Deixados para trás escrita por MayEverdeen


Capítulo 1
The princess and the thief


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey!
Fic nova, vida nova! Vamos lá! :3
*bate palminhas*



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 Por mais que sejam festas como essa as mais cobiçadas de todo o reino, para mim não faz diferença. Tudo que eu faço é cumprimentar nobres de outros reinos e sorrir para todos. Ah, e dançar com estranhos também. Aqui, todos parecem perfeitos e felizes, mas essas paredes escondem mais do que parece.

 Sorrio para o príncipe Lysandre. Estivemos rodopiando pelo salão há uns dez minutos. Mal o conheço, mas isso faz parte do papel que tenho que interpretar. Segundo meu pai, é meu dever como princesa agradar a todos, principalmente os reis e príncipes. Não posso dizer que odeio Lysandre, apenas me sinto desconfortável em ter que fingir ser alguém que não sou apenas para agradá-lo. Depois de um tempo, digo a ele que estou com enxaqueca, e que preciso ir descansar. Ele então se despede de mim, beijando a minha mão e se afasta, com um sorriso gentil nos lábios.

 Subo as escadas que levam ao terceiro andar do castelo, passando por alguns guardas, já acostumados com minhas escapadas das festas do castelo. Eles têm ordens de não se comunicarem com a família real a menos que seja necessário, mas isso não me impede de cumprimentá-los. Gosto de ser cordial com eles pois, afinal, são eles que nos mantêm seguros nessa prisão de pedra, então acho que merecem ao menos isso.

 Entro no meu quarto e, quando fecho a porta atrás de mim, percebo uma silhueta próxima a minha cama. Não me assusto, pois já sei de quem se trata.

 - Eu sabia que estaria aqui. Você não tem nada melhor para fazer, não? – digo, mas com um sorriso no rosto.

 O vulto se vira e caminha na minha direção. Quando está próximo o suficiente, a luz acima de nós ilumina seu rosto.

 Armin tem um corte na sobrancelha direita, mas fora isso não parece machucado. E posso apostar que nem estaria aqui se tivesse apanhado mais do que batido. Para chegar até aqui, ele precisa escalar um paredão de pedra, e isso requer muito esforço. E mesmo assim, aqui está ele.

 - Ah, o que mais eu estaria fazendo, se não importunando minha princesa favorita? – responde ele, me puxando para um beijo.

 - E a única, espero – rebato, não conseguindo conter minha felicidade em tê-lo aqui.

 Toco o corte em sua sobrancelha.

 - Deixa eu adivinhar: arrumou briga de novo, não é? – repreendo.

 - O cara ficou inconsciente, então eu ganhei, pelo menos – diz, com um sorriso no rosto, pondo as mãos na minha cintura.

 - O que roubou do pobre coitado? – pergunto, acariciando sua bochecha com meu polegar.

 - Umas moedas. O cara não tinha muita coisa – responde ele, dando de ombros.

 Armin é um ladrão, e admite isso com orgulho. Afinal, foi assim que me conheceu. Eu estava em uma reunião alguns nobres, a qual eu não precisaria estar, já que não sou a herdeira. Mas havia prometido a Nathaniel que iria. Ele é o meu irmão mais velho e, consequentemente, o herdeiro do trono de Eldarya, então ele precisa comparecer à reuniões como aquela com frequência. Já Ambre, minha irmã mais velha depois de Nathaniel, se recusa a comparecer, já que prefere ficar em seu quarto, fofocando com as filhas dos nobres dos reinos vizinhos. Por isso foi a mim a quem ele recorreu. Sabe que faria qualquer coisa por ele, assim como ele faria por mim.

Quando a coisa toda finalmente acabou, fui até o meu quarto e quando abri a porta, dei de cara com Armin vasculhando meu porta-jóias. Foi a primeira vez que o vi.

 Ao ouvir o barulho da porta, ele se virou e me encarou. Seus joelhos estavam flexionados, prontos para correr.

 - Ladrão – disse, apesar de ser um pouco óbvio. Mas estava surpresa com o fato de ele ter conseguido chegar até aqui. Não é fácil chegar ao quarto de uma princesa sem ser pego.

 - É obvio – respondeu, abrindo um sorriso torto, pelo qual eu me apaixonaria mais tarde – Afinal, de que outro jeito viveríamos?

 - Trabalhando. Garanto que há muitos empregos à disposição no reino – respondi, com a voz firme. Estava indignada com a ousadia dele, mas essa atitude também me intrigava. Alguém que invade o quarto de uma princesa para roubar suas jóias e, ainda por cima, a enfrenta é, com certeza, muito corajoso.

 - Trabalhos que são abusivos aos limites do corpo humano. Ah, e eles também não pagam bem – rebateu, dando tapinhas em uma sacola que tinha presa ao cinto, que deveria estar cheia de pulseiras e colares de ouro. Dava para ver em seus olhos que estava me testando, para ver quando eu iria gritar e chamar os guardas.

 Abri a boca para argumentar, mas nada me veio a mente. Não era eu quem estava nos vilarejos, trabalhando duro para sustentar a própria família. Não tinha como provar que os trabalhos não eram abusivos. Deveriam ser, mas eu nunca saberia o quanto. O ladrão percebeu meu silêncio e não deixou passar:

  - Sem palavras, princesa? – brincou – Bem, não posso culpá-la por isso, afinal nunca saberá como é a vida fora do castelo – completou em um tom gentil. Ele realmente não me culpava pela pobreza de seu vilarejo. Mas por que?

 - Apenas suma da minha frente – ordenei, dando as costas para ele.

 - Espera, é sério? Vai me deixar ir? – ele deu uma gargalhada – Até que foi fácil!

 - Não abuse da sorte – disse, e saí do quarto.

 Ele podia levar o que quisesse, claramente precisava mais do dinheiro que eu.

 Resolvi não avisar os guardas. Agi como se nada tivesse acontecido pelo resto do dia.

 Mais tarde, quando voltei ao quarto, encontrei um papel sobre o porta-jóias. Nele, estava escrito: “Me chame de Armin, princesa”. Foi então que tive a certeza de que ele voltaria. Talvez pelo dinheiro fácil, ou talvez tivesse se interessado em mim. Não fazia diferença. Para ser sincera, havia gostado dele. Deixei o porta-jóias na janela e fui dormir. Aquele se tornaria o nosso sinal.

 Demoraram meses até o nosso primeiro beijo. A cada visita, ele me contava mais sobre seu vilarejo e sobre seu irmão gêmeo, Alexy. A cada visita, eu o amava ainda mais.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... :3



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