Eu preciso dizer que te amo escrita por Miss Ann


Capítulo 8
Capítulo 8




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2015

E nessa novela, baby eu não quero ser teu amigo
Não

Já era tarde quando chegaram na casa dos Williams. Mas nada desanimava aquele povo e, por isso, o churrasco mal havia começado. Sra. Williams — ou Dianna conhecida pelos amigos; Ann, por seu marido — estava na porta quando o carro deles parou em frente a casa e abriu os braços para abraçar seus dois convidados. Eva sentiu-se feliz quando foi envolvida naquele abraço que só mãe tem, com cheiro de casa e amor. Quando se afastou, viu a pequena senhora ser tomada por um abraço de urso de Aidan que a tirou do chão e começou a rodá-la. Sem querer, Eva viu como aquilo era tão certo e um sorriso se formou espontaneamente, antes de ir para os fundos procurar seu amado pai. Alguns tios estavam lá e ela cumprimentou cada um com polidez, antes de encontrar o pai virado para a churrasqueira e abraçar as costas, enfiando o rosto entre as espáduas do homem.
— Toda vez que você enfia o rosto assim nas minhas costas, eu percebo o quanto minha garotinha cresceu. - comentou ele, antes de se virar e dar um abraço decente em sua filha. — E como ela virou uma mulher linda e inteligente.
— Papai, deixa de ser babão. - as carícias nos fios de cabelo a fizeram se sentir em paz e pôs-se a servir-se de algumas salsichas.
— E onde está aquele idiota do seu guarda costas?
— Estou aqui dando em cima da sua esposa! - respondeu Aidan, abraçando de lado a Sra. Williams. — Olha que mulher! - todos riram pelo embaraço da mãe de Eva e Aidan se adiantou para dar o que eles chamavam de "abraço de macho" e fazerem o cumprimento secreto do time deles.
— Algum dia, Carter, ainda vou chutar essa sua bunda por você falar essas coisas perto da minha preciosa esposa.
— Medo dela se sentir tentada a ficar com um novinho que aguenta a pressão? - ficaram trocando cumprimentos desse gênero enquanto a reunião de família continuava e Eva ia para perto das primas que, para variar, se juntavam numa roda para suspirar por Aidan e perguntar como ela conseguia só dividir a casa com ele. — As sobremesas ficaram no carro, Sra. Williams.
— Mais uma competição estúpida de vocês dois? - Eva estendeu o indicador na direção do amigo.
— Se quiser pôr a culpa, ponha neste idiota. Ele quem começou.
— E você concordou, Srta. Esperta. - ele deu aquele sorriso canto de boca que reperesentava sua vitória, assim como sua marotagem. — Somos dois idiotas.
— Podem continuar agindo como dois idiotas, pegarem os doces e colocarem na mesa lá fora. - Sra.Williams sorriu ao ver os dois resmungando, mas caminharem em direção ao carro. Ainda se perguntava quanto tempo iria demorar até que os dois entendessem que eram perfeitos um para o outro. — Acho que não deve levar muito mais. - pensou, em voz alta, atraindo a atenção do marido que também encarava a silhueta distante do casal.
— Para eles se acertarem? - o homem sorriu. — Não sei se quero minha filha com o canalha do Carter, Ann.
— Como se você não soubesse que, apesar de todos os erros, eles são chave e fechadura. - a senhora cruzou os braços, também sorriso. — E como se você não adorasse a ideia de ter Aidan como genro.
— Melhor que esses alternativos cabeludos que Eva trazia para casa. - ele beijou o rosto da esposa.
— Imagina como os filhos deles serão lindos! Os olhos e o sorriso de Aidan com o corpo da Eva e teríamos uma neta espetacular! - Dianna, assim como Eva, tinha momentos que mais pensava alto que fazia sentido. Confabulava uma história que, na teoria, não tinha nem começado. Na teoria.
— Quando você começa a pensar essas coisas, meu amor, tenho vontade de ir comprar uma arma só para garantir a inocência da minha descendência.
— Como se a gente não soubesse que essa "inocência" se perdeu aos 19 anos dela, querido. - deu um selinho no marido antes de voltar para sua salada de batatas. George, por sua vez, continuou observando o casal, desta vez voltando com os bolos em mãos, rindo de algo que conversavam entre si. Bastavam apenas assumir logo aquilo e resolver o problema. Mas aquilo era deles e George não iria interferir, mesmo que quisesse muito.

