Nosso Tempo escrita por Larissa Verlindo


Capítulo 1
Futuro


Notas iniciais do capítulo

Não resisti, tive de postar. :3

Vou ser breve, certo? Então, essa é uma ideia muito maluca que eu tive. Admito que isso que eu estou postando é, de certa forma, um rascunho, pra ver se a história pode ser encaminhada ou não. Espero que sim, porque tô gostando muito dela, e espero que vocês gostem também. ♥

Ah. Se alguma parte ficar confusa, podem perguntar, ok? Acho que tem momentos que ela pode dar um nó no cérebro, ou não. Prestem atenção sempre no título do capitulo, ok?

Espero que gostem desse início clichê malucão e bem ficção. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693245/chapter/1

Eu ainda não consigo aceitar o fato de que já se passou um ano. Tudo parece ter acontecido há uma hora, inclusive a dor e o arrependimento que eu estou sentindo. A dor e o arrependimento que permaneceram ativos durante todos esses 365 dias.

Ainda assim, tento seguir em frente. É difícil, entretanto. Quando você perde alguém especial, é como se um pedaço importante de si fosse retirado, e você nunca mais estará completo novamente. Nós somos obrigados a aprender a viver com esse pedaço faltando; a criar uma nova rotina que o adapte.

É o que estou fazendo – ou tentando.

Eu odiava aquela baboseira de amor verdadeiro ou alma-gêmea até acontecer comigo. Se Nico di Ângelo era realmente a pessoa certa para mim? Eu não sei. Mas acreditava que sim, e isso era o bastante.

Como em um filme dramático, nosso romance não iniciado acabou. Um final digno de Nicholas Sparks.

Nico morreu há um ano.

Desde então, vivo com o peso da culpa e dos meus arrependimentos nos ombros.

Deposito com gentileza a caixa do Mc Lanche no chão úmido. A senhora do túmulo ao lado me olha com desgosto e eu me permito a ignora-la. Ela não poderia entender o nosso significado por trás do lanche.

Encosto meus joelhos nus na grama úmida do cemitério e toco a lápide com a mão, imaginando o rosto de Nico ali. Não sou o tipo de garota que chora fácil, mas não consigo me controlar e impedir a descida das lágrimas ou dos soluços altos que saem.

Se eu tivesse lhe contado como eu me sentia, ele estaria aqui?

A culpa foi minha por ele ter morrido?

Venho me perguntando isso frequentemente.

— Pare de se culpar. — Tranco os soluços na minha garganta, sem querer que ele os escute.

Nego, balançando a cabeça.

— Sabe que ele poderia estar morto de qualquer jeito. O acidente... pode ter sido uma forma mais fácil de acabar com as coisas.

— Cala a boca! — mando. — As chances eram pequenas, mas ele poderia ter sobrevivido àquela cirurgia se não tivesse batido o carro. Ele podia tá aqui, com a gente!

A mão de Luke aperta meu ombro em um toque de conforto. Ele não tinha falado aquilo por mal, eu sabia; só que imaginar o mesmo destino para o Nico, com ou sem acidente... isso me deixa enjoada. Por que uma pessoa boa merece morrer de formas tão horríveis?

Levanto-me, tirando a terra e os pedaços de grama dos meus joelhos. O casaco grande que estou usando me protege do vento frio do inverno, mas por dentro é como se eu estivesse nua dentro de um congelador.

— Não precisa sair porque eu cheguei.

— Eu não consigo ficar por muito tempo.

Luke assente e me dá um abraço forte. Essa é a primeira vez que nos tocamos novamente desde nosso término, pouco tempo depois do acidente.

É mais um dos meus arrependimentos: namorar o Luke enquanto gostava do Nico.

Em muitas noites, pergunto-me o porquê de ter feito isso. Na verdade, isso é algo que eu faço muito; questionar os meus atos. Porém, não há uma boa resposta. Apenas desculpas idiotas. De fato, eu cheguei a gostar realmente dele. Mas ao me aproximar tanto de Nico as coisas mudaram.

— A dor melhora com o tempo — diz antes de me soltar.

Já no meu carro, com o ar quente ligado e sentindo meu corpo ser esquentado, permito-me desligar desses pensamentos durante todo o percurso até em casa. Agradecendo pela distância entre meu apartamento e o cemitério, tenho trinta minutos livres de pensamentos culpados e arrependidos.

Eu odeio essas duas palavras.

Ao entrar no meu apartamento, largo as chaves e a minha bolsa na mesa de centro, tiro os sapatos e me enrolo na manta que já estava jogada no sofá. Tateio a superfície acolchoada atrás do controle remoto e ligo a televisão em um canal qualquer quando o encontro.

