Garota em Chamas escrita por RayaninhaN


Capítulo 8
Quando o Passado Vem a Tona


Notas iniciais do capítulo

O tão aguardado passado!



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Felizmente, quando chegamos em casa, tio Hiashi ainda não tinha chegado para o almoço. Por isso corremos com Hinata para o quarto antes que ele visse a filha nessa situação. Tenten e outra empregada que, se não me engano o nome é Naome, deram um banho em Hinata e colocaram uma roupa mais confortável e, depois, a deixamos dormir. Quando o tio perguntou por ela, nós dissemos que ela tinha chegado já fazia um tempo, que tinha almoçado e foi se deitar porque tava indisposta. Ou meu tio é muito besta quando o assunto é Hinata, ou ele só fingiu que acreditou porque, como eu disse antes, é quase impossível mentir pra esse homem. Mas enfim, quem sou eu pra dizer pro chefão Hyuuga como criar sua filha recém saída de um reformatório?

Fui deixar Tenten em casa depois que almoçamos, contra a vontade dela, devo ressaltar. Mas eu precisava ter uma conversa séria com Hinata quando ela acordasse. As palavras de Itachi martelavam na minha cabeça e eu tinha que tirá-las a limpo. Também o jeito como ela e Sasuke estavam "íntimos" tava me incomodando. Não foi a primeira vez que os vi assim, tão entrosados. Por algum motivo Hinata fica radiante quando está com ele: foi assim no dia do acidente, foi assim no dia que ele foi lá em casa, foi assim quando os vi conversando na saída da universidade e foi assim no dia da festa de ingressão a faculdade. Só um cego não perceberia a troca de olhares entre os dois e os sorrisos atravessados. Mais da parte de Hinata, devo admitir, Sasuke ainda tava tendo o bom senso de se controlar um pouco por causa do irmão, mas ninguém tem tanto alto controle assim por tanto tempo.

Liguei pro Lee pra confirmar o que tinha acontecido e descobri que Shikamaru disse a verdade. Sasuke teve várias oportunidades de ficar com Hinata e ele resistiu até o ultimo momento, mas agora que Itachi vai dizer pra ele que o caminho tá livre, creio que não demorará até o "pior" acontecer. E ao que tudo indica, Hinata parece sentir algo pelo Uchiha mais novo, agora o porquê, é que eu não faço ideia. Mas não pretendo deixar essa situação ir adiante.

Já eram seis horas da tarde quando retornei ao quarto da Hinata, ela já tinha levantado e estava no banheiro.

—Hinata?— Me sentei em sua cama.

— Um momento, Neji!

— Tá tudo bem? Quer um remédio pra dor de cabeça?

— Não! Eu tô ótima!— Ela saio do banheiro com os cabelos lavados e os estava desembaraçando com os dedos.

— Você já ouviu falar em uma coisa chamada pente?— Ela revirou os olhos.

— Não enche, Priminho! Estou de muito bom humor hoje!— E tava mesmo! Deve ser assim que um ex presidiário se sente após uma noite de liberdade. Ela foi até o closet trocar de roupa. — Falando nisso... Você viu meu telefone?— Minha cara fechou automaticamente. Calma, Neji, mantenha a calma.

—Você já jantou, Hinata?

— Acabei de descer pra merendar! Vou jantar só mais tarde. Conversei com meu pai e ele disse que você já tinha explicado minha ausência ontem! Obrigada por isso!

— Acho que ele não acreditou na minha explicação, mas se fingiu. Então deixa pra lá! Ele já deve tá anestesiado com as saídas de Hanabi.

— Acho bom que esteja mesmo, porque já estou planejando sair de novo.— E ela saiu do closet toda arrumadinha! Sainha e camiseta. Ainda não tinha a visto assim. KAMI-SAMA, até brinco ela tá botando. — Quer dizer... Se eu achar meu celular, né? Você não o viu?— Esse arrumado todo só podia ser por uma coisa.

Você já vai encontrar com ele de novo? É por isso que você quer seu celular? Pra ligar pra ele?— Ela me encarou com as sobrancelhas franzidas, como se não tivesse acreditando que eu tivesse acabado de falar isso.

— E o que você tem a ver com isso?

— Tio Hiashi pediu para cuidar de você!

— Olhe só pra mim e olhe se preciso de proteção!— Calma Neji! É melhor você não zanga-la se você quer leva-la para a cama.

— Você não acha que sua família também gostaria de um pouco da sua atenção?— Ela pareceu baixar a guarda. Amém! — Seu pai nesse momento tá lá na sala, sozinho, talvez ansiando a filha descer pra fazê-lo companhia.

— Neji... Você tá com meu celular ou não?— Droga! Mas calma, ainda tenho outra carta na manga.

— Sim!

— Pois me dê!

— Só com uma condição.

— Você não está em posição de me impor uma condição. Muito pelo contrário.

— Eu sei... Eu sei... Eu só preciso saber uma coisa, depois juro que lhe deixo em paz.

— O que você quer saber?

— Sua História!— Ela arregalou os olhos em surpresa! — Uchiha Itachi falou umas coisas sobre você que eu não acreditei, mas ele disse que se eu lhe perguntasse você me responderia sem remorso nenhum!— Um brilho de entendimento se acendeu em seus olhos. — Então... Estou aqui te perguntando... Você realmente é perigosa Hinata?— E minha sorte foi lançada.

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Ow, cara, que noite/dia foi esse? Ainda tô nas alturas. Tava me sentido um adolescente novamente... Quer dizer, acho que ter 17 anos ainda me torna um adolescente, né? Mas eu não me sentia como tal a muito tempo e ontem/hoje eu me senti. Tô aqui tomando banho com aquele sorriso no rosto, cheguei até a cantar no banheiro, sabe? As sensações da farra ainda presente na minha mente e na minha pele. Sim... Finalmente voltei a sentir aquela sensação de adrenalina percorrendo minhas veias, a sensação de está fazendo o proibido, sabe? E acho que realmente tava fazendo algo proibido quando decidi fugir com a namorada do meu irmão.

Ow droga!

O sorriso que eu carregava no rosto se desfez em pedaços quando me lembrei que teria que dá satisfação ao Itachi. O que diabos eu diria? "Oh, irmão, desculpe por ter fugido daquele jeito com sua namorada ontem, por ter continuado com ela até hoje de manhã, por ter dançado com ela sem nenhum pudor e por deseja-la mais que tudo nesse momento." Será se ele me perdoaria se eu dissesse isso? Obvio que não. Sai do banheiro secando meus cabelos com a toalha e Itachi já estava na poltrona do meu quarto me esperando.

