Festa Junina Solitária escrita por Roberta Pereira


Capítulo 1
Capítulo único




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A festa está animada. A música está tocando ao longe, com duas mulheres cantando com todo o prazer do mundo, mesmo que quase ninguém esteja prestando atenção. Crianças de até 5 anos estão correndo e gritando, animadamente, brincando com seus colegas, ou até mesmo desconhecidos. Adultos conversam agitadamente, comem e bebem, curtem a festa quase tanto como as crianças. Ouço o bingo dos idosos do outro lado da festa; 9, 2, 13, bingo! O cheiro das comidas típicas me instiga a comer mais e mais, estou quase explodindo! Se eu levantar o olhar agora, vejo meus pais e os de um amigo do meu irmão batendo papo, rindo. Os jogos, estão com recheados de crianças; pesca, bola na lata. O bazar logo ali na frente atrai mulheres para olhar seus colares, vestidos, artesanatos.

Tem tudo para ser a festa perfeita! Mas, o que é isso que sinto? Sabe, esse vazio. Tem algo faltando.

...

Descobri o que há de errado. Não é algo que falta, e sim alguém. Falta você ao meu lado.

Falta aquele carisma que me encanta, aqueles olhos castanhos que me hipnotizam, aquela voz rouca que faz de mel aos meus ouvidos, o sorriso que ilumina meu dia. Aquelas brincadeiras idiotas que me fazem sorrir sem motivo, aqueles comentários desnecessários que me fazem rir sem poder. Aqueles passos de dança desajeitados que atraem meu olhar e me fazem suspirar; não sei se de dó ou de amor. Seu jeito simples de ser, que me fascina. Como? Não sei, apenas sei que aumentam meu desejo ainda mais.

Eu ia lhe convidar para estar aqui comigo, completar esse vazio do meu lado. Dançar essas músicas como meu par, como meu acompanhante, como meu amigo. Imagino nós dois ali, juntando nossos torsos, dois paços para a direita, mais dois para a esquerda. Só de sonhar acordada já me faz aumentar meu amor por ti.

Mas eu lembrei de um pequeno, não, grande detalhe. Você não olha para mim. Não me nota, ao menos se importa de ter minha amizade. Você não fala comigo, quando troca duas palavras comigo, parece algo forçado, e isso acaba comigo. Você dá abraços em quase todo mundo, mas a mim você não me dá um olhar sequer, isso me mata.

No meio das aulas, principalmente as mais entediantes, percebo que está com o olhar vidrado em mim. Sou muito iludida ou você está apenas querendo algo para analisar e não prestar atenção no professor? Tento encarar seus olhos profundos de volta, mas não consigo suportar, meu rosto pode pegar fogo a qualquer momento. Tento começar qualquer simples conversa contigo, mas meu coração salta pela minha boca.

Mas o que quero dizer com isso? Quero dizer que esse vazio nunca vai ser preenchido. Que essas músicas nunca serão dançadas por nós dois. Que essas crianças nunca verão alguém mais admirável que você. Que nunca dividiremos essa maçã-do-amor que acabei de comprar. Que meus pais aqui do lado nunca conhecerão uma pessoa tão incrível como ti. Que aqueles jogos ali nunca terão um jogador tão bom como você. Que meus sonhos e delírios nunca se realizarão. 


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