— Papai, está tudo bem? - Eva deitou ligeiramente o rosto, apertando seus olhinhos castanhos. O coração de papai babão bateu rápido.
— Com meus dois filhos aqui, não tem como não estar. - Aidan e Eva se entreolharam e deram de ombros, carregando os bolos para mesa para se juntar as sobremesas tradicionais da vizinhança. Depois, se dividiram para cumprimentar alguns conhecidos. Eva distribuía seus sorrisos cansados, sentindo seu coração apertar enquanto cada prima sua ia destilar um pouco do seu charme para cima de Aidan. Observava pelos cantos dos olhos a reação dele, mas era praticamente a mesma: a mão alisando os próprios fios, o sorriso constrangido por mais uma vez se encontrar naquela situação e uma dispensa sutil e delicada, que Aidan havia aperfeiçoado no decorrer dos anos. E, a cada vez que uma prima sua saía frustrada, ele a fitava, também por rabo de olhos e eles se entendiam naquela codificação que só pertencia a eles dois, antes dela desviar o olhar e prestar atenção a sua própria conversa.
Na hora de servirem as sobremesas, o casal parou lado a lado, Aidan fazendo questão de envolver o pescoço dela com o braço, enquanto Ann explicava como funcionaria a disputa entre os dois filhos idiotas dela. Provariam dos dois bolos e colocariam seus votos numa caixa de papelão improvisada por George e, ao final da noite, apurariam o vencedor daquela competição. Eva estivera inspirada e resolvera fazer um naked cake red velvet com o tradicional buttercream de cream cheese onde, a cada camada, sobre o creme aerado, repousava uma generosa quantidade de geleia caseira de frutas vermelhas. Aidan, por sua vez, resolvera conquistar a maioria pelo doce favorito: chocolate. Fizera um bolo de chocolate em camadas recheado com manteiga de amendoim e coberto com um buttercream e calda de caramelo salgado. Aquilo era a pura resolução de qualquer um que estivesse em TPM ali.
— Admito que seu bolo está bonito. - sussurrou Eva, assim que pegou um pedaço. — Ou pelo menos parece que ele está molhado.
— Tudo que eu toco fica molhado, Ace. - a arrogância dele o fez ganhar um soco que quase o fez derrubar seu belo red velvet. — E seu bolo não está nada mal para que estava reclamando que eu cozinhava melhor. - a mulher deu os ombros, como se o elogio não fosse importante, apesar de Aidan saber que era. — Que tal uma partida de sinuca para tirarmos o atraso, hein? - ele a guiou pela cintura até a garagem onde George havia colocado para fora sua velha mesa de sinuca feita com madeira maciça e que devia estar há mais tempo na família que todas as velharias da casa juntas.
— Partida de boas ou vamos apostar? - questionou ela colocando seu bolo numa beirada da mesa enquanto resgatava seu taco favorito e passava giz na ponta.
— O que é a vida sem um risco, Ace. - Aidan já mantinha seu taco posicionado na mão. — Quem ganhar tem direito a um pedido.
— Esse pedido pode ser recusado se o perdedor o achar indevido?
— Nada mais justo. - esticou a mão para a garota num gesto de educação. — Damas primeiro. - o jogo começou de um jeito lento, as tacadas um pouco imprecisas, mas depois que algumas pessoas, incluindo os pais de Eva se juntaram a eles, a coisa passou a ficar mais disputada e o nível de concentração deles aumentava. Eva mantinha-se compenetrada porque adorava uma competição e Aidan porque adorava vê-la daquele modo silencioso e analista. Até porque a probabilidade de ganhar era mínima: a mulher a sua frente fora vencedora dos campeonatos de sinuca de sua faculdade e poucas vezes perdia para alguém, incluindo ele. Contudo, por um acaso do destino, os copos de cerveja ou o que quer que fosse, uma tacada saiu errada e, sem querer, Eva encaçapou a bola branca. — NÃO! - gritou ao mesmo tempo os amigos zoavam o erro. — Mas que merda! - exclamou, gargalhando junto aos outros.
— É, Ace, hoje não foi seu dia. - disse Aidan, gesticulando as mãos ao mesmo tempo que abria um sorriso descarado para demonstrar sua satisfação.
— Idiota. - resmungou também sorrindo. — A próxima ganho de lavada, seu ridículo.
— Nada disso, tem um pedido a cumprir, sua traiçoeira. - estendeu outro copo de cerveja a ela. — Tome seu brinde de consolação.
— E o que você quer? O número de alguma das primas? - ela rolou os olhos com certo desprezo, segurando o copo vermelho com as pontas dos dedos. Contudo, Aidan não retrucou e, na verdade, parecia estar respirando profundamente analisando a expressão da mulher que aguardava, encarando-o. Aliás, parecia que todos o encaravam naquele exato instante e isso o deixava um pouco apreensivo. — Anda, Aidan, o que você quer? - ele expirou todo o ar preso e fitou os olhos castanhos, percebendo a estranheza neles.
— Casa comigo, Ace.