OOH GOD!

— Bom dia, Sasu-chan!— Disse ele irônico já que acordei em plena seis horas da noite. Revirei os olhos.

— Boa noite, Itachi!— Sentei na beirada da cama, de frente pra ele, nitidamente constrangido. O que diabos eu diria a ele? — Itachi... Eu juro que não aconteceu nada do que você tá pensando entre eu e Hinata!

— Eu sei! Ino e Shikamaru nos explicaram o que aconteceu.— Suspirei aliviado por não ter que explicar. — Mas de acordo com eles... Não foi por falta de vontade da Hinata, não é?— Fiquei numa enrascada de novo. Como disse o Shikamaru, só um retardado não perceberia que Hinata tava me dando mole e, naquele momento na piscina, ela foi bem direta no que queria e eu quase cai em tentação.

— Não me ponha nessa situação, Itachi. Com certeza você a conhece melhor do que eu, não é? — Passei a mão pelos cabelos. — Ela é intensa e... Estava bêbeda! Acho que não era a intensão dela trair você!— Itachi sorriu e desviou os olhos do meu, olhando pra baixo.

— Sasuke... Acho que está mais do que não hora de parar de adiar nossa conversa sobre a Hinata.— Ow, droga! Era agora que ele iria pedir pra eu nunca mais me aproximar dela. Pior é que ele tinha todo o direito de pedir isso. Eu traí sua confiança ontem. Respirei fundo.

— Acho que primeiro eu lhe devo um enorme pedido de desculpas!— Itachi sentou-se ao meu lado na cama e também se inclinou pra frente apoiando os cotovelos nos joelhos.

— E primeiro eu tenho que lhe dizer que eu não tenho mais nada com Hinata!— Eu o encarei com espanto. Ele continuou olhando pra baixo, mas pude ver que ele estava triste. — Ela disse pra mim que não queria mais ficar "presa" a mim, Sasuke! Desculpe não ter lhe dito nada ainda ontem, você poderia ter uma noite melhor do que a que você teve, poderia não ter resistido tanto por mim.

— Eu não acredito que ela lhe disse isso!— Me levantei frustrado, ele me encarou. — Porque ela se mostra uma pessoa completamente diferente quando tá comigo? Porque não a consigo vê tão... tão... Malvada como você diz?

— Talvez ela seja, Sasuke! Hinata não consegue mudar quem ela é. É como eu disse pros seus amigos: Ela sente, ela faz. E nisso ela é intensa até a ultima gota. Essa é sua essência.

— Não! Mas ele comigo é boa, sabe? É divertida, cuida das pessoas, é inteligente e...

— Lhe convenceu a fugir com ela mesmo você ainda pensando que ela tava comigo! E fez você fumar agora com mais frequência! Fez você repensar que ser amante da namorada do melhor amigo não é assim uma coisa tão ruim. Ou estou enganado?— Arregalei os olhos. Eu realmente não tinha parado pra pensar por esse lado. Ela esta me manipulando desde o inicio. Até na escolha do meu curso na faculdade.

— Então você já sabia que eu sabia que você era amante dela!

— Sim, ela me contou que falou com você. E o fato de você não ter vindo tomar satisfações comigo logo de cara, significa que você não achou tão grave o que nós fizemos. Conheço-lhe bem demais, Sasuke. Sei que quando você não gosta de algo, quando não aceita algo, você não consegue disfarçar. Dessa vez você sabe que nós fizemos algo errado, mas ao mesmo tempo você se perguntou: "talvez não seja tão errado assim, não é?".

— Porque eu levei em consideração que ela te amava, estou errado?

— Sim, está!— Eu realmente já tinha me questionado sobre isso. Se ela gostasse mesmo dele, ela teria terminado com o outro. Mas como ela me mandou perguntar essa história ao meu irmão, mas uma vez, tentei me convencer que tinha uma explicação. Passei as duas mãos nos cabelos em confusão. Que droga. — Sasuke, calma! Senta aqui! Vou lhe contar uma historinha!— Relutei um pouco, mas fui. Essa historinha era tudo que eu mais queria ouvir.

Flashback

Hinata tinha apenas 12 anos quando chegou ao "reformatório pra jovens delinquentes ricos", era assim que costumávamos chama-lo embora seu nome verdadeiro fosse "svärd och tvär" (que na tradução é espada e cruz). O engraçado em relação ao nome é que lá, eles não querem que a gente se sinta em uma prisão, aí pega e o nome do colégio já é uma lembrança forte de que todo dia nós carregamos nossa cruz!

Lembro perfeitamente a primeira vez que vi Hinata, tão pequena, tão amedrontada, tão frágil... Ela tinha a cabelo bem curto na época, fortes olheiras nos olhos e, devido a pele muito pálida, tinha manchas por seu corpo e rosto devido a seções de tortura. Sim, queira nossos pais admitir isso ou não, nós estávamos em um reformatório e, antes de ingressarmos completamente no colégio, passamos por "provações" até admitirmos nossos erros e pra isso eles não mediam esforços. No meu caso e nos dos meus amigos, nós passamos pouco tempo por isso, afinal nós tínhamos plena consciência do que tínhamos feito. Infelizmente não foi o mesmo no caso de Hinata, afinal ela era inocente e não podia admitir algo que ela não fez. Então ela passou um bom tempo sofrendo antes de, finalmente, chegar até nós. Lembro também que o que mais me chamou atenção naquela garotinha foi o falo da sua pulseira ser vermelha.

Aquela simples cor a tarjava como uma assassina. O que era impossível de acreditar. Não pela sua idade, já que eu também tinha sido mandado pra lá com essa idade, mas sim porque ela tinha inocência em seus olhos, não havia maldade lá, diferente de todos nós que realmente carregávamos culpa nos olhos. Posso afirmar com toda certeza que, naquele momento, Hinata ainda não tinha sangue em suas mãos. Não vou falar o porquê dela ter sido mandada para lá, isso ela mesma vai contar pra você quando ela tiver preparada pra falar sobre isso.

Durante um bom tempo, Hinata se fechou pra qualquer pessoa. Mesmo ela estando dividindo o quarto com Konan, ela não a deixava se aproximar. Como na época eu tinha uma espécie de namoro com Konan, eu vivia ouvindo ela se queixar que não aguentava mais essa situação tensa no quarto, era como se Hinata tivesse medo dela e, sinceramente, ela tava certa, afinal ela tinha sido mandada pra um lugar onde todos já cometeram crimes, e konan era uma vermelha.

