Mais um dia de aula na Escola de Magia Meige chegara ao fim. Dimitri Yaburano, curioso para saber mais sobre seus ancestrais mágicos, pegou um livro sobre o assunto na biblioteca e foi ao pátio da escola. Sentado embaixo de uma árvore, ele abriu e ao olhar no sumário foi a página que lhe interessava.

“Primeiro Vilarejo Mágico

Cerca de 1500 anos atrás, o mundo mágico era apenas composto por uma cidade pequena, talvez até um vilarejo, não se sabe ao certo.

Era um regime monárquico, semelhante a dimensão humana, da linhagem de Dwain.

As pessoas daquele vilarejo foram as primeiras conhecidas por nossa história como seres capazes de manipular a magia, da forma como a conhecemos hoje. Os elementos, manipulando um com mais destreza, dois de maneira mediana e um último, que passou a ser chamado de “Elemento rejeitado”. Além das invocações e poções.

As roupas eram feitas com peles de animais e algodão, tudo usando magia na sua feição. As casas eram bem simples, feitas com madeiras e palhas. Sendo o centro do vilarejo, a casa mais majestosa: a da família real.

O clima era bem marcado pelas estações do ano, sendo o verão e o inverno os mais marcantes.

Eles tinham uma religião politeísta, em que todos os fenômenos e partes da natureza tinham atribuições divinas. Acreditando que eles próprios eram semideuses colocados naquela terra.

Muitas famílias eram próximas a do Rei Mágico, que era, de longe o mais poderoso, o mais próximo de divindade que se havia.. O nome de muitas deles se perderam com o tempo.

Surgimento das Famílias Kinato e Yaburano

O que se sabe é que o pai chamava-se Makolm. Ele tinha dois filhos, gêmeos bivitelinos: Elroy e Keith. Junto com o sucessor do trono, Morvran, eles eram os três magos mais poderosos do local.

Porém, o rei, recebeu uma visita do sacerdote, com uma profecia:

“Na próxima geração o monarca não será o mais poderoso.

Existem duas crianças, nascidas pelo mesmo sol que o príncipe, que ganharam habilidades especiais.

Um deles tem a sua aura mágica mais próxima de si, portanto, ele aprende depressa com sua magia.

O outro é um que tem o “rejeitado” como um “aceito”, mesmo que seja bem mais complicado de controlá-lo.

E eles podem usar seus poderes para derrubar o atual monarca e assumirem o trono. Ou passarem o resto de suas vidas para saber qual deles é mais poderoso.”

A profecia foi escrita num pergaminho e o rei, ao contar para o filho, se assustou com o jeito que o jovem rapaz disse que não admitiria que existisse alguém mais poderoso que ele. Por que os sóis não o haviam abençoado? Ordenou ao pai que todos os jovens de sua geração fossem a arena e lhe mostrassem suas habilidades. Mal sabia ele, que os tais “especiais” eram os seus melhores amigos de infância.

Avisos foram colocados nas ruas e anúncios orais foram feitos.

E no grande dia, os dois irmãos foram revelados mostrando tudo o que sabiam fazer.

Elroy era um mago de fogo, porém ele mostrou boas habilidades com a água, que nem deveria manipular.

Keith mostrou que era capaz de repetir as coisas assim que as visse e com perfeição. Inclusive, aos movimentos aquáticos do irmão.

O que aconteceu a família? Imediatamente foram expulsos e se exilaram em uma floresta próxima, surgindo assim a Segunda Vila Mágica sob o comando de Makolm, já que alguns outros que não gostavam do governo de Dwain se mudaram para lá.

Os jovens irmãos souberam a real razão de sua expulsão e também da profecia do sacerdote. Foi assim que começou a eterna briga de poderes dos dois. Antes, os dois treinavam juntos e tinha uma ótima relação. Porém, a consciência de seus rais potenciais havia lhes subido a cabeça e a cada dia que passava a rivalidade entre eles aumentava cada dia mais.

Os anos passaram, os irmãos se casaram e tiveram suas próprias famílias. E com a morte de Makolm, tudo ficou sob o controle de Elroy e Keith. E o único vilarejo se dividiu em dois, sendo cada um controlado por um dos irmãos.

