Chapéus eram lançados no ar. A tão (talvez nem tanto assim) esperada formatura chegara. Era, finalmente, a hora de decidir qual carreira seguir, que futuro buscar. Mas pra falar a verdade, quase todos os formandos estavam perdidinhos. Claro, todos estavam muito animados por estarem terminando o ensino médio, felizes por estarem dando adeus ao inferno e tristes por saberem que perderiam muitas amizades importantes nas suas vidas. Mas tinha um porém: ainda não sabiam o que cursar na faculdade. Um dos confusos e não decididos formandos era Alexander Lightwood, um jovem de 19 anos.

Alec sempre fora um pouco, ahn, antissocial. Além da timidez extrema, o garoto não gostava muito de conversar com pessoas que não conhecia ou não possuia afinidade. Gostava apenas de ficar trancado em seu quarto estudando, lendo ou ouvindo música. Estava aí mais um motivo para a indecisão de Alexander. Ele não poderia cursar algo que consistisse na necessidade de falar com seres humanos. Medicina, por exemplo, estava fora de condição. Ele só conseguia imaginar um paciente morrendo pois não conseguiu dizer, ou até mesmo escrever, a doença que o mesmo tinha ou a medicação que deveria tomar. Para matar suas dúvidas, Alec frequentemente abria sites que falavam sobre tipos de faculdade. Olhava cada um dos nomes, e ia decidindo e tirando conclusões mentalmente: "Jornalismo, talvez? Hm, não. Teria que entrevistar pessoas. Direito? Seriedade demais. Publicidade? Não combina comigo. Biomedicina? Talvez.". Ele não teria que manter muito contato pessoal. Apenas focaria em estudar, já que não deve ser muito fácil criar prevenções de doenças e coisas do tipo. Era isso. Biomedicina era um pouco de exatas, com um pouco de biológicas, com um pouco de humanas... Indeciso, assim como Alec. Perfeito.

— Eu vou sentir saudades, cara — disse Jace Herondale, melhor amigo de Alexander desde que ambos eram dois pirralhos de no máximo seis anos de idade. — Mas pode ficar tranquilo, a gente ainda vai se ver bastante — a voz de Jace entrava nos ouvidos de Alec deixando-o levemente tonto devido ao imenso barulho em volta deles, e também, da preocupação que ele sentia. Era estranho saber que seu amigo mais próximo, seu único amigo, estava tomando um rumo diferente do dele. Jace sempre gostou de se exercitar, não era surpresa que ele estivesse escolhendo Educação Física para cursar.

— Sei que vamos, mas, sei lá, tudo isso é muito estranho. Parece que eu e você vamos nos separar para sempre — desabafou Alec com certo nervosismo. — É como se a gente estivesse crescendo, virando adulto. Essa é a pior sensação que alguém pode sentir. Tá sendo difícil me imaginar morando sozinho, sem a ajuda dos meus pais.

— Ei, vai ser fácil. São apenas alguns anos estudando e depois estaremos lá, trabalhando sem parar e ganhando bastante dinheiro. Viu como não é difícil? Tudo é uma questão de tempo — explicou Jace, rindo ao perceber o desespero de Alexander após ouvir o som do "trabalhando sem parar" saindo de sua boca.

— Realmente, espero que seja fácil do jeito que está falando.

Os pais de Alec, Maryse e Robert, já haviam escolhido em qual faculdade seu filho estudaria. A mais cara da cidade, é óbvio. Chega a ser estranho o fato de Maryse ter permitido que Alexander cursasse o que quisesse. Sempre foi tão rígida em relação a sua educação, e justo em um dos momentos mais importantes de sua vida, deixou-o tomar decisões sem interferir. Até que isso foi importante para mostrá-lo que estava crescendo e deveria saber lidar consigo mesmo sem a ajuda dos pais. Além de pagar seus estudos, eles compraram também um apartamento para Alec. Definitivamente, queriam fazê-lo crescer, mas não estavam fazendo isso de forma tão correta.

Faltava apenas uma semana para que as aulas começassem. Estudar durante 12 lentas horas por dia, com pausa apenas para o almoço. Desanimador para qualquer um. Alec estava procurando um motivo que animasse-o a continuar com essa ideia de faculdade. Ele poderia simplesmente largar tudo e vender sua arte na praia, seria mil vezes mais simples. Mas ele não faria isso, Alexander estava bem perto de encontrar o motivo.