Depois de algum tempo o primeiro a se aproximar de Hinata foi meu melhor amigo e irmão de Konan, seu nome era Nagato, mas depois que ele entrou no reformatório, ele apelidou-se de Pain e o apelido realmente pegou. Ele e Konan foram mandados para lá por matar o pai abusador. Todas as noites ele abusava da filha, mesmo ela tendo apenas 11 anos, e sempre batia no Pain. Até em uma noite, Pain não suportou mais ouvir o choro da irmã e entrou no quarto dela com faca de cozinha e enfiou no braço daquele maldito. Porém ele não se abalou a partiu pra cima do Pain, então desesperada Konan pegou o abajur na mesa de cabeceira e tacou na cabeça dele. Ele caiu, mas praguejou que iria acabar com a vida dos dois, foi quando num momento de insanidade, Pain pegou a faca que estava no chão e enfiou no pescoço dele. Assim como eu, mesmo sendo em legitima defesa, eles ficariam com sequelas pro resto da vida e precisavam de um lugar adequado pra se tratar e pagar pelo o que fizeram.

E foi exatamente isso que ele chegou falando pra ela. Sem nenhuma apresentação. Era como se ele quisesse mostrar que ela não era a única com uma história triste e que nem todos ali eram os monstros que ela achava que éramos. Depois disso ela saiu um pouco do casulo e, depois de quase um mês ali, nós finalmente ouvimos a vós dela pela primeira vez. Ela se desculpou por ter nos tratado como monstros, principalmente a Konan. E foi aí que as coisas começaram a dá certo.

Esteticamente falando, o reformatório não era feio e sombrio como você está pensando. Era até bem estiloso, pra falar a verdade. Parecia até um castelo daqueles medievais, sabe? Tinha tons escuros, estátuas antigas, longas escadarias, era cercado por um muro gigantesco ao redor, enfim. Por isso nossa estadia lá não era gratuita. Nós tínhamos que fazer trabalhos voluntários pra ter certas mordomias. E foi aí que Hinata começou a trabalhar na enfermaria com um médico muito louco chamado Orochimaru, e foi graças a ele que ela adquiriu o gosto que ela tem por medicina até hoje, ele é considerado um gênio da medicin dono do colégio. Eu ajudava como auxiliar administrativo, Konan a cuidar do jardim (Ela adorava flores) e Pain na biblioteca. E foi isso que os fez se aproximarem tão rapidamente. Hinata amava aquela biblioteca. Ela lá que ela estava quando Pain falou com ela a primeira vez e, mesmo já tendo se enturmado mais, era lá que ela continuava a ir no seu tempo livre.

No reformatório tinha cerca de uns 100 alunos de variadas idades, porém não existiam muitos vermelhos. Apenas 14 eram vermelhos. Hidan e Sasore também faziam parte da nossa turma, eles eram nossos amigos, apesar das histórias deles não serem tão justificáveis quanto a nossa. Eles simplesmente mataram quem eles acharam que merecia. As outras cores eram azuis e amarelas. Os azuis eram pequenos delinquentes, tipo: ladrões, drogados, filhinhos de papai que se achavam os donos do mundo, enfim, pequenos delitos. Eles eram a maioria lá. Os amarelos, em minha opinião, eram piores que nós, os vermelhos. Eles eram a corja. Estupradores e psicopatas mirins. Eles me davam nojo, repulsa. Eles eram os únicos que nós não queríamos por perto, ainda bem que eles também eram poucos. Eles eram perigosos.

O primeiro ano de Hinata passou e ela já estava bem mais apegada a nós. Ela era tão meiga e inocente nessa época. Pegamos o hábito de chamar-lhe de coelhinha justamente por isso, porque ela era baixinha, branquinha e fofinha. Também foi uma forma de oficialmente integra-la ao grupo. Tempo bom esse. Se o pior não tivesse acontecido... Talvez ela tivesse continuado com essa meiguice mesmo estando presa em um reformatório.

Fim do Flashback

— Que pior aconteceu?— Itachi tinha parado a história aí. Ele respirou fundo e começou a encaram o nada.

— Acho que não sou eu que devo lhe contar isso.

— Qual é?! Eu preciso saber o que a fez se tornar o que ela é hoje.

— Sasuke... Hinata sofreu muito, você tem que entender isso primeiramente.

— Isso eu já sei! Quer dizer, já deduzi.

— Em segundo lugar, quero que você entenda que o que eu vou lhe contar... Pode mudar completamente o que você pensa dela ou até o que você sente por ela.— Engoli em seco! Até agora eu tinha encarado toda a história que ele estava contando numa boa, até fiquei visivelmente comovido com as histórias de Pain e Konan. Seja o que for que aconteceu com ela deve ter sido muito grave pra mudar completamente uma personalidade. Não sei se eu deveria saber disso, mas eu queria muito saber tudo que envolvia aquela mulher.

— Eu aguento.

Itachi suspirou tão profundamente e parecia tão triste e arrasado que eu senti medo. Medo de saber realmente essa História. Ele levantou e foi até a janela. Parecia pensar em como ia me conta seja o que fosse. Tava começando a ficar nervoso até que ele virou de volta pra mim.

— Hinata foi violentada, Sasuke.— Arregalei os olhos e levei uma mão a boca pra tentar amenizar a minha cara de espanto. Itachi baixou a cabeça e fechou as mãos com força. — Aos 13 anos... Toda a inocência de Hinata foi tirada dela.— Tudo que consegui fazer foi me inclinar pra frente passando as duas mãos fortemente pelos meus cabelos. Puta que pariu! O ruim de ter memória fotográfica é que você consegue lembrar perfeitamente bem de cada mínimo detalhe e foi um desses detalhes que me veio a cabeça nesse momento.

— Antes... Você tinha tido antes que "ela ainda não tinha as mãos sujas de sangue".— Itachi desviou o olhar do meu. — Isso quer dizer que...

— Ela matou o desgraçado!— Puta que pariu! Eu não deveria saber dessa história.

