Inevitável escrita por RainyDays


Capítulo 1
Desidratado


Notas iniciais do capítulo

Hey, primeiro capítulo, espero que gostem :) Ah, não tive tempo de revisar, então desculpas por possíveis erros hehe

Ficou curtinho mesmo, sou péssima com capítulos longos.

A imagem da história é a mesma da última cena do capítulo, achei tão amorzinho ♥



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No final, aqueles que deixam a bola cair perdem. Eu sabia disso, vivia repetindo para mim mesmo. E mesmo assim, meu mundo pareceu balançar por uma fração de segundo, uma fração de segundo suficiente para ver o time de Karasuno comemorando, uma fração de segundo suficiente para ver meus companheiros caindo, se desesperando. Foi uma fração de segundo suficiente para eu entender qual deveria ser minha postura.

Eu não disse nada, foi melhor desse jeito. Minha voz com certeza teria falhado, minha própria confiança estava pendendo por um fio. Pude ver Iwa-chan a alguns metros de mim, ele estava chorando. Meu coração apertou como nunca antes, comecei a me sufocar no sentimento amargo da derrota, mas como eu disse, postura. Endireitei a coluna e foi em direção à torcida de Seijo, no caminho passei por Iwa-chan e dei um tapa de leve nas costas dele, como se dissesse "ei, não chore, está tudo bem". Aquele idiota provavelmente estava se culpando pelo último ponto, se bem que, meu incentivo não deve ter sido de grande ajuda, uma vez que minhas mãos tremiam, coladas ao meu corpo. Senti uma dor rondando minha região torácica inteira, além do meu joelho direito praticamente estar implorando para eu me sentar. Me alinhei com o resto do time e nos curvamos para a torcida, agradecendo.

Recolhemos nossas coisas e saímos da quadra. Pedi para que Iwa-chan avisasse o resto do time para irem na frente, eu logo os alcançaria. Acabei tendo um encontro com Ushijima, mas nada que pudesse me abalar, não mais do que eu já estava, mantive a expressão de sempre e, após nossa pequena discussão, continuei meu caminho em direção ao vestiário. Ao chegar, abri a porta e me certifiquei de que mais ninguém estava dentro ou próximo, tratei de fechá-la.

Encostei minhas costas nos armários e fui deslizando até o chão, deixei minha franja cair sobre meus olhos. Me sentei com as pernas flexionadas contra meu corpo, semi-abertas, joelhos para cima, consegui ignorar a dor do direito. Coloquei meus braços sobre eles e enterrei meu rosto nas minhas mãos. Mil coisas se passavam pela minha cabeça, uma em especial gritava e reverberava pelos meus pensamentos: Eu nunca mais poderia jogar com companheiros de novo. Era óbvio que poderíamos nos encontrar, não era como se algum de nós fosse morrer após esse jogo, mas nunca seria a mesma coisa, o sentimento, o desespero, o último ano, a última chance.

A medida que essas coisas passavam pela minha mente meu coração ia apertando mais, e mesmo que eu sentisse que ele ia ficando menor, tão pequeno ao ponto de eu poder comparar com uma semente de amor-perfeito, ele pesava. Pesava mais do que qualquer outra coisa nesse mundo, senti vontade de arranca-lo do peito e jogar pela janela. Antes que eu pudesse sequer tentar controlar, vária lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, elas pareciam feitas de ácido, porque a medida que iam caindo, outras centenas tomavam o lugar delas, e como doíam. Só pude ouvir meus soluços quando tomaram um volume relativamente alto, vez ou outra alguns semi-gritos que saíam contra minha vontade, ou mesmo gemidos de dor.

Eu provavelmente poderia morrer desidratado com o tanto de água que havia perdido só naqueles cinco minutos. Joguei minha cabeça para trás, ouvindo o Tum metálico do armário. Fiquei assim por mais ou menos um minuto, deixei as lágrimas secarem e a região dos olhos voltar a coloração normal. Peguei minha bolsa e fui em direção à entrada do ginásio, onde todo o time já estava reunido, todos cabisbaixos. Pigarreei para limpar a garganta e tentar falar de um modo com que minha voz não tremesse.

— Pessoal, vocês foram muito bem! - sorri, o típico sorriso forçado já era um instinto do meu corpo. — Animem-se!