E o que era só uma simples rivalidade, se tornou ódio e os dois mal se falavam, ainda mais após a morte do pai. E não queriam nem carregar mais o sobrenome, trocando-os para Yaburano, que significa “4º elemento”, e Kinato, que significa “aura poderosa”, ambas na antiga língua mágica.

Já o agora rei Norvran, ao saber da partição do outro vilarejo, decidiu atacá-los. Só que o pequeno exército não era páreo para os magos poderosos que com os auxílios de seus reis se desenvolveram bem mais.

O Rei do primeiro local retornou fracassado para casa e chamou o sacerdote para que ele desse uma previsão. Eis o que ele falou e ficou escrito em um pergaminho:

“O Reis lutarão entre si, para saber quem é o mais poderoso.

O primeiro Rei é fraco e em breve cairá. O segundo tem um poder que passou aos filhos e eles passarão aos netos, assim por diante. O terceiro tem seu poder sozinho. Mas em sua linha haverão outros como ele e cada qual com sua missão. É um sinal dos deuses para um mal. E o dele é acabar com os outros reis e unificar o povo.”

O Rei de revoltou com a profecia e mandou matar o sacerdote, como se isso fosse fazer que algo não se cumprisse.

Batalhas e mais batalhas se sucederam entre os três reinos. O Rei Morvran foi o primeiro derrotado e sem filhos, suas terras ficaram sem governante. A guerra continuaria se não fosse a rivalidade dos irmãos que queriam decidir apenas com uma batalha entre eles.

Em um local, Elroy e Keith lutaram por longos dias, parando apenas para as refeições e comida, só saíram se houvesse um vencedor. A exaustão acabou levando a dois golpes letais e dois reis mortos. Eles nunca saberiam quem era o mais poderoso, a ganância os levou a se matarem.

Restando assim, as esposas e filhos decidirem o futuro. Fora os irmãos, o resto da família se dava bem, com algumas desavenças e problemas que foram implantados em suas cabeças por seus patriarcas.

Eles decidiram unificar o segundo e terceiro reino e lhe dando o Rei Yaburano. Enquanto o Rei Kinato ficou com o primeiro.

Assim começou o período de ascensão de ambas as famílias e de uma rivalidade ainda mais forte, mas bem mais branda que os irmãos tinham entre si.”

Dimitri ouviu alguns passos vindos perto, levantou a cabeça e viu quem vinha. Um rapaz de cabelos longos e negros, pele clara e olhos num tom de cinza, quase branco: Mark Kinato. Um ser pequeno, parecido com um cupido, que flutuava ao lado do outro, de pele clara, cabelos azuis e olhos vermelhos: Seiyus.

—Dimitri, hoje é o dia da primeira avaliação do mascote, esqueceu? - disse Mark

—Claro que não! Eu estava lendo para a hora passar.

—Mas se atrasou, Mago Belo. - soltou Seiyus, com sua voz fininha, que era parte de sua punição por utilizar mal sua magia

—Ande que o professor está a nossa espera, junto com os outros.

—Tudo bem! - se levantou, fechando o livro

Os três saíram a caminho da sala de aula.

—Sobre o que lia? - perguntou o Kinato

—As nossas famílias, como elas surgiram.

—Mas você tem uma curiosidade sem fim em, Yaburano. - riu Mark

Uma menina loira e de olhos verdes apareceu ao longe, parecia procurar os garotos e acenou quando os viu. Era Sabrí. Eles responderam enquanto prosseguiam a caminhada e a conversa.

—Eu mal sabia que era mago uns meses atrás e acabei de descobrir que minha família é importante.

—Ambas as famílias. - Seiyus completou

—Imagino o que o Elroy e Keith falariam se nos vissem juntos. Tipo, um Kinato e um Yaburano convivendo bem.

—Os tempos mudam, Dimitri. Mas nós ainda somos rivais... De alguma maneira.

—A história dele está se repetindo, um novo Yaburano e um Kinato com um quarto elemento.

—Quem sabe o que o destino pode nos reservar, não é mesmo? Tem um mal vindo por ai, ainda não sabemos o que é, mas se você está aqui é porque precisaremos de você. E talvez também seja a hora de finalmente os Kinatos e os Yaburanos se darem bem. - falou Seiyus

—Concordo com você. - soltou Dimitri

—Deixemos o ódio para os ancestrais, no passado. - Mark concluiu