Flashback

Mesmo com as dificuldades lá no reformatório, mesmo em uma situação tão limitada, nós conseguíamos nos divertir, sabe? Nós agora conseguíamos tirar sorrisos de Hinata com mais frequência, sempre conversávamos sobre tudo. Hinata tinha sua mesma mania de ficar olhando pra lua. Depois de um tempo descobri o esconderijo dela no terraço do castelo e ela gostava de ficar lá sozinha, só olhando para o céu. Lembrando-se do que deixou pra trás, pensando na mãe falecida, o que a aguardava no futuro, enfim. Eu poderia ficar ouvindo-a por horas e horas. Ela era uma garota inteligente, mesmo tão novinha já tinha a cabeça feita sobre o que queria ser e sobre o que faria quando finalmente cruzasse aquele muro. Até sobre a sua primeira menstruação eu ouvi, poucos dias depois do seu aniversário de 13 anos. Nessa época Pain e eu tínhamos 15 anos.

Falei nele porque Hinata era muito apegada a nós dois, lógico que Konan se tornaria sua melhor amiga, afinal as duas eram as únicas vermelhas de lá, mas era em mim ou em Pain que ela se refugiava de tudo. Diferente de mim, Pain parecia sentir algo mais por Hinata. Ele realmente gostava dela sabe? Ela passava seu tempo livre na biblioteca junto com ele, falando sobre tudo ou nada, simplesmente curtindo a companhia um do outro. O sorriso dele era mais fácil perto dela, mesmo eles tendo personalidades tão diferentes, mas era como se suas "cores" se combinassem. Na época, Pain estava só esperando Hinata crescer mais um pouco, 13 anos ainda era muito novinha pra pensar em algo como namoro. Já eu não sei bem se eu já gostava de Hinata naquela época como mulher. Sim, ela tinha o rosto mais lindo e angelical que eu conhecia, mas Konan era bem mais mulher que ela, se é que você me entende. O fato é que nós já a amávamos como amiga e que nós a protegeríamos de tudo.

Mas não conseguimos a proteger quando ela mais precisou.

Era notável as mudanças que o corpo de Hinata estava sofrendo: os seios estavam amadurecendo, as curvas começando a aparecer, o rostinho redondo começando a ganhar expressão de mulher, enfim, ela tava se tornando uma mulher e isso significava que ela tava começando a chamar a atenção masculina, inclusive a atenção de um Psicopata chamado Deidara. Ele simplesmente cismou que queria ser amigo dela e, inocente do jeito que Hinata era, ela não viu nada demais naquilo.

E esse foi o seu maior erro.

Uma certa noite, depois que ela saiu da enfermaria, ele a abordou e a arrastou pra dentro de uma das salas já vazias do colégio. Por mais que Hinata gritasse era impossível pra nós ouvirmos porque os alojamentos eram em outro prédio. Não vou entrar em detalhes de o que aconteceu lá, porque eu também não sei. Só sei que tarde da noite, Konan bateu na porta do nosso quarto dizendo que Hinata ainda não tinha chegado. Fomos até a enfermaria e Orochimaru disse que ela já tinha saído há algum tempo. Começamos uma busca pelo colégio junto com alguns funcionários do reformatório.

Foi quando finalmente a encontramos. E nem que eu viva mil anos... Jamais esquecerei aquele momento.

Lembra quando eu falei pra você que, quando Hinata chegou, ela não carregava maldade em seus olhos? Pois é! No momento que a encontramos na sala, quando ela levantou a cabeça e eu olhei profundamente em seus olhos, eu soube que não existia mais inocência neles. Hinata tinha mudado completamente quem ela era naquele momento.

Ela escava coberta de sangue, mas felizmente não era sangue dela. Olhamos para o canto da sala e encontramos o corpo morto dele no chão. Hinata lhe deu um golpe certeiro na jugular com uma caneta o fazendo sangrar até a morte. Nós estávamos perplexos sem saber o que dizer ou o que fazer, mas foi quando nós encontramos uma calcinha rasgada próximo ao corpo que tudo fez sentido. Konan correu pra abraçar Hinata que começou a chorar furiosamente. Pain saiu da sala e socou a parede do corredor furioso. E eu? Eu fiquei totalmente arrasado. Era uma mistura de ódio com pena pela Hinata com vontade de ressuscitar esse infeliz só pra matar ele de novo.

Levamo-la pra enfermaria onde foi feito o exame e foi constatado que realmente houve o estupro. Ficamos ao seu lado o tempo todo. Hinata pediu pra não avisar ao pai dela, que ela aceitaria a punição e, dessa vez, ela realmente admitiu o que tinha feito numa boa e aceitou qualquer punição que eles impuseram a ela. Mas ela não foi punida ou aumentaram sua sentença. A escola se responsabilizou pelo o que aconteceu, afinal um psicopata não deveria andar a noite livremente pelo colégio. Então o caso foi arquivado como legítima defesa e o colégio ainda a pagaria uma indenização gorda e pediram pra gente não mais falar disso porque a fama do colégio iria pro lixo. Então o assuntou foi arquivado.

Desse dia em diante... Ela nunca mais foi a mesma. Sua inocência não havia mais, seus olhos estavam frios e, muitas vezes, em um lugar distante. Durante um bom tempo, qualquer toque em seu corpo a assustava. Ela estava tendo problemas pra dormir, agora só dormia tranquilamente e sem pesadelos com ajuda de remédios. Mas algumas coisas não mudaram. Ela continuou com seu belo sorriso e ainda gostava de ficar sozinha admirando a lua.

Pra aumentar a autoestima dela novamente, nós tivemos a ideia da tatuagem. Agora todos nós tínhamos nosso passado marcado pelo sangue e decidimos gravar isso pra que nós nunca esquecêssemos quem nós realmente somos. Hinata se animou com a ideia, foi ela quem fez o desenho e todos nós gostamos. Falamos com Orochimaru que concordou em chamar um tatuador e todos nós (Pain, Konan, Hidan, Sasore, Hinata e eu) fizemos a mesma tatuagem no pulso esquerdo.

Pain começou a treina-la pra ela se defender quando nós não estivéssemos por perto e ela aprendeu rápido. Muai Thay, Krav Maga e Jiu jitsu. Foi graças a Pain que ela meio que perdeu novamente o medo de toque. Ele também a fazia sorrir, a levava pra andar pelo jardim, contava histórias de sua vida, conversavam sobre livros interessantes, mas nem tudo era tão inocente assim. No aniversário de 14 anos dela, ele a incentivou a beber e fumar pela primeira vez e, infelizmente, não parou mais.

Também nesse mesmo dia ela começou a ficar com Pain, com meu melhor amigo. Todos nós sabíamos que era questão de horas até Pain pedi-la em namoro oficialmente. E foi o que ele fez selando o compromisso deles dando-lhe um cordão com um pingente de coelho que ela usa até hoje. Até aqui tudo bem! Continuei com a Konan, Pain tava com a Hinata. Todos nós estávamos "felizes", porém o destino me pregou uma bela peça e fez eu me apaixonar pela minha melhor amiga e namorada do meu melhor amigo.

