Indolor escrita por Bibi Gonzales


Capítulo 6
To: JK


Notas iniciais do capítulo

Agora começam as postagens de 2020, NO ENTANTO, a carta desse capítulo foi escrita em 2017, quando eu estava prestes a fazer 17 anos. Mas boa leitura ♥



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12.05.2017

 

 

 

 

 

 

 

confusão

 

 

 

 

 

 

 

substantivo feminino

1. ato ou efeito de confundir(-se).

2. estado do que é ou se encontra confundido, misturado. 

 

 

 

 

 

To: JK

 

Querida JK,

É difícil começar uma carta cujo eu sei que tem a pressão do destinatário ser a primeira garota que eu gostei em toda a minha vida. Eu já sabia que gostava de alguém independente do gênero, mas imagine só enxergar que isso é real mesmo quando fiz amizade com você? Ou pior... Entender estava gostando de uma amiga.

 

Gostar de amigos nunca foi uma tarefa muito simples. Você está lá para amá-los e apoiá-los, mas não significa que por terem tanto em comum e gostarem de passar tempo juntos ele precise querer um relacionamento com você. Eu me conformei com isso bem cedo, na verdade. Me conformei com isso desde que entendi que estava gostando de você. Mas agora vamos aos fatos... 

 

Você não sabia que eu gostava de você até que eu acabei deixando que soubesse. Nós íamos à restaurantes chineses com nosso grupo de amigos, ensaiávamos com o grupo cover depois da escola e nos finais de semana, caminhávamos juntos pelas praças ao redor da escola, íamos a eventos de mãos dadas e com roupas combinando. Porra, já pararam a gente no meio do evento para tirar foto porque eramos fofos juntos! Isso umas... Cinco vezes?! O mundo inteiro estava a favor desse casal, e eu tentava calar o mundo para que você não descobrisse meus sentimentos óbvios.

 

Sim, era óbvio como eu ficava nervoso quando você falava comigo. Eu nunca liguei muito para garotas romanticamente, mas porra... Você era diferente de mais aos meus olhos, com o seu cabelo curto e flanelas vermelhas, com as mãos pequenas encaixadas nas minhas, você deitando a sua cabeça no meu ombro sempre que sentávamos no chão e toda aquela proximidade que tinha, principalmente, comigo. Você era incrível, garota.

 

Até que tudo aconteceu. Logo depois de eu te ensinar a comer com hashis, jogarmos pocky (onde eu, estrategicamente, acabei encostando meus lábios nos seus por meio segundo) e eu inutilmente me forçar a esconder todos os meus sentimentos a todos esses momentos, logo depois de tudo isso... Você demonstrou sentir o mesmo. Sei lá, por uns quinze minutos, talvez menos. Eu não sei se você me confundiu o se confundiu, mas sei o que eu senti. 

 

E então, eu não sei como, mas no momento seguinte você já sabia. Você entendia isso perfeitamente e foi o bastante para que a gente se afastasse, mesmo eu me esforçando muito para conversar contigo sobre isso: sobre nós e sobre nossos sentimentos. 

 

Eu fui atrás de você por duas semanas. Duas semanas com as suas promessas de que no dia seguinte conversaríamos, que naquele momento o melhor era curtir as coisas como estavam. Eu fiquei numa agonia e ansiedade incessante de saber como você realmente se sentia, de me desculpar por sentir aquilo, de falar para esquecermos e sermos como antes. Porra, a gente era perfeito, não precisava de mais do que a sua amizade mesmo que eu quisesse. Eu apenas... Precisava de você na minha vida, como a minha melhor amiga. Você entende? Você foi a minha melhor amiga.

 

E depois de duas semanas, bem, tudo foi mais complexo. Eu dei um ultimato: precisamos conversar. Você disse que não conseguia. Você disse que já estava acostumado com amigos próximos gostando de você e que isso em si não te assustava, que sempre ficou tudo bem, mas que comigo era muito diferente. Diferente porque, bom, você estava confusa. Meus sentimentos não atrapalharam nossa amizade, mas a sua confusão diante deles, sim. E você não tem ideia de como isso me magoou. 

 

Eu só queria você de volta. Eu só que tudo fosse como antes, que eu nunca houvesse revelado o que eu sentia na forma como eu me portava, que eu pudesse ter contido esses sentimentos antes de eles acontecerem. Não me arrependo de gostar de você, mas arrependo pra caralho de te perder, porque porra, a perda da sua amizade certamente não foi nada indolor para mim. Eu sinto sua falta, JK.

 

Saudosamente, 

 

Incolor.


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Notas finais do capítulo

(att 15.05.2020 sobre esse capítulo de 2017: eu e JK somos amigos novamente hoje em dia! eu criei coragem e chamei ela nessa quarentena, depois de três anos... Parece que nunca deixamos de ser amigos na maneira como conversamos. Eu me desculpei por não ter insistido mais e ela se desculpou por ter se afastado tanto, e aqui estamos nós, conversando normalmente. isso é tão bom, sabe?)



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