Vidas Trocadas. escrita por Regina Rhodes Merlyn


Capítulo 5
Armadilha cont.


Notas iniciais do capítulo

Voltando. Não estou conseguindo me manter distante por muito tempo.
Sem enrolação vamos ao que interessa.
Boa leitura. Leiam as notas finais.
Bjinhos flores.



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Residencia dos Mackenzie

Termino de me vestir, sentado na beirada da cama, a angustia começando a tomar conta de mim, fecho os olhos...." O que eu fui fazer?", penso, presentindo que minha vida nunca mais será a mesma.

—Viu, não foi tão ruim assim. - argumenta Camila Mackenzie, abraçando-me por trás,  ainda nua, beijando minha nuca, as mãos insinuando-se para dentro de minha camisa - Bem que podiamos repetir uma tarde dessas. Ou quem sabe, agora -sugere, enroscando as pernas em minha cintura,colando mais seu corpo ao meu.

—Eu preciso ir até o hospital - digo,disfarçando o mal estar que me invade - Estão me esperando para autorizar a cirurgia.

—Você poderia ligar - sugere,tentando impedir que eu me levante - Faço uma transferência bancária,basta me indicarem qual conta, ai não precisaria ir agora - insiste, ficando de pé, me seguindo - Thomas, - para a minha frente, encontando-se na porta - Fique mais um pouco - pede, se pendurando em meu pescoço.

—Dei minha palavra de que iria levar pessoalmente, em dinheiro, não transferência alguma - minto, afastando seus braços e retinando-a do meu caminho, abrindo a porta a seguir, saindo sob seus protestos.

Desço as escadas o mais rápido que comsigo.." Ar, puro. Preciso de ar puro!". Continuo caminhando parando apenas ao chegar em minha moto. Quando estou pondo o capacete, meu celular toca. É Helena. Penso em atender mas desisto. Não conseguiria falar com ela agora. Rejeito a chamado, ponho o capacete, subo na moto e me dirijo para o hospital. Lá chegando, entro tão apressado que não percebo as presenças de Cisco, Iris, Mag e Helena, na recepção. Vou direto a procura do médico de Claire.

—Aqui está.- entrego-lhe o envelope - Tem cinquenta mil ai dentro, o suficiente para a cirurgia e para que ela fique em um quarto particular até ter alta,correto?- pergunto --Não se preocupe, as notas são verdadeiras e não roubei nem matei ninguém pra conseguir - tranquilizo-o - Fiz um..empréstimo.- vejo-o relaxar levantando-se em seguida, para agilizar o inicio do procedimento.

—Vou avisar a equipe. Assim que tudo estiver pronto, começaremos. Vou acompanhar pessoalmente - avisa,  saindo seguido por mim.

—Tommy, onde raios você se enfiou? Estou  te ligando faz um tempão - reclama  Eric, vindo ao meu encontro assim que me vê - Mamãe está quase tendo um treco - o olho intrigado -Helena está aqui. Veio junto com Mag e os filhos. Ela também te ligou um montão de vezes. O que estava fazendo na sala do doutor Travis?

—Se parar de falar um minuto posso explicar - digo,irritado - Estava acertando tudo com ele. Eles vão operá-la agora -informo-o - Você disse que Helena está aqui? - ele confirma com um aceno- Onde?

— Na recepção.- escuto a voz de Cisco, que chegava acompanhado da mãe e da irmã -Achamos melhor ela não subir já que sua mãe surtou só em saber que ela estava no prédio. Como você está irmão? - quer saber, apertando minha mão.

—Me segurando cara, me segurando - recebo o abraço de Iris e depois de Mag, que me conforta.

—Vai dar tudo certo meu bem, você vai ver- grante ainda me abraçando e afagando meus cabelos - Essa garota é uma guerreira! Não vai se entregar tão fácil.

—Deus te ouça Margareth, Deus te ouça - ouvimos minha mãe dizer, amparada por meu padrasto - Doutor Travis nos avisou que vão começar a cirurgia em poucos minutos e que tinha sido você que pagara. Como conseguiu esse dinheiro todo e em tão pouco tempo Thomas?- pergunta desconfiada.

—Seja lá como foi, o importante é que ele conseguiu.- entervém Sebastian - E depois damos um jeito de ajudá-lo a pagar - me olha e concordo.