Continuava indo encontra-la no terraço da escola e continuávamos gostando de conversar, mas era só isso. Até que colocaram nós dois pra trabalhar juntos. Continuamos com nossos trabalhos extras, mas Hinata e eu éramos considerados prodígios naquele lugar, então nos pediram encarecidamente que nós ajudássemos os alunos mais atrasados com uma aula de reforço 3 vezes na semana. Nos outros 3 dias nós poderíamos fazer nossas funções e os domingos eram nosso dia livre.

Como você já deve imaginar, com o passar do tempo fui me afeiçoando a Hinata de um modo diferente. Nós nos divertíamos muito juntos. Hinata pegou gosto por brincadeiras perigosas com ir em lugares que era proibido os alunos entrarem, mesmo sem eu fumar ela me fazia acompanha-la pra roubar os cigarros do Orochimaru, levávamos bebidas pro terraço enfim, e em muitas dessas vezes rolou um clima entre a gente. Ela tava cada dia mais bonita, seus cabelos estavam mais compridos, não existia mais rosto com expressões de criança. Hinata estava se tornando uma belíssima mulher bem debaixo do meu nariz, até seu cheiro estava diferente. Agora, quando eu a via com o Pain, me sentia tenso, traído, sei lá. Vendo-a dançar com ele, com aquele sorriso, foi que eu me toquei pela primeira vez... Que eu também a queria. No fundo eu queria acreditar que era só um encanto ou desejo passageiro, mas essa situação persistiu por muito tempo. Eu teria que me manter longe dela, se não quisesse fazer besteira. Então passei a evitar esse tipo de aproximação com ela.

Como ela estava vendo que eu estava me afastando, ela veio me confrontar me perguntando o que tava acontecendo enquanto voltávamos pros nossos quarto depois da aula de reforço.

— Itachi... Dá pra falar comigo? O que tá acontecendo com você?

— Nada!

— Você tá me escondendo alguma coisa! Eu conheço você.

— Só... Acho melhor assim!

— Se distanciar de mim? Por que?

— Porque agora é diferente!

— Dá ultima vez que alguém me disse isso ele acabou admitindo que estava apaixonado por mim. - Foi quando eu vi um brilho de entendimento em seu olhar. Desviei o olhar do dela e ela parou. Seu olhar foi tão intenso que senti em minha pele mesmo estando de costas – É isso, Itachi?

— Você é a namorada do meu melhor amigo, Hinata! Eu está apaixonado por você ou não... Não vem mais ao caso. – Foi o que eu disse, ganhando em troca um belo tapa na cara.

— Você é um idiota! – E ela me deu as costas me deixando completamente confuso e alisando minha face vermelha.

Lógico que depois disso que fiquei doido. O que essa garota tá pensando? E mesmo querendo me afastar dela, a situação inverteu e eu que comecei a procura-la e ela a fugir de mim. Tive que encurrala-la na enfermaria onde ela tava trabalhando.

— Não quero falar com você, Itachi!

— Eu já percebi isso, coelhinha.

— Então o que você quer?

— O que eu quero? Quero saber o que se passa nessa sua cabecinha! – Ela só cruzou os braços e levantou uma sobrancelha. – Você me pressiona a falar que gosto de você, me dá um tapa na cara, me chama de idiota e, simplesmente, sai. Eu juro que não consegui associar uma reação a outra.

— Não entendeu, Itachi? Pois vou explicar reação por reação pra você. – Aquele foi um péssimo dia pra confronta-la. Sabia quando ela tava na TPM e, naquele dia, ela tava. Com certeza tava. Ela apontou o dedo pra minha cara e começou – 1° porque nunca pensei que você pudesse olhar pra mim com outros olhos que não fosse de um irmão. 2° o que eu realmente queria fazer era lhe dá uma surra porque quando eu entrei nesse maldito reformatório você foi o meu primeiro amor, mas você tava muito ocupado pra perceber isso porque tava se agarrando com minha melhor amiga. 3° você é um idiota por perceber que gosta de mim só depois que eu já parti pra outro, que por ironia do destino é seu melhor amigo, e eu já não gosto mais de você. Será que agora deu pra você entender? – E mais uma vez ela me deu as costas e saiu fumaçando de raiva.

E eu? Eu fique lá, revessando meus pensamentos entre felicidade por saber que ela já gostou de mim como homem e raiva por ter demorado tanto a perceber que gostava realmente dela, como a mulher que ela é. Mas foi aí que eu cheguei a conclusão que não queria desistir da minha coelhinha que estava mais pra leoazinha. Orochimaru-sama me observava sem entender o porquê do meu sorriso.

— Ela ainda vai me deixar doido!

— Boa sorte! Ela anda bem temperamental por esses dias. Deve ser a puberdade.

Depois de um tempo já não dava mais pra disfarçar o que eu tava sentindo. Respeitava muito minha amizade com Pain, mas já estava ficando insuportável. Tenho certeza que todos percebiam isso, inclusive Pain e Konan. Ficava observando Hinata a distancia, odiava quando ela fumava, mas devo admitir que ela ficava muito sexy. Alguma coisa no movimento do seu corpo me enfeitiçava, me deixava louco. E eu só conseguia pensar em possui-la só pra mim. Como eu desejava ser o primeiro homem, de verdade, a possui-la.

Mas infelizmente não fui eu. Você pode imaginar o ódio que eu senti ao saber que Hinata se entregou pra outro que não fosse eu? Lógico que eu sei que ele que é o namorado dela, mas ela era minha. Foi isso que comecei a pensar naquela época, ela tinha acabado de fazer 15 anos. Foi aí que o poder dela começou a me dominar e eu não consegui pensar com lógica. Segurei-a pelo braço e a arrastei pra dentro de um dos armários de limpeza.

— O que diabos...

— Me diga que você não transou com o Pain! – Prensei-a entre mim e a parede. – Por favor... Me diga que eu estou enganado.

— Eu não lhe devo satisfações! – Ela tentou me afastar, mas foi em vão.

— Eu preciso saber! – Estava nitidamente aflito. Então ela deu um suspiro e falou olhando no fundo dos meus olhos.