Tomei a dianteira e entrei no ônibus. Me sentei no fundo, do lado da janela. Iwa-chan chegou segundos depois e sentou-se ao meu lado. O resto do pessoal foi entrando também. Ambos ficamos quietos por um tempo, olhando para o chão.

— Oiwaka,eu sint...

Ele quebrou o silêncio, mas eu o cortei.

— Iwa-chan, a culpa não foi sua.

Curvei meus lábios em um "raro sorriso, sem outras intenções por trás", como diria ele. Coloquei minha mão na parte de cima da cabeça dele e baguncei de leve seus cabelos, me virando logo em seguida para a janela. Eu não queria ter que encarar ele, não agora. O Sol se punha majestosamente, coberto por uma capa alaranjada e amarela que cobria todo o céu.

Como você espera que eu reaja a isso? Idiota.— Iwaizumi sussurrou, como quem não queria que eu ouvisse, de qualquer forma, talvez ele não quisesse. O resto da viagem foi um tanto quanto silenciosa, alguns dormiam, mas a maioria estava acordada.

Após uma longa viagem, chegamos na escola. Fomos nos reunir no ginásio como sempre fazíamos após os jogos. O treinador falou algumas coisas e logo eu assumi a palavra.

— Bom trabalho pessoal, eu não podia esperar menos de vocês. Seu capitão está tão orgulhoso. - falei com uma voz manhosa, claramente brincando. — Vocês não precisam ficar se culpando por alguma jogada que fizeram ou deixaram de fazer, eu sei que todos temos algum arrependimento, mas esse sentimento não vai mudar o resultado do jogo.

"No final, os seis melhores é que ganham", pensei, embora não tenha dito nada. Subitamente senti uma pontada no joelho, semicerrei ligeiramente os olhos por um milésimo de segundo, disfarçando com um sorriso forçado.

Felizmente, ninguém pareceu ter notado.

O treinador nos dispensou e disse para descansarmos, todos saíram e eu me encaminhei ao vestiário do ginásio. Me sentei em um dos bancos compridos de madeira e examinei joelho. O suporte branco continuava lá. Tirei ele cuidadosamente, assim como as ataduras logo em seguida. Examinei a pele, estava levemente arroxeada. Suspirei profundamente e pude sentir algumas lágrimas escorrerem teimosamente pela curva da minha bochecha. Enquanto ia abaixando o suporte com a mão direita, eu tentava limpar meu rosto com a esquerda.

— I-d-i-o-t-a.

Tomei um susto ao ouvir a voz conhecida, achei que todas já tinha ido.

— Iwa...-chan? - tratei de limpar o restante do meu rosto com as costas da mão.

— Hum, como sempre, você é um bebê chorão. Chorando por um machucado.

Ele tirou as bandagens da minha perna com um cuidado que eu não sabia que existia naquelas mãos de hipopótamo dele. Pegou a caixa de primeiros-socorros que estava no banco e puxou um rolo de bandagens. O moreno foi enrolando as novas tiras ao redor do meu osso e terminou prendendo bem, mas sem forçar demais, sem machucar.

— E aí? Como está? - ele perguntou olhando o trabalho feito.

Flexionei minha perna direita cerca de duas vezes e assenti com a cabeça.

— Muito bom. - ponderei um pouco a respeito do que eu falaria agora. — Eu nem sabia que você podia ser tão delicado assim. - ri, provocativo.

A expressão séria dele foi substituída por uma irritada e engraçada.

— É claro, idiota. Se eu não fizesse assim você choraria como sempre. - ele falava, apontando o indicador no meu rosto.

Arregalei os olhos e ele se sentou ao meu lado. O Sol beirando entre o amarelo e o laranja entrou pelas janelas, deixando o lugar com uma aparência aconchegante. Inclinei ligeiramente minha cabeça, de modo que meus olhos ficassem cobertos novamente pelo meu cabelo. Pude ver Hajime me observando com o canto dos olhos. O que era aquilo na cara dele? Preocupação? Ri mentalmente com a ideia. Inclinei meu corpo inteiro, inclusive a cabeça para trás, encostando ela no armário, ainda sem olhar para ele.

— É, acho que você tem razão. Obrigada, Iwa-chan.
Sorri. Talvez o sorriso mais puro que eu já tenha dado na vida. Um sorriso de gratidão por não estar sozinho, mas mais do que isso, por ser ele quem estava do meu lado. E foi a vez dele de bagunçar meus cabelos.

— Bom trabalho, idiota.

 


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