que nunca se falaram antes e Kenny pensava em como podia tê-la achado chata.

Na sexta vez eles se encontraram por coincidência no parque, conversavam e foram para uma lanchonete tomar um delicioso chocolate quente. O dia estava quente, a neve estava quase derretendo, o céu estava sem nuvens, um raro dia na pequena cidade do Colorado. Os dois estavam tão distraídos que ao saírem da lanchonete nem notaram que o céu escureceu, até uma nevasca forte desabar do céu.

— Quem diria que começaria a nevar novamente. – Se pronunciou Wendy.

— O que vamos fazer agora?

— Olha! – Wendy apontou para pequeno comercio vendendo guarda-chuvas. – Vou lá comprar, você quer um?

Kenny ficou envergonhado, ele não tinha dinheiro devido o relacionamento precário com os pais.

 – Err...

— Tudo bem, eu vou comprar um pra gente.

Wendy foi até lá e comprou o guarda-chuva com o restante do dinheiro que tinha e voltou rápido abrindo-o sobre suas cabeças. Wendy olhou para Kenny, ele nem percebera. Um sorriso tímido brotou do rosto da morena, que chegou mais perto do loiro sem que ele percebesse, então, com o braço que estava livre, segurou na mão dele. E assim continuaram até chegarem a suas casas.

Na sétima vez Wendy estava balançando os pompons com as outras lideres de torcida. Kenny soltou um risinho bobo, há quanto tempo não se sentia ridiculamente feliz por ver alguém? Talvez ele gostasse dela. Só talvez. Tentou afastar aqueles pensamentos, mas falhou miseravelmente, lidar com aquele sentimento relativamente novo era complicado.

Na oitava vez Wendy enterrou o rosto no peito dele. Os braços magros se estreitaram ainda mais em volta do corpo, sentindo os músculos definidos de suas costas e o cheiro de menta.

Ela se sentia um nada, a decepção tomara conta de seu ser. É assim que tudo acontece? Você vive parte de sua vida amando uma pessoa, e então simplesmente tudo acaba?

Descobrir que seu ex-namorado, que ela ainda gostava, começou um relacionamento com aquela que Wendy chamava de melhor amiga foi demais para ela. Mas por sorte agora tinha Kenny para conforta-la.

Na nona vez Kenny se viu perdido nos olhos castanhos dela, observando a curva do pescoço, o nariz pequeno e delicado, o formato dos lábios rosados e o belo cabelo liso e negro. Que raios ela teria feito para isso acontecer? Que tipo de feitiço ou macumba ela teria jogado nele para fazer com que ele agisse daquele modo? Definitivamente Kenny não sabia mais nada quando o assunto era Wendy.

— Você está estranho – Declarou Wendy fitando o loiro com curiosidade.

— Não estou. – Retrucou.

Na decima vez a Testaburger e o McCormick estavam marcando de sair na sexta-feira à noite, a única coisa que faltava eram concordarem aonde iriam, e, bem, essa ultima etapa não estava a ser bem sucedida. Resumindo: Eles estavam brigando.

— Confia em mim, você vai gostar – Argumentava o loiro.

— Não, a Casa Bonita tem uma comida mexicana deliciosa.

— Hm – Ele cruzou os braços e meneou a cabeça em negativo.

— Idiota.

— Chata.

— Babaca

— Tábua.

— Arg... Abusado, arrombado, cachorro.

— Como se você fosse perfeita... Espera! Na verdade é sim.

Wendy corou, seu coração batia tão forte que parecia querer sair pela boca.

— C-como?

Na decima primeira vez que sentiram as faíscas estavam com os olhos fechados. Assim como na decima segunda, na decima terceira, na decima quarta. Pois sentir um ao outro já era o suficiente para incendiá-los por completo.

Mas há a VIDA

Mas há a vida

Que é para ser

Intensamente vivida, há o amor.

Que tem que ser vivido

Até a última gota.

Sem nenhum medo.

(Clarisse Lispector)


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Por favor, deixe seu comentário!! Gostou, não gostou, amou, odiou. Eu quero saber. :)



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