— Sim! – Trinquei os dentes! – Fiz amor com meu namorado! – Alguns dos pensamentos que estavam borbulhando em minha cabeça, fizeram meus olhos encherem de lágrimas. – Eu precisava disso, Itachi! Precisava que ele tirasse dos meus pensamentos, do meu corpo, o que aquele infeliz fez comigo. Pain me tratou com doçura e amor. Ele teria sido o meu primeiro mesmo se aquilo não tivesse acontecido. Pain acabou com todo trauma que eu sentia em relação a toque.

— VOCÊ ERA PRA SER MINHA, HINATA! – Gritei e taquei a mão na parede bem ao lado de seu rosto. Ela se assustou e eu segurei seu rosto pra amenizar o que eu tinha feito. – Você é minha. Eu que deveria ter te tornado mulher, eu que deveria tirar o trauma que aquele maldito deixou... Eu que queria está rindo feito um bobo pro nada e gritando aos sete ventos que sou o homem mais feliz do mundo... Igual Pain tá!

— Sinto muito, Itachi! Mas Pain que é meu namorado a 1 ano. – E mais uma vez ela tentou se soltar de mim, mas eu não deixei. – Itachi, por favor, não faça isso com a gente.

— Não dá mais, Hinata! – Segurei o rosto dela com as mãos e fui me aproximando. Ela arregalou os olhos. – É mais forte que eu.

E foi aí que eu a beijei pela primeira vez. E a beijei como se minha vida dependesse disso. Foi maravilhoso vê e sentir ela cedendo pouco a pouco ao meu beijo até ficarmos em perfeita sincronia, mesma intensidade. Levantei ela pela bunda prensando-a contra a parede e ela enlaçou meus quadris com suas pernas torneadas de lutadora. Ela enfiou as mãos em meus cabelos me fazendo aprofundar ainda mais o beijo. Eu pus minha mão por debaixo da sua blusa e subi até chegar em seu seio. Ela deu um gemido baixo, mas que quase me leva a loucura. Nossa primeira vez poderia ter sido ali mesmo, no armário de limpeza, porém Hinata teve um surto de consciência e me empurrou.

— Hinata...

— Não! – E, pra variar, ela saiu correndo. Tudo que eu consegui fazer foi surrar a parede e quebrar um espelho com a testa.

E, se antes você achava que eu já estava louco o suficiente, depois desse beijo... Eu fiquei possesso. Não conseguia mais me concentrar em nada que não fosse ela, que não fosse o beijo dela. Cheguei a socar um garoto que a estava assediando com a mesma mão que eu já tinha socado a parede, resultado: Minha mão quebrada. Hinata me arrastou pra enfermaria puta da vida comigo. Simplesmente me jogou na maca.

— Nossa... Você trata todos os seus pacientes com essa delicadeza?

— Só os que merecem.

— Eu mereço por te defender?

— Não, Itachi! Porque você foi violento! E agora eu vou ter que inventar uma desculpa sem pé nem cabeça pro Orochimaru não te expulsar do colégio. - Segurei o rosto dela enquanto ela engessava minha outra mão.

— Não podia era vê ele falando com você daquele jeito e fingir que não vi nada. - Ela olhou pra mim com aquele olhar recriminador e levantou o cabelo da minha testa pra olhar o corte que eu tinha feito no dia anterior coberto por curativo. Ela tocou minha testa.

— Você tá queimando em febre. - Ela tirou o curativo. - Isso aqui tá infeccionado, Itachi! - Ela bufou. - Doris... Traga 10 ml de morfina, um analgésico, curativo e minhas luvas. - E ela começo a se preparar pra limpar e dá pontos na minha testa.

— Você fica assustadora como médica, Dr. Hyuuga!

— Pain diz que fico sexy!

— Se eu não tivesse com tanto medo dessa agulha na sua mão, talvez dissesse o mesmo! - Consegui um sorriso.

— Não precisa ter medo. Enquanto isso, porque não vai me contando como conseguiu fazer isso! - Ela ficou a centímetros de mim enquanto cuidava do meu corte. Não consegui parar de olha-la

— Eu estava conversando com a garota pela qual eu sou apaixonado, então eu a beijei e ela correspondeu, o que me deixou muito feliz, mas depois ela saiu correndo me deixando sozinho com meus pensamentos e eu tive que descontar minha tensão de algum jeito.

— Talvez essa garota tenha namorado!

— Tem! Mas eu sinto que ela gosta um pouquinho de mim, sabe?

— Eu não gosto mais de você, Itachi!

— Não? Então porque você correspondeu meu beijo com tanto intensidade?

— Impulso!

— Então se eu te beijasse agora você corresponderia daquele jeito por impulso? - Ela olhou no fundo dos meus olhos e disse.

— Eu gritaria!

— Sua boca estaria ocupada demais pra gritar! - Mas foi aí que Orochimaru chegou pra confirmar a história da minha briga.

Depois disso, Pain chegou a me confrontar uma vez e o fato dele me perdoar pelo beijo que roubei da namorada dele, mesmo ele me socando a cara depois, me fez repensar que nossa amizade valia muito a pena. Pensei que seria fácil deixar de gostar de Hinata, mas infelizmente ela já tinha enfeitiçado meu corpo e alma.

Pain, Konan, Hinata e eu fomos mandados pra detenção por violar uma das principais regras do colégio que é " Homem e mulher não podem dormir juntos no mesmo quarto." E foi o que a gente fez, Konan veio pro meu quarto e Pain foi pro quarto de Hinata. No dia seguinte acordamos com Orochimaru e a coordenadora no nosso quarto. Quase fomos expulsos, mas graças a intervenção de Orochimaru que era louco pela Hinata, só iriamos pra um castigo de isolamento. Fomos separados em duplas, cada dupla em um extremo diferente, pra ficar o dia em uma enorme floresta de pinheiros: sem comida, só com a roupa do corpo e dando graças a Deus por não estarmos no inverno. Os invernos suecos são um dos mais frios e longos do mundo. E adivinhe que foi minha dupla? Exatamente. Hinata e eu iriamos passar o dia sozinhos. Segundo a coordenadora, duas mulheres não conseguiriam se virar numa floresta sozinhas e se fosse os respectivos casais nós faríamos a mesma coisa que fomos punidos por fazer. As únicas recomendações eram: Não se afastar de onde estávamos pra não nos perdemos, não tentar encontrar a outra dupla e o carro estaria as 6 horas em ponto no mesmo lugar que fomos deixados.

Em um primeiro momento tentei me controlar, minha conversa com Pain tinha sido boa e eu não queria decepciona-lo. Mas tava difícil! Hinata parecia tão frágil e nervosa ali sozinha comigo que era quase um convite pra me aproximar mais e mais.