—Isso mesmo querida. - Mag a abraça- Agora, o importante é que Claire será operada e em pouco tempo estara novinha em folha! - anima-se e consegue arrancar um sorriso de seus lábios.

—Por que não vamos todos nos sentar na sala de espera? - sugere Cisco- É bem mais confortável do que em pé, no meio do corredor- todos concordam.

Vou acompanha-los quando sinto alguém me segurar pelo braço. Me viro e vejo Iris me olhando significativamente, inclinando a cabeça em direção ao elevador.

—Helena.- sussurra, me lembrando que ela estava lá embaixo.

Aproveito a chegada de Cassie e da mãe para sair sem ser percebido. Desço até a recepção encontrando-a sentada, folheando impacientemente uma revista, sem ler. Aproveito que não tinha me visto para observá-la. Esguia, elegante,misteriosa, esconde uma força tanto física quanto pessoal que poucos conhecem. Não sei quase nada sobre ela,nem mesmo seu sobrenome. Nunca perguntei e ela nunca falou. Como se sentisse meu olhar, volta-se, sorrindo assim que vê, e ao fazê-lo percebo,com tristeza que, a partir do momento que lhe contasse a verdade, perderia qualquer chance com ela. Sei, pelo pouco que a conheço que não vai me perdoar. Nunca.

—Então, a cirurgia já começou? - pergunta, me despertando.

—Agora. - digo, engolindo em seco..." Falo logo ou espero pra depois da cirurgia?", reflito, buscando tanto as palavras quanto coragem.

—Eddie ligou agora a pouco. Disse que assim que terminar o plantão vem pra cá.- me diz e me limito a acenar - Está bem Tommy? Quer dizer, sei que deve estar sendo difícil, mas você me parece..estranho. - reflete, me olhando - Quer conversar?- aceno que sim e saímos.

Na lateral do hospital tem um pequeno jardim com bancos que fora construido em homenagem a uma médica que morreu ao cair do telhado,  salvando a vida de uma criança. Nos sentamos em um deles e , pausadamente, começo a lhe contar tudo que havia acontecido desde a tarde anterior até poucas horas atrás. Quando termino, ela fica calada,séria, olhando o horizonte. Permanecemos em silêncio um longo período. Quando ela finalmente fala, meus temores se concretizam.

—Poderia me dizer por que não cogitou,nem por um minuto sequer, me pedir esse dinheiro emprestado?- pergunta , a raiva evidente em cada palavra.

—Helena, sei o quanto batalha pra conseguir pagar sua contas e ainda economizar alguma coisa - digo - Não seria justo com você pedir que abrisse mãos de suas economias por causa de um erro meu.E além do mais, tive que decidir tudo muito rápido. Confesso que realmente não me ocorreu a ideia de te pedir nada, nem a qualquer um dos meus amigos.

—De nós você não lembrou. Mas daquela...-para, fechando os punhos- Daquela mulher, lembrou rapidinho não é mesmo?-acusa,e antes que eu possa responder, ela continua - Um erro, você disse? Não Thomas, você não cometeu UM erro,cometeu VÁRIOS: não foi capaz de confiar em mim nem em seus amigos mesmo sabendo que faríamos qualquer coisa, qualquer coisa Thomas, pra te ajudar. Me escondeu o que aquela....O que ela havia tentado fazer, e não me diga que não teve tempo ou esqueceu.

—Helena, por favor, entenda, eu estava pressionado. Minha família, o hospital, eu tinha que fazer algo rápido- tento me defender- Sei que fariam tudo por mim mas era uma emergência. Não poderia espera um dia sequer. Não pense que gosto do que fiz porque não gosto. Me arrependi e muito.

— Antes ou depois de ter transado com ela?- diz, cada vez mais irritada, os olhos faiscando - Me diz, ela é boa de cama?  Te deu prazer?- pergunta mas, novamente, não me deixa responder - Deve ter dado porque, a julgar pela forma como te seduziu tão facilmente, ela é muito boa. E por favor não tente me fazer acreditar que "fingiu", porque se tem uma coisa que os homens não conseguem é fingir na cama!

— Não pretendo inventar nada Helena, nem mentir pra você - digo, resignado -Mas se disser que estava lá por completo estaria mentindo. Meu corpo estava , mas minha cabeça,meu pensamento, estavam longe, em Claire, na minha família...- antes que eu termine a frase, sinto sua mão acertar meu rosto com toda sua força.