Posso ouvir meu celular vibrar dentro da bolsa, mas não mexo um musculo para pegá-lo. Tenho certeza de que era Annabeth. Luke deve ter comentado com ela que me encontrou no cemitério.  Ela é minha melhor amiga e eu a amo, mas uma das últimas coisas que eu quero e preciso nesse momento é um interrogatório dela para saber como eu estou.

— Vamos construir uma máquina do tempo! — O desenho passando na televisão me chama a atenção com a sua voz estridente. — Aí nós podemos voltar no dia da prova e ter todas as respostas!

Solto mais um suspiro. Seria tão mais fácil se eu tivesse todas as respostas da minha vida e pudesse acertar todos os erros.

Volto a encarar a televisão. Na minha cabeça, uma ideia insistente continua batendo como um relógio. Caminho até o quarto, pegando meu notebook e me sentindo uma grande idiota, digito “viagens no tempo” na aba de pesquisa e abro todos os links possíveis.

A ideia toda é uma maluquice enorme e eu não tenho nenhum grau de certeza se pode funcionar ou não. É quase insanidade pensar que algo assim poderia dar certo, admito; contudo, é como se algo dentro de mim gritasse para eu tentar.

Bem, de uma coisa eu sei: tenho uma amiga que é quase um gênio. E, o mais importante, eu tenho esperança.

**

Seus rostos deixam bem claro o que eles pensam: isso é loucura. Os olhares de incredulidade estão me deixando um pouco desconfortável. Não tiro toda a razão deles. Ontem, em meio à euforia, a ideia inteira fazia tanto sentido quanto dois mais dois. Agora, sendo falada em voz alta, nem tanto.

Percy suspira, segurando a ponte do nariz.

— Eu sei que sente falta do Nico, Thalia. Mas viagens no tempo? — Ele me olha, triste. — Talvez você deva ir num psicólogo.

— Eu sei que é loucura...

— É impossível. — Luke me corta.

Balanço a cabeça irritada com os dois. Eu não precisava de um psicólogo ou de alguém me dizendo que salvar a vida de Nico era impossível. Olho para a Annie, suplicante.

— Eu passei a noite lendo artigos na internet sobre viagens no tempo. Eu não tô louca!

— A gente não pode acreditar em tudo que tem na internet, Thalia. — Quem diz isso é Jason, meu irmão mais novo.

Rio, incrédula, com a falta de fé deles. Sei que é exigir muito pedir para que eles acreditem cem por cento, mas eles estão negando com tanta veemência, sem sequer tentar algo.

— É possível! Por que vocês não acreditam em mim?

— Eu acredito em ti. — Leo se pronuncia, fazendo todos o olharem com repreensão. — A Annabeth também.

Eu e todos os outros passamos a encarar Annabeth, que estava quieta no canto, roendo unha – habito que ela nunca conseguiu parar. Ela suspira e começa a explicar:

— Tecnicamente, viagens no tempo não são impossíveis. Acontece que muitos dos cientistas e físicos acreditam que só é possível viajar para o futuro, e não para o passado. Mas há um físico...

— Dr. Mallet — digo, recebendo um aceno de Annabeth.

— Exato. Esse físico comprovou a possibilidade de viagem no tempo, para o passado. Contudo, ele não falou nada sobre a criação de maquinas no tempo ou de enviar uma pessoa para o passado.

— Mas falou em enviar uma mensagem. Uma mensagem em código binário, não falou?

Annabeth assente.

— Ele comprovou essa ideia. Ainda assim, você tem ciência de que não é cem por cento confiável, né? Nós não sabemos se a mensagem vai ou não aparecer para a Thalia do passado. — Confirmo. Mesmo que nada funcionasse, eu queria tentar. Eu precisava tentar. — Certo. Por sorte, você tem uma melhor amiga conhecida como “eu”, que é física.

— Vai mesmo ir atrás dessa loucura? — Jason pergunta para Annabeth.

— Não temos motivos para não tentar. Se não der certo, ao menos nós tentamos. E se der, isso vai ser algo revolucionário, sem contar que teremos a chance de salvar o Nico. Só isso já me faz ter vontade de arriscar tudo. — Ela me lança um papel e caneta. — Escreva sua carta para que eu possa codificar depois. Vou atrás de um laser em forma de anel.

Dando um sorriso realmente verdadeiro, abraço a Annie com força. Ela afaga meus cabelos longos, dizendo que vai dar tudo certo.

— Obrigada. — E repito tantas vezes que meus olhos se enchem de lágrimas. Encarando todos os meus amigos, eu prometo: — Vou salvar ele. Vou salvar o Nico.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!