— Te deixo nervosa, coelhinha?

— De onde você tirou que eu tô nervosa?

— Não sei... Talvez da sua face corada, da sua respiração pesada, evitando olhar na minha direção... - Ela franziu a testa e quando ela virou pra trás eu já estava bem próxima a ela. - Que foi? - Ela fastou pra trás até encostar em uma rocha. Ela tava curtindo aquele jogo de presa e predador. - Seu namorado lhe deixa ofegante desse jeito sem ao menos triscar em você? - Abri um sorriso predador.

— Ele não precisa! Com Pain é fácil está perto! É agradável.

— Deve ser uma chatice então!

— Você está enganado.

— Posso até está, mas algo me diz que isso não é suficiente pra você! Acho que no fundo você quer alguém que te tire o fôlego... - Beijei o pescoço dela. - Que te deixe nervosa! Que te deixe arrepiada desse jeito.

— E esse homem seria você?

— Quem tá dizendo isso pra mim é o seu corpo! - Ela revirou os olhos e conseguiu sair dos meus braços.

— Você é muito convencido! - Sorri.

— Você vai vim até mim, coelhinha! Mais cedo ou mais tarde.

Quando começamos a explorar ali pelas redondezas, nós encontramos um belo lago. Ele realmente era incrível. Quando olhei pra trás...

— O que você tá fazendo? - Hinata já tava tirando o tênis.

— Eu vou entrar na água, oras.

— Isso é alto, Hinata!

— Se você tem medo do perigo, meu caro Itachi - Ela tirou a blusa ficando apenas de short curto e sutiã rosa. - Eu não tenho! - Ela piscou pra mim e pulou no lago quase cristalino. Ela emergiu com um belo sorriso no rosto. - Você tem que vim, Itachi, é mágico. - Sorri e também tirei a blusa e o tênis. Fiquei na beirada do pequeno penhasco e pulei.

— Você é doida. - Disse quando emergi.

— E você nem morreu! - Ela sorriu. Acho você tem noção do quando ela ficou maravilhosa toda molhada. Comecei a nadar em direção a ela, sem tirar os olhos dos dela. "Chega de jogo, Hinata"era o que eu estava pensando. E talvez ela também já que ela não se afastou de mim em nenhum momento.

— Você tem razão! É magico! - Ergui-a pelos quadris e ela me envolveu com suas pernas. - Vamos continuar de onde paramos! - E eu tomei seus lábios em um beijo cheio de desejo e ardente. Dessa vez explorei todo o corpo que me era oferecido e posso dizer que ela também tava aproveitando aquele momento. Arranhando minhas costas, minha nuca, brincando com meus cabelos... Realmente nossa primeira vez foi mágica.

Depois desse dia eu pensei que as coisas entre nós seriam diferentes, sabe? Pensei que ela estava só esperando o momento certo de contar a Pain e a Konan, mas logo eu descobri que isso em nenhum momento passou pela cabeça dela. Ela queria nós dois e ela teve. Fui tolo em ameaça-la, dizendo que se ela não terminasse com ele. eu não queria mais nada com ela, mas ela simplesmente sorriu e falou: "você quem sabe". Lógico que eu não conseguiria mais ficar sem ela. O mais impressionante era a naturalidade que ela tava conseguindo lidar com essa situação, sabe? Ela continuava tratando Pain do mesmo jeito, toda amorosa. Comigo já era diferente! Ela era mais feroz. Ele realmente era o namorado e eu o amante. Eu que tinha que aguentar calado vê-la com ele, sorrindo, brincando, lutando, dançando, se beijando... O pior é que eu parei de me importar com isso. No fundo sei que Pain também sabia do nosso envolvimento, mas por medo de perder a mulher amada... Ele também deixou pra lá. Como nós fomos tolos de deixar chegar até esse ponto.

Fim do Flashback

Foi difícil pra mim absorver toda essa história. Por essas palavras de Itachi ela realmente não parecia ser nenhum anjo, muito pelo contrario. Mas ele também tinha razão, automaticamente meu cérebro começou a formular justificativas pra defende-la.

— Só quero que você entenda uma coisa com essa história, Sasuke: Eu fui aos céus com essa mulher... e ao inferno também. Depois de um tempo junto a ela, eu soube que ela não tava pensando em Konan ou em Pain quando não queria me ter como amante, ela só tava se divertindo e ela não queria parar com aquele jogo de sedução ainda. Ela gostava daquela situação e nos levou facilmente pra ela. Depois de tantos traumas, parece que Hinata se tornou alguém incapaz de sentir, de pensar em algo a não ser nela mesma. Quer dizer... Menos com você.

— O quê?

— Mas pensando bem faz até sentido essa fixação dela em você. Acho que ela já gostava de você antes de te conhecer.

— Do que você tá falando?

— Hinata cresceu me escutando falar sobre você, Sasuke! Tudo que eu sei sobre você, Hinata também sabe. E ela gostava de ouvi, ela chegava a me pedir isso. Ela sabe sua comida preferida, sabe do que você tem medo, sabe até a data do seu aniversário.— Itachi sorriu nostálgico. — Meses atrás, quando eu não conseguia pensar em mais nada a não ser ela, foi ela que me lembrou do seu aniversário. Eu a encontrei no terraço naquela noite, ela tava fumando e olhando a lua. Sentei-me ao seu lado e ela simplesmente falou: "Hoje é o aniversário de 17 anos do Sasuke!" Arregalei os olhos quando me toquei que tinha me esquecido essa data. Ela sorriu pra lua, soprou a fumaça e disse: "Parabéns, Sasuke!".— Eu baixei a cabeça e sorri pro chão pra não deixar Itachi vê meu sorriso bobo. — Lembro de ter achado aquele momento a coisa mais linda do mundo. Não sei como ela imaginava que era sua aparecia, mas sei que ela sempre gostou de você. Mesmo sem te conhecer, mesmo sem nunca ter ouvido sua voz... Então... Imagina agora que ela te conhece pessoalmente e conheceu, também, a pessoa que você é por fora!

Corei! Sim, corei mesmo. Lembrei-me da noite do meu aniversário, 27 de novembro. Lembro-me que naquela noite eu estava indisposto graças a farra da virada do meu aniversário na noite passada. Disse para os meninos que nós já tínhamos comemorado o suficiente e que eu não queria sair. Então, depois do jantar que minha mãe fez questão de fazer, subi pro meu quarto, peguei o violão, um cigarro e fui pra varanda do meu quarto. Passei o resto da noite lá, lembro que a lua estava perfeita aquela noite. Será se Hinata estava vendo a mesma lua que eu?