—Não se atreva a dizer que estava na cama com aquela vagabunda pensando em mim Thomas, ou toda e qualquer chance que exista de te perdoar acaba aqui e agora.- ameaça me fuzilando com os olhos.

—Helena,eu não...- Sebastian aparece nesse momento, me interrompendo.

—Thomas, a cirurgia terminou.- cumprimenta Helena com um aceno - Correu tudo bem. Sua mãe está lhe procurando.

—Subo assim que terminarmos aqui- aviso.

—Então pode ir andando. Por mim nossa conversa já terminou.- pega sua bolsa - Dê um beijo na Claire por mim por favor - pede a Sebastian-- Até qualquer hora Thomas.- despede-se, saindo apressada. Faço menção de segui-la, mas Sebastian me impede, segurando-me pelo braço.

—Seja lá o que houve entre vocês, deixe ela esfriar a cabeça.- aconselha - A raiva não é uma boa conselheira. Além do mais, está em falta com sua mãe.Melhor ficar com ela agora. Depois terá chance de se resolver com sua garota.- pondera e acabo concordando.

Subimos ao encontro de minha família. Depois que Claire é levada para o quarto, passado algum tempo,peço licença a todos e saio. Pego a moto e vou até o litoral. Estaciono, e, descendo começo a caminhar  a beira mar.

" De tarde quero descansar, chegar até a praia e ver, se o vento ainda está forte; E vai ser bom subir nas pedras, sei, que faço isso pra esquecer, eu deixo a onda me acertar; E o vento vai levando tudo embora...."

Caminho por horas, sem destino certo, seguindo a orla pela areia, molhando de vez em quando os pés na água, sentando uma ora ou outra para observar o movimento ao meu redor; Gente correndo, crianças brincando com seus pais ou com seus amigos, gente passeando com seus animais de estimação,mães com seus bebês...

" Agora está tão longe ver...a linha do horizonte me dsitrai....Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim...."

Quando retorno ao local onde havia estacionado, já esta escuro, minha moto não está mais lá. Subo até a calçada correndo.

—Não acredito nisso! -olho ao redor procurando algum sinal - Mas que droga! Eu não acredito que isto esteja acontecendo- pego meu celular no bolso e minha raiva aumenta ao ver o aparelho descarregado- Mais que merda!

—Algum problema rapaz? - escuto uma voz perguntar , me viro e vejo dois policias se aproximarem- Podemos ajudá-lo?

—Sim,com certeza oficial. Minha moto foi roubada. Eu a deixei aqui e sai para caminhar - indico o local enquanto um deles começa a tomar nota.

—Pode me dizer a placa e modelo?- quer saber.

—Yamaha 750 cilindradas. A placa ST 4R22 - informo e ele vai até a viatura enquanto o outro segue me fazendo mais perguntas -- Teria um celular que eu possa fazer uma ligação? O meu descarregou e preciso avisar minha família o que aconteceu. - peço

—Venha comigo. - chama e o sigo. Quando chegamos na viatura, ele pega um celular que estava em cima do banco e me entrega.

—Obrigado.  - agradeço discando o número de Eric. Neste momento, escutamos uma notificação no rádio sobre uma moto com caracteristicas da minha ter sido abandonada.

—Quer ir conosco até o local para saber se é a sua moto?- questiona

—Quero, sim - respondo , interronpendo a ligação que fazia.

O policial que me entregara o celular abre a porta de trás para que eu entre.

—Você deu  sorte.- começa e paro para escutar - Já estavámos saindo de nosso turno quando o vimos.

—Pois é. Tomara que minha sorte continue e seja minha moto.- digo - Iria evitar muitos problemas para mim.

—Não sei, não - o escuto dizer - Mas acho que seus problemas estão só começando garoto! - completa e o olho sem entender até que sinto uma picada em meu braço.

Vindo do lado oposto, o outro policial aplica uma injeção em meu braço. Em poucos segundos, sinto-me tonto, a visão embassando..

—O quê...

— Bons sonhos garoto! - é a última coisa que escuto antes de apagar totalmente.

"...E quando vejo o mar, existe algo que diz; Que a vida continua e se entrgar é uma bobagem..."

 


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Notas finais do capítulo

Boa noite flores. Ou melhor, bom dia.
Ahhh, não a usei por completo mas escrevi este capítulo ouvindo Vento no Litoral, de Legião Urbana.
Bjinhos.



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