Um minuto de tensão passou desde ele proferir as palavras e ela esboçar qualquer reação. Principalmente a reação de risos explosivos e exagerados que vinham da boca da garota, ao passo que todos fitavam Aidan esperando alguma ação dele que apenas permaneceu esperando que Eva parasse. Quando o ar fugiu aos pulmões dela e lágrimas escorriam pelos cantos dos olhos, ela parou pressionando a barriga e enxugando seu rosto.
— Tem dias que você me surpreende, Aidan, mas essa foi demais. - disse, engrolando as palavras por estar um pouco ofegante. — Cheguei a ficar com calor de tanto rir. - Aidan sorriu para a médica e andou até parar a frente dela e estendeu uma caixa de veludo que tirou do bolso do casaco.
— Não estou brincando, Eva. Case comigo. - desfez o laço azul marinho que envolvia o veludo macio e abriu a pequena caixa, mostrando o anel fininho onde uma rosa havia sido esculpida e no seu centro havia um pequeno brilhante engastada. A essa altura, Ann agarrava o braço de George, quase arrancando a pele dele com suas unhas bem feitas, e ambos encaravam a filha, cujo olhar parecia variar entre desespero e horror. O copo de cerveja caiu antes que percebesse e Eva tentou falar uma, duas, três vezes, até que percebeu todos os olhares sobre ela e, em um surto, saiu correndo, deixando todos para trás.
Aidan observou as pessoas desviarem pouco a pouco os olhares da silhueta de Eva que desaparecia e recaírem sobre ele, que ainda mantinha estendida a mão que segurava o anel. A respiração dele estava acelerada e, por mais que ninguém pudesse acreditar, ele se sentia a beira do choro e desespero. Então, inspirou pela boca e sorriu um sorriso frágil e amarelado, seus olhos verdes umedecidos fitando George e Ann, aqueles a quem aprendera a amar como pais.
— Ai, meu filho, vai atrás dessa idiota! - exclamou Ann, finalmente soltando o braço do marido (que silenciosamente agradeceu porque já sentia a mão dormente) — Ela te ama, mas está com medo! — Sra.Williams... - ia começar a se desculpar, mas George gesticulou calando-o.
— Carter, seu babaca, você não conhece Eva?! Oito anos com ela e você ainda espera que ela dê uma resposta rápida sob pressão? Logo ela que leva décadas para decidir se vai sair com a blusa azul ou rosa? - ele apoiou as duas mãos nos ombros do mais alto. — Respira, Carter, e pensa em três argumentos que justifiquem isso. Quando fizer isso, vá atrás dela.
— Mas que porra? Eu a amo, isso não é suficiente?
— Diz isso para Eva então, babaca. Só vai atrás dela porque você sabe onde ela está. E sem chorar, pelo amor! - o tapa que ganhou nas costas quase fez Aidan cuspir o pulmão esquerdo, mas entendeu o recado e, sob uma chuva fervorosa de palavras positivas, saiu em busca da mulher da sua vida.