Por último só quero lhe dizer mais uma coisa: Eu estou saindo do seu caminho.— Já ia falar algo, mas ele não deixou. — Não é por pena de você ou por não querer competir com meu irmãozinho, e sim porque eu sei quando eu não posso ganhar um jogo. Eu amo a Hinata, Sasuke, mas ela nunca me amou de verdade, nunca me considerou uma opção. Então vou me concentrar nos negócios que o papai tanto quer que a gente tome conta e vou me focar 100% em tirar Hinata da minha cabeça e meu coração. Vou está aqui pra lhe dá concelhos sobre ela sempre que você precisar, ok?— Sorri!

— Sempre quis pedir concelhos pro meu irmão mais velho!— Eu me levantei da cama e o abracei. — Itachi... Se você tivesse insistido nela eu teria pulado fora! Você já se sacrificou demais por mim, seria a minha vez de retribuir.

— Não esquente com isso, Sasuke. Em pouco tempo você tem mais chances com ela do que eu jamais tive.— Ele pois as duas mãos no meu ombro. — Mas vou lhe dá três concelhos por hora: 1° Não brinquei quando disse que Hinata é perigosa, por isso não se meta no caminho dela quando o assunto for Hanabi.— Ele não deu espaço pra eu questionar. — 2° Cuidado com o tal de Neji. Não menti quando disse que Hinata falava bastante dele, mas menti quando disse que ela parou de falar 100% dele. Ela me disse um pouco antes de eu sair do reformatório que quem ela mais ansiava ver aqui fora era o primo.— E ele parece bastante interessado nela. - E 3° e ultimo concelho... Quando Hinata saiu do reformatório... Ela estava apaixonada!

— Hã? Pelo Pain?

— Por alguém que eu não conheço! A única coisa que seu dele é que ele é do Japão, então é muito provável que eles se encontrem por aqui.

— Não tô entendendo. Onde ela o conheceu? Como você sabe que ela realmente tava apaixonada?

— Orochimaru a levou dois anos seguidos pra uma conferencia internacional de medicina nos EUA.

— Sei! Jiraya, diretor do nosso antigo colégio, sempre levava Naruto. Ele nos disse que conheceu ela lá mesmo, mas ela não parecia apaixonada por ele não.

— Não era esse tal de Naruto. Dele ela falou com a gente, eram só amigos mesmo. Ela era geniosa, falava o mínimo possível sobre esse outro cara, mas vez ou outra ela deixava escapar algo. Foi assim que soube que ele é daqui.

— Como você sabe que ela tava apaixonada, então?

— Simples: Ela tava buscando encontrar ele em mim, talvez em Pain também.

— Como assim?

— Com ele, Hinata aprendeu a gostar de um tipo de sexo... Diferente! O tipo de sexo que ela nunca tinha feito comigo ou com Pain, mas agora ela queria. Agora me diga como eu, sabendo do trauma dela, faria sexo selvagem com ela?— Sexo selvagem? É desse tipo de sexo que Hinata gosta? — Lógico que eu não conseguiria, nem Pain. Agora me diga, Sasuke, você que é o melhor aluno do Japão... Ela aprendeu a gostar de sexo selvagem sozinha?

— Claro que não!

— Pois é! Ela nos traiu lá, disso eu tenho certeza absoluta. Com quantos eu não faço ideia, mas que esse em específico marcou ela de verdade, isso eu sei.— Ótimo, agora eu tenho um rival invisível que pode está mais próximo do que eu imagino.

Mas isso não importa! O importante é que é que Itachi saiu do jogo. Todos os outros que aparecerem agora será moleza. Como disse Shikamaru, eu já fiz coisa piores por bem menos que amor. E como a única pessoa que eu temo machucar saiu do campo de batalha, agora vou lutar com todas as minhas forças.

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Ainda estava perplexo ao ouvir tudo que Hinata me disse! A forma como ela manipulou as pessoas ao seu bel prazer, a forma como ela se tornou fria após ser violentada, a forma como ela manteve um relacionamento com dois homens com ambos sabendo da existência disso...Ela matou uma pessoa, caralho!

— Foi demais pra você, Neji-chan!— Voltei a realidade. — Será se agora você pode me dá meu celular?— Engoli em seco. Itachi realmente tinha razão. Ela me contou sua história sem nenhum remorso! Mesmo sendo uma história pesada como essa. Meu coração tava acelerado. Eu realmente não conhecia mais a pessoa que estava na minha frente.

— Você parece diferente aos meus olhos agora!

— Isso é bom! Sabia que você ainda tava me enxergando como a doce Hinata de 5 anos atrás, mas não existe mais. Ela desapareceu junto com o corpo daquele maldito que me violou.

— Seu pai deveria saber disso!

— Não! Não por mim, mas sim por ele. Meu pai já se culpa muito por eu ter ido parar naquele lugar, imagine se ele soubesse de algo assim!

— Você deveria procurar ajuda psicológica.— Hinata gargalhou.

— Você tá com medo de mim, Neji?— Não faço ideia.

— Claro que não. Mas você sofreu traumas demais pra uma criança só.

— Não se preocupe comigo, Neji. Sou inofensiva pras pessoas, só sou letal pra uma única pessoa e pra quem ficar no meu caminho.— O Celular de Hinata começou a tocar no meu bolso. Quando olhei no visor, vi o nome do Sasuke com uma lua na frente. Trinquei os dentes e joguei o celular em cima da cama dela.

— A ligação que você estava esperando!— Ela sorriu animada e pegou o celular. Seu sorriso se alargou mais ainda ao vê quem era.

— Sasuke! Hay!— Bufei e sai do quarto furioso e confuso.

Há dois minutos ela parecia uma mulher fatal e perigosa e bastou vê o nome dele pra ela virar uma adolescente de novo. Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Não queria Hanabi aqui hoje, não queria ninguém, só queria ficar sozinho com meus pensamentos, tentar organiza-los e saber se eu realmente queria uma encrenca tão grande como Hinata na minha vida.


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Notas finais do capítulo

OOOOWWWWW...

O que vocês acharam do capitulo, Pessoas? O passado de Hinata era o que vocês esperavam? E da turma do reformatório, vocês gostaram? *-*

Eu estou aqui morta de empolgada com mil e uma ideias na cabeça que não sei se conseguirei bota-las no papel, mas tá saindo. Aos poucos, mas tá.