Completa-me escrita por BlackLady2


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Nossa heroína mortífera finalmente aparece, para a alegria e descrença de todos. Vamos conhecer a nova Juliette.
Aproveitem!



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Por Aaron Warner

Juliette era a mesma de uma forma diferente.

Ela ainda tinha os cabelos longos em ondas na altura da cintura, que ainda tinha as mesmas curvas perfeitas. A pele dela se sobressaía com um leve bronzeado, não mais tão pálida como antes. Estudei o rosto que eu senti tanta falta – olhos indefinidos, maçãs do rosto altas, sua boca que escondia a cor natural, que eu lembro ser rosada, por trás de um batom vermelho escuro. Talvez essas fossem as diferenças: Juliette estava maquiada; lápis preto contornava o formato dos seus olhos e os avultava; e o jeito de se vestir totalmente desigual do habitual. Quero dizer, do habitual de sete anos atrás.

Ela usava um vestido longo salmão que parecia de ter milhares de camadas de um tecido transparente, mas que ainda era discreto. Tinha alças finas e, a cada passo que ela dava, se abria para mostrar suas pernas até o alto das coxas, tão brônzeas quanto o resto do corpo. Usava brincos e cordões e pulseira e anéis, todos de um dourado apagado. E, para terminar minha descrença na cena à minha frente, ela usava um par de sapatos de salto fino e curto nude, que caía como uma luva para todo o resto.

Meus olhos estavam presos em seu rosto, em seu corpo, no contorno de suas pernas em movimento.

Ela caminhou segura de si, ignorando a todos os que estavam ali. Puxou o banco à esquerda do nosso alvo – do alvo dela – e sentou-se me dando a visão de suas costas nuas.

Se há uma coisa que eu esqueci ao longo desses anos era como manter o controle. Eu costumava quebrar coisas sem perceber, gritar desnecessariamente e muitas outras loucuras. Porém, naquele momento, vendo-a tão próxima de novo, consegui agarrar o grito de felicidade que ameaçava sair pela minha garganta e manter o rosto neutro.

Era isso. Tudo o que perdi durante esse período – o controle, a alegria, a fala, a vontade de viver – na verdade eu não perdi: estava com ela o tempo todo. Ela só trouxe de volta para mim.

Um copo com uísque surgiu em sua frente, ela o agarrou e olhou para o homem ao seu lado. Acho que ela sorriu por que ele mostrou os dentes um pouco amarelados.

Brindaram e beberam e conversaram. Pediram outra rodada. Agora o mesmo para os dois: uísque. Beberam e continuaram a conversar. E aquilo ser estendeu por quase uma hora. Senti vontade de mover o ponteiro do meu relógio para ver se íamos logo para o final. Eu estava até feliz de só observá-la, apesar de a palma das minhas mãos implorarem para eu sentir sua face, eu não podia. Não ainda.

Mas toda a minha alegria morreu e virou uma mistura de ódio e ciúme quando a mão do idiota de dentes amarelados correu sobre coxa direita de Juliette que apoiava a perna no descanso do banco onde ele estava sentado.

O que me deixou mais irado foi ela não ter feito nada para impedir.

— Vocês estão vendo isso?  interrogou-nos Kenji, abismado  Eu não estou acreditando nisso. Não era o que eu esperava ver, eu...

Sua voz esvaeceu quando ele percebeu não ter mais palavras. Segurei a borda da mesa com tanta força que ela arredou para mais perto de mim, fazendo Adam me olhar. Ele baixou a cabeça, sacudiu e tornou a observar Juliette. Quando eu não podia mais suportar, algo incrivelmente necessário aconteceu.

O homem arregalou os olhos e caiu do banco, ainda segurando a perna de Juliette, que jogou a cabeça para trás, respirou fundo como se saboreasse o toque daquele infeliz, mas não era aquilo. Eu sabia o que era. Já vira antes. Ela estava tomando a vida dele, exatamente como nos esperávamos. Quando ela baixou a cabeça, virou-se um pouco mais para o lado, me dando a visão do seu perfil. Ela sorria vitoriosa. Pôs as mãos finas em cada lado do rosto do homem agonizando e arranhou de leve as unhas por suas bochechas, sem deixar marcas. Pelo olhar de misericórdia que ele lançou, aquilo, com certeza, não era agradável. O sorriso de Juliette aumentou e o homem desabou no chão do bar.

Pálido.

Imóvel.

De olhos ainda arregalados na nossa direção, como se nos olhasse. Ela desceu do banco, arrastou o vestido para os lados e se abaixou, revelando as duas pernas ao mesmo tempo. Tocou as pálpebras abertas do homem já morto e fechou-lhe os olhos. Assim que levantou, algo ainda mais extraordinário aconteceu.

O bar inteiro comemorou.

Muitos vieram cumprimentar e agradecer Juliette. Ao contrário do que pensávamos, ela não era vista como um monstro ali. Ela era a heroína. Eles não falavam dela por ter medo; eles não falavam dela para protegê-la, para não perder aquela que vingava os que não tinham poder para fazê-lo.

Diferente do chocado Adam e do atônito Kenji, eu ri. Baixo e só para mim, ri de pura surpresa e satisfação. Ela jamais se permitiria deixar alguém tocá-la assim, em um bar. Peguei o penúltimo shotdo Drinking Roulette Set e virei.

— Eu não... – tentou Adam – Você viu isso? Você viu... Porque está sorrindo, Warner? Não viu o que ela acabou de fazer?

— Vi. E adorei o show.

 Você voltou a ser um maluco psicopata, Warner?  perguntou Kenji  Se voltou, eu te amarro num matadouro e dou uma surra em você, assim como fez com Adam. Pelo amor de Deus, Warner! Ela acabou de matar alguém! Não frente do bar inteiro!

— Que agora está comemorando – virei o último shot.

Dois caras bem altos cochicharam algo no ouvido de Juliette. Claro, eles nem chegaram perto da pele dela. Apesar de heroína, ela ainda era perigosa. Ela concordou com algo e eles juntaram o cadáver do chão e carregaram para fora do local. A porta bateu e a música tornou-se mais alta. Juliette virou mais dois ou três copos de uísque enquanto conversava com um barman de cabelo ruivo. Ela sorriu para ele e ele sorriu de volta. Não era uma paquera, estava claro. Se mais alguém visse, diria que eles eram muitos amigos.

Juliette levantou e caminhou em direção à porta. Ela a abriu e respirou fundo, pegando o ar frio que invadiu o lugar e enchendo seus pulmões com ele. Fechou de novo e olhou para o lado, tentando achar alguém. Sentou-se sozinha na cadeira de uma mesa de duas pessoas. Pôs os cotovelos desnudos na mesa e apoiou o queixo nos dedos entrelaçados, sorrindo.

 Warner. Adam. Quanto tempo.

Mas não foi Kenji que disse isso. Foi Juliette.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu realmente desejo que vocês tenham gostado. Sei que ela parece um pouco diferente da rotineira Juliette, mas mais lá na frente vamos descobrir o que a tornou tão fria.
Dedico esse capítulo a Mrs Warner, que me pôs contra a parede exigindo capítulos novos e me ameaçou roubar Kenji e Warner. Muito obrigada pelo seu apoio à minha fanfic.
Beijos.
BL.



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