*

A planície fornecia uma vista completa da cidade, que se encontrava sob o mar negro do céu, cujas estrelas pontilhavam aqui e ali com seus pequeninos focos de luz. Sentada na grama à beira do precipício, Eva fitava a imensidão abaixo dos seus pés e pensava como era pequena demais naquele mundo tão grande. Seu coração batia desvairadamente em seu peito e havia um conflito de sentimentos tão grande que sentia-se atordoada. Queria botar aquilo para fora em palavras e a única pessoa que compreenderia toda essa bagunça era a de quem fugira. Mas, por Deus, o que fizera Aidan surtar e pedi-la em casamento? E o que fizera correr daquele jeito quando estava louca para dizer sim, como nos sonhos que tivera várias e várias vezes?
— Medo é uma merda mesmo, não é? - aquela voz faria suas pernas tremerem se ela estivesse em pé, assim como o frio que percorreu sua espinha e se alojou na boca do seu estômago. — Posso me sentar aqui? - ela deu os ombros e ele sentou ao seu lado, contudo, olhando para frente como se encarasse um ponto muito distante dali. — Eu sei o que é medo. Você também. E eu não preciso dizer como isso nos trava. - Williams não respondeu. Apenas balançou suas pernas, fingindo-se distrair com isso. — Já faz oito anos.
— Sim. - disse, num miado.
— Mas parece que nos conhecemos por mais tempo não acha?
— Talvez desde a minha vida inteira. - continuou em seu miado. — Às vezes, acho que você me conhece mais e melhor que eu mesma.
— Só te conheço um pouco mais que a maioria, assim como você a mim. - sem querer, ela sorriu. Ele tinha esse jeito inexplicável de acalmá-la sendo apenas ele. — Posso me confessar com minha melhor amiga? - ela virou ligeiramente o rosto para vê-lo de rabo de olho. Ainda permanecia olhando o horizonte daquele jeito sonhador dele. — Desde que pus os olhos em você, pela primeira vez naquele round, eu senti que você me perturbava. De um jeito indefinível, algo em você mexeu comigo. Talvez fosse seu modo incisivo e até mesmo arrogante de ser. Ou talvez o timbre baixo e forte de sua voz enquanto você dizia milhares de citações científicas para tentar me refutar, enquanto seus olhos não largavam os meus. Eu sei que não liguei no dia seguinte, mas isso não quer dizer que não pensei em você. E era engraçado porque cada coisa que passou a acontecer naquele hospital, meu pensamento voltava direto para você. A cada prescrição, eu esperava ver sua letra. A cada médica carregando um copo de café, eu esperava que fosse você. Tinha dias que eu olhava para meu celular querendo te perguntar porque me sentia tão perturbado por você até que, motivado pela minha singela expulsão e por muito álcool, eu resolvi te ligar. Não é que eu não tivesse outros amigos, mas encarava tanto seu número no meu celular que, quando o abri para telefonar para alguém, você foi o primeiro que veio a mente. E eu não acreditava que fosse me ajudar porque eu era um completo estranho e, para me contrariar, você estendeu não só a mão, mas toda de você e eu juro que até hoje não sei lidar com tamanha gentileza que você fez. Porque eu lembro exatamente do seu olhar quando pedi um lugar e seu olhar cansado demonstrava a confiança que você estava depositando sobre mim. Depois desse seu olhar, Ace... Não sei explicar. Acho que, na real, eu nunca soube me explicar para você. - ele desviou o olhar para ela e sorriu enquanto observava a garota abaixar a cabeça.
— O que você quer dizer com tudo isso, Aidan?
— Eu quero dizer que, depois de todos esses anos e todas as pessoas que passaram pela minha vida, você é a única que eu realmente quero que fique. - ele tocou o braço da garota e olhou profundamente em seus olhos. — Como você me disse uma vez, você é minha melhor oportunidade. Hoje eu vejo que, se eu não agarrá-la, algum otário vai vir e fazer isso e eu vou me arrepender muito.- o coração de Eva chegava a doer de tão forte que batia contra seu peito. Sentia sua respiração intensa e rápida e que porra estava acontecendo naquele momento?
— Nunca nos beijamos, Aidan, ou fizemos sexo ou...
— Ou o que, Eva? - a mão dele deixou seu braço e os dedos encaixaram-se na curva do pescoço, o polegar alisando a mandíbula dela. — Não sei te explicar como, mas eu não preciso fazer test-drive para saber que vamos nos acertar nessas partes.
— Não entendo como alguém como você se interessaria por mim e...
— Estranho seria se eu não me apaixonasse por você, Ace porque você é linda. Por fora e por dentro. Às vezes, eu me pergunto como seu coração cabe numa criatura tão pequenina como você. - ele tocou a face fria da garota, apoiando a palma da mão na mandíbula. Ele sentia a negação dela diante de suas palavras. — É porque você nunca tentou se ver através dos meus olhos, Eva. Meus olhos não buscam estereótipos de beleza, ainda que você diga que alguns deles tenham passado pela minha vida. É que você não entende que quando vejo seu sorriso ou ouço seu "bom-dia", meu dia sempre será melhor do que antes de qualquer um desses atos. É que você não sabe perceber que eu sorrio um pouco mais quando te encontro e que as coisas meio que perdem a cor a e a importância quando eu a vejo feliz porque só isso já é o suficiente para mim. - ela era capaz de sentir os dedos gélidos dele tremerem contra sua pele. Seu olhar de médica podia dizer que a respiração dele estava acelerada, assim como podia ver a intensidade e frequência da pulsação em seu pescoço sem ao menos tocá-lo. E, como um espelho, ela refletia também esses sinais. Era a insegurança e o medo de uma confissão tão carregada de expectativas. — Eva. Eu só precisava dizer que te amo. E só precisava saber se era recíproco. - os dedos dele levantaram seu queixo num movimento suave e o rosto se inclinou um pouco, Eva sentiu novamente o medo voltar e recuou, segurando a mão dele. A garota abaixou a cabeça e Ainda compreendeu o que passava pela cabeça dela. Então, acarinhou os cabelos dela com delicadeza e ficou em pé, deixando-a sozinha de novo na planície. Mas, antes de ir embora, deixara a pequena caixa de veludo azul ao lado de Eva junto com um sorriso tranquilo de despedida. Mas despedida de que? Seria dela? Ou seria um gesto representando o que ele estava abrindo mão?
Pegou a caixa, sentindo a maciez do tecido e abriu, revelando o anel. Segurou o metal frio, olhando como havia sido desenhado com maestria e cuidado, cada detalhe entalhado para criar uma peça fabulosa e que, quando colocado em seu dedo, lhe servia perfeitamente. A cor da platina contra sua pele caía-lhe bem: era tão a cara de Aidan acertar até esse tipo de coisa. Balançou a cabeça negativamente, considerando a insanidade da sua vida e se pôs em pé, recolhendo a caixinha de veludo, e decidiu voltar para casa.

