Arabella era meu pequeno raio de sol: brilhante e quente. Fazia-me sorrir olhando-a. Seus cabelos dourados e olhos azuis ciano [que reforçavam ainda mais minha teoria de ela ser um raio de sol perdido na Terra] brilhavam ao ouvir uma música dos Beatles ou dos Rolling Stones.

Eu amava tudo em Arabella. Suas botas interestrelares, seu maiô prateado, seus lábios pequenos e extremamente vermelhos, seu casaco de pele, e eu até desejava ser a garrafa de Coca ou o cigarro orgânico que ela fumava. Eu amava sua coleção de vinil e sabia que, embora sua cabeça estivesse nos anos 70, Arabella era amante das artes modernas. Arabella era meu pequeno raio de sol. Ela iluminava meus dias cinzentos, era minha musa na hora das artes.

Mas ela nunca foi minha. Não de verdade.

Na outra noite, sonhei que a tinha em meus braços, apertada, impossibilitada de ir embora. Quando acordei, pude até encontrar o barulho de minha ilusão se quebrando, como um vidro. Arabella não estava lá. Apenas me restou chorar.

Foi quando percebi: Arabella era um raio de sol. E raios de sol não são infinitos. O meu se foi no dia em que a vi com Joe.

Meu raio de sol foi embora, me deixando na escuridão.