*

É que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano



Aidan estava sentado a frente de George que tentava a todo custo tentar entretê-lo numa conversa sobre a temporada do Eagles. Quando conseguia prestar atenção em alguma coisa, chegava a opinar, mas mantivera-se calado maior parte do tempo, os dedos apertando a garrafa da Pale Ale tão forte que já tinha perdido a sensibilidade neles. Não sabia o que tinha feito de errado com Eva. Jurava que era correspondido em igual proporção e decidira se arriscar e agora estava ali, sozinha com quem poderia ter sido seu sogro, sua segunda família, mas sabendo que havia sido recusado. As pessoas da festa tinham receio até mesmo de perguntar onde estava a mulher e fazê-lo, talvez, chorar porque realmente era só o que faltava agora. Expirou todo o ar de seus pulmões, reclinando-se sobre a poltrona para descansar a cabeça, desejando apenas que todos as redor fossem embora para que ele pudesse dormir. Neste momento, uma mão quente apoiou-se em seu ombro e, no instante que abriu os olhos, sentiu os lábios se pressionando contra os seus ao mesmo tempo que o cheiro tão característico dela penetrava suas narinas. Foi um beijo bagunçado, sem qualquer coordenação ou intenções, e durou pouco antes dela se afastar milimetricamente dele e encará-lo. Os dois sorrisos se expandiram em gargalhadas porque aquele beijo tinha sido ridiculamente ruim e sem qualquer encaixe.
— Carter, achei que beijasse melhor considerando a fila de mulheres que parava lá em casa. - os olhos verdes estavam quase completamente fechados de tanto que ele sorria. Todos encaravam o casal com ânsia e estranheza. — Estou decepcionada.
— Se você não tentasse me sufocar com sua língua, a gente poderia até conversar sobre. - ele segurou a mão dela que repousava em seu ombro e levou a altura dos olhos, observando o encaixe perfeito do anel que trabalhara tantos plantões extras para pagar. — Foi uma escolha boa? - apesar dele estar encarando o anel, Eva sabia que não sobre isso que perguntava. Ela se inclinou a ponto de quase beijá-lo novamente.
— Foi a melhor escolha da vida. - os sorrisos eram recíprocos. Ele a puxou para si
— Então eu posso te mostrar agora como se beija alguém, Ace?
E, dessa vez, conseguiram se acertar. Finalmente.

FIM


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Notas finais do capítulo

E fim! Três dias de capítulos curtinhos, mas cheios de amor para dar! Espero que tenham gostado porque adorei compartilhar com vocês (principalmente porque acho que esse foi o melhor pedido de casamento que já escrevi na vida xD!)! Um beijo!



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